Selecção











Hagrid guiou-os até aos barcos. Havia dois murmurinhos centrais entre os alunos. Um murmúrio de surpresa e admiração em torno de Harry Potter estar em Hogwarts. E um murmúrio de troça em torno de um rapaz bochechudo e desajeitado, que havia perguntado a toda a gente no comboio se haviam visto um sapo, e, aparentemente, havia-o perdido outra vez.


- Opah…porque é que não nos perguntou a nós? – Draco suspirou, pensando nas piadas que podia ter mandado para cima do rapaz.


- O Weasley, também, fez questão de dizer a todos os que o quisessem ouvir que Draco Malfoy e Blaise Zabini haviam transformado Harry Potter num idiota. Provavelmente, ele estava com medo de vocês. – Uma miúda, que parecia conhecer Draco, respondeu, enquanto subiam as escadas atrás de Hagrid. – Já, agora, Harry Potter?


Ela olhou interrogativamente para Harry que sorriu, achou-a extremamente bonita, e adorava o tom da voz dela, e o acento cuja origem ele não sabia identificar. Tinha cabelos negros, ainda mais escuros que os de Zabini e olhos azuis, que lembravam o céu nocturno, destacavam-se imponentes, apenas camuflados pelo seu sorriso.


 -Ao seu dispor. – Harry, ousado, agarrou-lhe a mão e deu-lhe um beijo. 
- Daphne Greengrass. – Ela murmurou, porque uma professora que os esperava no cimo das escadas fez sinal para que todos se calassem.  


McGonagall fez uma breve introdução às Quatro Equipas da escola e deixou-os numa sala anexada ao Salão Nobre. Quando ela saiu, o rapaz bochechudo apanhou, novamente, o sapo que estava a saltitar no meio da multidão, o que levou a risos. Harry descobriu que ele se chamava Neville Longbottom.


- Os meus irmãos disseram-me que tínhamos de enfrentar um Troll. – Ouviu Weasley dizer, para dois rapazes com quem fizera amizade no comboio.


- Sim, Weasley, como se isso dissesse alguma coisa sobre a tua personalidade. – Draco bocejou sarcástico. – Além de mais, metade de nós provavelmente morria. 


- O que é que tu sabes disto, Malfoy? – Weasley respondeu bruscamente. – Deves achar que sabes tudo só porque és rico, foram os meus irmãos que me contaram...


- Pelo menos, ele não é crédulo para acreditar em tudo o que lhe dizem. Sabes o que é um Troll, Weasley? - Zabini suspirou, com um abanar da cabeça.


Weasley voltou a ficar cor-de-rosa. Houve alguns risos em torno deles. Malfoy riu-se estupidamente alto para chatear Weasley. Harry abanou ligeiramente a cabeça com um sorriso nos lábios, mas reparou no olhar reprovador que Daphne lançou a Draco.


Finalmente, entraram no salão. McGonagall desenrolou um pergaminho e começou a chamar os alunos para colocarem o Chapéu Seleccionador.


Hannah Abbott foi a primeira, e foi para os Hufflepuff. A partir daí, Harry só prestou atenção a alguns. Um dos amigos de Ron, o rapaz de cabelos cor de palha, chamado Seamus Finnigan foi para os Gryffindor.


Pouco tempo depois, uma rapariga de cabelos castanhos e olhos cor de mel subiu para o estrado e Harry ouviu Ron a murmurar atrás de si para o seu outro amigo “é esta a que estava a ajudar o Longbottom a encontrar o sapo, a que se acha inteligente, espero que não vá para os Gryffindor”. Mas Hermione Granger foi para os Gryffindor, e Harry não conseguiu evitar um sorriso com a desgraça de Weasley. Logo a seguir, Daphne foi para os Slytherin.


Longbottom, também, foi para os Gryffindor. E o chapéu gritou Slytherin mal tocou na cabeça de Draco.


Finalmente, foi a vez de Harry. O chapéu murmurava dentro da sua cabeça, informando-o de que ele era confuso, complicado, que servia para qualquer casa, mas que Slytherin seria onde se sairia melhor. Porque é que não haveria de ir para onde se sairia melhor? Foi o último pensamento de Harry, antes de ouvir o chapéu gritar SLYTHERIN para todo o salão.


Draco começou a aplaudir, e Daphne e Blaise seguiram-no, mas eram os únicos no salão que não estavam em estado de choque. O herói do mundo mágico, o Rapaz Que Sobreviveu, acabava de se juntar a uma Equipa famosa por fazer crescer feiticeiros das trevas. Os Slytherin depressa os acompanharam, e o gelo quebrou-se quando Harry se sentou ao lado de Draco com toda a naturalidade. Ali estava ele na casa de perseverantes, astutos e ambiciosos.  


Severus Snape não gostava da ideia que Harry Potter fosse um dos seus Slytherin. A ideia de ser Chefe de Equipa de alguém tão parecido com James Potter enojava-o. Bastara o rapaz avançar para o Chapéu Seleccionador que ele detectara as semelhanças.


O outro amigo de Weasley, que se chamava Dean Thomas juntou-se aos Gryffindor, e Weasley seguiu-o uns momentos depois. Finalmente, Blaise Zabini juntou-se-lhes nos Slytherin.


Harry deu por si sentado ao lado de Daphne e frente a frente com Draco. Foi apresentado a mais dois rapazes: Vincent Crabble e Gregory Goyle, que eram basicamente mais altos do que Harry, e bastante encorpados, tornava-os intimidadores, mas não lhe pareceram muito inteligentes. Lembravam os rufias amigos de Dudley. 


Dumbledore fez um discurso de boas vindas, no qual essencialmente mencionou algumas regras. Harry e Draco trocaram um olhar e sorriram discretamente, quando o Director mencionou que o corredor do Terceiro Andar era proibido, estavam decididos a ir explorar, quando tivessem oportunidade.


A cicatriz de Harry doeu-lhe quando cruzou olhares com o professor de cabelos oleosos e nariz adunco, sentado ao lado de Quirrell.


- Quem é aquele professor sentado ao lado do Quirrell, Malfoy?


- Snape. Mestre de Poções e Chefe da nossa Equipa. – Draco respondeu rápido. – E meu padrinho, caso interesse.


 - Não interessa. – Harry respondeu, imitando o tom seco de Draco, o que levou Daphne e Blaise a rirem-se.


Mais tarde, quando foram para a sala comum, Markus Flint, capitão de Quidditch e Perfeito da Escola, fez um discurso.


- A palavra-chave para se passar pela estátua é Zeus, que para os ignorantes que não sabem é o Rei dos Deuses da Mitologia Grega. Os Gregos eram quase todos feiticeiros que conseguiram passar para os muggles o seu conhecimento na forma de ciência. Pobres muggles sempre foram manipulados – Começou Flint. – Bem-vindos, às Masmorras, onde ficam os nossos dormitórios e a nossa sala comum.


Passaram pela estátua. A sala comum era enorme. Decorada em tons de preto, verde-escuro e prateado. Para além de um incontável número de sofás, poltronas e mesas, havia uma enorme colecção de Taças de Quidditch, e de Taças de Equipa na parede por cima de uma das lareiras. E um estrado rectangular elevado, num espaço relativamente vazio. “Duelos” murmurou Draco com um sorriso rasgado. E um quadro de avisos que ainda se encontrava vazio. 


- Vocês são Slytherin. Ganhámos a Taça da Equipa e a Taça de Quidditch ao longo dos últimos sete anos. E não queremos quebrar a tradição, por isso, não nos desiludam, porque foram vocês quem acabou de chegar. Se conseguirem fazer as outras Equipas perder pontos, isso só demonstra as vossas qualidades, mas, acima de tudo, ganhem pontos. Acreditem que só por pertencerem a esta Equipa já vos tomam por futuros Senhores das Trevas e são pré-odiados pelas outras três equipas. Tenham cuidado e sejam leais uns aos outros, por mútua sobrevivência.


Lealdade era uma qualidade de Hufflepuffs, Harry pensou com uma certa ironia, a Casa que Slytherin mais parecia desprezar. No entanto, eles eram ambiciosos o suficiente para saber que ferramentas tinham de utilizar para atingirem um dado fim. E lealdade dava-lhes a Taça da Equipa, aparentemente.


 -Um conselho de Perfeito, se fizerem asneira e souberem que vão ser apanhados, confessem o que fizeram ao Snape antes que outro Professor vos apanhe. Ele pode castigar-vos, e provavelmente vai, mas só vos vai retirar pontos, se não tiver escolha. Os outros professores podem ser mais leves com os castigos, mas tirar-vos-ão pontos na primeira oportunidade.


Flint lançou-lhes um olhar penetrante que indicava, claramente, que quem perdesse demasiados pontos, pagaria por isso.


- Rapazes escadas à esquerda. Raparigas escadas à direita. – Anunciou, por fim.


As escadas desciam. Os quartos de Slytherin eram mesmo nas profundezas do castelo. Harry entrou num dos dormitórios de primeiro ano. O quarto tinha seis camas, e as suas coisas já estavam numa delas. Estava entre Malfoy e um rapaz chamado Theodore Nott, que Draco interrogou por não os ter procurado no comboio, mas o rapaz murmurou qualquer coisa sobre uma rapariga chamada Millicent Bulstrode.


- Theo, tu devias era dizer-lhe é tão óbvio que ela também gosta de ti. – Draco suspirou. 


A única desvantagem de ter vindo para os Slytherin era que eles vinham todos de antigas linhagens de feiticeiros e já se pareciam conhecer uns aos outros. Harry adormeceu a pensar como seria a sua vida se tivesse crescido no mundo mágico.



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