A última detenção



Era finalmente sexta-feira! Assim que eu abri os olhos e aspirei o ar, o oxigênio pareceu me encher de adrenalina. Eu acordei muito animada imaginando que aquela detenção finalmente estava chegando ao fim, e curiosamente, tentando adivinhar qual seria a última tarefa. A partir da semana que vem eu poderia estudar com mais calma e me concentrar de vez nos meus estudos e tarefas da escola! Era exaustivo demais ficar realizando tarefas extras depois de cada aula. Levantei cedinho, me espreguicei e senti algo macio e quente sobre minhas pernas em cima da coberta. Acostumei meus olhos e lá estava Mio, ronronando enquanto sonhava. Ele havia voltado! Ao lado dele estavam dois livros de mistério que eu trouxe de casa e um cachecol azul. Mio é um gato peculiar. Não é possível descrevê-lo corretamente, mas eu o amava com cada fibra do meu corpo e estava radiante que ele tinha finalmente voltado. Um miado preguiçoso, seguido de uma espreguiçada longa me mostrou que ele estava acordando. Em questão de segundos ele se levantou e pulou sobre meu estômago, apoiando as patas no meu peito e esfregando a cabeça no meu pescoço.


-- Uhm! Alguém sentiu minha falta? – eu falei abraçando-o.


Mio me encarou e seus olhos verdes pareciam sorrir.


-- Miooo! – ele disse e esfregou a cabeça novamente.


-- Passeou bastante? Nada de mar dessa vez, certo? – eu vislubrei uma das capas dos livros... - É... Você sempre gostou da Suécia, não é mesmo? Senti sua falta, moço!


Após alguns minutos coçando a barriga de Mio eu me levantei. Por mais que eu adorasse ele, precisava me arrumar para as aulas. Me vesti, coloquei o boné que minha mãe tinha costurado para meu gato em Mio e o soltei para que ele pudesse dar uma volta pela escola. Correndo eu desci para o café da manhã e na sala comunal, encontrei-me com Mary e Estrela.


– Bom dia, Sarah! - exclamou Estrela em seu habitual bom humor, terminando de empanturrar seus cachos com o mousse de cabelo que sobrara em suas mãos.


– Bom dia, Estrela! Hoje o céu está bem azul, não acha? - respondi com entusiasmo.


– Pelo visto você está bem humorada hoje, hem? - comentou Mary Alice ainda sonolenta.


– Pois é! Mio voltou!!!


-- Voltou?! – Mary Alice pareceu contente, mas pouco interessada. Até meio pensativa... Eu entendo. A coruja da minha irmã, Twister, ficava aterrorizada com a presença de Mio nos primeiros dois anos, então ela não ficava muito perto dele... – Onde ele foi dessa vez?


-- Eh... Suécia... Além disso... – eu continuei - Imagino que hoje deva ser o último dia da minha detenção por isso estou bem animada. Já estava cansada de ficar realizando tarefas extras após o horário de aula! Não vejo a hora disso tudo terminar e eu poder me concentrar nas NOMS!


– Que bom, espero que acabe hoje mesmo! Acho que a Shieru também vai acordar de bom humor, não é? - comentou Estrela.


– Provavelmente. - respondi com um sorriso.


– Seria bom se Shieru se levantasse logo! Estou morta de fome! - resmungou Mary Alice começando a ficar de mau humor. De repente escutamos os passinhos apressados de Shieru descendo as escadas do dormitório:


– Desculpem o atraso! Perdi a hora! Vamos, vamos! - Disse Shieru afobada.


– Calma, menina! Vamos desacelerar. - Estrela a segurou pelos ombros, e Shieru foi obrigada a se equilibrar para não cair. – Bom dia, né?! - Disse num tom amigável.


--Ah! Me desculpe! Bom dia! Como o sol está radiante hoje, né? - Respondeu Shieru com seu sorriso contagiante. E descemos juntas para o café.


O salão comunal estava quase cheio e o aroma dos quitutes preparados pelos elfos preenchia o ar frio daquela manhã. Sentamos juntas, Shieru ao meu lado e Mary Alice ao lado de Estrela bem à nossa frente. Logo que me acomodei já fui me servindo do bolo de frutas enquanto Shieru tomava uns goles de suco de abóbora. Mary Alice devorava os pãezinhos de aveia, mostrando que estava mesmo com fome, enquanto Estrela comentava com sua colega, Lucienne Pear, o quanto que o bolo de laranja feito por sua mãe ainda era melhor que qualquer quitute feito pelos elfos. Uns minutos após estarmos nos servindo avistei, de longe, Nana e Guinnevere procurando lugares para se sentar. Os olhares se cruzaram e, para minha surpresa, recebi de Nana e Guinnevere um leve aceno com a cabeça. Automaticamente, antes que eu pudesse impedir, meu braço se levantou num aceno breve. Me voltei para Shieru e a vi com uma expressão feliz acenando vigorosamente para as duas numa cena quase cômica.


– Sarah! Elas acenaram pra gente! - exclamou Shieru animadíssima.


– Eu vi. Bom, não foi bem um aceno, mas, acredite, estou tão surpresa quanto você! - respondi com um leve tom de entusiasmo enquanto terminava de mastigar meu pão de ló e beber o último gole de suco de abóbora. Não seria nada ruim não ter que controlar a pressão toda vez que cruzássemos caminhos com elas...


Em pouco tempo todos estavam se dirigindo para suas respectivas classes. A Grifinória dividiria a aula de história da magia junto com a casa Lufa-lufa e o professor havia requisitado duplas para realizar um entediante relatório sobre os eventos marcantes que ocorreram durante a época de Godric Gryffindor e Helga Huflepuff. Eu realmente não estava com a mínima vontade de fazer o relatório em dupla, não era muito fácil para eu dividir pensamentos e opiniões com intuito de receber nota, mas antes que pudesse me decidir com quem fazer o trabalho, a maioria dos alunos já tinha formado seus pares. Fiquei um pouco surpresa e confusa, pensando se deveria fazer sozinha ou ficar com os que sobraram (e eu era um dos que sobraram), quando de repente senti alguém puxando meu braço e, para meu deleite, era Delfim.


– Aqui está minha dupla! - exclamou Delfim exasperado olhando para um bando de meninas que se amontoavam atrás dele.


– Mas essa menina é de outra casa! Porque não faz com alguém da sua própria casa? Eu estou disponível. - disse uma menina ruiva e alta com olhos raivosos.


– Aaaah, mas a Otis... quero dizer... a Sarah e eu sempre fomos amigos. E tínhamos combinado de fazer dupla juntos quando surgisse uma oportunidade, não é Sarah? - Delfim olhou suplicante para minha expressão confusa.


Eu demorei um pouco para responder, era o tempo de praxe para o torpor de estar tão perto de um descendente de Veela passasse. Já estava começando a me acostumar com as borboletas que surgiam no meu estômago toda vez que eu deparava com os olhos azuis de Delfim.


– Hmm...claro. É verdade, meninas. – eu disse em um sussurro. Limpando a garganta tentei ser mais convincente. - Von Deer... quero dizer... Delfim e eu sempre fomos amigos e eu estava esperando ele vir falar comigo, vejam, também estou sem dupla! - Joguei as mãos para frente desolada e meio sem jeito, num improviso total, tentando parecer um pouco perdida (não que eu precisasse de muito esforço para isso).


– Hunf. Se é assim, está bem, mas se você se cansar dela, estaremos a sua disposição, viu. - respondeu uma garota gordinha de cabelos castanhos. E todas as meninas se retiraram desanimadas, como se o grande astro tivesse saído do palco e cancelado o show.


–Você me salvou! - suspirou Delfim aliviado e por alguns segundos desajeitados pareceu que ele me abraçaria, mas em tempo ele se conteve.


– Não foi nada. Pensei que você gostasse de receber atenção das meninas. - respondi tentando disfarçar meu próprio entusiasmo. Era sempre difícil falar com o Delfim quando eu estava entorpecida e dessa vez eu não tive o tempo suficiente para me acostumar com a presença dele. Minha pele estava literalmente formigando e eu sentia minhas bochechas queimarem por estar fazendo dupla com o cara mais bonito de Hogwarts. Com o canto do olho eu olhava sua franja loira caindo sobre os olhos e as covinhas na bochecha quando ele sorria.


“Preste atenção, Sarah! Ele está falando algo!” minha consciência me avisou.


– Na verdade eu não gosto de ter tanta menina no meu pé. Fica difícil saber quem gosta de mim pelo que eu sou e quem só enxerga um rosto bonito. - para meu espanto, Delfim tentou se explicar. Ele nem precisava, não me devia explicações... Ok! Ele ERA mais que um rosto bonito...


– Entendo. – senti remorso, afinal eu também, como todas as outras meninas, só via Delfim pela sua beleza e nem tinha pensado como seria seu caráter. - Com quem você costuma fazer grupo, então? - perguntei tentando puxar assunto.


– Com o Leon ou com a Camille. Mas ela não veio nesta aula, hoje acordou acamada. E Leon, está tendo aula de Poções com a Sonserina agora, além disso, por sermos de casas diferentes nem sempre dividimos classes. - disse dando de ombros. “Como alguém podia dar de ombros tão graciosamente?” Eu pensei. Ser filho de Veela é injusto para os outros alunos...


Eu já imaginava que ele costumasse fazer dupla com Leon e isso me deu um arrepio, ainda não conseguia entender como ele conseguia aguentar o temperamento daquele cara. Mas Camille? Essa era nova pra mim.


– Camille é sua amiga? - perguntei curiosa.


– Ah, mais ou menos. É minha colega de classe, ela também é aluna da Lufa-lufa e, diferentemente das outras meninas, não fica dando em cima de mim o tempo todo. Por isso prefiro fazer dupla com ela. - respondeu passando as mãos pelo cabelo sedoso. Oh por Merlin, como era difícil me concentrar com ele se mexendo tanto...


Parei para pensar um pouco, precisava me distrair do rosto de Delfim... De fato, me lembrei que os vi andando juntos algumas vezes, e pelo modo como Camille o olhava eu pensei que eram algo mais que amigos, mas pelo jeito ele continuava solteiro.


-- Ah... -- eu disse sem graça e o assunto morreu.


-- Espero que você não tenha se ofendido com minha aproximação! – Delfim disse de repente, parecendo genuinamente preocupado. – Não quis me impor, mas eu prefiro mil vezes estar com você à ter que aguentar aqueles olhares melosos. Você é meio como a Camille...


-- Ãhn – meu coração palpitou e mais uma vez eu tive que lembrar que ele era metade Veela e além do mais, não achava que Camille pensasse nele como eu pensava... Definitivamente aquela garota não pensava nele só como amigo – Sem problema... Eu ia fazer o trabalho sozinha e acho que saí ganhando nessa barganha.


Ele sorriu e as covinhas voltaram a aparecer! Acho que ele me considerou engraçada. Por um tempo ficamos quietos e então percebi que não tínhamos saído do lugar ainda. Estávamos em pé no meio da sala e a maior parte da classe, as alunas, estavam nos olhando com um certo rancor, ou seria surpresa? Inveja?


Para evitar uma advertência do professor, que também já nos observava, saímos do meio da sala e resolvemos fazer o trabalho enquanto conversávamos. Descobri que Delfim era muito fácil de se lidar e não tive problemas em discutir a matéria com ele. Ele era uma pessoa extremamente agradável de se conversar, tinha conhecimento amplo, senso de humor e era bem mais modesto do que eu imaginava. Me impressionou ver ele corar com uma brincadeira ou outra que eu falava. Porém eu sentia uma certa distância entre nós, um excesso de discrição, o que me levava a crer que ele jamais se abriria para mim por completo.


Quando a aula terminou, ninguém tinha conseguido terminar o relatório, provavelmente porque a aula estava tão entediante que boa parte dos alunos ficou enrolando ao invés de escrever, por isso o professor decidiu deixar a entrega para a próxima aula, mas adicionou três páginas extras. Combinei com Delfim de encontrar com ele mais tarde para terminar a tarefa na biblioteca, e andei a passos rápidos em direção a aula de Defesa Contra Arte das trevas, pois as meninas da Lufa-Lufa estavam direcionando uma aura assassina sobre mim e eu realmente queria me livrar daquilo o mais rápido possível. Quando consegui me livrar de uma possível violência premeditada, me deparei com outra. Mal cheguei na sala e fui recebida por uma Guinnevere raivosa:


– Trate de manter aquele seu amigo Leon Kang longe da Nana, ouviu? Senão eu juro por Merlin que o transformo num trasgo! - Disse a menina quase soltando fumaça pelas orelhas. Pensei em perguntar o que a fez ficar daquele jeito, mas acho que já tinha a resposta na minha cabeça.


– Olha, Daaé. Em primeiro lugar Leon não é, repito, NÃO é, meu amigo. Em segundo lugar, acho que a Murasaki sabe muito bem se defender sozinha. - respondi num suspiro.


-- Pouco me importa, não quero aquele palhaço nos rondando! - retrucou furiosa.


-- Bom, eu sinto muito por isso, mas não é problema meu! Eu não sou responsável pelas ações dele. - respondi tentando manter a calma.


-- Aaah! Ele me deixa furiosa! - Guinnevere bateu a mão na mesa irritada.


-- Olha, se quer afastar Leon de você, ignorá-lo não é uma boa ideia. Estou tentando isso desde que o conheci...


-- Está querendo dizer que tenho que fazer o jogo dele? Dar bola? Dar atenção para aquele Don Juan de araque? - Guinnevere parecia indignada.


-- É exatamente por isso que eu continuo sendo hostil com ele... - disse com o pensamento absorto, mas ao mesmo tempo concordando com a indignação dela.


-- Fez bem! Imagina chegar a ponto de pajear aquele ser! - disse Guinnevere corroborando comigo!


-- Humm que mal lhe pergunte... o que exatamente Leon fez? - perguntei curiosa.


-- Você conhece aquele animal melhor que eu, já deve saber o que ele fez não é? - Guinnevere olhou pra mim com os olhos apertados.


-- É... tem razão... - coloquei o indicador de leve sobre a testa balançando a cabeça com certo sarcasmo e imaginando Leon segurando o queixo de Nana e sorrindo laconicamente. Eu ri!


– O que foi? Nunca viu duas pessoas conversando? - disse Guinnevere num tom severo, mas estranhamente mais suave que o normal. Shieru parecia estar nos observando há algum tempo, mas ela ficou tão quietinha que nem a notei.


– Ah...desculpe. Eu, bom... - Shieru parecia confusa e para sair daquela situação constrangedora, voltou-se para Nana. - Murasaki, está tudo bem? - Perguntou ao vê-la quieta num canto.


– Oh...Haibara, que surpresa encontrá-la por aqui. Por acaso, veio me ver? - Provocou Nana com uma piscadela. Shieru ficou vermelhinha, mas desta vez não perdeu a fala.


– Ah... eu vim encontrar a Sarah. Mas também estou contente em ver você! - respondeu mais segura de si. Nana recuou um pouco, provavelmente, assim como eu, não esperava essa reação de Shieru. Mas o que veio a seguir chocou todas nós, inclusive Guinnevere. Um sorriso natural despontou no rosto de Nana, seus olhos amendoados fecharam-se e seus dentes ficaram a mostra.


-- É mesmo? Que bom saber. Então nos vemos mais tarde, na detenção.


-- Acho melhor irmos andando, Nana. - advertiu Guinnevere, já demonstrando-se incomodada com a aproximação das duas. - Vocês também deveriam se apressar, viu! - Disse Guinnevere enquanto puxava Nana pelo braço e as duas se retiravam com certa elegância. De longe, pude escutar as duas discutindo:


-- Pare de bancar a boazinha em cima da Haibara! - ralhou Guinnevere


-- Quem mandou você ficar de conversinha com a Otis? - restrucou Nana.


Em seguida, Shieru deu uma puxadinha em minha blusa, me chamando com certa timidez.


– Sarah.... você e a Daaé estavam mesmo conversando?


– Pois é, nem eu estou acreditando! - respondi incrédula.


– E...a Nana...ela sorriu? - perguntou Shieru ainda meio confusa.


– Acho que aquilo foi um sorriso legítimo. Não sei como, mas acho que devemos agradecer o Leon.... - disse soltando uma risada contida.


– Han? Como assim? - Perguntou Shieru ainda mais confusa.


– Ah..depois eu explico! Vamos andando? - puxei Shieru com um sorriso de satisfação no rosto.


Aquela sexta-feira estava sendo realmente muito boa! Depois do almoço tive o prazer de encontrar-me com Delfim para terminarmos o relatório de história da magia. Naquele dia a biblioteca estava estranhamente lotada de garotas de todos os anos e casas. Madame Ponce precisou chamar o Sr. Filch para auxiliá-la a deixar o ambiente silencioso. Quase não encontramos lugares para sentarmos e começar o trabalho! Parece que uma terceira pessoa fazendo trabalho com Delfim era uma fofoca animadora em Hogwarts. Para piorar eu mal conseguia me concentrar na escrita. Embora eu já estivesse aprendendo a lidar com a topor da presença de Delfim, aquela aura invejosa das meninas estava começando a pesar nos meus ombros. Demoramos mais de uma hora para fazermos três páginas de relatório. Quando finalmente terminamos o relatório eu estava dando graças a Merlin que poderia sair de lá e ir para a detenção!


-- Bom, Von Deer! Foi um prazer fazer um trabalho com você. Muito iluminador... – eu sorri me levantando.


-- O prazer foi inteiramente meu, Sarah! – ele respondeu frisando meu nome e se erguendo também e nessa hora eu ouvi uma comoção nas mesas atrás de mim. – Tenho certeza que não deve ser fácil ficar ao meu lado.


Olhei para ele surpresa, mas então notei o modo como ele olhava de soslaio para as demais alunas. Percebi o que ele quis dizer e isso me fez rir.


-- Não se preocupe, te conhecer está valendo à pena. Não acho que essas meninas saibam fazer magia mental ainda, devo estar segura. – Eu pisquei marota. Ele sorriu e eu tive que me concentrar em respirar. Sinceramente, esse negócio de Veela estava me cansando... Estendi a mão para apertar a de Delfim – Pena não podermos repetir isso novamente...


-- Por... porquê?? – Ele apertou minha mão e me puxou para frente inconscientemente. – Eu fiz algo que não lhe agradou?


-- Não! – eu me apressei a falar – Mas Camille não vai ficar doente para sempre...


Ele meneou a cabeça pensativo ainda segurando minha mão.


-- Não, ela não vai... Mas eu poderia revezar com ela e você... – Ele disse parecendo estar com dificuldade para falar.


-- Isso é muito lisonjeiro, mas é bom você falar com Camille antes. Ela te conhece há mais tempo que eu e pode ficar magoada. - eu disse sentindo minha face ruborizar.


-- É... – ele suspirou e soltou minha mão – Você tem razão... Talvez possamos fazer algo nós três para começar... – Ele não pareceu muito animado, mas eu não tinha muito mais tempo para conversar. Eu sorri mais uma vez e saí da biblioteca tentando não focalizar nenhum dos olhares malignos sobre mim.


Corri para encontrar-me com o resto das garotas, pensando qual seria nossa última tarefa e, para nossa surpresa, professor Quirrel estava a nossa espera!


– O-olá mi-mi-minhas q-queridas! - cumprimentou o professor enquanto acariciava as mãos.


– Oi, professor Quirrel – cumprimentei de volta. Shieru disse um olá meio tímido, Nana e Guinnevere assentiram com a cabeça, apenas.


– A t-ta-taref-f-fa de vocês hoje, será me a-a-ju-d-dar a colher ma-materiais pa-para o p-p-próximo estudo que s-s-será sobre t-t-t-tras-s-s-gos. - Disse o professor com certa dificuldade. - Sigam-me p-p-por f-favor!


O Professor nos levou, novamente, à floresta proibida. Francamente, estava começando a me familiarizar com aquele lugar! Andamos por pelo menos uma meia hora floresta adentro, chegando numa parte bem escura da floresta. Tentamos acompanhar o passo do professor, mas ele começou a andar cada vez mais rápido e quase desapareceu de vista. Quando finalmente o alcançamos, estávamos numa clareira próxima a um declive, e logo abaixo vimos um trasgo dormindo ao lado de uma caverna grande e profunda que parecia ter sido construída por ele mesmo.


O professor fez sinal de silêncio e desceu cautelosamente em direção ao trasgo adormecido. Depois, lançou um feitiço:


– Petrificus totalus! - mantendo o trasgo completamente imóvel, prof Quirrel fez sinal para que nos aproximássemos e pediu que tirássemos as medidas do monstrengo. Em seguida retirou de sua bolsa um caderno e uma pena mágica que começou a anotar os dados que ele recitava. - Peso aproximado uns 300 kg. Altura? Em torno de três metros..


Depois de colhermos dados suficientes, o professor encerrou a detenção e pediu que nós fôssemos embora, pois estava começando a ficar muito tarde, enquanto ele ficaria para colher mais dados.


– Mas como faremos para encontrar o caminho de volta, professor? - Perguntou Guinnevere um pouco preocupada. E sem dizer uma palavra e nem virar-se para nós, professor Quirrel conjurou um feitiço guia. Uma bola de luz verde saiu da ponta da varinha dele e foi flutuando floresta adentro vagarosamente, logo entendi que deveríamos seguir aquela luz.


– Não acham estranho o professor não nos acompanhar pessoalmente para fora desta floresta? Alguma coisa poderia acontecer conosco, sabe... - Comentou Guinnevere meio displicente durante o caminho de volta. Mas acho que ela tinha razão, concordo que foi imprudência dele deixar-nos à deriva dessa maneira.


– Essa floresta sempre me deu calafrios... o que mais poderemos encontrar por aqui? - Perguntou Shieru levemente aflita.


– Pode ficar tranquila, Shi. Vai dar tudo certo! - tentei confortá-la.


– Quanto tempo levamos para chegar da entrada da floresta até o trasgo? Uma meia hora? - perguntou Nana inquieta. Parei para pensar e, realmente! Parecia que estávamos rodando em círculos!


– São quase oito horas! - exclamou Guinnevere


– Pessoal! A luz-guia, está desaparecendo!!! - gritou Shieru beirando ao desespero.


– Calma. Vamos pensar o que fazer com calma... - tentei manter a pose, mas estava tão aflita quanto Shieru naquele momento. Eu não fazia a mínima ideia de onde estávamos nem como poderíamos sair de lá.


– E se tentarmos voltar para onde o prof Quirrel estava? - sugeriu Guinnevere


– Isso! Vamos tentar voltar... se encontramos o professor, poderemos voltar junto com ele. - concordei.


Conseguimos chegar ao mesmo lugar de antes, mas para o nosso desespero, nem o trasgo nem professor Quirrel estavam mais lá. Suando frio, sentei-me no chão para conter o baque. Estávamos completamente perdidas e o professor deve ter voltado para Hogwarts, sem saber que ainda estávamos por aqui! De repente, escutamos uns ruídos de galopes. “o que seriam? A cavalaria de resgate?” pensei tentando me distrair, mas para nosso desgosto, não era uma manada de unicórnios e sim um grupo de centauros!


Por alguns segundos eu senti todos os músculos do meu corpo retesarem. O vento leve e frio da noite pareceu parar e se eu quisesse poderia cortar o ar com uma faca. Pude perceber a paralisia do resto das meninas também. Ouvimos histórias sobre a animosidade dos centauros com bruxos e estar de frente para uma manada de cinco não tranquilizava nossa imaginação. À princípio vimos silhuetas humanas fortes e grotescamente flutuantes, um pouco projetadas para frente, aparecendo em uma formação de flecha e em seguida uma massa musculosa de patas e corpos se aproximando elegantemente por trás. O primeiro rosto que vi, o mais adiantado dos cinco, era bronzeado e quadrado, com maxilares projetados para frente. Seus olhos apertados e negros indicavam perspicácia e crueldade.


– O que fazem aqui, bruxas?! Este é o nosso território! - esbravejou o rosto, provavelmente o líder do grupo. Mas nenhuma de nós conseguiu dizer nada. Todas estávamos receosas que pudéssemos falar algo que ofendesse o orgulho dessas criaturas.


– Por acaso um trasgo comeu a língua de vocês? - exclamou outro centauro ao lado esquerdo do líder, num tom de deboche. Ele era tão grande quanto os demais, mas sua pele ela escura, cor de chocolate, com cicatrizes profundas e sua voz mais grave do que a do líder. Todos os centauros começaram a rir. Não era uma risada agradável, eram risadas gorgoleantes com tom baixo...


– N-nós estamos perdidas, senhor centauro. - disse Shieru numa voz tímida e o mais respeitosa possível.


– E como foi que chegaram até aqui, bruxa? - Disse o centauro chefe curvando-se e se aproximando de Shieru ameaçadoramente.


– Viemos coletar informações sobre trasgos. - intervi antes que Shieru caísse aos prantos colocando meu corpo mais para frente e desviando a atenção do líder. Queria muito que a minha voz estivesse soando mais corajosa do que eu me sentia.


-- O que fazem vocês, bruxas, pensarem que podem invadir o nosso território para coletar informações'?! - vociferou um terceiro centauro, mais ao fundo e parcialmente escondido nas sombras. Ele parecia bem robusto e sua voz era quase um ronco.


-- Estão tramando algo contra nós?! - gritou outro, no meio da manada, deixando expressa seu asco por nós. Senti minhas pernas fraquejarem...


-- Não! - dissemos juntas em coro.


-- Quem deu permissão para vocês para entrarem nesse perímetro? - rosnou uma cacofonia de vozes ao fundo. Eu não tinha notado que havia mais um grupo de centauros.


– Nós não sabíamos que era proibido... Somos alunas ainda e como foi o professor Quirrel que nos trouxe aqui, pensamos que... - Shieru balbuciava as palavras rapidamente, mas mal conseguiu terminar de falar quando foi interrompida pelo centauro-chefe


– Quirrel?! Um bruxo que usa um turbante roxo na cabeça?! Vocês vieram com aquele sujeitinho?? – Urrou e seu grito pareceu se alastrar pelo silêncio que os demais centauros produziram.


– S-sim! - disse Shieru fechando os olhos de medo.


– E onde está ele agora?! - disseram em coro.


– Não sabemos! Ele pediu que nos retirássemos antes! - Guinnevere tentou contornar a situação.


– Mentira! - gritaram os centauros maiores. - Entreguem aquele bruxo ou sofram as consequências!


– Mas não sabemos onde ele está! - gritou Shieru suplicante.


Irritados, os centauros começaram a achar que estávamos protegendo prof Quirrel e ficaram agitados. Eu ouvia meus próprios gritos tentando pedir calma, mas o som deles era maior que qualquer coisa que eu fizesse. No meio do calor da algazarra um dos centauros lançou uma flecha em direção a nós e atingiu Guinnevere no ombro. Com a força da flechada a menina cambaleou de costas até cair sentada ao pé de uma árvore. Um grito de dor agudo cortou os berros da manada de centauros exaltada.


– Guinnevere! - gritou Nana ao ver a amiga machucada. Ela correu para perto dela, mas logo voltou-se para os centauros – Ora, seus animais selvagens! Porque fizeram isso?! Somos apenas alunas da escola, mesmo que quiséssemos não poderíamos machucar nenhum de vocês! Que orgulho têm ao machucar uma adolescente com menos de um terço da sua força e tamanho? - Enquanto Nana proferia aquelas palavras notei sua expressão de raiva e seus olhos mudando de cor...


– Atirem! – ordenou o centauro-chefe energicamente e todos os centauros miraram suas flechas em nós. Não pude pensar muito e não perdi tempo, conjurei um feitiço sobre todas:


– Protego! – Uma bolha de luz azul nos fechou no momento em que as flechas caíram sobre nós. As pontas afiadas batiam no campo de força e caíam em baques surdos no chão. Foi por um triz! Virei-me para Shieru e pedi - Shi, depressa! Pode recitar alguma canção de proteção? Meu feitiço não vai durar muito tempo! Principalmente se eles investirem a própria força de seus corpos nele.


– Pera... deixa eu lembrar de algum! - Mas Shieru parecia tão amedrontada que naquele estado não poderia lembrar de feitiço algum! Com uma mão eu mantinha minha varinha erguida sobre nossas cabeças liberando faíscas azuis, com a outra eu pressionava o ombro de Shieru.


Enquanto eu estava distraída tentando acalmá-la para poder refrescar-lhe a memória, senti um clarão repentino nas minhas costas. Quando Shieru e eu nos viramos para olhar o que era, só pude assistir a cena dos centauros recuando e metade da clareira em chamas! Eu pude ver os olhos do centauro-chefe viajar de mim, para Shieru e para o que pareceu ser Nana. Ele estava com raiva. Não conseguiria passar por sobre as chamas. Seus instintos protetores eram maiores. Eu parei o feitiço e olhei em volta.


– O que aconteceu?! Nana?! Foi você? - Quando olhei para ela, a vi ajoelhada com as mãos no chão e cabeça abaixada, os cabelos caídos escondiam-lhe a face. Fui em sua direção achando ela estaria ferida, podia ver como ela se contorcia e estranhamente ela parecia um pouco maior, com os músculos da costela saltados. Porém antes que eu pudesse tocá-la, ela me disse arfando com uma voz extremamente grave e rosnada:


– ve...nevere.....Salve, Guinnevere! - Imediatamente lembrei-me dela! Guinnevere estava inconsciente, deitada aos pés da árvore, o rosto pálido demonstrava que a flecha estava envenenada. Corri até ela e me ajoelhei ao seu lado. Pude perceber a respiração fraca e quando tomei seu pulso ele estava quente e acelerado.


– Daaé! Daaé! Acorde! Não durma!! Abra os olhos!!....Guinnevere!!! - gritei o mais alto que pude, tentando fazê-la acordar.


– Hnnnn.... - escutei um resmungo fraco – Quem... disse que.... te.. dou permissão... para me chamar.. de.. Gui...nne..ve..re... - disse com a voz fraca. Mesmo ferida, ela ainda conseguia ser autoritária, impressionante!


– Hahahaha, graças a Merlin você está bem! Ia ficar preocupada se de repente você mostrasse qualquer amizade por mim. Vamos, vou te levar de volta para Hogwarts! - disse enquanto colocava seu braço bom em volta do meu pescoço e tentava carregá-la. A flecha tinha atingido o outro ombro e ainda estava cravada. O fato de estar atravessada podia explicar a pouca perda de sangue.


Uma vez de pé olhei em volta e me dei conta que não tinha ideia de como faria para sair dali, ainda mais com a floresta em chamas. As labaredas de fogo que antes apenas rodeavam a clareira, começaram a se expandir assustadoramente depressa e a fumaça estava ficando cada vez mais sufocante. O calor do fogo, queimava-me as bochechas, estávamos no meio de uma mar de chamas. Em meio ao turbilhão de fogo, quando parecia não haver mais esperança de sairmos da floresta com vida, escutei uma canção abafada:




Diamantes de orvalho


Leito de rio


Espelho d'água


Imensidão do oceano


 


Calor do verão


Frescor da primavera


Vento de outono e


Cristais do inverno




Estendo minha mão pedindo, orando por um presente dos céus


Caia sobre mim mansa como seda


Seu tilintar sereno traz vida


Chuva...


 


Quando percebi, Shieru estava cantando novamente. Uma chuva intensa começou a cair do céu sobre as labaredas de fogo que, aos poucos, se dissiparam. Um nevoeiro de fumaça se formava a medida que a chuva ia apagando as chamas, estávamos todas ficando encharcadas, mas salvas do fogo!


– Esplêndido, Shi! Nos salvou de novo! - elogiei. Estava realmente aliviada, conseguimos nos livrar do centauros e das chamas! Agora só faltava encontrar a saída daquele lugar!


Quando a chuva cessou, estávamos em meio a uma floresta totalmente queimada e esfumaçada, o chão coberto de cinzas e brasas. Ao longe avistei uma luz e comecei a caminhar em sua direção, muito animada.


– Vejam meninas! Uma luz!! - gritei enquanto caminhava com mais vigor. Shieru veio logo atrás e quando me dei conta, Nana estava ao meu lado, os olhos púrpura intenso, me ajudando a carregar Guinnevere. A luz se aproximava cada vez mais, porém não conseguíamos ver quem ou o quê a trazia, alimentávamos a esperança de que seria Hagrid, professora McGonagal ou mesmo o Sr. Filch. Ao longe escutamos a voz de alguém, gritando preocupado:


– Tem alguém aí? Estão todas bem? - Não era a voz de ninguém conhecido, mas emanava confiança.


– Aqui!! Estamos aqui!! - gritou Shieru, andando mais a frente e abanando as mãos.


Em meio a fumaça o rosto jovem e bonito surgiu, mas em seguida, para nosso espanto, seu corpo equino surgiu. Ele era um Centauro! Estava carregando uma tocha.


– Cuidado é um centauro! - alertei todas. Nana sacou a varinha, apontou para ele e disse num tom ameaçador:


– Minha amiga está ferida por causa de vocês, nós estamos tentando levá-la para Hogwarts para que ela possa receber os cuidados necessários e você não vai ficar no meu caminho! - Nana estava claramente determinada a lutar com ele. Ela deveria estar com medo de que Guinnevere não fosse atendida a tempo, e de fato o veneno da flecha estava dominando seu corpo. Precisávamos levá-la para madame Pomfrey o quanto antes.


O centauro não se moveu. Seu rosto era complacente e assim como os outros, forte, mas ao contrário dos demais a beleza dele vinha da suavidade de sua expressão. Também tinha cabelos encaracolados, acho que isso era uma marca de todos os centauros, mas seus olhos não apresentavam crueldade, apenas determinação. Ele era bronzeado e absurdamente grande. Se eu conhecesse bem raças de cavalos, diria que ele era um puro sangue.


– Não tenha medo – respondeu o belo centauro calmamente. - Estou aqui para ajudá-las, já avisei Dumbledore e garanto que ele e outros professores estarão a caminho. Como conheço melhor esta floresta, cheguei antes. Me acompanhem e levarei vocês para fora daqui.


– Me dê um bom motivo para confiar em você depois do que fizeram conosco. - Desafiou Nana irritada.


– Compreendo sua raiva, mas acredito que, na situação em que vocês estão, eu sou a sua única esperança. - Disse o jovem, e de fato na situação em que estávamos seria melhor depositarmos um pouquinho de confiança nele.


– Murasaki, não temos escolha, a Daaé precisa de cuidados o quanto antes e ele sabe sair daqui. – eu pousei a mão livre no ombro dela e tentei argumentar com ela.


– Está bem, mas vamos ficar atentas. - respondeu desconfiada retirando minha mão com um movimento.


– Meu nome é Firenze, sou amigo de Dumbledore há tempos. - Disse com sua voz serena esperando pacientemente para nos adaptarmos à sua presença. Pouco tempo depois ele se virou e começou a andar.


Shieru parecia encantada com ele, mas Nana o olhava com o canto dos olhos e a varinha esticada. Eu nem me preocupei muito com Firenze, estava ocupada carregando Guinnevere agora que Nana estava ocupada empunhando sua varinha. Ela podia ser leve, mas carregar uma pessoa por muito tempo estava cansando meus braços. Eu imaginei como seria se eu tivesse alguém forte como Leon para fazer esse serviço para mim. Pela primeira vez eu estaria contente de tê-lo ao meu lado.


– Senhoritas, me ofereço para carregar sua amiga ferida. No meu lombo ela viajará mais confortável e posso carregá-la por período mais longo. - ofereceu Firenze percebendo meu cansaço.


Seus olhos encontraram o meu quando parei de andar. Ele parecia bem sincero. Hesitei por poucos segundos, mas mesmo parada eu podia sentir o formigamento dos meus braços. Olhei para Nana e depois para Firenze novamente. Mordi os lábios indecisa e então suspirei olhando para Nana.


– Vou deixar ele carregá-la, tudo bem? Meus braços estão cansados, não vou aguentar até a saída e assim iremos mais rápido. - tentei negociar com ela.


– Tudo bem, obrigada Otis, por carregá-la. - Disse Nana suavemente, pude notar que ela estava realmente agradecida.


Colocamos Guinnevere nas costas de Firenze e caminhamos até a saída da floresta, eu segurava a mão de Guinnevere de um lado e Nana segurava de outro. Só porque deixamos Firenze carrega-la não significava que a soltaríamos. Ao longe vimos outra luz que estava sendo emanada da varinha de Dumbledore! Ao lado dele vimos professora Minerva e Hagrid!


– Ainda bem que as encontramos!! - Professora Minerva disse aliviada.


– Procuramos por toda a parte! - exclamou Hagrid. - Que susto que vocês me deram! O que houve com essa pequena? Está ferida?


– Sim! - respondeu Nana suplicante. - ela foi atingida por uma flecha de centauro! Temos que levá-la para Madame Pomfrey depressa!


– Calma, calma. Não precisa ficar aflita, deixe comigo, está bem? Vai dar tudo certo. - Dumbledore tentou acalmá-la enquanto conjurava uma maca.– Firenze, obrigado. Vou levá-las para o castelo, conversamos depois.- Dumbledore agradeceu o centauro enquanto transferia Guinnevere das costas dele para a maca.


Todos voltamos para o Hogwarts e fomos direto para enfermaria, madame Pomfrey nos recebeu escandalizada com o estado de Guinnevere:


– O que aconteceu com esta menina?! Está branca feito fantasma! Por Merlin, está gelada! Deve ser veneno... - Falou enquanto checava os pulsos de Guinnevere. -Vamos desintoxicá-la rápido, antes que seja tarde!! Esses alunos de hoje em dia estão ficando cada vez mais imprudentes! E o resto de vocês, não pensem que estão liberadas! Vou examinar cada uma depois que terminar com esta aqui! - disse enérgica enquanto saía levando Guinnevere para uma ala restrita.


– Bom, vejo que teremos nossa conversa aqui mesmo. - disse Dumbledore enquanto sentava em uma das camas e estendia a mão sinalizando que sentássemos também. - Vejamos...podem me explicar como foram se perder no meio da floresta proibida? - perguntou calmamente.


– Bom.. – Comecei explicando – durante a detenção de hoje o professor Quirrel nos levou para a floresta a procura de um trasgo. Ele disse que precisaria coletar dados para usar para a próxima aula de defesa contra arte das trevas....


– Certo...continue, continue... - disse Dumbledore pensativo.


– Depois que encontramos o trasgo e coletarmos boa parte dos dados, o professor nos dispensou alegando que estava ficando tarde. Ordenou que voltássemos sozinhas e conjurou um feitiço-guia. - continuei.


– Mas a luz-guia não nos levou a lugar algum... - acrescentou Nana.


– E depois que nos demos conta de que estávamos andando em círculos... - continuei.


– A luz sumiu! - Shieru exclamou chorosa.


– Entendi, minhas queridas. E depois disso acabaram se encontrando com os centauros, não é mesmo? - completou Dumbledore.


– Sim. - respondi cabisbaixa. - foi difícil discutir com eles diretor, inevitavelmente um deles nos atacou e Guinnevere acabou saindo ferida...


– Eu...fiquei irritada e acabei falando o que não devia, diretor. - revelou Nana um pouco arrependida.


– Não se preocupe, senhorita Murasaki. Vai ficar tudo bem, terei uma conversinha com nossos vizinhos centauros. - respondeu o diretor calmamente e num tom que inspirava confiança. - Agora que tudo foi esclarecido, acho que está na hora de eu ir. Por favor, não saiam antes de serem examinadas, esta bem? - o diretor fez uma reverência simples, levantou-se e se retirou vagarosamente.


--Diretor... - disse Nana – O senhor é mesmo amigo daquele centauro, Firenze?


--Sim, somos amigos. Firenze é de confiança, pode ficar tranquila, querida. - respondeu Dumbledore.


--Entendo... eu gostaria... de encontrá-lo de novo, se isso for possível... - Disse Nana com uma expressão diferente, arrependida.


--Verei se posso fazer isso por você, está bem? - respondeu Dumbledore.


O rosto de Nana se iluminou e vi um sorriso tímido despontar em seus lábios:


– Obrigada!


Dumbledore fitou Nana por uns instantes, fez outra reverência, e saiu.





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