Terceiro



Terceiro


I say thank you, for pulling me through,


I'm a lucky man,


 


Tudo que Draco via a sua frente era a água parada no fundo do branco vaso sanitário. Seu estômago apertou-se uma vez mais e ele golfou. Tossiu, cuspiu e respirou fundo. Ouviu então a descarga ser acionada.


-“Você vomita mais do que uma garotinha.”


Astoria ainda estava com ele, mas como os dois foram parar em seu banheiro, ele não tinha muita certeza.


-“Eu tenho crises de gastrite.”


-“Não tem uma poção para isso?”


-“Na cômoda, primeira gaveta.”


Ouviu-a caminhar em direção ao quarto.


-“Bem abastecida essa sua... primeira gaveta.”


O comentário obviamente se referia às diversas poções e elixires que ele mantinha armazenadas, a maioria poções para dormir que ele já não podia mais tomar, a não ser que quisesse provocar uma úlcera.


 Astoria voltou com um pequeno frasco nas mãos. Draco agradeceu e engoliu o líquido verde , segurando um soluço. Sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha e percebeu que suava. Recostada à parede, Astoria brincava de abrir e fechar seu isqueiro.


-“Por que ainda está aqui?” – Draco perguntou, reparando na blusa brilhante e na maquiagem pesada que ela usava. – “Você não disse que tinha uma festa?”


-“Ainda é cedo para ir.” – Ela deu de ombros. – “Além do mais, não podia deixar você vomitando no jardim depois que me proibiu de ir chamar sua mãe para ajudar.”


Ela reparou no olhar perplexo que ele lhe lançava.


-“Não se lembra? Aconteceu há, tipo, cinco minutos.”


Draco assentiu. Melhor fingir se lembrar para evitar a vergonha. Sua embriaguez já estava passando, não fazia mais sentido ter apagões. Ainda assim, ele realmente não se lembrava do trajeto entre o jardim e a sua suíte.


Suas mãos tremiam quando se levantou. Sentindo-se tonto, caminhou até sua cama e se deixou cair. Tudo culpa do Potter.


-“O que disse?”


Draco abriu os olhos. Teria pensado alto?


-“Nada. Você já pode ir embora.”


-“Não, você disse alguma coisa sobre Potter.”


Até quando ele seria atormentado com aquilo? Ele suspirou.


-“É tudo culpa dele. A minha humilhação, a humilhação da minha família.”


-“Meu pai não comenta muito sobre o seu caso, mas eu sei o que Potter vem dizendo para defendê-lo.”


Draco ergueu as sobrancelhas, ela continuou:


-“Ele contou a todos que você poderia tê-lo entregado à sua tia Bellatriz, e todos sabemos que aquilo provavelmente seria o fim para ele. Além disso, sua mãe mentiu por ele, disse a Voldemort que ele estava morto quando não estava.”


-“Sim, e agora nós dependemos do Potter dizendo essas coisas no tribunal para não mofarmos em Azkaban.”


-“Você não percebe que é justamente ao contrário?”


Draco olhou-a com uma expressão de perplexidade. Astoria explicou:


-“Harry Potter está tentando se redimir com você. Ele se sente em dívida para com a sua família e não sabe lidar com esse sentimento, afinal sempre o detestou. Estar em divida com o maior rival com certeza é tão difícil para ele quanto é para você.”


Draco estava surpreso com a análise dela. Nunca havia pensado dessa forma. Naquele momento, contudo, pensar doía. Ele apoiou a cabeça no travesseiro e seus olhos imediatamente se fecharam.


Astoria o observou por mais alguns minutos, até que teve a certeza de que ele dormia profundamente, então saiu.


 


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