Segundo



Then you came along, and saw what state I was in,
You picked me up, when I was down,
Showed me how to live again.


 Draco entrou de supetão na sala de estar e precisou se apoiar no batente da porta para não cair. Seus pais estavam tomando café com os Greengrass após o jantar. Arnold Greengrass era o advogado de defesa dos Malfoy, e reuniões como aquela vinham acontecendo com muita freqüência nos últimos meses.


-"Draco!" - ele ouviu sua mãe dizer -"Você está com uma aparência terrível!".    


-"Andou bebendo novamente?"- a voz de seu pai era uma mistura de acusação, pena e culpa.


Anos atrás, ele repreenderia o filho com severidade por desempenhar tão ridículo papel em frente às visitas. Agora, arrasado e massacrado pelos meses de julgamento, já não tinha a mesma força disciplinadora de outrora.


-"Vocês não tem moral para me chamarem a atenção. " - agora já conseguia se equilibrar sobre os pés, Draco se esforçava para não tropeçar nas palavras.


-"Venha, rapaz, sente-se. Tome uma xícara de café." - sugeriu o Sr. Greengrass.


-"Eu não quero café! Quero mais respeito! Mais respeito a esta família rebaixada!"


A Sra. Malfoy ergueu as sobrancelhas.


-"Draco, você pelo menos comeu alguma coisa?"


Soltando um urro de frustração ele saiu rumo aos jardins, gesticulando para que não o seguissem.


 


A corrida fez com que a azia lhe subisse à boca. Segurou, engoliu em seco e apertou o estômago com uma das mãos.


-"Ora, ora, mas se não é o Draquinho."


Ergueu a cabeça e a viu. Uma imagem que não via desde que saíra de Hogwarts.


-"Está passando mal?" - Dafne Greengrass continuou, segurando um riso divertido.


Antiga colega da Sonserina, Dafne era uma das melhores amigas de Pansy Parkinson, a primeira namorada de Draco. Quando o casal terminara, em circunstâncias nada agradáveis para ambos - mas ainda piores para Pansy - Dafne passara automaticamente a antagonizá-lo.


-"Me deixe em paz!"


-"Oooh, está bêbado!" - riu Dafne, irritantemente satisfeita com a cena.


Draco queria xingá-la, amaldiçoá-la, fazê-la cair de joelhos, urrando de dor a seus pés, mas temia vomitar caso abrisse a boca.


-"Quer que eu chame a sua mamãezinha para lhe dar uma poção e lhe por na cama?" - ela aproximou-se, imitando uma irritante voz de bebê. Ergueu a mão em direção a sua testa como alguém que tira a temperatura de uma criança. Draco afastou-a e ela riu.


-"Nossa, Dafne, você é mesmo uma comediante de primeira categoria. Já pensou em se juntar ao circo?"


Era a caçula Greengrass quem falava. Draco não havia reparado nela antes. Como era mesmo o nome dela? Astride? Agnes? Annelise?


-"Fica na sua, Astoria."


Era isso. Astoria.


 Ao contrário da irmã, Astoria não usava vestes bruxas, mas sim uma calça jeans trouxa rasgada em pontos estratégicos e uma blusa azul royal com paetês brilhantes. Tirou da bolsa um maço de cigarros, prendeu um entre os lábios e acendeu-o.


-"Será que dá pra levar essa fumaça nojenta pra outro lugar?"


-"Não." - ela se aproximou, tragou e soltou o mais próximo de Dafne que se atreveu. - "Eu gosto daqui."


-"Sua nojenta!" - Dafne deu-lhe as costas e saiu.


Draco segurou mais uma ânsia de vômito.


-"Você tá legal?"


-"Será que você poderia..." – Ele fez um sinal com as mãos para que ela afastasse o cigarro. A fumaça piorava seu enjôo, mas sua mente começava a clarear. Respirou devagar o ar frio da noite, tentando acalmar as batidas do coração.


Astoria largou o cigarro na grama e pisou em cima para apagá-lo.


-"Eu o convidaria para uma festa, mas acho que você já passou da conta hoje, não é?"


-"Estou bem."


Ele fez menção de sentar-se, ela o impediu.


-"Não, não, não. Nesse estado, se você sentar, não levanta mais. Fique em pé e não abaixe a cabeça."


Ele obedeceu, sentindo as mãos pequenas dela se apertarem ao redor de seu braço. Concentrou-se em equilibrar o peso sobre as próprias pernas. Não queria usá-la como apoio.


-"Você tem uma casa muito bonita." - Astoria sabia que a melhor maneira de impedi-lo de ceder à bebida era mantê-lo acordado e falando.


-"Obrigado, mas já foi muito melhor. Já foi maravilhosa.”


-“Parece maravilhosa o suficiente para mim.”


Draco bufou com desdém. Aquela garota não fazia idéia do que estava falando. Ela certamente não conhecera a mansão Malfoy em seu auge. Agora, a grama estava alta, os arbustos, antes floridos, agora quase sufocavam em meio à um mar de ervas daninhas, e o muro de pedras cinzas estava manchado de um limo verde escuro nojento que escorria por toda a sua altura. No interior da casa, a cera das velas escorria dos castiçais e candelabros, muitos dos quais hospedavam enormes teias de aranha. O piso de madeira precisava desesperadamente de polimento e a prataria que sua mãe tanto amava se tornara opaca com o acúmulo de poeira. Se o próprio Draco não soubesse que ele e a família ainda moravam ali, poderia dizer que a mansão Malfoy não passava de uma velha casa abandonada.


-“Minha família foi desgraçada e humilhada.” – Começou ele. – “E reduzida a isto.”


-“Isso não é verdade. Meu pai diz que o julgamento de vocês está indo bem, e que você pode escapar de Azkaban se colaborar um pouco mais com as investigações.”


-“Você não entende!” – Ele não conseguiu segurar o grito. – “Esta é a nossa humilhação! A nossa desgraça! Nos humilhar, denunciar aqueles que já foram nossos aliados, para poder livrar a nossa cara. E depender do Potter! Do Potter!”


-“Melhor do que apodrecer em Azkaban, você não acha?”


-“Você não entende!”


Sua cabeça voltara a rodar. Sentia o estômago doer. Tudo pelo que passara nos últimos meses se misturava em sua mente. A traição que seus pais vinham cometendo ao denunciar outros comensais. Os depoimentos de Potter em seu favor. A humilhação.


Não conseguiu mais segurar, inclinou o tronco para frente e vomitou sobre a grama alta e mal-cuidada daquela casa da qual tanto já se orgulhara.


 


=== * * * ===

Compartilhe!

anúncio

Comentários (2)

  • Mohrod

    nuusss. .-.demais!! Posta logo!! 

    2012-12-25
  • meroku

    capitulo ta otimo!!!!!!!!!!!!!!!!posta o proximo logo e mais longo!!!!!!!!!!!feliz natal!!!!!!!!!    

    2012-12-22
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.