Quarto



Quarto


I didn't know what life was


But now I understand,


 


-“Astoria, levante-se!” – chamava a Sra. Greengrass, batendo na porta do quarto – “Levante-se e desça já para o almoço, não vou pedir uma segunda vez!”


Astoria rolou na cama. Já era a terceira vez que a mãe vinha bater em sua porta, sempre afirmando que não voltaria a chamá-la. Sabendo que não teria mais paz para dormir, ela saiu da cama e se arrumou entre bocejos.


Seus pais e sua irmã já estavam à mesa quando ela chegou.


-“Astoria, querida, finalmente!” – sua mãe se dividia entre o suspiro e a irritação – “Com o seu atraso, nós já comemos a entrada. Tente não fazer mais isso, não fica bem para uma dama dormir até o horário do almoço, não é uma atitude refinada.”


-“Ela finalmente decidiu que a família é digna de sua presença, mamãe, não a afugente cobrando-lhe um pouco mais de finesse.” – desdenhou Dafne.


-“Oh, eu jamais poderia ser mais refinada do que você, irmã, exceto talvez se começasse a apoiar os cotovelos sobre a mesa desse jeito. Oh, não, não recolha os braços, preciso ver como você faz para copiar.” – devolveu Astoria.


-“Parem com isso, por favor.” – pediu a Sra. Greengrass, lançando um olhar de relance ao marido, que não demonstrava mais do que indiferença. 


-“Pelo menos eu não tenho um namorado traidor e desgraçado!”


-“Eu não tenho namorado.”


-“Não? Então porque estava se esgueirando para o quarto do Malfoyzinho Júnior ontem a noite? Se ele não é seu namorado, então o que é? Mais um episódio de sexo casual para a sua coleção?”


-“Eu só o estava aju-“


-“Astoria, Dafne, já chega!” – O Sr. Greengrass finalmente se manifestou.-“Não quero ouvir mais uma palavra, a próxima que abrir a boca vai comer na casinha do cachorro.”


O silêncio predominou até o final da sobremesa.


 


Ela preferia acender seus cigarros com um isqueiro do que com a ponta da varinha. Observava o laranja do fogo arder na ponta quando tragava do outro lado, e acompanhava as cinzas caírem devagar, flutuando até o gramado verde-esmeralda, agora ressecado pela geada daquela manhã.


Seu pai saíra para mais um longo dia de julgamento do caso Malfoy. A mãe se recolhera ao quarto com uma crise de enxaqueca, e Dafne, para a sua felicidade, sumira.


Astoria observou o jardim de sua própria casa, comparando-o mentalmente com o que vira na Mansão Malfoy na noite anterior. Se não fosse pelo frio e pela geada, o jardim estaria perfeito, a grama bem aparada e as roseiras, floridas. Lembrou-se do muro manchado pelo musgo e do estado lastimável de Draco.


Ela odiara o período da guerra, odiara seu pai defendendo os Comensais da Morte, mas sendo covarde demais para se tornar um. Ela odiara o clima de insegurança que vivera em Hogwarts na época. Mesmo na Sonserina, ninguém sabia o que estava por vir, muito menos ela, que não fazia exatamente parte do grupinho que tinha a certeza da vitória de Voldemort.


Voldemort, o autoproclamado Lord das Trevas. Como o odiava! Não por ser uma defensora dos trouxas, mas por não ser capaz de suportar alguém arrogante o suficiente para se autoproclamar Lord.


Astoria ainda se surpreendia com a rápida retomada das aulas de Hogwarts após a derrota de Voldemort. O novo ministro da magia, Kingsley Shacklebolt, se assegurara de que os alunos não ficassem atrasados, convocando uma força-tarefa gigantesca para reconstruir a escola e começar o novo ano letivo em setembro. Agora, no recesso de inverno, Astoria pensava no intervalo no meio de seu sexto ano e não sentia vontade alguma de voltar para completá-lo.


Perdida em seus pensamentos, ela se assustou ao ouvir uma voz atrás de si.


-"Não tem nenhum amigo seu te esperando na cama, Astoria?"


Merda. Dafne não tinha saído. Uma risada extra disse-lhe que a irmã não estava sozinha. Astoria virou-se e deu de cara com Pansy Parkinson.


-"Pansy." - disse, sem o menor sinal de animação. -"Quanto tempo."


-"Astoria conseguiu um novo namorado." - começou Dafne -"Acho que você o conhece , é o Draco Malfoy."


-"Draco?" - O rosto de Pansy fez uma expressão estranha, um misto de sorriso cínico e espasmo.


Astoria sabia que negar era perda de tempo. Sabia que seu cigarro merecia mais atenção do que as provocações de Dafne, ou as reações de Pansy.


-"Pansy sabe uma coisinha ou duas sobre Draco, não é mesmo?" – continuou Dafne, decidida a ver a irmã perder o controle.


-"Oh, sei. Sei que ele não valoriza ninguém."


-"Isso não faz diferença," – completou Dafne - "Astoria também não se dá valor."


Aquilo era demais até mesmo para ela. Tomando impulso, Astoria acertou um forte tapa no rosto da irmã. Pansy soltou um gemido de surpresa, enquanto os olhos de Dafne se encheíam de lágrimas e ela puxava a varinha para disparar azarações. Astoria não lhe deu atenção, apenas saiu pisando firme. Quando uma maldição estourou na parede à sua direita, ela sequer piscou.


 


Não ter licença para aparatar tornava tudo mais complicado, mas foi com determinação que Astoria chegou à frente da entrada de visitantes do Ministério. Dobrando à primeira esquina à direita, ela chegou a um obscuro bar trouxa.  Conforme já esperava, Draco estava ao balcão, bebendo uma dose de uísque. Astoria se aproximou e se sentou ao lado dele.


-“Acabou.” – ele disse. Sua voz não trazia raiva ou amargura, estava estranhamente tranqüila. – “Meus pais receberam a sentença hoje e foram levados. Vinte anos.”


-“Eu sinto muito.” – Astoria fez sinal para que o barman lhe servisse uma dose. – “E você?”


-“Absolvido. Seu pai é realmente um ótimo advogado, conseguiu convencê-los de que eu era apenas um garoto, e que não sabia o que estava fazendo.”


Draco riu das próprias palavras e Astoria também sorriu, levando seu copo de encontro ao dele em um brinde solene.


-“Meus pais estão indo para Azkaban. Não sei se deveria brindar.”


O barman ouviu aquilo.


-“Azkaban? Que raio de prisão é essa?”


-“Venha, vamos dar o fora daqui.” – Astoria disse depressa, puxando Draco pelo braço e deixando barman perplexo sem resposta.


 


=== * * * ===

NA:

 Pessoas, eu estou escrevendo, mas preciso de comentários. Se vocês lerem pelo menos uma linha que seja dessa fic, comentem!

Gostaria de agradecer à Livia FringeeeMoninha SnapeVanessa FernandesMira Huet OConnell e meroku pelos comentários e elogios. Espero que sigam acompanhando! 

Queria também divulgar a Campanha - Vamos animar a FEB, promovida pela Black Widow. Para conhecer a campanha, acesse: http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=46113

Obrigada!

Tarí 

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Comentários (1)

  • Sheila Costa

    Por acaso acabei esbarrando em sua fic e adorei!Astoria e Draco é um relacionamento que tenho curiosidade.Sempre imaginei que Astoria fosse a mulher forte que tiraria Malfoy da lama. Ele precisaria de alguém sem amarras e preconceito para mostrar que outro caminho é possível.Parabéns! Vou acompanhá-la a partir de agora.

    2014-01-07
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