DUELO EM HOGSMEADE.



 
 Willy havia chegado a Hogsmeade um dia depois de ter deixado Harry em Nova Iorque, antes, havia passado na fundação e visto os antigos companheiros de seu pai. Fora deprimente ser olhada como uma pobre menina órfã novamente por todos aqueles bruxos que conheciam seu pai há tanto tempo. Se ainda Silvia Spring estivesse lá... mas ela tinha se mudado definitivamente para a Escócia depois que havia casado com Lupin.
 Ela não se sentira disposta a aparatar... para ela fazer a viagem de trem foi mais reconfortante que uma aparatação, assim como fora melhor realmente atravessar o Atlantico de Metrô Bruxo. Deu um sorriso triste quando viu as torres de Hogwarts ao fundo da paisagem... quanto tempo, doía ver aquelas montanhas, pensar em tudo que perdera estando tanto tempo afastada. Doía pensar em Harry.
 Sheeba já a esperava, tinha monitorado Harry e tinha certeza que se ela o deixara em Nova Iorque, o que não era de se surpreender, afinal de contas, ler os pensamentos de um auror em atividade não era para qualquer uma. Sheeba não tinha nenhum objeto de Willy mas tinha certeza que ela viria, afinal, ela havia marcado com ele em Hogwarts e não voltaria para o deserto para que a avó dissesse que estivera certa o tempo todo.
‒ Olá, Willy! ‒ Sheeba sorria para ela, assim que desceu do trem
‒ Olá, Sheeba ‒ Willy olhou para a bruxa desconfiada, mas relaxou ao ver que ela usava luvas refletoras.
‒ Eu tinha certeza que você viria... nós precisamos conversar, de mulher para mulher.
Willy engoliu em seco. Era hora de enfrentar os seus sentimentos.
A casa de Sheeba estava coincidentemente com a mesma decoração da última vez que Willy estivera lá, uma decoração com sofás grandes e macios onde Willy sempre gostara de afundar-se, sentindo seus pensamentos a abandonarem.
‒ Muito bem ‒ Sheeba disse enquanto servia-lhe o chá ‒ porque você está com essa angústia toda? Onde foi parar a menina linda que eu conheci numa floresta e que não tinha medo nem de enfrentar Voldemort? ‒ Willy começou a chorar. As palavras saíram num turbilhão, sem que ela soubesse porque.
‒ Eu não consigo lidar com isso, Sheeba, entenda que é como se eu tivesse acabado de acordar depois de um sono de cinco anos... eu nunca aceitei muito bem minha outra realidade, nem minha avó, nem as coisas estranhas que aconteciam por lá ‒ Willy deu um suspiro ‒ eu só tinha consolo no trabalho, as pessoas ainda me censuravam porque eu nunca quis me casar com um astro do Quadribol...então Harry apareceu e eu achei que ele fosse a solução para tudo...
‒ Mas descobriu que a solução pode não ser assim tão fácil, não é?
‒ E agora? Eu comecei a ler os pensamentos de Harry, no princípio aos poucos... eu vi quando ele hesitou em me contar que meu pai havia morrido, e fui direta com ele... depois eu vi que ele estava sentindo-se angustiado... Sheeba, eu o estava atrapalhando...
‒ Não, não estava... ele se atrapalhou sozinho por não saber como conciliar o trabalho e seus sentimentos... isso realmente é algo novo para ele, que passou cinco anos estudando sob o refúgio seguro de um noivado sem sentimentos... sabe o que vocês precisam?
‒ Não.
‒ De tempo... isso que você está tendo, tempo para sentir a falta que ele te faz. Me diga se ele não te faz falta, Willy.
‒ Ele faz toda falta do mundo.
‒ Então, fique aqui... e espere ele chegar.
‒ Posso te pedir uma coisa? Não me toque sem luvas refletoras... eu não quero saber meu futuro.

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 Na manhã de sexta feira, as crianças entraram fazendo uma algazarra infernal pela lareira. Sheeba sorria para os filhos. Hope, vestida de azul como sempre, pulou no pescoço do pai assim que o viu. Sirius sorriu divertido. Por mais que reclamasse, ele sentia uma falta monstruosa dos filhos. Ele encarou a menina que o olhava de cenho franzido, não usava luvinhas protetoras, cortesia de sua sogra, que não aprovava uma menina tão nova de mãos enluvadas.
‒ Papai... não vá lá fora.
‒ O que, Hope?
‒ Não vá lá fora... alguém quer te matar.
‒ Muito obrigado por me manter informado, pingo de gente com ares de pitonisa ‒ Sirius riu, mas seu sorriso não foi muito confiante.
‒ Eu estou falando sério, papai ‒ era impressionante como uma menina de sete anos incompletos podia soar tão fatal ‒ tem alguém na cidade querendo te matar... uma mulher.
Nesse momento, Willy vinha entrando na sala e Hope gritou:
‒ É ela, pai! É ela que quer te matar!

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 Sheeba encarava Willy séria. Havia levado-a para o quarto de hóspedes e agora insistia em tocá-la.
‒ Sheeba... você tem que confiar em mim... eu te pedi que não me tocasse porque eu não queria saber se Harry viria ou não... eu não estou aqui para matar Sirius.
‒ Você não está entendendo, Willy. Eu acredito em você, afinal conheço-a desde que você era apenas uma menina e sempre soube o quanto você era boa... mas preciso tocar em você para saber porque Hope teve essa visão.
‒ Ela deve estar enganada!
‒ Não, Hope é exatamente como eu. Nunca se engana, tendo as mãos nuas.
‒ Então, se é assim, adeus ‒ Antes que Sheeba a alcançasse, ela pegou sua maleta no chão do quarto e foi para a sala, pegou um chaveiro sobre a mesa e o girou, soltando-o em seguida. O chaveiro caiu no chão e Willy havia desaparecido. Sem hesitar por um segundo, Sheeba a seguiu.

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 Ela estava no alto de uma colina em Hogsmeade agora... esperando, cedo ou tarde seria a hora de matar Sirius Black. Era agora só esperar debaixo de sua capa de invisibilidade a hora certa.

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 Harry sentiu as rodas da moto tocarem a água, seus olhos teimavam em não acostumar-se com a claridade, afinal, saíra de Nova Iorque com a noite fechada e agora estava em algum lugar onde era dia, perdeu o controle da moto, que deslizava confusa sobre a água, afundando cerca de um metro de vez em quando, Repentinamente seus olhos acostumaram com a claridade e ele foi obrigado a dar uma guinada violenta para cima com, para não bater contra um rochedo que surgiu na sua frente. Com um ronco fundo e irritado (pois provavelmente nunca havia aparatado uma distancia tão grande) a motocachorro ergueu-se em direção ao céu e ele pôde ver onde estava.
 Estava a alguns metros de uma praia que ele calculou ser no extremo sudoeste da Inglaterra, ele olhou em volta e viu a paisagem para se certificar, dando um sorriso. Ninguém aparentemente havia testemunhado sua performance e ele procurou ser rápido ao descer na praia, a moto fazendo sulcos profundos com os pneus na areia escura. Ele rodou até achar uma estrada e uma placa. Estava onde calculava estar, realmente. Olhou a estrada. Estava muito longe ainda de Hogsmeade. Parou a moto na beira da estrada, porque estava sentindo-se mal do esforço que fizera para aparatar toda a distância do Oceano Atlantico. Respirou fundo por cerca de um minuto, então perguntou à moto:
 ‒ Você vai ficar muito irritada se formos até Hogsmeade?? Acho que eu ando abusando um pouco de você... ‒ A moto roncou fundo indignada por alguns segundos e ele achou energia em algum lugar para rir. ‒ Obrigado. Você é a melhor moto do mundo.
 Harry subiu na moto e arrancou velozmente pela estrada, como fizera na primeira vez que aparatara usando-a . Sentia um desconforto normal, afinal cruzara um oceano em questão de segundos, mas ainda não era hora de desmaiar ou coisa parecida, trincou os dentes e sentiu que desaparatava.
 Agora, rodava pela estrada que levava a Hogsmeade, através de uma floresta, em breve, veria sua colinas, àquela época do ano totalmente verdes. Ele deixou a moto na beira da floresta e ia seguir quando deu por falta de sua capa de invisibilidade, que ficara esquecida no apartamento de Stoneheart. Ele teria que dar um jeito sem ela.
 Viu que a colina estava deserta e começou a subí-la, quando ouviu uma voz o chamando . Ele havia acabado de passar pelo lugar onde, quase sete anos antes, ele e Willy tinham sido seqüestrados pelo pai dela. Ele voltou-se e viu Willy, parada atrás dele, no alto da colina, usando uma veste negra.
‒ Willy? O que você está fazendo aqui?
‒ Eu vim para cá... para pensar... sobre nós dois.‒ ela veio andando na direção dele, o vento batia nos cabelos dela... ela estava linda.
‒ Willy, agora não tenho tempo... Sirius corre perigo, entende? Vá embora, procure ajuda ‒ Ignorando-o, Willy aproximou-se dele rápida o suficiente para que ele não entendesse o que acontecia.
‒ Harry, me beije ‒  ela abraçou-o e ele ficou tentando entender porque afinal de contas não conseguia dar nem mais um passo. Ele olhou para ela, hesitando um instante
‒ Harry! ‒ a voz de Willy ecoou, gritada de uma outra colina, distante desta. Ele olhou assustado na direção de onde viera o grito. Willy vinha correndo de  lá também. Sentindo-se confuso, mas com uma intuição que não o enganava, ele agarrou a garota que estava nos seus braços, perguntando:
‒ Quem é você ?‒ ele julgou ver um brilho atravessar os olhos da menina.
‒ Harry, eu sou Willy... eu te amo.
‒ Não, você não é Willy. Eu conheço muito bem minha mulher.
‒ Você me conhece também, Harry Potter ‒ com um safanão, a Willy que estava em seus braços se desvencilhou, correndo na direção de Hogsmeade, tirando de dentro da veste uma varinha.
 Harry seguiu-a e rapidamente, sacou sua varinha, gritando:
‒ Expeliarmus! ‒ o feitiço atingiu a garota nas costas, ela caiu para frente mas conseguiu evitar que sua varinha caísse, levantando-se depois de rolar rapidamente. A outra Willy apareceu mais próxima agora, com Sheeba logo atrás dela. Acuada, a primeira Willy entrou rapidamente na casa dos gritos.
‒ Harry ‒ Sheeba disse, assim que se encontraram em frente a casa ‒ precisamos impedir que ela saia da casa... vou chamar Sirius.
‒ Sheeba, essa casa tem uma passagem para Hogwarts, ela não pode escapar por ela, tenho que agir rápido. Não há mais tempo para nada, eu vou entrar, cuide para que ela não saia. Isso vale para você também, Willy.
Ele entrou rapidamente na casa, prestando atenção na sua própria respiração, tentando localizar a bruxa através de algum som. Ouviu um barulho abafado, vindo de algum lugar no segundo andar da casa, mas não era idiota, sabia que a garota queria atraí-lo para lá... era preciso fazer algo que ela não esperasse. Ele apontou para o teto e disse:
‒ Desanguio! ‒ antes que o teto desabasse, conjurou uma proteção improvisada a sua volta e viu o teto ruir. A bruxa com a aparência de Willy caíra junto. Uma grande lasca de madeira atravessara sua perna na altura da coxa, olhando rapidamente ele viu que se não fizesse nada, ela  iria morrer. A lasca atravessara uma veia importante, e saía muito sangue da ferida.  Ele arrancou rapidamente a lasca de madeira e ia proferir um feitiço de cura de emergência , quando ela disse:
‒ Deixe-me morrer. ‒ ela segurava seu braço com uma força descomunal, estava desarmada e pálida, olhava para ele com um olhar desesperado  e ao mesmo tempo, tristonho. Harry a encarou e disse:
‒ Nunca. ‒ ele já a reconhecera, ele sabia que não era Willy. Soubera quem estava com a aparência dela assim que ela dissera que o amava. Ele proferiu o feitiço de cura sério, conjurou ataduras na coxa dela e então perguntou:
‒ Por quê, Bianca?

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