NO CAIS DE NOVA IORQUE



John olhou o relógio, eram seis e meia e anoitecia. Estava escondido, encolhido em um lugar bem seguro, onde eles não poderiam vê-lo. Estava num jirau, acima cerca de seis ou sete metros, dentro de um galpão no cais de Nova Iorque. Lá embaixo, do lado de fora, atrás de uma lixeira, sua moto estava escondida para o caso de ter que sair correndo dali, agora era só esperar, eles chegariam.
    E chegaram, quando a noite foi se tornando mais escura, lá pelas nove horas. John há muito tempo não via tantos. Quem os olhasse de longe, diria que eram pessoas comuns, jovens, mais velhos, alguns bem vestidos, outros maltrapilhos, brancos, orientais, negros, caras diferentes. A diferença era que se você se aplicasse em ouvir-lhes a respiração, perceberia que eles não respiravam, afinal, seus corpos estavam mortos. John sabia que eles na noite anterior tinham pego o homem que Sirius pedira para ele que descobrisse o paradeiro, mas não tinha idéia do porque, sabia também que não havia sido fácil pegá-lo, pelo menos três haviam morrido. O bruxo em questão sabia como se defender muito bem e estava preparado...  azar ele tivera que havia sido pego por muitos, mas John sabia que havia sido em missão especial, porque eles não o tinham vampirizado.
    Então, de onde estava, John viu chegar o líder. “Traidor desgraçado” ‒ pensou ‒ “Eu ainda cravo uma estaca de prata no seu coração”. A aparência do líder era sombria, mas não podia se negar que ele era realmente uma belíssima figura.
    Ele tinha a aparência de um rapaz, não muito mais velho que 21 anos, seus cabelos negros eram muito lisos e cheios, chegavam aos ombros. Sua pele era muito branca, debaixo dela podia se ver em alguns pontos minúsculas veias azuis e arroxeadas, Suas feições no entanto eram belíssimas, tinha um nariz fino e reto, lábios finos e duros e seus olhos azuis pareciam dois lagos congelados, exalando frieza e maldade.
    Quem olhasse atentamente para ele veria de imediato que ele era mau. Mesmo sorrindo, não escondia a crueldade que parecia estampada em cada mínimo gesto que ele fazia. Atrás dele uma mulher de aparência oriental, também muito bonita, mantinha imobilizado o aterrorizado bruxo que olhava para todos os lados, acorrentado em um leito de ferro, amordaçado com uma grossa mordaça de couro, mantido em pé e sendo apreciado pelos vampiros, que o contemplavam como a um banquete. Esse bruxo chamava-se Karkaroff.
    O líder pediu silêncio. Então, subitamente, um clarão avermelhado fez surgir uma figura que John jamais vira, e que sem dúvida nenhuma, o assustou de imediato “Que diabos é aquilo?”. Tinha a estatura de um homem muito alto, mais de dois metros, e era branco demais, a palidez de um cadáver... mas ele sabia que não era um vampiro... vampiros não aparatam... olhando-o melhor viu que seus olhos eram vermelhos e oblíquos e sua face... lembrava a cara feia de uma cobra! Por falar em cobra, uma grande cobra negra se enroscava aos pés dele, sibilando alto e olhando desconfiada para os lados. Pela aparência do homem, John soube quem ele era, e soube que deveria sair dali o quanto antes, porque ele sabia o suficiente sobre o mundo bruxo para saber que aquele sujeito era muito, muito mais perigoso que qualquer vampiro, e John já enfrentara todo tipo de vampiro na vida.
Antes que qualquer um pudesse sentir sua presença, John rastejou até a janela por onde entrara, e atirou-se sobre sua moto, ligando-a com um movimento brusco, o que alertou um vampiro que estava do outro lado da lixeira, ele nem pensou em parar para matá-lo, simplesmente disparou com a moto e deixou o cais para trás rápido o suficiente para não ser alcançado. Pela primeira vez em 20 anos, John Jones Van Helsing sentia medo.

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    O vampiro começou a falar, dirigindo-se diretamente a Lord Voldemort, que o apreciava sorrindo malignamente:
    ‒ Nós aceitamos a sua proposta... como prova disso, aqui está a primeira parte de nosso acordo... faça com ele o que quiser.
    ‒ Karkaroff... ‒ Voldemort sibilou e o bruxo começou a debater-se, olhando para ele aterrorizado ‒ Pensou que podia se esconder de mim? Pensou que atravessando o oceano se livraria do mestre das trevas? Eu quase te alcancei em São Petesburgo, não é mesmo? Foi bom você ter vindo para a América... Achou que estaria seguro em Nova Iorque... você não contava que eu tivesse aliados aqui, não é mesmo...? Grande engano. Bruxos nunca confiaram em vampiros... eles fazem qualquer coisa, qualquer coisa, Karkaroff, por sangue... eu me preocuparia com isso ... mas eu não sou mais exatamente um ser humano...
    ‒ Lord Voldemort... ‒ o líder começou ‒ eu sei que sua sede de vingança é grande... mas precisamos acertar as bases do nosso acordo.
    ‒ Sim... Eu ofereço a vocês todos os trouxas quantos vocês puderem pegar... quando acabarmos com o mundo deles, eles serão presas fáceis... podem pegar também todos os bruxos que quiserem entre os que não se juntarem a mim... finalmente, a maldição...
    ‒ Black. Eu quero Black.
    ‒ Ele será todo seu. Mas em troca...
    ‒ Nós lhe ajudaremos... colocaremos nossa força ao seu lado. Da treva para a treva, levando a morte em cada lugar que nós sejamos solicitados... e por fim...
    ‒ Harry Potter.    
    ‒ Sim, nós pouparemos para você  Harry Potter. Ele há de morrer por suas mãos.
    ‒ Está feita então, a nossa Aliança... podem ficar com Karkarofff... escravizem-no.
    ‒ Que seja, meu Lord. Com o sangue dele, selamos nossa Aliança.
    Voldemort sorriu. A quilômetros dali, onde a madrugada já ia alta, em Hogwarts e Hogsmeade ouviram-se dois gritos ao mesmo tempo. Em meio ao temporal, um raio cruzou o céu.


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