NÓ NO TEMPO



Harry ergueu a cabeça, confuso e sacudiu-a por um instante. A cabana, os dois Taylors e o lobo haviam desaparecido. Estava sentado numa poltrona num lugar amplo... olhou em volta... estava na sala comunal de Grifinória! Ainda perplexo, olhou em volta e deu com Rony olhando-o espantado, como se ele estivesse fazendo algo muito estranho.
    ‒ Harry? Você está bem, Harry?
    ‒ Rony, onde está Willy? E Amos Taylor?
    ‒ Quem diabos é Amos Taylor?
    ‒ O cientista... o viajante do tempo...
    ‒ Harry, você pirou?
    ‒ Que dia é hoje?
    ‒ Terça-feira, Harry! Onde você pensa que está?
    ‒ Terça-feira, 20 de setembro?
    ‒ Claro. Queria que já fosse dezembro?
    ‒ Rony... você não se lembra de nada estranho que nos aconteceu? Uma viagem no tempo?
    ‒ Harry, do que você está falando? Eu estava falando com você sobre Hermione, em como ela está chata com essa coisa de monitoria, quando você baixou a cabeça, pensei que tivesse dormido... foi uma coisa de um segundo. Aí você perguntou por Willy!
    ‒ Rony, eu preciso saber de uma coisa... tem algum pesquisador com uma máquina do tempo na escola?
    ‒ O quê?
    ‒ Lockhart está de volta?
    ‒ Finalmente você percebeu?? Harry, você lembra que foi reprovado no teste idiota do grupo de teatro, onde você me fez entrar por causa de uma promessa imbecil que fez a Willy?
    ‒ Não tem máquina do tempo aqui?
    ‒ Harry, que máquina do tempo???
    ‒ Já ouviu falar de Olek Chenimsky?
    ‒ Harry, quem é esse cara? Do que você está falando?
    ‒ Rony, eu preciso ver uma coisa, com licença.
    Harry disparou pelo buraco do retrato, ainda não sabia o que havia acontecido, se é que havia acontecido alguma coisa... mas não podia ter tido um sonho em dois segundos... retornara no exato instante em que lembrara de ter dito a Rony que estava preocupado com Willy, corria pelo corredor quando esbarrou em Lockhart.
    ‒ Harry! Ainda não agradeci a você! Eu tive um sonho contigo na casa do bruxo carente! Você me dizia que Dumbledore me daria emprego! Eu vim aqui e consegui ‒ Harry gastou cerca de dez segundos olhando para este Lockhart para ver se não era Amos Taylor... então viu que ele usava o cabelo do jeito que Harry o ajeitara, e estava com a mesma roupa que ele consertara
    ‒ Agora não, professor... preciso achar uma pessoa ‒ “Willy, ela tem que lembrar de alguma coisa!” Harry pensava, enquanto corria, esbarrando em alguns alunos pelo corredor, que o xingavam de maluco por causa disso, ele dobrou à direita num corredor, e então a viu.
    Harry não precisou perguntar nada a ela para saber que Willy lembrava-se de tudo, ela vinha da direção da sala de teatro, e em seus olhos Harry pôde ver que ela tinha as mesmas perguntas que o estavam deixando confuso naquele momento. Correu na direção dela, que ficou parada, esperando-o, quando ele se aproximou, abraçou-o com força, como se não o visse há anos. Ela olhava seu rosto ansiosa, respirando acelerada como um bichinho, tocava sua face para ver se ele era ele mesmo, se estavam mesmo de volta a Hogwarts.
    ‒ Harry, o lobo... eu tive medo... você lembra?
    ‒ Eu lembro, eu lembro de tudo.
    ‒ De tudo? ‒ ela o olhava, sua mão pequena acariciava a face dele, ele olhou nos olhos dela, hesitou por um segundo e beijou-a . Ele agora só queria beijá-la, e sentiu-se maravilhado ao ver que agora era real, que estavam se beijando mesmo, que ele não tinha medo, nem vergonha de aninhá-la nos seus braços e protegê-la de todo mal.
    ‒ MUITO BEM, ALGUÉM PODE ME EXPLICAR O QUE É ISSO??? ‒ A voz do Professor Snape berrada em seus ouvidos os trouxe de volta à realidade. Pararam de se beijar e olharam para ele, ambos sorriam estupidamente. ‒ Eu sempre soube que os senhores achavam que o regulamento não servia para nada.  Mas nunca imaginei que fossem ficar se agarrando em pleno corredor da escola, dando espetáculo para os outros alunos e mau exemplo para os alunos mais novos!!!!
    ‒ Kakaka! ‒ Willy riu ‒ O senhor vai nos por em detenção... juntos?
    ‒ Senhorita Fischer, como se atreve? Eu vou pô-los em detenção, sim, mas em salas diferentes e em dias diferentes.
    ‒ Ótimo! ‒ disse Harry jovialmente, naquele momento riria até se Snape o expulsasse de Hogwarts – Por que o senhor não nos manda à sala do professor Dumbledore?
    ‒ É isso mesmo que eu vou fazer! Mas antes, vou descontar quinze pontos da Grifinória!
    ‒ E quinze da Sonserina ‒ disse Willy, sorrindo.
    ‒ Isso mesmo! Menos quinze pontos... ‒ Snape parou por um segundo, a fúria aparecendo sob sua pele ‒ Senhorita Fischer ! Como se atreve!
    ‒ O que eu fiz? Já não descontou os pontos?
    ‒ Já! Vou levá-los a Dumbledore! ‒ ele foi à frente. De repente, tocando-se que os dois iam tranqüilamente abraçados atrás dele, puxou Harry por um braço e Willy pelo outro, pondo-se entre os dois, que ficaram rindo, mesmo enquanto ele os arrastava até a gárgula que tomava conta da sala de Dumbledore. Jogou-os lá dentro, para a surpresa de Dumbledore, que os olhava quase rindo, diante da indignação de Snape.
    ‒ Pode ir, Severo, eu falo com eles. ‒ Snape saiu, pisando duro, não sem antes dar uma olhada bem azeda neles.
    ‒ Muito bem... eu admiro o amor, mas convenhamos que não aprovo manifestações de carinho exageradas diante de pessoas que possam se ofender com elas, como é o caso do professor Snape...
    ‒ Professor... eu preciso contar uma coisa ao senhor ‒ Harry de repente ficara sério, achava que Dumbledore seria o único capaz de explicar a eles o que afinal acontecera. Começou da conversa que tivera com Hermione, apenas um mês antes daquela data, quando ela lhe contara sobre a máquina e os pesquisadores, depois o acidente, os dias que passaram na Hogwarts de vinte anos antes e de como Amos Taylor lhe revelara o plano... quase empacou quando foi explicar sobre o beijo que os salvara, mas decidiu ir em frente, e viu que Dumbledore abria um sorriso quase sonhador, finalmente, de como eles voltaram duzentos anos para salvar Lockhart e acabaram testemunhando a morte do Amos Taylor mais antigo, o que os trouxera subitamente de volta ao presente.
    ‒ Harry, essa é a chave de tudo. Quem escondeu a carta dizendo a localização da máquina na casa de Amanoff? Taylor. Quem prendeu vocês na máquina? Taylor. Quem os levou ao passado? Taylor. Todas essas coisas ele fez depois de prender Lockhart no passado, pois eu o havia convidado para o emprego desde o fim do semestre passado. Quando o Taylor mais antigo morreu antes de todas essas ações, elas simplesmente não aconteceram... e vocês ficaram no presente.
    ‒ E por que nos lembramos?
    ‒ Porque aconteceu graças a vocês. Quando voltaram ao passado para resgatar Lockhart, involuntariamente fizeram que Taylor acabasse atacado pelo lobo. Para vocês, tudo isso aconteceu, para o resto do mundo, não... vocês deram, sem querer, um nó no tempo. A humanidade inteira passou fora deste nó, só vocês dois passaram por todas as fases dele. Eu não me lembro, e creio que ninguém aqui vá se lembrar, de quatro “brasileiros” extraviados, chegados um mês antes do programa de intercâmbio.
    ‒ Hermione e Rony então também não lembram...
    ‒ Certamente. Só aconteceu para vocês.
    ‒ E quanto ao... beijo? ‒ Dumbledore sorriu
    ‒ Ah! Emissão mágica involuntária... aconteceu comigo uma vez ‒ Harry notou que ele corava ligeiramente ‒ há muito tempo atrás, bem antes de ter cabelos brancos... Era uma garota incrível... pena que caiu num lago... o portal para o mundo das fadas.  
    Harry e Willy olharam-se... não haviam entendido nada.

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