A COBRA E O ESQUILO



    ‒ Harry, ‒ Dumbledore pareceu sair de seu devaneio ‒ eu preciso te dar uma coisa. ‒ ele abriu uma gaveta e tirou de dentro o que Harry viu ser uma pequena redoma de vidro, com algo parecido com um cubo de gelo em seu interior, onde se via uma mecha de cabelos negros.
    ‒ Professor... Isso é meu gelo de confusão?
    ‒ Exatamente. Pode levar, é seu.
    ‒ O senhor pode me explicar... bem, como foi que ele foi parar aí?
    ‒ Bem, na verdade, fui eu que o pus sob o feitiço de confusão, quando soube que Sheeba viria para a escola.
    ‒ Mas... por quê?
    ‒ Harry, eu temi que você quisesse saber seu futuro e se achasse que alguma coisa terrível e inevitável estava a caminho, sofresse um ataque de imobilidade.
    ‒ Ataque de imobilidade?
    ‒ Exato. Quando acreditamos que a tragédia é inevitável, e simplesmente nos sentamos para esperar que ela aconteça. Você sabe o que acontece quando o esquilo vê uma cobra vindo na sua direção?
    ‒ Não.
    ‒ Ele pára e espera. Porque cobras costumam ganhar de esquilos com muita facilidade, e o esquilo sabe disso... mas quando o esquilo não vê a cobra,  a não ser quando ela está próxima demais para que ele possa evitá-la, ele simplesmente pula e sai correndo... e normalmente escapa. Eu tinha medo que Sheeba visse algo, e quando isso acontecesse, você não acreditasse que podia evitar.
    ‒ O que fez que o senhor mudasse de idéia?
    ‒ Sua atitude, Harry. Saber lidar com o futuro, é saber lidar com o passado. Você não quis mudar o passado de seus pais, mesmo lutando contra toda sua vontade de tê-los vivos, porque sabia que você não tinha esse direito... porém, quis mudar o passado para salvar Lockhart, pois sabia que ele não merecia aquele destino. Sabedoria pura e simples, se comportou como um esquilo esperto... Não preciso mais me preocupar com seu futuro, ele agora pertence só a você.
    Harry examinou atentamente o gelo de confusão e guardou-o no bolso da veste. Depois pensaria o que fazer com ele.

    Quando saíram da sala de Dumbledore, Sirius os esperava, com cara de quem vai dar uma bronca:
    ‒ Vocês dois podem me explicar por que, tendo tido quatro semanas de férias para começar a namorar resolveram fazê-lo justamente aqui na escola e debaixo do nariz do Snape? A primeira coisa que ele fez foi ir lá encher minha paciência!
    ‒ Sirius, nós já estamos namorando há muito tempo... você não entenderia, esquece ‒ Harry ia andando de mãos dadas com Willy.
    ‒ Harry, eu já te disse que essa empáfia não lhe cai nada bem? Se eu tivesse tido um pouco mais de tempo para conversar contigo, você não estaria por aí aos amassos pelo corredor da escola...
    ‒ Ah, Sirius, não me venha com sermões... eu sei muito bem que você uma vez tentou beijar Sheeba à força e foi repelido por ela com um feitiço...
    ‒ Como ela te contou isso?
    ‒ Não foi ela que me contou... e o que você está falando? Você também teve o baile do sexto ano para tentar namorá-la e perdeu a oportunidade, ou melhor, desperdiçou-a para acabar namorando Sheeba mais tarde... Não, você não pode mesmo me criticar.
    Sirius ficou mudo, de olhos arregalados, olhando para Harry.
    ‒ Quem te contou essas coisas?
    ‒ Uma das cem corujas que levantou vôo naquele dia... Sirius, eu queria saber uma coisa
    ‒ Hum... ‒ Sirius estava perplexo demais para responder
    ‒ Aquele anel mágico que você me deu, e eu ainda não usei porque está largo no meu dedo... ele pertenceu ao meu pai, não foi?
    ‒ Como você sabe?
    ‒ Ah, isso não importa, pertenceu ou não?
    ‒ Pertenceu. Eu o dei a ele. Era de meu irmão Caius, eu ganhei dele pouco entes dele morrer. Não quis ficar com ele, Tiago gostou e eu dei para ele.
    ‒ O que ele faz?
    ‒ Você vai descobrir. Tenho que ir para casa, Sheeba vai ficar furiosa porque fiquei até tarde na escola. Detesta que me atrase para jantar.

    Alguns dias mais tarde, Harry e Willy estavam cobertos pela capa de invisibilidade dele, sentados na janela da sala de transformação, estavam abraçados e olhavam a lua cheia, que brilhava em dupla: no céu e refletida no lago escuro de Hogwarts.
    ‒ Harry?
    ‒ Hum?
    ‒ O que você fez com o gelo de confusão?
    ‒ Guardei.
    ‒ Não quer saber o que vai te acontecer no futuro?
    ‒ Talvez seja melhor esperar, como um esquilo assustado.
    ‒ Kakaka! E o anel?
    ‒ Estou guardando. Um dia eu descubro pra quê. Sabe o que eu estou pensando?
    ‒ Hã?
    ‒ Quanto tempo faz desde a última vez que a gente esteve aqui.
    ‒ Pelo menos dezenove anos...
    ‒ Lembra o que Taylor falou? Daqui a alguns anos tudo vai mudar...
    ‒ O que será que vai acontecer?
    ‒ Não sei, Willy, mas deve ter a ver com Voldemort... ele deve estar em algum lugar lá fora... deve estar pensando num jeito de me pegar... ele sempre pensa em um jeito de me pegar.
    ‒ Esquece isso.
    ‒ Só se você me beijar.
    Willy virou o rosto para ele. Neste momento Siegmund guinchou no seu bolso. Ela o soltou e deixou que Harry a beijasse. Lá fora a lua brilhava. Tudo parecia bem.


fim

Como assim, fim?
E o anel mágico do Harry?
E a maldição da família Black?
E quem é a garota que caiu no lago das fadas?
Devíamos desconfiar quando ela disse onde estava o gelo de confusão...



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.