O GRANDE JULGAMENTO



 O julgamento estava prestes a começar. Todos já estavam no tribunal, mas o ministro ainda não chegara. As arquibancadas estavam lotadas, Rose e Albus estavam acompanhados de Harry e Ron.


 Scorpius Malfoy deveria estar sentado em uma grande cadeira no centro da sala, mas ainda não parecia ser necessário estar lá, com aquelas correntes equipadas, prontas para prender qualquer um que chegasse perto.


  A porta de ferro da sala se abriu. Todos pararam de falar e observaram Kingsley entrar na sala. Se dirigiu à sua cadeira, no meio da primeira fila enquanto Scorpius andava com calma até a sua.


 - Audiência do dia 2 de outubro, para decidir o futuro de Scorpius Hyperion Malfoy, desaparecido no dia 18 de agosto e encontrado no dia 9 de setembro em Hogwarts. – Kingsley dizia. – De acordo com as informações dadas pelo chefe dos curandeiros, Dr. Draco Black Malfoy, é seguro que saia do hospital e volte a ter uma “vida normal”. Senhor Malfoy, você afirma que a avaliação do Dr. Malfoy, seu pai, é verdadeira?


- A avaliação de meu pai não tem erros, senhor ministro. – Scorpius falou.


- Então poderia dizer para o esclarecimento do tribunal, o que aconteceu quando estava desaparecido?


- Ninguém me encontrou! - Scorpius falou como se fosse a única resposta que poderia dar. Algins dentro da sala tentaram segurar as risadas. Kingsley parecia tentar controlar a paciência.


- Quis dizer o que aconteceu com você. – O ministro completou.


- Ah, bom, me lembro de ficar trancado em uma sala escura. Ela parecia a prova de magia, mas de qualquer forma estava sem a minha varinha e...


- Então retiraram sua varinha? – Perguntou uma mulher alta e magra.


- Sim. – Algumas pessoas fizeram anotações. – Cheguei lá desacordado, mas acho que não foi por muito tempo.


- E o que fazia para sobreviver? – Perguntou um homem com um bigode estranho. – Te alimentavam, ou algo do genero?


- Não, mas não era preciso. Não senti desconforto em momento algum enquanto estive lá. Não tinha nada, mas não me fazia falta. Eu nem sequer dormia. – Scorpius falou enquanto mais pessoas anotavam e murmuravam.


- Muito bem, a sala era encantada. – o ministro franzia a testa com curiosodade para Malfoy – Agora a pergunta mais importante. Como foi que conseguiu sair de lá?


 Todos se inclinaram para frente e não tiraram os olhos do garoto loiro.


- Acho que estava acontecendo uma briga fora da minha sala, a parede explodiu e eu saí correndo.


- E então foi para Hogwarts? – A mulher alta perguntou, indignada. – Por que não foi para a sua casa, não seria mais seguro?


- Eu estava fugindo de um lugar misterioso, acho que segurança não era algo que eu poderia contar naquele momento. De qualquer forma, se estivessem mesmo atrás de mim, acho que também pensariam em me procurar em casa.


 Todos olhavam atentos para Scorpius. Era uma história confusa. Em um momento, fazia todo o sentido, no outro, parecia invenção. Mas a situação que estavam não era a mais normal, então acreditavam que poderia ser verdade.


 - Depois – Scorpius continuou, falando um pouco mais devagar. – Ouvi um barulho e um grito. Na briga uma pessoa foi atigida com um feitiço que a mandou para longe e sua varinha voou. Peguei a varinha, conjurei uma vassoura e voei até Hogwarts.


- Viu o dono da varinha? – Kingsley perguntou.


- Não, senhor. A pessoa foi jogada para longe e não pude me aproximar.


- E onde está essa varinha? – Perguntou desconfiado.


 Scorpius tirou de dentro de seu casaco uma varinha pequena e verde. O ministro fez sinal para o garoto se aproximar com a varinha e ele foi.


- Foi o único feitiço que fez com ela?


- Também fiz um para a vassoura voar mais rápido.


“A varinha deve ser da nova produção, vamos entrar em contato com o senhor Lovegood. Enquanto isso, leve a varinha para ver seus últimos feitiços.” Kingsley sussurrava para o homem ruivo do seu lado, também conhecido como Percy Weasley, que pegou a varinha e foi andando com uma certa pressa até a porta.


 - Por favor, Albus Severus Potter. – O ministro chamou. Albus foi até a cadeira, quando se sentou, tentou não pensar em todas aquelas pessoas olhando para ele.


- Você foi o primeiro a encontar com Scorpius Malfoy. Nos explique muito bem o que aconteceu.


- Eu estava saindo da reunião dos monitores. – Albus começou, parecendo bem mais calmo do que realmente estava. – E resolvi sair para andar um pouco.


- No início da semana? No horário que é proibido? Mesmo sabendo de suas responsabilidades de monitor? – Uma mulher nova de cabelos brancos começou a questionar. Albus se lembrou de sua avó Molly falando com seus tios.


- É. Fui até a entrada da floresta e encontrei Scorpius.


- Mas o que estava fazendo na floresta naquela hora? Sabia que o garoto estaria lá? – O homem com bigode perguntou.


- Não sabia que encontaria ele lá. Estava indo até lá porque gosto de ver a entrada na floreta e...


- Ora, ele é filho do Potter! – Exclamou outro homem, parecia ter a idade de Harry. – Acredito que não haveria explicação melhor para ele estar na entrada da floresta proibida no horário proibido ! – Todos no salão pareceram concordar e Harry não sabia se encarava o filho seriamente ou se ria. Optou por um meio termo mas acabou engasgando.


- Senhorita Rose Jean Granger Weasley! – Kingsley chamou. Albus se levantou da cadeira, dando o lugar para a prima, que parecia ter se esquecido como andar.


- Você foi a segunda a encontrar Scorpius Malfoy. Por favor, o mesmo que pedi para Albus.


- Estava saindo também da reunião dos monitores. Já estava indo para a torre da Grifinória quando vi Albus se dirigindo até a floresta. Fui atrás dele para pedir que voltasse e encontrei ele cumprimentando de longe Scorpius...


- E então lançou um estupefaça no garoto! – O ministro completou a frase.


- Exato. – Rose falou, mas todos ouviram o “aaah” de entendimento de Scorpius.


- E também não sabia que ele estaria lá?


- Não, senhor ministro.


- Lançou o feitiço porque achou que seria perigoso Scorpius Malfoy em Hogwarts...


Rose concordou com a cabeça.


- Ainda acredita nisso?


- Não.


- Por favor, Harry James Potter! – Kingsley chamou. Rose se levantou e foi até seu primo, mas Harry não se sentou. Nunca gostara muito daquela cadeira.


- Chefe dos aurores, o que me diz?


- Já temos provas suficientes de que é segura a volta de Scorpius Malfoy para Hogwarts.


- E também temos fatos suficientes que discordam. O garoto pode ter alguma fraqueza ou atacar um aluno! – A mulher alta tornou a falar.


 A grande porta de ferro abriu e Percy Wesley entrou na sala. Foi até seu lugar em silêncio e então falou:


- O garoto falou a verdade sobre os dois últimos feitiços executados. E uma carta ao Lovegood já foi enviada.


- Ele foi o único encontrado até agora... acho que tem o direito de ter a vida que levava se está em condições disso. – Falou a mulher de cabelos brancos.


- Tenho uma sugestão. – Harry falou. – Enviamos junto com Scorpius para a escola, um de meus aurores e um curandeiro. Eles ficam lá o tempo que for necessário.


- Fará falta em seu grupo? – Kingsley perguntou.


- Não senhor.


- E no seu, Dr. Malfoy?


- De maneira alguma.


- Quem nesse tribunal é a favor da volta de Scorpius Hyperion Malfoy? – Mais da metade das pessoas levantaram as mãos. – O garoto poderá voltar na próxima semana, de acordo com as condições estabelecidas. Este caso está encerrado.

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