Chapter V-II



Chapter V-II – A Primeira Tarefa.


 


Harry viu Cedrico saindo, mais verde que nunca. Harry tentou desejar boa sorte quando ele passou, mas o que saiu de sua boca foi uma espécie de rosnado rouco.


Harry voltou para a companhia de Fleur e Krum. Segundos mais tarde, ouviu os berros dos espectadores, o que significava qw Cedrico entrara no cercado, e agora estava cara a cara com o modelo vivo de sua figurinha...


Foi pior do que Harry poderia ter imaginado, ficar sentado ali escutando. A multidão gritava... Urrava... Exclamava como uma entidade única de muitas cabeças, enquanto Cedrico fazia o que quer que estivesse fazendo para tentar passar pelo Focinho-


Curto sueco. Krum continuava a olhar para o chão. Fleur agora passara a refazer os passos de Cedrico, dando voltas na barraca. E os comentários de Bagman tornavam tudo muito pior... Imagens horrendas se formaram na mente de Harry, quando ele ouviu: "Aaah, por um triz, por muito pouco"... "Ele está se arriscando, o campeão!"... "Boa tentativa - pena que não deu resultado!"


Então, uns quinze minutos depois, Harry ouviu um urro ensurdecedor que só poderia significar uma coisa: Cedrico conseguira passar pelo dragão e se apoderara do ovo de ouro.


- Realmente muito bom! - gritou Bagman. - E agora as notas dos juizes!


Mas ele não irradiou as notas; Harry supôs que os juizes estivessem erguendo as notas no alto para mostrá-las à multidão.


- Um a menos, faltam três! - berrou Bagman, quando o apito tornou a tocar. -


Senhorita Delacour, queira fazer o favor!


Fleur tremia da cabeça aos pés; Harry sentiu mais simpatia por ela do que sentira até então, quando a viu deixando a barraca com a cabeça erguida e a mão apertando a varinha. Ele e Krum ficaram a sós, em lados opostos da barraca, evitando se olhar. Recomeçou o mesmo processo...


- Ah, não tenho muita certeza se isto foi sensato! - os dois ouviam Bagman dizer animadamente. - Ah... Quase! Cuidado agora... Meu bom Deus, pensei que já tinha apanhado!


Dez minutos depois, Harry ouviu a multidão prorromper em aplausos mais uma vez...


Fleur devia ter sido bem-sucedida também. Uma pausa, enquanto os juízes mostravam as notas de Fleur... Mais palmas... Então, pela terceira vez, o apito.


- E aí vem o Sr. Krum! - exclamou Bagman e o garoto saiu curvado, deixando


Harry completamente só.


Sentia-se muito mais consciente do seu corpo do que normalmente; consciente de que seu coração batia acelerado e seus dedos formigavam de medo... Mas, ao mesmo tempo, ele parecia estar fora do próprio corpo, vendo as paredes da barraca e ouvindo a multidão, como se estivesse muito longe...


- Muito ousado! - berrava Bagman e Harry ouviu o Meteoro-Chinês soltar um poderoso e terrível urro, enquanto a multidão prendia a respiração em uníssono.


- Que sangue-frio ele está demonstrando... E... Sim, senhores, ele apanhou o ovo!


Os aplausos romperam o ar invernal como se espatifassem uma vidraça; Krum terminara - seria a vez de Harry a qualquer momento.


Harry se levantou, reparando vagamente que suas pernas pareciam feitas de marshmalow. Ele aguardou. Então ouviu o apito tocar. Cruzou, então, a entrada da barraca, o pânico se avolumando dentro dele. E agora, estava passando pelas árvores e atravessando uma abertura na cerca.


O garoto via tudo diante de si como em um sonho berrantemente colorido. Havia centenas e mais centenas de rostos nas arquibancadas que o olhavam, que tinham se materializado desde a última vez que ele estivera naquele lugar. E havia o Rabo-Córneo do outro lado do cercado, deitado sobre sua ninhada de ovos, a asas meio fechadas, os olhos amarelos e malignos fixos nele, um lagarto negro, monstruoso e coberto de escamas, sacudindo com força o rabo de chifres, que deixava marcas de um metro de comprimento escavadas no chão duro. A multidão fazia uma barulheira infernal, mas se era simpática ou não a ele, Harry não sabia nem importava. Era hora de fazer o que tinha de fazer... Focalizar a mente, inteira e absolutamente, na coisa que era sua única chance...


Ele ergueu a varinha.


-Uitis! – Ele disse, e no mesmo instante, uma coluna de água saiu do chão, cobrindo o dragão, que se debatia tentando escapar, enquanto isso, Harry apontou a varinha para o alto, um pouco acima da cabeça do dragão.


-Geram Tonitru! – O relâmpago que Harry havia conjurado quase acerta o dragão, que, por sorte, havia desviado, e agora cuspia fogo nele.


-Obiectas! - Uma barreira de energia verde surgiu entre Harry e o jato de fogo, protegendo o rapaz, que estendia sua mão na direção do dragão.


-Nullam Incursus! - Um projétil feito de água surgiu do nada e atingiu em cheio um dos olhos do dragão, o atordoando por tempo suficiente para Harry estender a mão na direção dos ovos.


-Serpens Puer! - Uma espécie de cobra de energia azul foi na direção do ovo de ouro, o abocanhando antes de voltar para Harry, que, não demorou a erguer o objeto no ar.


Olhem só para isso! - berrava Ludo Bagman, que esteve mudo até agora. - Por favor olhem para isso! Nosso campeão mais jovem foi o mais rápido a apanhar o ovo! Bom, isto vai diminuir a desvantagem do Sr. Potter!


Harry viu os guardadores de dragões se adiantarem correndo para dominar o bicho, e lá na entrada do cercado, a Profa McGonagaíl, o Prof. Ushiromiya e Hagrid corriam ao seu encontro, todos acenando para que fosse ter com eles, seus sorrisos visiveis mesmo àquela distância. Ele tornou a sobrevoar as arquibancadas, a algazarra da multidão batucando seus tímpanos, e desceu suavemente para pousar, o coração mais leve do que estivera em semanas... Conseguira cumprir a primeira tarefa, sobrevivera...


- Foi excelente, Potter! - exclamou a Profa McGonagall quando ele desmontou a


Firebolt, o que vindo dela era um elogio extravagante. Harry reparou que a mão da professora tremia quando apontou para o seu ombro. - Vai precisar procurar Madame Pomfrey antes que os juizes anunciem sua nota... ali, ela já teve que fazer um curativo em Diggory...


- Você conseguiu, Harry! - exclamou Hagrid rouco. - Você conseguiu! E ainda por cima contra o Rabo-Córneo e, sabe, o Carlinhos disse que esse era o pior...


Obrigado, Hagrid - disse Harry em voz alta, para que o bruxo não se atrapalhasse e acabasse revelando que, na véspera, mostrara ao garoto os dragões.


O Prof. Ushiromiya parecia muito satisfeito também, mesmo não dizendo nada.


- Certo então, Potter, para a barraca de primeiros-socorros, faz favor... - disse a


Profa Minerva McGonagall.


Harry saiu do cercado ainda ofegante e viu Madame Pomfrey parada à entrada da segunda barraca com ar preocupado.


- Dragões! - exclamou ela com a voz desgostosa, puxando Harry para dentro. A barraca era dividida em cubiculos; ele viu a silhueta de Cedrico através da lona, mas o campeão não parecia muito machucado; pelo menos estava sentado.


Madame Pomfrey examinou Harry, falando nervosamente, sem parar, o tempo todo. - No ano passado foram os dementadores, este ano são os dragões, que é mais que vão trazer para a escola? Você teve muita sorte... Não há ferimentos, já pode ir. – Dizendo isso, Madame Pomfrey saiu da barraca, e, quando Harry pensou em segui-la, duas pessoas entraram em disparada - Hermione, seguida de perto por Rony.


- Harry, onde você esteve? - Perguntou Hermione em voz alta e fina. Tinha marcas de unhas no rosto, que ela andara apertando de medo. Ele não havia sido visto desde o incidente com sua magia, o que preocupou a menina.


-Necessarius - Harry, porem, apenas lhe deu uma resposta curta, como se não quisesse falar mais sobre esse assunto, vendo isso, Hermione rapidamente mudou de assunto.


- Você foi fantástico! Realmente foi!


Mas agora Harry tinha os olhos em Rony, que estava muito branco e olhava fixamente para o amigo como se visse um fantasma.


- Harry - disse ele muito sério -, quem quer que tenha posto o seu nome naquele cálice, eu... eu reconheço que estava tentando acabar com você!


Foi como se as últimas semanas jamais tivessem acontecido - como se Harry estivesse encontrando Rony pela primeira vez, logo depois de ter sido escolhido campeão.


- Entendeu, foi? - disse Harry com frieza. - Demorou.


Hermione estava parada e nervosa entre os dois, olhando de um para outro. Rony abriu a boca, inseguro. Harry sabia que ele ia se desculpar e, de repente, descobriu que não precisava ouvir desculpas.


- OK - disse, antes que Rony pudesse falar. - Esquece.


- Não - disse Rony -, eu não devia ter...


- Esquece.


Rony riu nervoso para Harry e este retribuiu o sorriso.


Hermione caiu no choro.


- Não tem motivo para chorar - disse Harry espantado.


- Vocês dois são tão burros! - exclamou ela, batendo o pé no chão, as lágrimas caindo nas vestes. Então, antes que qualquer dos dois pudesse impedi-la, a garota os abraçou e saiu correndo, agora decididamente aos berros.


- Maluca - concluiu Rony, balançando a cabeça. - Harry, anda, eles vão anunciar as suas notas...


Recolhendo o ovo de ouro e sentindo-se mais eufórico do que teria acreditado possível uma hora atrás, Harry se abaixou para sair da barraca, Rony a seu lado, falando depressa.


- Você foi o melhor, sabe, ninguém foi páreo para você. Cedrico fez uma coisa estranha, transfigurou uma pedra no chão... Transformou-a em cachorro... Estava tentando fazer o dragão avançar no cachorro e não nele. Bem, foi uma transfiguração legal, e até funcionou, porque ele apanhou o ovo, mas ele também se queimou, o dragão mudou de idéia no meio do caminho e decidiu que preferia pegar ele em vez do labrador, Cedrico escapou por um triz. E a tal Fleur tentou uma espécie de feitiço, acho que estava querendo fazer o dragão entrar em transe, bom, isso também funcionou, o bicho ficou sonolento, mas aí soltou um ronco e cuspiu um grande jorro de chamas e a saia dela pegou fogo, ela apagou com um pouco de água tirada da varinha. E Krum, provavelmente, foi o melhor depois de você. Ele também atacou o dragão com um feitiço bem no olho.


Só teve um problema, o bicho saiu andando agoniado e amassou metade dos ovos de verdade, ele perdeu pontos por causa disso, Krum não devia ter danificado a ninhada.


Rony respirou fundo quando os dois chegaram ao cercado.


Agora que o Rabo-Córneo fora levado, Harry pôde ver onde os cinco juizes estavam sentados - bem na outra extremidade, em assentos altos cobertos de tecido dourado.


- Cada um dá notas de um a dez - explicou Rony, e Harry, apurando os olhos na direção do campo, viu o primeiro juiz, Madame Maxime, erguer a varinha no ar. Dela saiu uma comprida fita prateada que desenhou um grande oito no ar.


- Nada mal! - disse Rony, enquanto a multidão aplaudia.


O Sr. Crouch foi o seguinte. Lançou um número nove no ar.


- Está indo bem! - berrou Rony, batendo nas costas de Harry.


Depois, Dumbledore. Ele também projetou um nove. A multidão aplaudia com mais entusiasmo que nunca.


Ludo Bagman - dez.


E agora Karkaroff erguia a varinha. Parou um momento e em seguida saiu um número de sua varinha também - quatro.


- Quê?- bradou Rony furioso. - Quatro? Seu bosta desonesto, você deu dez ao Krum!


Mas Harry não se importou, não teria se importado se Karkaroff lhe desse zero; a indignação de Rony por sua causa valia uns cem pontos para ele. Não disse isso ao amigo, é claro, mas seu coração estava mais leve do que o ar quando ele deu meia volta para se retirar do cercado. E não foi apenas Rony... não foram apenas os alunos da Grifinória que aplaudiram no meio da multidão. Quando chegara a hora, quando viram o que Harry precisava enfrentar, a maioria da escola tinha ficado do seu lado e do de Cedrico também... ele não se importava com os alunos da Sonserina, podia suportar o que quer que lhe dissessem.


- Vocês estão empatados no primeiro lugar, Harry! Você e Krum! – disse Carlinhos Weasley, correndo ao encontro deles quando os garotos voltavam à escola. - Escutem, tenho que correr, tenho que mandar uma coruja à mamãe, jurei que contaria a ela o que acontecesse, mas foi inacreditável! Ah, foi, e me mandaram lhe avisar que você precisa ficar por aqui mais uns minutinhos... Bagman quer falar com você na barraca dos campeões.

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