A despedida



Harry olhou em volta. Pessoas corriam desesperadas, e eram torturadas cruelmente por comensais, enquanto estes riam do sofrimento das pessoas, que se contorciam no chão, gritando. Uma marca pairava sobre uma construção que lembrava uma igreja, era a marca de Voldemort. Harry se virou e viu que uma garota de cabelos negros, que não parecia ser muito mais velha que ele, caminhava em sua direção, acompanhada de mais dois comensais da morte. Esta, assim que chegou perto, ajoelhou-se, dizendo:
- Milorde, me perdoe, mas ela conseguiu escapar.
- Então, acho que nosso trato acabou, Srta. Darrow – uma voz fria saiu da boca de Harry.
- Espere, milorde, ainda posso trazê-la aqui.
Naquele momento, uma música veio de um objeto que a garota segurava. O objeto era um celular, e a garota atendeu.
- Oi, Sra. Burns. Não, está tudo bem aqui. Ela está dormindo agora, quer deixar recado? Tá certo, tchau.
Ela desligou o celular e disse:
- Sei que ela provavelmente está indo para a casa dela. Me deixe ir, eu mesma lidarei com ela.
Harry concordou com a cabeça e a garota aparatou.
- Milorde, acha seguro mandar uma adolescente para esse serviço? – perguntou uma mulher atrás de Harry, que ele reconheceu na hora. Bellatrix Lestrange.
- A traição é algo que nenhum bruxo pode suportar. Quero que essa menina tenha uma surpresa quando vir que sua melhor amiga foi a responsável pelo que aconteceu – respondeu ele.
Naquele momento, outro comensal, dessa vez encapuzado, trouxe uma menina.
- O que fazemos com essa, milorde?
Harry levantou a varinha, e uma luz verde saiu dela, fazendo com que ele acordasse assustado. Ele olhou em volta, estava no dormitório masculino, e não havia amanhecido ainda. Ele passou a mão na testa e percebeu que havia transpirado loucamente, como nas outras vezes. As visões estavam cada vez mais frequentes, mas ele não havia contado à ninguém. Não queria que outra pessoa importante para ele morresse, como aconteceu com Sirius no ano passado. Havia prometido a si mesmo que não contaria nem mesmo para Dumbledore. Virou-se para o lado, fechou os olhos e dormiu novamente.

Kirsten sentiu seu pé bater na areia. Havia chegado à praia, finalmente. Estava tão exausta que se jogou na areia assim que saiu do mar. Nem podia acreditar no que havia acontecido. Fechou os olhos torcendo para que quando os abrisse tudo aquilo não tivesse passado de apenas um sonho ruim. Queria abrir os olhos e perceber que ainda estava com a cabeça no peito de Matt, sentindo sua respiração e seu calor, sob as estrelas. Mas não, tudo aquilo havia sido real. Ela sentiu as lágrimas encherem seus olhos, e se levantou, sem enxugá-las.
Ela e a mãe moravam em uma casa bem distante dali, então a primeira coisa que veio à cabeça de Kirsten foi chamar o Nôitibus Andante. Pôs a mão no bolso da calça que estava usando e viu que estava sem a varinha. Provavelmente a havia perdido enquanto nadava. O que faria agora? Fechou os olhos e se lembrou da professora explicando como se aparatava:
- “Lembrem-se, vocês são menores de idade, só poderão aparatar mesmo quando forem maiores, a não ser em caso de emergência.”
Kirsten não teve dúvidas. Fechou os olhos e aparatou em frente a sua casa. Ainda estava escuro, então, ela andou silenciosamente até a sua casa, cuidadosamente girou a maçaneta, e para surpresa dela, a porta estava aberta. Empurrou-a devagarinho, entrando sem fazer barulho, mas quando ela estava na metade do corredor de sua casa, a porta bateu sozinha, fazendo com que ela se assustasse e virasse rápido para trás. Logo após ela ter se virado, um barulho de vidro caindo veio da cozinha, atraindo sua atenção.
- Mãe? – perguntou ela, caminhando lentamente para a cozinha. Estava tudo muito escuro, e um clarão prateado veio de um canto da cozinha, quase cegando-a. Depois de ter acostumado os olhos à claridade, ela viu sua mãe, com os olhos arregalados, paralisada, e logo atrás dela, estava...
- Megan!
- Eu sabia que este seria o primeiro lugar para o qual você viria, depois daquele pequeno acidente.
- Foi você?
- Sim, fui eu. Eu procurei Voldemort e avisei a ele onde estava a coisa que ele estava buscando. E acredite, de todos que estavam lá, a única que possui o que ele quer, conseguiu escapar. E eu quis buscá-la pessoalmente. Portanto, venha comigo.
- Não.
- Não? Kirsten, eu achei que você iria tomar uma decisão mais inteligente, já que eu estou com minha varinha apontada para sua mãe.
Kirsten olhou para a mãe, e viu que ela estava quase chorando de medo.
- Deixa ela ir, ela não tem nada a ver com isso.
- Aí que você se engana, Kitty, ela tem tudo a ver com isso. Afinal, foi ela que te pôs no mundo. Mas acho que vou atender ao seu pedido.
Kirsten estranhou Megan concordar tão rápido assim em libertar sua mãe, mas foi então que ela percebeu o que Megan pretendia fazer.
- NÃO!!! – gritou Kirsten, mas não conseguiu impedir o que veio a seguir.
- Avada Kedavra! – gritou Megan.
Uma luz verde saiu da varinha dela, fazendo com que a mãe de Kirsten caísse no chão um segundo depois, com uma expressão de terror no rosto.
- MÃÃÃÃÃÃEEE!!
Kirsten chegou perto do corpo da mãe, e tocou seu rosto. Estava gelada. Estava... morta. Olhou para Megan, e ela pôde ver o ódio borbulhando nos olhos verdes de Kirsten.
- A morte é libertação, e não punição. Apenas atendi seu pedido. Agora chega, vamos, meu mestre deve estar cansado de esperar.
- Vai pro inferno - murmurou Kirsten.
- O quê? Desculpe, não ouvi.
- VAI PRO INFERNO!!! – gritou Kirsten se levantando.
- Ora essa, Kitty, achei que você seria um pouco mais gentil. Por acaso ela não te educou direito?
Uma onda de ódio invadiu Kirsten. Havia sido tão rápido que, sem pensar duas vezes, ela pegou uma faca de cozinha que estava em cima da pia, e foi pra cima de Megan, cortando-a na barriga, cortando fora uma parte da blusa dela, deixando à mostra a mesma marca que vira pairando sob a igreja. Megan pôs uma mão em cima do corte, para segurar o sangramento, erguendo a varinha logo em seguida e mandando Kirsten para longe, com um feitiço. Ela voou e bateu a cabeça com força na parede, deixando um pouco de sangue nela. Caiu, e mesmo com uma dor terrível, levantou-se.
- Ora, Kitty, você até que se saiu bem sem uma varinha. Conseguiu me acertar em um lugar que nunca achei que conseguiria, ainda mais com uma arma trouxa. Acho que nosso encontro será adiado. Melhor sorte, na próxima vez.
- Até a próxima, então, Meg.
E com um estalo, Megan aparatou. Kirsten caiu de joelhos no chão. A dor na cabeça estava ficando cada vez mais forte. Ela sentiu suas pernas perderem as forças e caiu, com seu rosto virado pra cima. Estava perdendo os sentidos, quando a fada que havia dado à sua mãe se aproximou dela, mexendo em seu rosto, tentando fazê-la ficar acordada. Kirsten abriu os os olhos e viu a fadinha se esforçando inutilmente, então disse:
- Sissy, escuta. Vai buscar Lupin, por favor.
A fadinha concordou com a cabeça e saiu voando pela janela, na maior velocidade que podia. Kirsten viu ela sair e depois apagou.
- Kirsten? Kirsten, acorde.
- Eu estou acordada.
Kirsten se virou no chão e olhou para a pessoa que a estava cutucando, e viu sua mãe.
- Mãe? Isso é um sonho?
Hellen se levantou, e sorriu. Kirsten se levantou e percebeu que era um sonho, pois esse era o jeito de sua mãe dizer que sim.
- Me perdoe, eu não consegui impedir...
- Kirsten, não foi culpa sua, não precisa se preocupar. Eu estou bem agora, mas você tem que seguir em frente. Eu só vim dizer adeus.
- Como eu vou seguir em frente?
- Alguém irá ajudá-la.
- Quem?
Hellen abriu a boca para dizer quem era, mas antes que pudesse, Kirsten acordou assustada com um barulho de algo caindo. Olhou em volta, esperando ver a cozinha de sua casa, mas ao invés disso, viu que estava em um quarto, deitada em uma cama. Sem entender muito, levantou-se e foi para o corredor, e escutou uma voz familiar.
- Pára, eu já cuidei dela, ela está descansando.
Kirsten correu para onde vinha a voz e quase deu risada com o que viu. Lupin tentava pegar pedaços de um prato quebrado enquanto Sissy o atormentava, provavelmente querendo que ele não fizesse nada a não ser cuidar de Kirsten.
- Professor!!
Lupin virou e viu Kirsten, com uma expressão de alívio, enquanto Sissy voava a toda velocidade em direção à ela.
- Ela não me deu sossego, sabia?
- É, ela tem a personalidade de minha mãe – respondeu Kirsten, abrindo a mão, para que Sissy ficasse nela.
- Bem, eu já soube o que aconteceu... com a escola.
- Ah, já? – disse Kirsten, desanimada, sentando-se em uma cadeira, enquanto Sissy voava para outro lugar.
- É. Eu fiquei preocupado, não sabia que você tinha escapado.
- Não teria escapado, se Matt não tivesse me ajudado.
- Quem é Matt?
- Era meu namorado.
- Tá, mas ainda não entendo. O que houve depois?
- Foi a Megan, aquela vaca. Ela se juntou à Voldemort e atacou a escola, e depois foi para casa e matou minha mãe.
- Darrow? – Kirsten notou uma nota de surpresa na voz de Lupin.
- É, porque?
- A família dela foi encontrada morta esta manhã.
Kirsten ficou chocada com o que ouvira. Sabia que Megan odiava a família, mas nunca pensou que ela odiava-a tanto, a ponto de matá-la. Sua atenção então voltou-se à uma coruja que havia acabado de entrar por uma janela, trazendo algo no bico, que deixou cair no colo de Kirsten.
- O que é isso?
- Depois que eu te encontrei, conversei com um amigo meu, e ele concordou em te matricular na escola dele.
Kirsten examinou o pergaminho e viu um brasão com quatro animais, que ficavam em volta da letra H.
- Mas... é Hogwarts!
Lupin sorriu quando viu o entusiasmo de Kirsten.
- Nunca pensei que iria para lá algum dia. Quando eu vou comprar as coisas?
- Eu vou com você.
- Olha, Lupin, eu já tenho dezessete anos, não preciso de uma babá para ir comigo.
- Eu sei, mas se você esqueceu, comensais da morte podem vir atrás de você, enquanto estiver sozinha.
- É, tem isso... Tá certo, quando nós vamos?
- Agora mesmo, se você quiser.
- Claro! Espera só um pouco, eu vou...
- Vai o quê?
- Eu ia tomar um banho, mas perdi todas as minhas roupas.
- Eu tenho algumas antigas aqui, pode ser que te sirvam. Um minuto, já venho pegá-las.
Lupin foi em direção à um outro quarto, enquanto Kirsten ficava olhando em volta, observando a casa. Era a primeira vez que visitava a casa de Lupin, mas ela lhe parecia estranhamente familiar. Seus olhos pararam em um pequeno cálice, que estava sob a pia. Levantou-se e foi se aproximando. Quando estava quase pegando o cálice para ver o que havia dentro, Lupin apareceu novamente, com a roupa.
- Pode ir tomar banho sossegada, eu pus um feitiço nela pra que ela se ajuste ao seu corpo, quando você colocá-la. Não se preocupe, estão limpas.
- Tá certo, então. Obrigada, professor.
Kirsten pegou as roupas e foi para o banheiro, e trancou a porta, como fazia sempre que ia tomar banho. Em breve, estaria de volta ao Beco Diagonal.

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