Desvendando mistérios

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Capítulo 5 – Desvendando mistérios






Depois de sete anos assistindo à seleção dos alunos, a cerimônia já tinha ganho um ar bastante monótono. Se não fosse o banquete esplendido que surgiria dali a alguns minutos, os quatro garotos da Grifinória teriam achado mais proveitoso irem direto para o dormitório. Quer dizer, três deles, porque Remo Lupin não queria dispensar a oportunidade de conversar com Margot Stuart, uma garota do 6º ano recém-promovida à monitora da casa. Tiago estava torcendo para que tudo aquilo terminasse logo; ele percebeu que Melissa Jones não parava de olhar para Lílian e estava com medo que a ex-namorada iniciasse um barraco. Do outro lado de Tiago, estava Sirius que olhava disfarçadamente para a mesa da Sonserina, cuidando para que Frank Longbottom não percebesse. Não que tivesse medo de brigas; se tivesse talvez não tivesse tomado tantas detenções durante aqueles sete anos, mas não gostava de brigar com um colega de casa, muito menos por motivos pouco esclarecidos para um dos lados. Pedro olhava aborrecido para o prato de comida:



- Isso não vai acabar nunca? – e começou a produzir um ruído irritante deslizando a ponta da faca nas beiradas do prato vazio.



- Wonders, Philipe! "Corvinal!" – o chapéu gritou a casa do último primeiro-anista.



A comida apareceu, para a felicidade de Rabicho. Ele já havia recuperado os quilinhos que o shadowcat de Helen Silver o forçara perder. Remo de vez em quando lançava olhares para a mesa da Lufa-lufa, que eram prontamente correspondidos. A travessa de frango assado bloqueava a visão de Melissa Jones, deixando Tiago mais tranqüilo. E Sirius finalmente desistiu de tentar adivinhar algo mais sobre a tal viagem ao Norte só de olhar para Helen, concentrando-se em preencher o vazio que toda aquela espera formara em seu estômago.



- Acho que comi demais. – Lílian suspirou.



Tiago sorriu para namorada, aquele sorriso bobo de todos os casais em começo de namoro. Ainda não estava acreditando que poderia vê-la todos os dias e, principalmente, que poderia desistir definitivamente de Estudo dos Trouxas, que vinha afundando sua média geral, que costumava ser bastante alta:



- Vamos subir? – ele olhou para ela e em seguida para os amigos.



Rabicho passava uma mão pela barriga, estufado, enquanto pegava alguns bolinhos de mel e os enfiava no bolso, para uma possível fome durante a madrugada:



- Eu fou – ele respondeu mastigando um dos bolinhos. Lílian fez cara de nojo, mas Potter nem ligou:



- Sirius?



- Ãh, que? – o rapaz mais bonito da escola se encontrava absorto olhando para a própria imagem refletida no prato de ouro.



- Vamos subir? – Tiago repetiu.



- Ah, sim. Vamos. – e se levantou dando uma última olhadela na mesa da Sonserina. Ela não estava mais lá; nem Frankie Longbottom estava mais sentado à mesa da Grifinória. – Cadê o Remo?



Tiago indicou a mesa da Lufa-lufa com o olhar. Remo estava conversando com sua admiradora. Enquanto subiam as muitas escadas que levavam à torre da Grifinória, Lílian comentou:



- Que estranho... Eles não apresentaram a Sra. Figg como nova professora de DCAT.



- A Sra. Figg – Sirius olhou surpreso. – Parece que eu ando muito mal-informado ultimamente...



- A Lílian me contou na Plataforma. Esqueci de contar a vocês.



- Ah, por mim tudo bem. Ela não inventando aquele negócio de treinar para possíveis duelos. Eu lembro muito bem do que aconteceu comigo da última vez.



Sirius e Tiago não conseguiram esconder o riso. Sean Avery, aluno do 7º ano da Sonserina, havia transformado Rabicho num peixinho dourado e ele estava quase morrendo sufocado quando Lupin teve a brilhante idéia de jogá-lo dentro dum tanque repleto de grindlows. A menina fez cara de intrigada e Tiago já ia lhe contar a história, mas a careta de ódio de Pedro o fez mudar de idéia.



- Chegamos, alguém sabe a senha?- perguntou Sirius olhando para o retrato da Mulher Gorda.



- Andar com uma monitora tem lá suas vantagens, Black – Lílian sorriu para o garoto. – Peixinho dourado!



Tiago e Sirius não seguraram a gargalhada, e sob o olhar espantado da monitora, Rabicho entrou com a cara mais enfezada que conseguiu fazer. Quando voltaram a seu estado normal, Black comentou:



- Eu realmente não sabia que você era monitora, Evans... – olhando para o broche reluzente na capa da garota.



- Já faz um ano, Sirius – Tiago ria do amigo – Você realmente anda muito mal-informado.








Já era quase meia-noite quando Remo deixou Margot Stuart na porta da Lufa-lufa. Ele atravessava o Salão Principal torcendo para que nenhum monitor o visse ali àquela hora. Mas foi em vão: Frankie Longbottom vinha em sua direção.



- Eu posso explicar...



- Nem precisa. Vindo da Lufa-lufa... Foi levar a namorada?



- Margot não é bem minha namorada.



- Fica frio, não tô afim de prejudicar minha própria casa no primeiro dia em Hogwarts. Além do mais, eu também estou fora da torre a uma hora dessas...



- Foi levar a Silver?



- Mais ou menos... – e os dois seguiram para a torre da Grifinória.








Lílian e Tiago estavam há algum tempo jogados num sofá no cantinho preferido dos marotos. Pedro já tinha ido para o dormitório – sua outra predileção na vida, além de comer, era dormir. Sirius estava conversando com duas amigas de Lílian, que pareciam mais interessadas nos músculos do rapaz do que na conversa em si:



- Ah, Transfiguração é muito difícil. Mas me conta: você é forte assim só por causa do quadribol ou você malha também. – Patty McCoy olhava para o bícpes de Sirius.



- Ah, é. – continuou Julianne Andrews, a outra garota. – Porque o Rod Bennings, batedor da Corvinal faz pelo menos duas horas de exercícios por dia, fora os treinamentos.



Sirius sorriu e respondia no maior bom humor. Elas poderiam parecer bobinhas e até irritantes, mas ele sabia que era aos poucos que se extraía o melhor de cada garota. E se não conseguisse extrair o tal "melhor", pelo menos ele experimentava novos sabores de beijos. Tudo teria continuado naquela mesmice se a ex-namorada de Tiago Potter não o flagrasse aos beijos com Lílian, e resolvesse aplacar sua dor-de-cotovelo em público:



- Então é verdade, Potter. Eu tinha ouvido falar... Mas esse não é o primeiro rumor que aparece sobre você, então não acreditei logo de cara.



Tiago olhava para Lílian preocupado. "Deixa que eu resolvo", e se colocou de pé.



- Bem, independente de eu ter alguma coisa com a Lílian, e eu tenho, não devo satisfações a você já faz muito tempo, Melissa. Se não estou enganado já faz pelo menos um ano que nós terminamos...



- Pode até não ser da minha conta, Tiago, mas sabe como é... Depois dos últimos comentários, acho que a Evans é muito corajosa pra fazer o teste.



- Quê? – a ruivinha franziu a testa. – Do que é que você tá falando? – ela também estava de pé, encarando Melissa.



- Ora, você não soube, Srta. Monitora. Mas todo mundo comentava antes das férias...



- Pára com essa enrolação, Melissa. Do que é que você tá falando? – Tiago já estava fora do normal. Se ela pretendia deixá-lo irritado, tinha conseguido.



- Ora, Potter – disse a garota em tom azedo – Estava todo mundo comentando que você e Sirius Black já não namoram ninguém há mais de um ano e tem andado mais grudados que o habitual. Eu estava seriamente preocupada – o tom de mudou para o deboche.



- Cumé que é? – Sirius saltou da poltrona em que estava enquanto as garotas com quem estivera conversando olhavam dele para Tiago boquiabertas.



- Ah, eu não acredito! – Lílian começou a dar risada. – Você acha que vai curar sua dor-de-cotovelo espalhando uma historinha boba como essa? Muito me admira alguém acreditar – Lílian olhou para as amigas.



- Não sou eu quem está espalhando, Evans. Está na boca do povo! – Melissa olhava a colega por cima, o que não era muito difícil, já que ela tinha 1,78 enquanto Lílian era 10 cm mais baixa. – Fiquei sabendo pela Rita Skeeter, e você deve saber que ela é rápida para espalhar notícias...



Os dois rapazes olhavam sem reação: esqueceram-se da parte ofensiva e estavam começando a achar a cena divertidíssima, quando ouviram a voz de Lupin soprando-lhes alguma coisa:



- Parece que arranjamos nossas cópias de Narcisa Boggs e Helen Silver! Já tão até fazendo aposta. Elas usam a varinha ou não? Que é que vocês acham?



- Eu aposto na florzinha escarlate. Depois do que eu ouvi na casa do Tiago, eu é que não me meto com ela! – Sirius sorriu para o amigo.



- E você, Tiago? Eu aposto junto. Você conhece as duas melhor que ninguém. – mas Tiago estava começando a ficar preocupado: Lílian era delicada como uma flor. E ele não queria que ela saísse machucada.



- Garotas, acho que já deu. Vocês não... – ele foi interrompido por um pequeno estrondo. As duas começaram a se enfrentar com as varinhas.



- Vocês vão parar agora. – era Frank Longbottom. - Lílian Evans, isso lá é comportamento de uma monitora?



- Ah, Frankie, dá um tempo. Você não ouviu o que ela disse...



- Ora, dê uma advertência pra ela e pronto. Você podia tê-la machucado, já pensou nisso?



Essa discussão entre os dois monitores do sexto ano se dava na frente de uma pequena platéria de alunos que ainda não tinham curado a euforia da festa.



- Me machucar? Desculpa, Longbottom, mas quem tá no sétimo ano sou eu e, portanto, sei pelo menos uns cem feitiços a mais que a Evans...



- Bom, se você quiser continuar, o problema é seu. Não adianta se queixar pra Prof. MacGonnagal ou para o diretor porque eles virão perguntar a mim e eu vou contar exatamente o que aconteceu...



Lílian Evans rodava a varinha entre os dedos, sem tirar os olhos de Jones: "Tô esperando." A menina já ia fazer posição de duelo quando Longbottom interferiu mais uma vez:



- Jones, você conhece a Samantha Campbell, da Corvinal?



- Aquela que tem um rombo no alto da cabeça? Só de vista.



- Então talvez fosse melhor eu avisar que o tal "rombo" foi resultado da desobediência dela a uma advertência que a monitora Lílian Evans tinha passado.



Sirius e Lupin olharam para Tiago: "Depois eu que era o louco de tentar me aproximar da Silver..." Melissa olhou para a própria varinha e depois para Lílian.



- Não pense que estou fugindo. Mas é que você deve estar muito cansada e eu só costumo enfrentar oponentes em pé de igualdade. Nós podemos marcar um outro dia para isso.



- Ah, claro. Vou aguardar ansiosamente! – disse Lílian enquanto seus olhos acompanhavam a outra garota subir as escadas para o dormitório.






Remo sentou-se à mesa da Grifinória bastante alterado durante o almoço daquele primeiro dia de aula:

- Já que o plano A foi cancelado, temos que partir para o plano B.



- E qual era o plano A? - Pedro tinha um ponto de interrogação na testa. Sirius e Tiago se entreolharam, aquele não parecia o mesmo Lupin que conheciam.



- Ora, o plano Silver-Snape.



- Ah, tá. Esse é o plano A! – Rabicho desdenhou – E qual é o plano B?



- Não faço a menor idéia, mas temos que criar um! E rápido! – disse enquanto amassava um guardanapo de papel.



- E será que podemos saber qual é a causa de tanta pressa? Logo você, Aluado, sempre tão cauteloso... – Sirius estava realmente interessado no que deixara Remo tão transtornado.



Aluado olhou para o prato vazio. Estava carrancudo como poucas vezes os amigos o tinham visto. Ele soltou o guardanapo e pegou um garfo, só que ao invés de começar a comer, passou a bater o talher na borda do prato:



- Aquele seboso! – ele batia o garfo com mais força agora. – Ele conseguiu estragar meu namoro...



- Você tava namorando?



- Bem, não. Mas ia estar se aquele seboso não tivesse arruinado tudo!



- Nossa o que houve com o Lupin? – Lily acabava de juntar-se a eles.



- Feitiço Severus Sebosus. Deixa qualquer um espumando de raiva! – debochou Sirius.



- Mas que foi que o Snape fez, afinal? – Rabicho estava louco para ouvir que outra pessoa se dava mal de vez em quando, além dele próprio.



Remo espetou uma batata, quase destruindo-a nesse processo:

- Eu estava no corredor do quarto andar, aquele que dá na sala de Transfiguração, quando vi a turma do 5º ano da Lufa-lufa sair de lá. – Sirius, Tiago, Pedro e Lílian ouviam atentos. – A Margot me viu e veio conversar comigo. Eu tinha decidido falar com ela hoje, acabar com essa lenga-lenga de conversinha aqui, conversinha ali... Só que ela tinha outra aula e eu pedi pra ela esperar um pouco, que tinha algo muito importante pra dizer...



“Paf!” – os quatro olharam para Rabicho:



- Desculpa, tinha uma mosca zunindo aqui em volta! – Remo tinha um olhar assassino. – Já pedi desculpas, pode continuar.



- Bem, então, eis que surge o “monitor-mequetrefe”. Adivinhem o que ele fez.



- Te deu uma advertência na frente da garota? – Tiago arriscou.



- Derrubou a poção de gordura desembaraçante que ele usa todo dia em cima da menina? – Sirius tentou descontrair o ambiente, mas a cara fechada de Lupin indicava que era melhor também ficado quieto.



- Contou que você era aquilo pra ela? – Rabicho achava que tinha acertado.



- Aquilo o quê? – ele esquecera-se de Lílian.



Ela não sabia do segredo que Lupin guardava a sete chaves. Os outros três fuzilaram-no com o olhar. Foi Sirius quem salvou a cena:

- Sonâmbulo, Evans. Não sei se você já percebeu que costumamos chamar o Remo de Aluado... Bem, é que quando ele está nesse estado, faz coisas que até Merlim duvida. Parece maluco mesmo. O Snape sabe porque... hum... porque num desses acessos, o Remo tava sonhando que era um lobisomem e atacou a perna do Seboso. – então ele começou a rir, lembrando-se da aventura real. – Você tinha que ver a cena. E você sabe que não se deve acordar sonâmbulo, né? Se não fosse o Tiaguito aqui o Snape ia levar uma sova de alguém que nem sabia o que tava fazendo.



Relembrar a história acontecida dois anos atrás, mesmo que distorcida, deu uma certa satisfação a Remo. Na época ele fora contra a idéia de Sirius, mas agora conseguia ver a situação com outros olhos.

- Não foi isso, né? – Tiago queria saber o que realmente acontecera.



- Não. Ele deu uma detenção... pra ELA!



- Ah, mas ele tava certo! – os quatro garotos olharam espantados para Lílian. – Era ela quem estava cabulando aula.



- LÍLIAN EVANS! Fui EU quem pediu para ela ficar! Ela só ia chegar atrasada, não ia matar aula. E não fazia nem cinco minutos que a aula dela tinha começado. – e voltando-se para os amigos: - Mas o pior de tudo é que ela acha que EU sou o culpado pela TPM constante do Snape. Me pediu para nunca mais procurar ela, porque, além da detenção, o seboso ainda teve coragem de descontar 50 pontos da Lufa-lufa por uma bobeira como essa. – Remo deslizava as mãos pelo cabelo louro escuro, cortado bem curto e que, mesmo assim, estava desgrenhado. Ele estava desesperado!



Tiago tentou consolar:



- Ah, Remo, talvez tenha sido melhor assim. Se ela te dispensou por uma bobeira dessas...



- Você não entendeu, Tiago! Essa foi a QUINTA vez que ele fez isso! Quinta! Ele sempre desconta pontos dela, nunca os meus. Eu não sabia onde ele queria chegar com isso, só hoje fui entender.



- Não é assim que funciona, Lupin. – Lílian não abria mão de sua posição. - Ele é monitor, tem que seguir um regulamento. Talvez ele não pudesse te castigar, porque você não tava infringindo nenhuma regra, mas ela sim. Além do mais, ela é monitora, e tem que dar o exemplo!



- Ora, eu sabia que você tinha amigos na Sonserina, Evans, mas não que Severo Snape fazia parte dessa lista... – o comentário de Sirius deixou Tiago emburrado, mas uma Lílian bastante calma respondeu:



- E não faz. Mas como monitora eu devo esclarecer certas situações que parecem ser perseguição. Eu também não gosto do Snape, mas, do ponto de vista de um monitor, ele agiu corretamente.



Lupin fez uma careta para Tiago indicando que a namorada dele era biruta. E então, ela completou:



- Eu mesma já dei várias advertências desse tipo para a Jones...



- Ah, tá! E não era perseguição... – Rabicho tirou uma com a garota. Lily respondeu com um sorriso cínico. Então Lupin continuou, tentando se controlar:



- Bom, eu já contei o que aconteceu. E aí, vocês vão me ajudar?

Sirius olhou para o casalzinho a sua frente:



- Sugiro que a gente dispense o Potter. - E virando-se para o amigo: - Agora que você namora uma monitora acho melhor não participar ou vai acabar melando o namoro!



Tiago olhou para Lily preocupado. Nunca tinha parado para pensar nesses pequenos detalhes. Ela retribuiu o olhar dele com ternura. Então ele fitou os amigos um a um antes de dizer:



- Me desculpe, Lily, mas não posso deixar um amigo na mão. Seguimos o Código Maroto de Honra.



- Código Maroto de Honra? – ela riu, exibindo as covinhas. – Longe de mim querer atrapalhar. Na verdade acho que até posso ajudar. E se precisarem de outros...hmm... recrutas, sei exatamente quem vocês podem chamar.



- Gostei de ver! – Sirius e os outros estavam aparvalhados diante da ruivinha. – Evans, se você não usasse saias, seria o mais novo membro da Marotos SNTAA.



- Marotos o quê?



- SNTAA. Marotos Sociedade Nem Tão Anônima Assim.



Ela riu:



- Fiquem tranqüilos. Eu já tenho meu clube da Luluzinha! – ela deu um beijo no namorado e levantou-se acenando “tchau” para eles.



- Quem é Luluzinha? – Remo perguntou intrigado.



- Sei lá! Vai ver é o apelido da Ludmila Parker, aquela morena do 4º ano – respondeu Tiago sem muita certeza.








- Anda logo, Rabicho! A professora já entrou na sala. – Tiago tratava de apressar o amigo. Tinham se distraído durante uma partida de snap explosivo e perderam a hora.



- Já vou. – Rabicho tentava correr, mas após poucos passos já estava sem fôlego.



Tiago alcançou a sala primeiro:





- Pelo visto nem na escola você consegue se organizar, Ti... Sr. Potter. – a Sra. Figg estava de pé na frente da sala, mirando-o com uma mistura de ternura e deboche de quem conhecia a fama de bagunceiro do garoto há anos.



- Desculpe, Sra. Figg, é que... Ai! – Tiago sentiu algo atingi-lo às costas: era Pedro.



O outro garoto entrara correndo e topou com toda a força (e peso) em Tiago Potter, que fizera a besteira de ficar parado em frente à porta para se desculpar.



- Ora, temos outro atrasadinho. Você eu ainda não conheço. Qual seu nome?



Pedro se engasgou na hora de responder. Aquela professora devia ser uma chata; implicar com um atraso tão pequeno...



- Pe-pe-pedro Pettigrew.



- Devo supor que você é gago, certo?



O resto da sala riu, inclusive Tiago, que continuava parado na porta de entrada.



- Não, senhora. - ele firmou a voz, emburrado.



- Podem se sentar. Meu nome é Arabella Figg. Nesta sala alguns poucos alunos me conhecem. Bem, não sou professora, não sei dar aulas e não acreditem que eu os ensinarei os macetes que precisam para ganhar um duelo ou coisa parecida.



Os alunos se entreolharam. Bonnie Kudrow, uma loira de olhos verdes, olhava do livro para a professora e da professora para o livro. Será que ele ainda ia servir para alguma coisa? Melissa Jones e Sarah McLane, amigas inseparáveis, faziam sinais uma para a outra de que a nova professora era louca. Jane Winslet, Pedro Pettigrew e Remo Lupin não paravam de encarar Tiago, procurando uma explicação para aquilo. Tudo indicava que ele conhecia a professora e o sorriso que o rapaz ostentava no rosto denunciava que aquela era não era uma situação inesperada. Apenas Sirius estava alheio a toda aquela confusão, com o pensamento em outro lugar. Arabella Figg continuou:



- Passei muitos anos de minha vida pesquisando sobre Artes das Trevas e, sem falsa modéstia, adquiri um conhecimento invejável sobre o assunto. Suficiente, aliás, para auxiliá-los em suas próprias pesquisas...



Pesquisas? O sorriso de Tiago sumiu. Do que ela estava falando? Mas foi Sirius Black, que voltara de seu passeio imaginário, o único curioso – ou corajoso - o suficiente para perguntar:



- Nós vamos fazer pesquisas? Como assim? Consultas à biblioteca?



- Também. Na verdade, pretendo testar o poder de dedução de vocês. Quero que escolham um tema qualquer para ser desenvolvido. Se encontrarem um fato interessante no jornal, ou algo mal explicado num livro... Qualquer coisa que vocês acreditem envolver Artes da Trevas, desde Magia Negra até mortes inexplicáveis. Vocês trabalharão em duplas e minha única exigência é que trabalhem temas diferentes. Uma vez por semana nós iremos nos encontrar para tirar dúvidas e avaliar o andamento do trabalho. Alguém quer fazer uma pergunta?



Todas as mãos se levantaram instantaneamente. A curiosidade superara o medo. A primeira a falar foi Jane Winslet, uma das artilheiras do time de quadribol da Grifinória.



- Pode ser sobre qualquer coisa mesmo? Até sobre trouxas?



- Sim, desde que tenham alguma ligação com as Artes das Trevas.



- Que tipo de ligação exatamente? – Remo aproveitou para perguntar.



- Por exemplo, se um certo casal de trouxas sumisse misteriosamente, algo que não pudesse ser explicado por nenhuma autoridade trouxa e você desconfiar que o mundo da Magia pode estar envolvido nesse desaparecimento...



Black sentiu o coração acelerar:



- Professora, já tenho o meu tema.

- Não é preciso tanta pressa, Sr. Black.



- A Sra. disse que os temas não podem ser repetidos, então quero garantir que este seja meu.



- E o que é? – os olhos dela fitavam-no como se já soubesse o que ele iria dizer.



- É em dupla, né? Então eu e o Potter vamos fazer sobre isso. – e mostrou a primeira página do Profeta Diário de alguns meses atrás.



Aquele recorte de jornal – alguém tinha destacado a primeira página – chamara a atenção de Sirius por um acaso; tinham-no esquecido em cima da poltrona em que costumava sentar-se na sala comunal. Ele estava quase jogando fora aquele papel velho quando a manchete lhe chamou a atenção:



Trouxas são encontrados mortos próximo a território mágico




O único povoado inteiramente bruxo da Grã-Bretanha está em pânico. Como se já não bastassem as dezenas de trouxas desaparecidos nas cidades não-mágicas escocesas, agora o terror está rompendo fronteiras. O que ninguém sabe explicar é como cerca de nove corpos trouxas, de idades variadas, conseguiram chegar até a fronteira de Hogsmead, uma vez que o povoado recebe encantamento anti-trouxa fornecido pelo corpo docente de Hogwarts. A causa mortis ainda é desconhecida. O Ministério da Magia insiste em repetir que tudo não passa de um boato e que os habitantes da cidadela não devem perder a calma. Mas o Profeta Diário apurou que autoridades trouxas tem tido reuniões freqüentes com o Ministério, nos últimos três meses. Além disso, o número de trouxas dados como desaparecidos tem aumentado consideravelmente, apesar de a maioria dos casos não estabelecer qualquer envolvimento com o mundo mágico.

Os últimos acontecimentos só vêm agravar a crise entre os mundos mágico e trouxa, iniciada cerca de dez meses atrás com o desaparecimento de Marianne Silver. Trouxa casada com o bruxo – e agora auror - Henry Silver, Marianne era funcionária do Ministério da Magia e encarregada do Departamento de Mau Uso de Artefatos Trouxas, recém-criado em parceira com jovem bruxo Arthur Weasley. Os Silver eram bastante conhecidos por suas excentricidades, - como levar uma vida trouxa, sendo que a maior parte da família é de bruxos formados – assim como pelo temperamento apimentado. Marianne colecionava inimigos em suas defesas aos direitos trouxas, o que tornou impossível determinar um responsável pelo seu desaparecimento.




Arabella Figg não precisou pegar o recorte nas mãos:



- Então parece que vamos ter um problema, Sr. Black.



- A Sra. não falou que poderia ser qualquer tema? – a sala inteira olhava para professora e aluno.



- Acontece que Sr. Longbottom e a Srta. Evans, do 6º ano, me apresentaram este mesmo pedaço de jornal hoje de manhã.





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