Capitulo Dois



Senti o vento passar com força por mim, bagunçando meus cabelos e eriçando meus pêlos, mas não me importei, aquilo era o de menos. Perto de tantas coisas que havia passado, aquilo era nada.


Na verdade era quase como se ele falasse comigo, seu som se assemelhava a murmúrios, porém não indicavam qualquer tipo de problemas, apenas as banalidades que se repetiam todos os dias.


Aulas, refeições, trabalhos e mais trabalhos. Ser ignorado durante esses períodos também já estava se tornando rotina. Devia haver algum acordo tácito, entre os professores e alunos, que dizia que eu devia ser considerado como alguém a não ser incomodado, importunado ou simplesmente com quem se devesse existir qualquer tipo de aproximação.


Na minha situação, aquilo parecia uma benção, pois apesar de perceber certos olhares tortos, principalmente nos primeiros dias, os outros alunos se limitavam a isso e nada mais.


Assistia às aulas normalmente, apesar de não haver alguém sentado na cadeira ao meu lado. Conseguia me sair bem em todas as disciplinas, vira grande parte do conteúdo no ano anterior e não ter quem me distraísse ajudava na hora de me concentrar até mesmo nas palestras mais tediosas.


Os dias se sucediam sem grandes emoções e por mais que eu soubesse que devia agradecer por isso, na verdade eu me sentia incomodado, extremamente incomodado.


O vento passou novamente e eu segurei meus cabelos, para que não se revoltassem de novo, mas era difícil, eles nunca estiveram tão longos antes e tão descuidados.


Os esfreguei contra meus dedos e percebi que minhas palmas estavam extremamente pálidas, o que era esperado já que não freqüentava as áreas externas do castelo sem que fosse realmente necessário. Também não recordava a última vez que me alimentara corretamente.


Já estava prestes a sair dali quando ouvi um baque surdo as minhas costas e percebi que a pesada porta de madeira era empurrada com força, fazendo-a bater contra a parede.


Apesar da noite, a lua no céu me permitiu ver quem me surpreendera na torre de astronomia. O corpo era longo, esguio. Os cabelos, compridos e negros, estavam soltos, como na última vez em que eu a vira, e no rosto bonito uma expressão de supressa que provavelmente superava a minha.


Ela pareceu indecisa entre entrar definitivamente na torre e em se virar e sair dali. Fitou-me e depois aos próprios pés. Se moveu e eu soube que havia se decidido. Seus pés começaram a girar em torno de si, foi quando me vi pronunciando:


- Você não precisa ir.


Eu não havia dito que desejava que ela ficasse, porém lhe dera mais do que a qualquer outro nos últimos dias, uma chance de se aproximar. Comecei a pensar se não estava me tornando mole por ela ser uma bela garota, mas sabia, mais ainda, sentia que havia mais, tanto nas minhas reações a ela, quanto às dela com relação a mim.


Ela fitou seus pés uma vez mais antes de erguer o queixo e firmar sua postura. Era obviamente sangue-puro, apenas os que eram nascidos em famílias bruxas de renome possuíam aquele traquejo, aquele porte, era algo clássico, para não se dizer antiquado.


Eu mesmo já fora um destes que se orgulhava de seu nome e sobrenome – todos eles. Mas agora sentia que meu corpo envergava, acometido de uma magreza que ia além do meu biótipo físico. Eu carregava em meu corpo conseqüências das minhas escolhas, pior ainda, da falta delas.


Fui tirado de meus pensamentos e proposições ao senti-la ao meu lado. Ela se posicionou a alguns passos de mim, evitando uma proximidade maior de meu corpo. Fitou a floresta proibida, no mesmo ponto onde eu estivera antes.


Meus olhos seguiram os dela e voltei a fitar as massas verdes e cinzas, disformes devido a distancia, o vento voltou a se fazer presente, porém sem tanta força quanto antes, como eu, depois de muito tempo, ele parecia tranqüilo.





N/A: Sim, voltei, depois de - finalmente - terminar a postagem de Apenas Amor, resolvi voltar a postar aqui, tentarei manter a postagem desta fic paralela a de A Bela e a Fera (que continua com datas de postagens indefinidas), e, para aqueles que aguardam, pretendo iniciar a postagem de Apenas Você quando esta já estiver finalizada ou encaminhada para isto, espero que compreendam, pois assim poderei dar a atenção certa a cada uma.
Me desculpem pela demora em retomar a fic e, please, não reclamem pelo tamanho do capítulo, pois acredito que eles terão esta média, principalmente neste começo onde os encontros do casal ainda são mero acaso.


Respondendo:


Lana fico feliz que você tenha se empolgado com esta fic, mesmo sendo de um shipper diferente do que normalmente escrevo, mas confesso, já me conquistou. E quanto a Draco, é verdade, desolação, tristeza e angustia são focos aqui, afinal tudo que aconteceu não será esquecido tão facilmente, ainda mais gerando conseqüências tão fortes e que trarão surpresas não tão positivas em breve, obrigada, como sempre, pelos maravilhosos elogios. Beijos!


Maris, provavelmente você nem lerá isso, já que não saberá que voltei a postar a fic, mesmo assim agradeço o comentário.


Fernanda.M também acho a produção de fanfics sobre esse casal algo bem limitado por aqui, principalmente com uma boa estrutura e com a personagem da Astoria sendo bem construída (parece que o povo fica confuso ao gerar um opinião sobre ela e a coloca sempre de forma muito caricata :/). Fico feliz que tenha achado o título interessante e espero, desta vez, não deixa-los na espera. Beijos!


Também gostaria de dizer a meroku e June Weasley que farei o possível para manter tanto esta fic, quanto A Bela e a Fera em dia.


Obrigada a todas pelos comentários e até a próxima! 

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Comentários (4)

  • Van Vet

     Fiquei com dó do Draco!!! E pior, talvez se pertencesse a Hogwarts também faria parte da galera da "cara virada". O capítulo ficou sombrio e minimalista, como o primeiro, me chamando novamente para dentro da consciência do nosso loirinho pálido... heheheh. E é engraçado como ele ainda pensa como um sangue-puro, um orgulho meio automático, como no trecho: " Era obviamente sangue-puro, apenas os que eram nascidos em famílias bruxas de renome possuíam aquele traquejo, aquele porte, era algo clássico, para não se dizer antiquado."  Seguindo ----->>> 

    2013-07-26
  • Lana Silva

    Fico feliz que tenha voltado a postar \O/. Esse capitulo foi ótimo, dá pra ver que o Draco vai sofrer bastante com isso. Acho Astoria guerreira sabe ? Porque estar ao lado do Draco depois que tudo que passou, aguentando a barra que ele tá passando só pode realmente ser amor. E eles dois com certeza serão um casal maravilhoso. Ahhh ainda bem que vai começar Apenas você *----------*  e continar A bela e a fera... tô esperando um capitulo novo \o/ Beijoos! 

    2013-02-22
  • meroku

    otimo cap!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    2013-02-20
  • Neuzimar de Faria

    Já li algumas estórias sobre o casal, mas todas com um só capítulo. Esta é a primeira long que vejo por aqui (ou, pelo menos, a primeira que me chama a atenção) sobre Draco e Astória. Começa bastante triste, mas bem interessante. Acho que o Draco aprendeu com seus erros e os de sua família e deve ter sofrido bastante neste processo de amadurecimento. Parece que esta fic, com a sua versão dos fatos, vai ser muito boa. Então, vamos aguardar.E quanto à sua beta, o que dizer de June Wesley ?! Sou fã do que ela escreve; você não poderia ter uma parceria melhor.

    2013-02-20
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