Irritados



Meus pés afundaram no meio da massa branca, era o primeiro passeio a Hogsmead do ano e eu me sentia impelido a ir. Sair um pouco, ver coisas diferentes das paredes do meu dormitório, das salas de aula e da Torre de Astronomia.


Queria, ate mesmo, olhar outras pessoas, observar e avaliar suas reações a minha presença. Mas, mais que tudo, precisava admitir, desejava encontra-la. Depois de nosso beijo ela havia ficado ainda mais fechada em si, mas continuara frequentando a torre.


Falava apenas para corresponder meus 'olás' e 'tchaus', quando chegava e partia, mas não permitia que qualquer conversa emplacasse entre nós.


Às vezes parecia que cada gesto dela era uma resposta aos meus, se me aproximava seus ombros ficavam tensos e sua postura rígida. Se me afastava, ela relaxava. Às vezes, ainda, parecia nem sequer notar minha presença, sendo indiferente a tudo que fazia.


Já me habituava a seu jeito, nada de sorrisos depois daquele bonito e único. Suas vestes eram sempre compridas demais, clássicas demais e, visivelmente, caras demais.


Na mão ela insistia em sempre ter um livro, apesar de nunca tê-la visto lendo. Já havia percebido que não eram sempre os mesmos. Tamanhos, cores e formatos diferentes.


Dispersei a curiosidade acerca de sobre o que aqueles livros falavam e assim como sobre muitas coisas sobre ela e enfiei as mãos no bolso para aquecê-las.


Ao redor o frio ainda imperava, as camadas de gelo cobriam não apenas o chão, mas também os telhados e o topo das cabeças das pessoas que caminhavam por lá.


Em meio a balburdia e a excitação, e com o apoio das muitas camadas de roupa que vestia as pessoas não pareciam me reconhecer, não me olhavam ou puxavam conversa, mas isso nada tinha de intencional. Estavam ocupadas demais na sua felicidade para se interessarem na figura alta e esguia pela qual passavam.


Havia casais que usavam o frio como desculpa para ficarem os mais próximos possíveis. Havia crianças que corriam de um lado para o outro, olhando vitrines com os olhos brilhando, sumindo das vistas de seus responsáveis para depois aparecer com enormes risos e caras pidonas.


Havia grupos de amigos que conversavam animadamente, riam e trocavam gestos que entre eles tinham seus próprios significados.


Também tinha uma ou outra pessoa que, como eu, andava sozinha. Estes andavam sempre rápidos, o que me fazia supor que alguém os esperava em algum lugar.


E, derrepente, também havia ela. Estava acompanhada do mesmo cara que eu vira com ela no outro dia. E, pela primeira vez, eu a vi lendo. Ela fazia gestos com a cabeça, parecia não dar respostas maiores a ele de que as fornecidas a mim e não tirava os olhos do livro que segurava em frente ao rosto.


Desse modo eles andavam devagar e parecia que ela estava sempre a ponto de tropeçar e cair devido a sua falta de atenção ao redor. Continuei caminhando, logo passaríamos um pelo outro, quando uma voz atrás de mim me fez virar.


- Que bom encontra-lo!


Era o ‘idiota da toalha’, já não recordava mais seu nome, mas não importava. Voltei-me para frente e ia voltar a andar quando senti que ele colocava a mão sobre meu ombro.


Me virei novamente para fita-lo e perguntar o que queria. Foi quando eu vi estrelas. Ele enfiara seu punho no lado direito de meu rosto. Senti a dor latejar naquele ponto, mas, acima de tudo, eu estava irado. Não pensei sequer em usar a varinha, só queria dar o troco pelo que ele fizera.


Revidei. Enfiei meu punho naquela cara de babaca dele e senti os nós de meus dedos arderem com certo prazer. Ele não esperava que eu reagisse, principalmente tão rápido, e, num misto de surpresa e dor, cambaleou. Eu já me preparava para o próximo ataque quando a voz dela me parou.


- Já chega!


Fitava-me com olhos arregalados e sobrancelhas, bem desenhadas, muito juntas. Endireitei meu corpo e respirei fundo, tentando me acalmar. Vi seu companheiro nos fitar com desejo de arrasta-la dali, de perto de mim.


Outras vozes se aproximaram e ela me tocou, prendeu meu braço com suas mãos e me puxou, nos tirando dali.


Seus pés andavam rápidos, mesmo afundando na neve e, depois de dobrarmos algumas esquinas, ela enfim desacelerou, mas continuou a me arrastar até chegarmos a uma área praticamente deserta do vilarejo. Olhou para os lados e quando se certificou que ninguém nos observava ou ouviria, comprimiu os olhos antes de me dizer:


- Você é um idiota!


N/A: *muito corada* Bom gente, desculpem a demora, além do problema pra digitar, fiz uma viagem e resolvi participar de um Contest (competição) de um site do qual participo, assim o tempo que tive passei digitando a fic que ia competir. Maaas, de qualquer modo, aqui está o capitulo, e incrivelmente ele seria bem maior, o que me fez dividi-lo. Ao que parece, com a aproximação do casal, terei mais sobre o que escrever ^^ Espero que tenham gostado de ver Astória - enfim - tendo uma atitude.

Respondendo:

Neuzimar de Faria fico feliz que tenha gostado do 'primeiro contato' entre eles a ponto de ver a cena. ^^ E não sei se June ou outra pessoa já lhe forneceu o link para solicitar participar do grupo (Plataforma), se não, me avise que eu lhe passo. Beijos!

Laaana! Sim, o povo simplifica demais! Não quero dizer aqui que minhas estórias são exemplos de profundidade e tals, afinal, assumidamente, não faço o tipo que faz longas pesquisas antes de escrever ou pensa demais em como deixar mais complexo/completo, só deixo fluir, mas ignorar os fatos é abuso (pelo menos no meio cannon da coisa). E você pode pôr os links das fics que falou - pra não dizer digitou - naquele listinha de indicações que me deve. Sim, eu estou cobrando! kkk Bjo flr!
 

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Comentários (2)

  • Neuzimar de Faria

    Você pode até não pesquisar, mas não é essa a impressão que sua história passa. É tudo tão bem encaixado, escrito com delicadeza e, ao mesmo tempo, com precisão; tem um encantamento que prende a atenção da gente, sabe? Única reclamação; esse capítulo foi meio curtinho, não é ? Tomara que o próximo não demore muito! E quanto ao link, me passe, por favor. Assim que puder, vou lá conhecer. Bjs. 

    2013-03-22
  • Lana Silva

    Ahhh são profundas sim. Você envolve os leitores com as histórias, tipo não tem como não sentir algo lendo o que você escreve. Por favor não seja modesta, a fanfic está ótima - corrigindo, suas fanfics são ótimas \o/. E esse 'fluir' é tipo perfeito, porque a fanfic tá muito boa. Confesso que fiquei babando no capitulo, é tão real, tão... Nossa, não sei se consigo explicar. Só sei que não é só bem escrita sabe ? Tem aquele algo mais que todo leitor procura ao ler uma fanfic... Ahhh sim kkkkkkkkkk em breve farei uma lista pra você com os link, primeiro vou ter que ler a Drastoria que antecede essa que eu falei (que é Scorose) apesar de que não tem perigo nenhum em ler ela não, a autora - assim como você - arrasa. Nem preciso dizer que amei o capitulo né ? Beijoos! 

    2013-03-22
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