Nasci Assim













Alice POV:


- ... e então, quando Filch estava praticamente virando o corredor, eu empurrei Pontas para cima de uma armadura e me escondi dentro de outra! Eu tinha certeza que ela era viva, porque eu sentia alguma coisa se mexendo em lugares que eu prefiro não comentar... – Sirius terminou outra história, enquanto acabávamos de rir. Estávamos ainda na sala comunal depois do número, conversando entusiasmados com os marotos que tinham suas loucas e infinitas histórias nesse castelo. Merlim, eles são mais doidos do que eu pensava...


E Remo estava bem também. O período da Lua Cheia já havia acabado, e por isso ele até ria e contava suas histórias junto com James e Sirius também. James tinha parado um pouco, porque Lily havia subido com Maria. Só estava nós ali, até que chegou Emelina, quietinha e amuada, toda encolhida.


A conversa parou subitamente quando a observamos e percebemos que lágrimas silenciosas enchiam seu rosto, e ela soluçava tentando secá-las.


- Lina, o que aconteceu? – Dorcas perguntou alarmada.


- O que foi? – perguntamos enquanto ela lutava pra responder.


- S-Sophie – crocitou, gaguejando. – S-Sophie...


- O que tem a Sophie? – James e Jason perguntaram juntos, seus rostos preocupados refletindo o de todos nós.


- Ela tá lá em cima, Dorcas – Emelina foi dizendo aos poucos, soluçando alto. – Ela estava vomitando...


- É por isso que está chorando, então? – Sirius bufou. – Vomitar todo mundo vomita, você quem o diga!


- Seu idiota, você não entendeu? – Dorcas se pôs de pé e foi até Emelina, abraçando-a. – Sophie está grávida.


- Não! – Emelina ergueu a cabeça em choque, antes que comentássemos outra coisa. – Quero dizer... Ela...


E começou a chorar novamente. Eu estava pensando seriamente em subir aquelas escadas e ver por mim mesma o que tinha acontecido. Todo mundo ainda esperava Emelina recompor a fala.


- Emelina, ajudaria se você nos dissesse logo! – Jason falou. – Ela é minha irmã, o que está acontecendo?


- Ela estava vomitando, mas forçando o vômito! – Emelina finalmente disse. – Estava lutando pra vomitar... Ela... Está bulímica.


- Está o quê? – Pedro perguntou.


- Fala sério, vocês nunca ouviram falar disso? – exclamei, espantada, indo consolar Emelina junto a Dorcas.


- Mais ou menos... – os meninos falaram vagamente, e Emelina suspirou impaciente.


- Bulimia é uma doença que faz com que a pessoa se sinta gorda ao ponto de colocar tudo o que come pra fora, a força. É um transtorno alimentar, e a pessoa vai perdendo peso, ficando fraca, se desnutrindo... – a voz de Lina foi sumindo, e mais lágrimas brotaram. – Não perceberam o tanto que Sophie emagreceu e continuava a dizer que precisava perder mais peso?


- Isso pra mim é drama – Sirius comentou, mas visivelmente se arrependeu.


- Sirius, isso não é drama, é uma doença, uma doença! – ela exclamou. – Só se você visse o que eu vi você entenderia o quão grave isso está! A pessoa pode entrar em depressão... E em casos mais graves... pode se matar.


Todo mundo estremeceu, enquanto Jason encontrava palavras pra falar entre o choque que havia levado.


- E onde ela está? – perguntou com a voz tremida.


- L-Lá em cima – Emelina voltou a soluçar. – Eu disse que levaria comida pra ela, porque eu sei que ela não vai pra enfermaria de jeito nenhum.


- O quê? Mas ela tem que ir pra enfermaria urgentemente! – arregalei os olhos.


- Ela não quer e...


- Lina? – uma voz fraca falou, e nos viramos de susto. Era uma voz tão fraca que parecia vir dos ares.


Sophie estava ali parada no pé da escada, olhando para cada um de nossos rostos. Ela estava vacilante, tendo que se encostar na parede, enquanto sua expressão parecia mostrar que ela não dormia há dias. E agora que Emelina tinha falado... ela parecia horrível. Realmente magra, muito magra e... Meu Merlim... Coitada.


- Sophie, eu disse pra você me esperar... – Emelina se aproximou hesitante dela.


- O que está fazendo? – ela aumentou um pouco o tom da voz fraca. – Você não... Eu não acredito!


- Sophie, eles mereciam saber, ok? Inclusive Jason, ele é seu irmão! – Emelina tentou se desculpar.


- VOCÊ PROMETEU QUE NÃO CONTARIA! – ela gritou, dando um passo para frente.


- Sophie, se acalma...


- VOCÊ MENTIU PRA MIM!


- Soo, por favor, calma! – Jason falou calmamente, se aproximando da irmã. – Lina só fez isso para seu bem, e agora você precisa se cuidar e ir pra...


- EU NÃO VOU PRA ENFERMARIA, NÃO VOU! – ela gritou novamente, então deu as costas e começou a andar com dificuldade de volta para escadas, quando vi Emelina assentir pra Jason, que fez um sinal para James e John que já haviam se levantado da poltrona.


Foi um tremendo estardalhaço, o que logo acarretaria acordar a torre inteira da Grifinória. James, Jason e John correram até Sophie e a seguraram pelos braços. O choque foi maior quando Sophie começou a gritar.


- NÃO! ME SOLTEM, ME SOLTEM, ME SOLTEM! – gritava, tentando se esquivar, enquanto eu via Emelina levar as mãos a boca, e seu rosto se banhar mais de lágrimas.


- Calma... Sophie... Vamos te levar... – Jason falava com dificuldade. Apesar de magra, Sophie parecia bem esquiva.


- EU NÃO QUERO IR, NÃO QUERO! ME SOLTEM, ME SOLTEM, JASON ME LARGA AGORA! – berrou, e era um grito tão ardido que eu me perguntava como ela conseguia isso mesmo fraca. – ME LARGUEM, EU NÃO QUERO IR, NÃO QUERO!


Os meninos a levavam com dificuldade a caminho da saída do buraco do retrato, mas Sophie continuava a se contorcer e tentava escapar. Corri para Franco, vendo a cena ainda em choque. Sophie parecia uma louca que não queria ir pro hospício... Era triste presenciar aquilo, como todos nós constatamos; nossa reação era mais nenhuma, apenas choque.


- EU NÃO QUERO IR, VOCÊS NÃO PODEM ME OBRIGAR! ME SOLTEM, ME SOLTEM! – Sophie ainda gritava e chorava. – POR FAVOR, ME LARGUEM...


- Estupefaça! – um brilho prateado saiu de algum lugar direto para o corpo de Sophie, que desmoronou no colo de Jason, seu último grito morrendo aos poucos.


Em pé, de varinha erguida com a mão tremendo, Emelina continuava a soluçar atordoadamente.




Emelina POV:


Sophie dormia tranquilamente já em seu leito na ala hospitalar. Madame Pomfrey nos deu uma bronca por ter a acordado nessas horas, além da bronca de Filch quando corremos para cá, mas ninguém estava ligando muito. Estávamos agora observando Sophie dormir, seu rosto pálido iluminado pela vela de um candeeiro próximo. Madame Pomfrey tinha tentado nos expulsar, mas acho que não conseguiria isso agora. Ela disse que já tinha várias poções preparadas para o caso.


- Quanto tempo ela vai ficar aqui? – Jason perguntou, mordendo o lábio. – Ela não gosta muito de ala hospitalar, já deu pra perceber...


- Não temos tempo determinado, mas – Madame Pomfrey suspirou. – O caso dela já está um pouco avançado, por isso ela tem que ficar em observação, além do tempo que levará para ela voltar a se alimentar corretamente.


Jason suspirou, e voltou a olhar pra irmã. Ninguém falava muita coisa por ainda estarmos abalados com o que havia ocorrido. Até Sirius tinha calado a boca, e a olhava com tremenda preocupação.


- Aconselho a avisar sua mãe, Sr. McKinnon. Talvez ela queira transferi-la para o St. Mungus – Madame Pomfrey falou, e eu ofeguei.


- Está tão sério assim a ponto dela ir pro St. Mungus? – perguntei alarmada.


- Depende do ponto de vista. Eu não acho que seja necessário, mas se os pais quiserem...


- Com certeza minha mãe não vai querer. E principalmente Sophie – Jason não tirou os olhos da irmã.


- Só podia nos explicar... – Alice começou baixo. – Por que Sophie tem tanta repulsa a ala hospitalares?


Jason ponderou um pouco; na verdade, até eu tinha ficado curiosa.


- Não sei se ela gostaria que eu contasse – ele disse por fim. – Quando ela acordar, talvez ela conte.


Ficamos em silêncio por mais algum tempo. Madame Pomfrey tentou novamente nos expulsar, mas não conseguiu de novo. Sophie as vezes se remexia, inquieta, mas não acordava.


- Ela vai ficar bem? – voltei meus olhos lacrimejantes para a enfermeira novamente.


Madame Pomfrey me olhou com pena.


- Vai sim, tenho certeza – ela sorriu.


Voltamos a observar Soo, todos ao redor de sua cama. Ela parecia tão frágil, tão sensível... E magra. Seu braço estava tão fino que parecia que se quebraria facilmente.


- Eu encontrei com ela a caminho do auditório – Sirius, que estava ao meu lado, começou a contar baixinho. – E eu falei pra ela que ela estava magra, e ela achou que eu estivesse curtindo com a cara dela...


Sirius olhou para mim com um ar culpado, mas eu apenas assenti. Era como se ele dissesse que fosse culpa dele que ela tinha faltado ao número e fosse vomitar... Acho que isso era até verdade, mas decidi não discutir, porque agora os olhos de Sophie abriam aos poucos.


Todo mundo se moveu, e ela piscava pra tentar focar sua visão. Então quando finalmente se lembrou de tudo, olhou para todos nós com ar de súplica, seus olhos azuis vacilantes.


- Fique calma, tá? – passei a mão em seu cabelo. – Você vai ficar bem aqui.


Sophie olhou ao redor alarmada, depois olhou para Sirius, e seus olhos se encheram de angústia. Balançou a cabeça rapidamente, novas lágrimas brotando.


- Ei, fica calma – Jason falou. – Você está muito fraca, precisa se recuperar. E logo logo poderá sair daqui.


- Não – ela falou teimosamente, as lágrimas descendo. – Jason, por favor, me tira daqui, você sabe...


- Eu sei, eu sei – Jason falou rapidamente, olhando para mim buscando ajuda. – Você não vai ficar por muito tempo.


- Mas eu simplesmente não quero ficar aqui – sua voz falhou, mas ela continuava a insistir.


- Licença, licença – Madame Pomfrey veio com uma bandeja com uma garrafa e um copo. – Aqui querida, tome essa poção. Vai te animar um pouco.


- Não... – Sophie murmurou.


- Sophie, pare com isso e tome logo a poção – ralhei.


- Ou você faz tudo o que Madame Pomfrey disser ou eu publico isso no meu jornal – Dorcas chantageou. Sophie a ignorou, mas acabou por beber a poção.


Não demorou muito pra adormecer novamente. Madame Pomfrey disse que o efeito da poção é de sonífero, porém quando ela acordar vai começar a se recuperar. Isso fez com que ela finalmente nos expulsasse de lá, ameaçando chamar o diretor e anunciando que estava tarde e precisávamos dormir. Dei uma última olhada em Sophie antes de sair, prometendo em pensamento que eu voltaria ali o mais rápido possível.




Lily POV:


- Meu Deus, coitada da Sophie! – exclamei em choque, no café da manhã de sábado. – Ela está bem? Que horror!


- Acho que sim. Está na enfermaria, e eu ouvi dizer que Emelina e Dorcas foram visita-la mas Madame Pomfrey não permitiu – Alice disse. – Foi realmente horrível, ainda mais o desespero dela pra não ir para a enfermaria...


- Por quê ela ficou desesperada? – perguntei.


- Isso é um segredo. Um segredo que quero muito descobrir – Maria falou.


- Espero que ela fique bem – falei com sinceridade. Coitada... Essa doença é muito falada na TV, revistas e jornais do mundo trouxa. Mas eu nunca tinha visto algum caso aqui em Hogwarts. – Como é que eu não ouvi aqueles gritos todos lá de cima?


- Sirius explicou pra gente que tinha lançado um Abaffiato na entrada dos dormitórios, assim ninguém ouviu – Alice disse. – Inteligente da parte dele. Aliás, até ele ficou tocado com isso.


- Sério? – foi Maria que perguntou. – Mas ele não tinha brigado com Sophie e tudo o mais?


- Sempre há algum sentimento no fundo – Alice riu-se.


- Repito. Coitada – suspirei.


- Que isso sirva de exemplo pra você, mocinha – Alice começou a ralhar. – Lembra quando desmaiou porque deixou de comer pra emagrecer também? Você vai querer ficar igual à Sophie?


- Isso é diferente – apressei a dizer. – Eu estou de regime, uma coisa saudável.


- Você não está comendo. E isso é anorexia – Alice estreitou os olhos, e empurrou um prato de pudim pra perto de mim.


- Não estou anoréxica. Estou com algumas gordurinhas que estou tentando eliminar. E um regime saudável e equilibrado irá resolver isso, e não vai acabar com eu vomitando feito louca na privada – instei.


- Você não está fazendo regime, Lily. Regime é quando uma pessoa equilibra sua alimentação. Você simplesmente não está comendo nada!


- Argh, tá bom, eu como! – peguei uma colher, enchi de pudim e levei a boca. – Tá satisfeita?


- Come mais! – Alice falou.


- Já tá bom isso. Eu não estou com fome, Alice.


- Isso é o que Sophie dizia, e eu não quero uma amiga no ala hospitalar também. Come agora, Lily Evans! – Alice pegou a colher e direcionou a mim. – Olha o aviãozinho!


- Para Alice, eu não estou com fome! – xinguei, enquanto Maria ria.


- Se você não comer... – Alice ameaçou.


- Eu estou de regime, e estou comendo um pouco só. E não estou com fome no momento, por isso não quero comer, porque geralmente não sinto fome de manhã. Entendeu?


Alice suspirou, mas desistiu. Caramba, que cabeça dura.


Enfim, depois disso resolvemos seguir para a biblioteca. Tínhamos marcado de estudar para os NIEM's, sabe como é. Não podemos vacilar muito, e essa nota decidirá meu futuro, afinal. E depois, mais tarde, decidimos visitar Sophie. Eu me sentia culpada por ter sido uma das últimas a saber disso, já que o castelo inteiro parecia comentar. Acho que dessa vez Dorcas não tem culpa, mesmo que Maria disse o contrário. Elas são amigas demais para Dorcas espalhar tal notícia... eu acho. Mas, quero dizer, ela é do dormitório de mais outras duas fofoqueiras, Kummer e Johnson, com certeza foram elas que espalharam.


E agora todo mundo comentava sobre isso na escola, e claro, Sophie não gostaria nenhum pouco quando souber... Coitada. A única coisa intrigante, porém, era que enquanto nós três andávamos pelo corredor, as pessoas olhavam diretamente para nós.


Corrigindo, diretamente para Maria.


- Mas o que é que tanto olham? – Maria perguntou alarmada. – E riem?


- Não sei – Alice falou vagamente, então Maria bufou irritada.


- Dorcas, eu tenho certeza! – Maria parou de súbito, procurando Dorcas por aí. – Vou pegar aquela filha da mãe e quebrar osso por osso, e...


- E aí, Maria João! – um grupo de meninos da Sonserina passou, rindo.


- Viu, foi ela! – Maria ficou vermelha, de raiva e vergonha. – Eu falei sobre isso aquele dia no coral!


- Maria, calma – falei. – Como pode ter certeza que foi a Dorcas?


- Lily, minha cara, quem é que me odeia e usaria isso contra mim? O que eu contei somente a vocês?


- Mas raciocina, Maria. Como Dorcas correria o perigo de espalhar esse apelido besta sabendo que você sabe um segredo dela também? – falei.


Maria parou para pensar, então suspirou.


- É melhor irmos estudar – falou por fim.


Enquanto caminhávamos, mais rostos risonhos se viravam para Maria, que fechava os pulsos com raiva.


- Espere aí! – ela parou de súbito, então chegamos à fonte dos risos. – Olhem pra isso!


No corredor do segundo andar, tinha milhares de cartazes colados nas paredes, todos com o rosto de Maria na foto. No cabeçalho do cartaz estava "MARIA MACDONALD – Mais conhecida como 'Maria João'". E depois da foto, um espaço em branco, como se fosse dedicado à comentários. E teve gente que escreveu, ainda por cima, coisas como "Eu nunca vi essa garota namorar antes! Certeza que ela joga no outro time!" ou então "Ela é uma brutamontes, certeza que é homem e esconde".


- DORCAS! – Maria gritou, tentando arrancar o cartaz. – Fala sério, agora tenho certeza que é ela! Ela já fez isso anteriormente!


- Por que ela faria isso? – Alice perguntou.


- Por que mais? Ainda fica enchendo o saco por causa do Jason! – Maria foi dizendo, lutando para tirar o cartaz da parede. – Droga! Isso! Tá! Colado! Magicamente!


- Então não foi Dorcas. Ela não sabe um feitiço como esse – Alice disse.


- Por que está tentando defender ela? – Maria perguntou com raiva, pegando sua régua da mochila e tentando tirar o cartaz com ela.


- Só estou criando argumentos – Alice deu de ombros.


- Eu vou matar ela! – Maria finalmente desistiu de tirar o cartaz e saiu a passos largos, sem ao menos nos esperar.


Eu e Alice ficamos vendo ela se afastar. Suspirei.


- Então, vamos estudar? – sugeri.


Alice também suspirou.


- Vamos.




Jason McKinnon POV:


(N/A: O Jason nunca tinha narrado antes, coitado! Até o Pedro Pettigrew narrou e ele não... Que mancada minha)


- Dorcas Meadowes! – droga, sabia que ia me arrepender por ter sentado com Emelina e Dorcas na sala comunal. Mais cedo ou mais tarde Dorcas encontraria com Maria... E o resto nem precisa contar. Só que Emelina tinha insistido para eu estudar ali com elas, para poder conversar a respeito de Sophie. Eu já havia avisado minha mãe, e ela disse por carta que a visitaria em breve. Não parecia muito feliz, de acordo com sua escrita.


- Fala, filhote de basilisco! – Dorcas sorriu falsamente.


- Nem vem com essa! – Maria bufava, irritada. – Eu vi o que você fez, eu vi! Acha engraçado, não é?


- Se isso está te irritando, com certeza é engraçado – Dorcas falou com um brilho nos olhos. – Mas do que você está se referindo?


- Deixa de ser hipócrita, nem venha mentir a respeito daqueles cartazes que você colou nas paredes de novo!


- De novo, Dorcas? Quanta bobeira... – Emelina suspirou com impaciência, mas Dorcas tinha franzido a testa.


- Seja o que for, MacDonald, acho que dessa vez não fui eu – Dorcas voltou-se para suas cartas do jornal.


- Não minta, quem mais faria isso a não ser você? – Maria não desistiu. – Quem mais escreveria no título junto com a minha foto... "Maria João".


Dorcas gargalhou, e eu e Emelina balançamos a cabeça simultaneamente.


- Essa foi boa!


- Só você poderia ter feito aquilo, pois só você estava presente no coral quando eu contei isso a todos! – Maria disse.


- Querida, não sei se você sabe, mas esse apelido sempre foi de conhecimento de todos, mesmo que você tenha dito isso. Segundo, que se tivesse sido eu quem fez esses tais cartazes eu não colocaria "Maria João", e sim coisa bem pior – Dorcas foi dizendo sem se alterar. – E terceiro, eu não repito minhas artes. Seja quem for que colou esses cartazes por aí tirou essa ideia de mim.


Maria tinha parado de falar, e estava mais vermelha do que tinha chegado ali.


- Lamento te informar, Mariazinha, mas ganhou outro inimigo. Ou inimiga – Dorcas deu de ombros. – Talvez leitor do meu jornal, sabe como é.


- Nosso jornal – eu e Maria corrigimos automaticamente.


- Tanto faz. Só sei que quero ter a honra de conhecer essa pessoa. Me avise quando descobrir quem foi – Dorcas sorriu, e Maria simplesmente bufou e subiu as escadas.


- Dorcas, foi você? – Emelina a fitou profundamente, e ela apenas suspirou.


- Mas é claro que não. Eu já disse! Não sou de repetir minhas façanhas – ela piscou.


Emelina suspirou com impaciência, terminando de fechar seus livros.


- Mas falando do que realmente importa, vamos visitar Sophie mais tarde hoje?


- Será que Madame Pomfrey vai deixar dessa vez? – fiz uma careta.


- Tem que deixar, nem que eu tenha que destruir aquela enfermaria – Dorcas disse.


- Ei – uma voz chegou subitamente. Era Sirius. – Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês. Por acaso eu posso ir visita-la junto com vocês?


As garotas trocaram olhares surpresos, e eu apenas suspirei.


- Sirius, eu não esqueci que ontem foi você que causou que ela corresse para o dormitório – Emelina falou meio que ralhando. – Por acaso você a beijou de novo?


- O quê? – arregalei os olhos, e Emelina se arrependeu; tinha se esquecido que eu estava ali.


- Eu só quero visita-la – Sirius parecia sem graça, mas não arredou o pé.


- Você a beijou de novo? – perguntei irritado.


- Não – ele respondeu simplesmente. – Encontro com vocês na enfermaria então.


E saiu. Nós três ficamos atônitos por um bom tempo.


- Ok, agora dá para alguém me explicar porque ele está todo preocupado com a Sophie? – Dorcas ainda estava boquiaberta.


- Culpado, com certeza. Sabe, ele que causou os vômitos de ontem dela – Emelina explicou. – Mas se for ver por um lado totalmente diferente, se Sophie não tivesse começado a vomitar daquele jeito ontem, talvez eu não teria descoberto e assim a ajudado...


É, isso é verdade. Mas ele a beijou e a magoou antes, por isso ainda continua sujo na minha lista.


Enfim, quando voltei a meu dormitório, mais tarde, tinha outra carta da minha mãe, novamente não muito feliz. Ela tinha a mania de escrever cartas quando estava nervosa, por isso essa era a quarta do dia. Pobres corujas.


Jason


Bulimia, é isso mesmo? Onde é que sua irmã está com a cabeça quando faz essas coisas? Francamente, eu esperava alguma inteligência vindo dela. Quero visita-la logo pra trocar umas palavrinhas com ela. Ela precisa.




Sophie POV:


Eu não aguentava mais ficar naquele lugar. Se ele serve para eu melhorar, bom... Precisam mudar muita coisa. Era tudo tão tedioso, Madame Pomfrey me forçava a comer e tomar aquelas poções horríveis que até agora não está adiantando muita coisa. A ala hospitalar era horrível, e me trazia tantas lembranças...


- Sophie! – ouvi vários gritos, e quando me virei, a porta se abria com a cabeça de Emelina aparecendo lá. – Oi! Viemos te visitar!


Quando abriu a porta, entrou um mutirão. Emelina, Dorcas, Lily, Alice, Franco, Remo, James, Jason, John, Sean, Beth e até mesmo Black. Mas o que diabos ele estava fazendo ali?


- Oi, gente – sorri, me endireitando um pouco nos travesseiros.


- Está melhor? – Dorcas perguntou, enquanto todos se aproximavam todos sorrisos.


- Sinceramente? Não – fiz uma careta. – Quero sair daqui logo.


- Por que odeia tanto hospitais? – Beth perguntou de súbito. Outra que eu não tinha a mínima ideia do porque está ali. Com certeza pra fofocar.


- Acho que não é a hora para isso – Emelina sorriu amarelo antes que eu respondesse. – Veja, trouxemos algumas coisas pra você. Todo tipo de comida que você gosta.


Ela apontou para vários embrulhos que todos haviam colocado na cama ao lado. Meu estômago revirou.


- Obrigada – respondi roucamente.


- Mas o que é isso aqui? – Madame Pomfrey saiu de sua salinha e veio correndo, espantada. – Não pode ter tantas visitas assim, a paciente precisa se recuperar!


- Se é por isso, não está ajudando. Não estou me recuperando, que eu saiba – falei.


- Você realmente espera melhorar de um dia para o outro? – a enfermeira bufou. – Três de cada, por isso, FORA!


Todos começaram a reclamar, enquanto James e Black se abraçavam à Madame Pomfrey pedindo que ficassem. Foi bem engraçado, e pelo menos ela ficou vermelha e esqueceu do motivo do rebuliço.


- Andei perdendo alguma coisa? – perguntei vagamente para Emelina, que deu de ombros.


- Acho que não – Emelina respondeu. – Mas você não deve ficar se preocupando...


- Mesmo que mamãe já tenha ficado sabendo do que aconteceu – Jason mordeu o lábio.


Suspirei, levando a cabeça para trás.


- Era tudo o que eu precisava – falei com desgosto.


- Sophie, querida – Dorcas se aproximou. – Você sabe que sou uma pessoa curiosa, por isso eu queria saber...


- Agora não, Dorcas – Emelina suspirou.


- Tudo bem, acho que vocês merecem saber – falei, e todo mundo fez um silêncio, até os outros que assistiam rindo James e Black se pendurarem em Madame Pomfrey.


- Não precisa contar, Soo – Jason falou rapidamente.


- Tudo bem – repeti. Eu estava entediada, e se eu não contasse Dorcas não me deixaria em paz, e assim Madame Pomfrey os expulsariam dali logo, e isso era a última coisa que eu queria. Me endireitei na cama novamente. – Quando eu tinha quatro anos, meu pai morreu de uma doença misteriosa e... Foi num leito de hospital. E eu estava lá.


Fez um silêncio terrivelmente profundo, e várias imagens encheram minha cabeça, fazendo com que lágrimas insistentes brotassem de meus olhos.


- Eu vi tudo – continuei. – Estava ao lado dele quando ele morreu. Estava muito fraco, e só mexia os olhos... Acho que a última coisa que ele viu foi eu.


E levantei os olhos para todos, que ainda estavam chocados com a minha história. Jason parecia um pouco incomodado, mas eu não. Tinha orgulho quando eu falava de papai, mesmo que seja inevitável deixar lágrimas rolarem como agora. Essa era a parte ruim.


- Ah, So – Emelina murmurou, secando minhas lágrimas. – Sinto muito por isso.


- Eu só quero sair daqui – falei baixo. Mais um longo silêncio, até as portas da enfermaria se abrirem de novo.


- Caroline? Onde está Caroline? – ouvi uma voz autoritária detrás da cortina que todos faziam ao redor da minha cama. Todos se viraram.


- Não há nenhuma Caroline aqui – ouvi Madame Pomfrey dizer.


- Como não? Eu sei que ela está aqui, eu falei com Dumbledore – aquela voz conhecida disse.


Droga. Queria me enfiar num buraco agora.


- Mas não passou nenhuma Caroline aqui por esses dias – a enfermeira disse novamente. – Talvez tenha se enganado...


Emelina me olhou com uma cara interrogativa, pois ela sabia que aquela mulher era minha mãe.


- Jason, você está aí! – minha mãe exclamou, então ouvi seus passos se aproximarem, e consegui enxergar ela com clareza. Vestia sua roupa social de sempre, o cabelo preso no seu coque elegante; os olhos iguais aos meus se fecharam ao abraçar Jason, e, depois, me olharam com ar de bronca. – Aí está você, Caroline.


- Oi, mãe – murmurei, e eu podia sentir o olhar de todo mundo não entendendo nada.


- Caroline? – Dorcas questionou, mas minha mãe nem deu atenção. Apenas olhava pra mim com uma cara nada feliz.


- Eu não acredito que fez isso, Caroline! Olhe para você, está tão magra! – ela exclamou. – Como pode?


- Boa tarde pra você também – rosnei.


- Eu não acredito! – ela bufou, sem se importar com as lágrimas que ainda estavam no meu rosto antes dela entrar. – Caroline, você tem ideia do que fez? Bulimia é uma coisa séria!


- Sério? Eu não sabia...


- Chega de brincadeirinhas por aqui, mocinha – ela ralhou. – Você realmente quer ser mandada para o hospital, não quer?


- Que nada, está muito agradável por aqui, obrigada – falei com sarcasmo, e eu vi minha mãe me fuzilar com o olhar.


- Caroline...


- Com licença – a voz de Dorcas interrompeu. – Olá, senhora McKinnon. Eu queria só entender por que... por que está chamando Sophie de Caroline.


Minha mãe olhou para todos os rostos, visivelmente percebendo agora o grande número de gente que estava ali. Ela me olhou severamente.


- Ainda continua com essa história de esconder seu primeiro nome, Caroline?


- Desculpe, mas não foi você que foi chamada durante sua toda infância de "Carol Mongol".


Mais e mais silêncio. Estava ficando realmente desconfortável, mas eu não ligava. Tudo é desconfortável quando se trata de uma ala hospitalar.


- Quanta bobeira, já deveria ter superado isso! – minha mãe rebateu, seca. – O nome que lhe dei foi Caroline Sophie McKinnon, e é assim que deve ser chamada.


- Sério, Sophie? – Emelina falou surpresa. – Seu nome não é Sophie?


- Mas é claro que meu nome é Sophie. Não importa se tem Caroline pra estragar tudo, é assim que me chamo – insisti, irritada.


- Acho que a paciente está se estressando demais – Madame Pomfrey interferiu antes que minha mãe respondesse. – Por que não deixam apenas os parentes e vão para suas salas comunais? Creio que está demasiado frio pra ficarem perambulando por aí, e não quero epidemia de gripe nesse ano.


Emelina e os outros me olharam significantemente, e eu apenas assenti, ainda irritada. Minha mãe não tirava os olhos de mim, pronta pra mais e mais bronca.


Quando todo mundo saiu, se despedindo e desejando melhoras, ficamos apenas minha mãe, Jason e eu num longo silêncio. Minha mãe havia cruzado os braços, e apenas olhava para mim.


Quando finalmente falou, eu já esperava mais detalhes da bulimia e blábláblá, mas ela nunca me surpreendeu tanto.


- Ouvi dizer que andou bebendo – falou subitamente. – E acabou vomitando em público.


Não respondi, tentando a ignorar. Se for pra ouvir tudo o que ela tinha que me xingar a respeito de tudo o que eu faço, acho que anoiteceria e ela não teria acabado.


- Nunca fiquei tão envergonhada, Caroline.


- Pare me chamar de Caroli...


- Isso é sério! – ela me interrompeu, as narinas infladas. – Nunca mais ouse beber Caroline...


- Por quê? Por que não suportaria falarem mal da sua filha no seu trabalho? – soltei.


- Não, simplesmente porque não quero que a história se repita! – ela exclamou, e eu vi Madame Pomfrey se aproximar relutante.


- Como assim? – Jason perguntou em meu lugar.


Minha mãe olhou de mim para Jason, e não hesitou.


- Porque seu pai morreu por beber demais – disse enfim.


- O quê? – Jason perguntou, surpreso. – Ele morreu de uma doença desconhecida...


- Isso é o que eu dizia para vocês – ela cortou. – Por que não eu não queria que crescessem ouvindo sobre a vergonha que o pai de vocês foi. Ele nos prejudicou muito, se embebendo por aí, e agora você faz o mesmo Caroline...


- Isso é mentira, é impossível! – exclamei incrédula.


- Vocês já estão bem crescidos para saber da verdade! – minha mãe se aproximou, nervosa. – O pai de vocês morreu por beber, aceite isso Caroline!


- Não! – insisti.


- Ele sempre foi seu herói, não foi? Sinto muito informar...


- Por favor, acalmem-se... – Madame Pomfrey começou, mas ninguém a ouviu.


- Está mentindo pra mim! Eu saberia se isso fosse verdade! – exclamei.


- Cirrose hepática, foi isso que causou a morte do pai de vocês!


- NÃO FOI! – gritei, me remexendo na cama, minha voz rouca por novas lágrimas.


- Eu escondi de você, Caroline, mas essa é a verdade! Quer que eu dê os detalhes de quando seu pai chegava em casa enquanto você dormia? De tudo o que ele dizia enquanto caía de bêbado?


- PARA! PARA! – gritei, tampando meus ouvidos.


Vi Madame Pomfrey se alarmar, enquanto Jason sentava na beirada da minha cama, para abraçar meus ombros.


- Caroline, nunca mais ouse beber! – minha mãe continuou quando destampei os ouvidos, e mesmo com o aviso de Madame Pomfrey. – Ou vai querer que eu lhe conte o modo que o fígado do seu pai ficou após da autopsia?


Então eu me virei para o lado ao qual Jason não estava e vomitei descontroladamente. Ouvi Madame Pomfrey soltar um gritinho assustado, enquanto Jason me ajudava, tirando meus cabelos do rosto.


- Vai. Embora. Mãe – tossi.


Depois de me recuperar, quando me levantei e fiquei na posição normal da cama, ela havia ouvido meu pedido. Madame Pomfrey me olhava preocupada, e logo correu pra buscar mais poções. Enquanto isso, Jason me consolava, tentando me ajudar com meu soluços descontrolados.




Alice POV:


- Quem diria que Sophie na verdade é Caroline? – Maria falou de boca cheia durante o jantar. – Nunca imaginaria...


- Coitada. A mãe dela parece desagradável – Lily comentou, sem relar na comida.


- Ela é chata pra caramba, foi o que eu ouvi dizerem – Maria disse.


- E o pai dela? – Lily continuou, triste. – Ela passou por tanta coisa, né?


- E se você não quiser passar pelo mesmo, por que não come? – falei, empurrando um prato de carne e batatas pra perto dela. – Você não comeu nada no almoço, pare com isso!


- Não estou com fome de novo – Lily recusou, e eu olhei para o teto. – Alice, simplesmente não estou com fome por esses dias, que coisa!


- Lily, se você não comer vai acabar na ala hospitalar também! – ralhei.


- Eu não estou com fome!


- Mas come!


- Não!


- Lily!


- Não quero, não estou com fome!


- Come agora! – insisti.


- Não e não!


- Lily, te aconselho a comer – James apareceu perto de nós subitamente, o que fez Lily se calar. – Eu me lembro quando você desmaiou, e não quero que isso se repita...


Lily ficou paralisada e corada quando James se sentou a seu lado. Pegou o prato que eu oferecia pra ela e fez o mesmo.


- Coma, por favor? – ele pediu com um sorriso, e Lily suspirou por fim.


- Muito legal da sua parte, James, mas eu realmente não estou com fome. E não é mentira – ela completou quando James a olhou com descrença.


- Você está é com esse regime idiota, que eu sei – Maria falou, se divertindo com a situação.


- Regime? – James olhou pra Lily. – Pra quê? Pra voar sem vassoura?


- Eu tenho que perder alguns quilos, mas não é por causa do regime que não estou comendo agora, eu não estou com fome mesmo – Lily disse.


E pronto. Eu e James falamos e falamos até ela perder a paciência e comer um pouco. No café do dia seguinte ela veio com essa história de novo, mas James estava lá pra força-la a comer, fazendo aviãozinho que nem eu. Foi a cena mais fofa que eu já presenciei, o que me fez sentir falta do meu namorado... Droga, Sprout estava abusando muito dele.


Mas eu tinha ele no coral, e nisso Sprout não interferiria.


- Olá, pessoal – Moreau entrou com um sorriso. – Vamos começar... Bom, vejo que Sophie ainda está na ala hospitalar.


- Estamos pensando em visita-la quando sairmos daqui – Emelina falou. – Ela não estava tão bem da última vez...


- Espero sinceramente que ela melhore – Moreau disse. – Ela se recuperará logo, Jason?


Jason suspirou longamente.


- Mantendo minha mãe longe – falou, e conseguimos entender seu comentário, mas Moreau não.


- Enfim – ele disse batendo as mãos. – Outra competição se aproxima gente, e minha sugestão é fazer um número de natal. Já é no próximo dia vinte, bem próximo.


- Não conheço nenhuma música natalina do meu agrado – Dorcas ponderou.


- Acontece que ninguém está baseando-se em seu gosto, Meadowes – Maria falou com desprezo.


- É melhor não descontar sua raiva por causa daqueles lindos cartazes pra cima de mim, querida MacDonald – Dorcas riu falsamente. – Espero que esteja satisfeita com todo mundo rindo da sua cara.


- Ela não é a única – John falou repentinamente. Não parecia aborrecido, e sim risonho. – Espalharam cartazes com meu rosto no corredor do quarto andar, depois passem por lá.


- Sério? – Maria falou chocada. – Então...


- Não fui eu. Por que diabos eu ia encher um cartaz sobre Johnzinho? – Dorcas falou, e John riu. – Mas o que estava escrito no cartaz.


- Tim-tim – John falou sem hesitar.


- O que brinde tem a ver com isso? – Sirius perguntou de sobrancelha arqueada.


- Tim-tim significa outra coisa na minha terra natal... – John fez um gesto significante na mão, e não teve um só que não exclamou.


- Mas quem será que está fazendo isso? – Lily perguntou.


- Algum idiota, só pode! – Maria disse mais brava que o normal. – E se não é a Dorcas, o que é um milagre, eu tenho que descobrir quem é.


- Pra você ver – Dorcas cantarolou.


- Mas por que John? – Remo questionou. – Ele não fez nada pra ninguém. Fez?


- Talvez eu tenha colocado bomba de bosta na mochila dessa pessoa e não me lembre... – John comentou.


- Mas o que isso teria a ver com Maria? – falei.


Ninguém respondeu, apenas deu de ombros. Moreau acompanhava a conversa de testa franzida.


- Certo – ele disse depois de um tempo. – Vamos fazer uma lista de canções natalinas que poderemos apresentar, enquanto Sophie não volta. Será injusto vocês competirem sem ela, portanto espero que ela se recupere logo.


Todo mundo assentiu, e começou aquela aula descontraída de sempre. Contamos o que tinha acontecido com Sophie a Moreau, e sobre a conversa com sua mãe na enfermaria. Ele ficava surpreso com tudo, ignorando a discussão de Maria e Dorcas por Brad, o pianista.


John e os outros garotos continuavam a se perguntar quem estaria distribuindo esses cartazes, mas como eu, eles não tinham mínima ideia. Só sabia que quando essa pessoa aparecesse... Maria não ia deixar nada de lado.




Sophie POV:


Ai, eu não estava bem. Aquelas poções de Pomfrey só me faziam dormir, e eu não acordava melhor. Eu continuava com o impulso de vômito, ainda mais quando minha mãe me disse todas aquelas coisas... Nem tinha conseguido dormir se não fosse pela poção. Sonhei tanto com meu pai... Lembrei de tudo o que minha mãe tinha dito e fiquei tão dividida... Eu não conseguia imaginar ele bêbado. Na minha memória ele nunca ficava bêbado, nunca! Não fazia sentido a história dela.


E agora eu estava ali sozinha naquela ala hospitalar, mais um item que me fazia lembrar dele. Madame Pomfrey devia estar em sua sala ou almoçando, e tinha deixado uma sopa horrível, mas eu não a tomei. Meu estômago estava recusando todo o tipo de comida, por isso fiquei ali olhando pro teto, nada pra fazer. Emelina e Dorcas passaram por aqui antes do almoço, mas Madame Pomfrey não deixou elas entrarem de novo, alegando que eu já tinha "aguentado demais". Pffff.


E agora eu estava no simples e infinito tédio.


Ou era isso que eu achava.


- Oi...


- AAAAAAAAAAAAAAAAH! – gritei, então vi que era Sirius Black, se materializando não sei como ali do meu lado da cama. Num instante não tinha nada, no outro ele apareceu! Quase enfartei! – Meu Merlim, água...


- Á-água? – ele perguntou enrolado, então pegou um copo e usou um Aguamenti. – Aqui.


Bebi com velocidade, por pouco me engasgando. Meu coração chegava a doer.


- Obrigada – falei, respirando alto. – Como você surgiu desse jeito?


- Tenho meus truques – ele sorriu. – Então, você está bem?


- Não – respondi. – Mas o que você está fazendo aqui, Black? Não estou com vontade de olhar pra sua cara, sabe.


- Só queria te visitar.


- E por quê? O que eu sou pra você pra você me visitar? – cortei com rispidez. – Você não é nada meu, com a graça de Merlim. Não sei porque está vindo aqui.


- Me sinto meio... Arrependido. Foi por minha culpa que você está assim.


- Isso é total verdade. Mas me visitar não vai mudar isso, então cai fora – apontei pra saída, e ele nem se moveu.


- Não precisa ser tão direta...


- Cresça, Black! Eu estou te dizendo pra sair daqui, então saia! Não quero mais saber das suas brincadeirinhas chatas e irritantes, então fora! – exclamei nervosa. Ele deu um passo pra trás.


- Calma... – ele falou com cautela, me olhando com receio. – Calma, Caroline.


Me controlei pra não me levantar e dar um tapa em sua cara.


- Não me chame disso – rosnei. – Nem comece.


- É seu nome, que eu saiba.


- Dane-se! Eu não quero saber de nada, apenas fora, fora, fora! – crocitei, já chorando. Merlim, eu ando chorando demais, o que está acontecendo? – Por sua culpa Black... A cada beijo que você roubava de mim era o que me fazia sentir um lixo, me sentir um nada, e eu corria pro banheiro e colocava tudo pra fora! Você foi um dos que mais piorou tudo, e agora está aqui... Por favor, vai embora! Eu não quero mais olhar pra sua cara, nunca mais!


Não ousei nem ao menos voltar a encará-lo. Apenas havia deitado meu rosto nas mãos, chorando. Eu não entendia porque todo esse drama... Talvez seja aquela poção. Sempre desconfiei sobre seu efeito.


Então, quando ergui os olhos finalmente, Sirius Black havia sumido da mesma forma que apareceu.




David POV:


- Olá Moreau – Stanley sorriu ao me ver perto da sala dos professores. – Animado para a competição do dia vinte? Você sabe que foi marcada, sabe?


- Claro que sim, Stanley – revirei os olhos, e ela riu.


- Não me surpreenderia se não soubesse – ela disse. – E vai me dizer que continua com competiçõezinhas bestas no seu coral? Você já viu que isso não dá muito certo pra vencer...


- O que eu faço ou deixo de fazer em meu coral não é da sua conta – rebati.


- Ui – ela riu. – Está nervoso hoje. Suponho que aqueles seus alunos andam te dando trabalho.


- Repito. Não é da sua conta.


- Hum, isso foi um sim – ela piscou. – Mas eu não fico surpresa, sabe. Seus alunos são... Estranhos.


Suspirei profundamente.


- O que quer dizer com isso, Stanley?


- Bom, você já percebeu que muito deles estão mal falados por aí. Por exemplo, aquela garota, MacDonald. Estão espalhando cartazes dela sobre ela "jogar no outro time" como o mesmo cartaz disse. E tem também aquele menino chinês, eu vi os cartazes sobre eles, e é lamentável. Fora que três deles escrevem aquele jornal patético, e tem os marotos, sendo um deles lobisomem! Fora aquela garota Evans, completamente insuportável!


- É muita baboseira vinda de uma pessoa só – olhei para o teto. – Entenda, não importa o jeito que eles são. O que importa é que eles são unidos e cantam perfeitamente bem juntos.


- Nossa, não é o que as últimas competições dizem...


- As competições não dizem nada. O que importa é o que eu vejo todos os dias nas nossas reuniões – cortei. – Sinto muito se em seu grupo você só os valoriza pelo talento e não pela personalidade.


- Só um momento, por acaso os membros do seu grupo tem personalidade? – Stanley gargalhou. – Quer que eu repita as figuras que tem em seu coral?


- Por que de repente quer julgá-los? Entenda que nada que disser vai afetá-los.


- Eu sei. Mas esses cartazes que estão espalhando com certeza vão – ela falou, e sem dizer mais nada deu as costas e caminhou por entre os alunos.


Quando a vi afastar eu tinha certeza da origem desses cartazes.




Franco POV:


"FRANCO LONGBOTTOM – FAMOSO HB: HERBÓLOGO LERDO"


"Hahaha, adorei essa! Ele é bem lerdinho mesmo!"


"Panaca"


"HB, adorei"


- Eu não acredito! – Alice exclamou abobada, enquanto ia descendo os olhos por um dos outros milhares de cartazes espalhados. Eu sabia que tinha alguma razão pela qual pessoas gritavam "HB" por onde eu passava. E riam, riam muito.


- Bom, foi minha vez agora – comentei; não estava ligando muito, mas os "depoimentos" eram bem piores do que o título. Ou então os rabiscos na minha cara.


- Isso é um desaforo! – Alice exclamou. – Quem está fazendo isso Franco? Não tem motivo algum pra fazer isso com você!


- Não sei quem me odeia tanto assim. Mas o cartaz é do mesmo modelo daqueles de Maria e John – falei. – Mas fique calma, meu amor, não estou preocupado.


- Como não está? Estão rindo de você e falando coisas horríveis! – Alice parecia irritada. – Se eu pego quem fez isso...


- Fique tranquila, tá? – segurei sua cintura. – Eu nasci assim mesmo, lerdo. Tanto que demorei séculos pra perceber que eu gosto tanto de você.


Alice sorriu, afetada.


- Mesmo assim, não acho certo esses cartazes sobre vocês. Sem falar que eu posso ser a próxima! O que será que escreveriam sobre mim?


- Algo que você não ligaria, certo? – eu a beijei, e ela sorriu em meus lábios.


- Certo, mas mesmo assim...


As iniciais HB me seguiram por todo dia, e quando cheguei ao dormitório onde todos os marotos estavam juntos, eles fizeram piadinhas como tinha que ser.


- Quero só ver quando forem escrever sobre a gente – Sirius comentou.


- "Sirius Black, o safado" – James sugeriu.


- E pra você seria, "James Potter, o carinha que vive se arrastando atrás da monitora ruiva" – Sirius retrucou, desafiador.


- "Sirius Black, o garoto que visita Sophie McKinnon na ala hospitalar mesmo que tenha alegado que estava nem aí pra ela". – James simplesmente fez Sirius ficar sério. – Eu sei que você pegou minha capa da invisibilidade pra ir pra lá, Sirius, eu sei.


- Me sinto culpado pelo que fiz com ela – Sirius olhou em outra direção.


- E preocupado, porque na verdade tem sentimentos por ela – Remo ainda acrescentou, e Sirius bufou.


- Sentimentos. Eu não tenho essa palavra no meu dicionário.


- Talvez esteja camuflada, mas que você tem, você tem! – ri, e Sirius me olhou com um olhar irritado.


- Estou no meio de centenas de caras apaixonados, que horror! – ele exclamou, e uma chuva de travesseiros voou em sua cara. – O que me resta é apenas Rabicho, certo Rabicho?


- Digamos que ando me apaixonando pela vendedora da Dedosdemel – ele falou com ironia, e Sirius bufou novamente.


- É sério, vocês andam muito in love. Tem que parar com isso, caras. Andam pensando demais em garotas – ele balançou a cabeça. – Franco em Alice, Pontas em Lily, Aluado em Emelina...


- E você em Sophie! – nós três falamos ao mesmo tempo, e ele soltou seu terceiro bufo.


- Já disse que me senti culpado, e que nunca mais volto para visita-la. Ela praticamente me chutou de lá!


- E com razão – James falou.


- Eu não sabia que agarrar ela a força faria com que ela ficasse com bulimia!


- Mas agarrar qualquer garota não é legal, deveria saber disso – Remo instou.


- Não tenho culpa se sigo meus instintos, ao contrário de vocês.


- Sirius... – comecei, e Remo e James terminaram.


- Cala a boca!


Sirius apenas riu.




Lily POV:


Consegui fugir do almoço! Eu tinha certeza que Alice e James começariam a encher o saco de novo pra eu comer, mas assim eu viraria uma baleia e rolaria as escadas todo dia, e eu não queria isso. No lugar de ir para o salão principal, fui pra biblioteca, antes da reunião de hoje do coral. Agora tínhamos que ir para a sala de música todo santo dia. Moreau estava enlouquecendo, em dúvida sobre alguma música e fazendo questão de jogar na nossa cara que não queria que perdêssemos mais uma vez.


Cheguei a biblioteca, e fui direto para a seção das enciclopédias. Fazia tempo que não conversava com Jessie, muito tempo.


- Olá! – cumprimentei o loiro quando o vi encostado numa prateleira. Ele abriu um grande sorriso.


- Lily, você está viva! – ele exclamou enquanto me abraçava. – Caramba, faz tempo que não passa por aqui!


- Eu sei, eu sei. Me desculpe por isso – suspirei. – Anda acontecendo tantas coisas... Mal tive tempo pra respirar. Por isso decidi passar por aqui nesse meu tempo livre.


- Por que não está almoçando? – ele perguntou, já me estendendo alguns livros.


- Não estou com fome hoje – menti, dando de ombros. – E você?


- Idem – ele sorriu. – Mas então... O que conta de bom? Como está as coisas no coral, com suas amigas e com Potter?


Mordi o lábio, hesitante.


- No coral está bem, fora o fato que Sophie continua na ala hospitalar. Você ouviu falar, né? – ele assentiu. – Alice continua fofa com Franco, Maria continua a brigar com Dorcas e agora está desesperada por causa daqueles cartazes.


- É, eu vi – ele comentou.


- Está uma fera. E com James, bom... – suspirei. – Não conversamos muito.


- Não entendo isso entre vocês – ele disse. – Eu sempre achei que se odiassem.


- Na verdade, eu não acho mais nada Jessie – sorri pra ele, que retribuiu como sempre.


Ficamos mais algum tempo vendo mais alguns feitiços completamente interessantes que somente ele sabia onde encontrar. Contei para ele sobre o coral, contei sobre minha irmã que na última carta da minha mãe disse que estava pirando por causa do namorado, Válter. Quem em sã consciência namora Petúnia? Acho que não bate muito bem...


Então depois de uma hora e meia, mais ou menos, me despedi de Jessie e parti pra fora da biblioteca, me arrependendo. Pessoas que passavam riam, apontavam, comentavam. Droga, droga, droga! Foi minha vez!


Andei depressa pelos corredores, procurando algum indício de cartazes, até acha-los no sexto andar. Vários rostos meus sorriam pra mim, alguns já rabiscados, com o título de "LÍLIAN EVANS, CARANGUEJO-DE-FOGO".


Nem ousei ler os comentários, que eram demasiados grandes. A única pessoa que me chamava de caranguejo-de-fogo era...


- GRAVELLE! – berrei quando a avistei andando com aquelas Barbies pelo corredor. – Sua... Você é que está espalhando esses cartazes?


- O quê? Eu? – ela parecia chocada. – Bobagem sua, Evans. Tenho coisas mais importantes pra fazer.


- Você é a única pessoa que me chama de caranguejo-de-fogo!


- Honra, eu sei – ela riu desdenhosa. – Mas todo mundo sabe que te chamo assim. Você com esse cabelo chamativo... Todo mundo se acostumou com o apelido!


- Gravelle...


- Ok, ok! – ela levou as mãos ao alto, enquanto Stanton e Elliot riam a seu lado. – Eu recebi uma carta anônima por esses dias perguntando um apelido que você odeia, e eu respondi.


- E nem tentou descobrir quem era? – perguntei ainda sem acreditar.


- Eu não! Humilhando você já basta pra mim, queridinha! – ela exclamou, então simplesmente deu as costas.


Cartas anônimas, né? Agora não sei em que acreditar, mas tudo indicava que ela não estava mentindo... Gravelle nem sabe ler, eu acho. Ah, sabe sim, ela leu a carta. Mas o Feitiço Colante ela não sabe, tenho certeza.


E quem for o autor disso, vai me pagar!




Maria POV:


Era um falatório completo no coral. Lily e eu éramos as mais escandalosas, e com razão. Alice também, pois Franco tinha sido vítima daqueles cartazes difamadores. Defender as amigas ela não quer, já o namorado...


Fala sério, uma pessoa tinha que saber que está no caminho da morte escrevendo aquilo sobre mim! É claro que eu não vou deixar a limpo, quando eu pegar o pescoço e um facão emprestado da Famy, a elfo doméstico, todo mundo que me subestimou vai calar a boca...


- Gente, garotas, acalmem-se! – a voz de Moreau se elevou em meio aos protestos. – Eu sei, eu sei o que estão fazendo! Mas vamos ficar calmos...


- Calmos? Calmos? – perguntei com a voz esganiçada. – Professor lindo, sabe o que estão falando de mim? Não tenho mais paz agora, risadas e cochichos me acompanham por todos os lados!


- Você merece – Dorcas comentou, e eu ignorei. Minha raiva não estava nela, a não ser que seja ela a pessoa que está fazendo isso, o que eu ando constatando que é mentira.


- E eu então? – Lily falou nervosa. – Aqueles cartazes foram as portas para a humilhação! Estão usando isso pra acabar com a minha vida! Pra vocês terem uma ideia, todos os cartazes falando de mim já estão lotados de rabiscos! Simplesmente acabaram com meu ego, eu nem sabia que era tão odiada...


- Eu sei Lily, mas vamos resolver isso, certo? – Moreau parecia estressado. – Ainda mais que eu desconfio de quem seja...


- QUEM? – gritei, estalando os dedos. – Vou pegar essa pessoa e quebrar osso por osso e jogar na trituradora...


- Maria – Moreau me repreendeu. – Acho que Stanley tem autoridade o suficiente por ser professora também.


- Stanley? – Alice exclamou. – Mas é claro! Como não pensamos nisso?


- Por que ela faria isso? – Lily perguntou.


- É um modo de deixar vocês vulneráveis, sensíveis, suponho – Moreau falou suspirando. – Está buscando o ponto fraco de vocês e expondo a toda escola para que na competição vocês estejam abalados o suficiente para ir mal e perderem.


- Cara, ela é um gênio – Dorcas comentou.


- Mas por que não contam isso a Dumbledore? Por que não tomam uma atitude contra ela? – Lily disse, indignada. – Além de tudo o que ela fez, ela diz para o coral dela jogar gosma verde na gente, igual naquela competição...


- Que você me culpou – James lembrou.


- Já me redimi – Lily disse.


- Voltando ao assunto – falei. – Professor, temos que fazer alguma coisa! Temos que nos vingar!


- Tem razão, Maria, temos que fazer alguma coisa, mas não se vingar – Moreau disse. – Eu tenho uma ideia que fará vocês se voltarem contra tudo o que Stanley anda fazendo, inclusive com isso que aconteceu recentemente com Sophie.


- O quê? – perguntamos, curiosos.


- Uma lição – Moreau andou até o quadro e escreveu "DEFEITOS". – A lição da semana será cantar músicas ou fazer números relacionados a aceitar si mesmos, expressar que aceitam vocês mesmo do jeito que são, aceitar seus defeitos. Seja eles qual forem.


- E se a pessoa não tiver defeito, tipo eu? – Dorcas perguntou.


- Acabamos de achar um – cortei. – Miopia.


- Garotas, nem comecem – Moreau interrompeu. – Então, espero que façam a lição. Aprovaram?


- Eu gostei – Emelina falou animada. – Sophie tinha que estar aqui.


- Professor, posso? – James levantou a mão, então com um assentido de Moreau, pôs-se de pé. – Eu tenho o costume de fazer minhas lições assim que são passadas, assim eu tenho mais tempo depois.


James parecia tão tranquilo que parecia estar no coral desde que nasceu. Falou alguma música para os músicos, que logo começaram a tocar.


Whether I'm right or whether I'm wrong


Whether I find a place in this world or never belong


I gotta be me, I've gotta be me


What else can I be but what I am


Sirius fazia algumas gracinhas enquanto James continuava a cantar. Tinha um sorriso hesitante no rosto, mas foi se soltando aos poucos.


I want to live, not merely survive


And I won't give up this dream


Of life that keeps me alive


I gotta be me, I gotta be me


The dream that I see makes me what I am


Aí ele já começou a dançar, claro que olhando para Lily. Ela estava séria, não mostrava nenhum pouco de emoção. Eu, como legítima melhor amiga dela, já consegui ler sua mente, que estava pensando exatamente isso: "MERLIM, QUE PEDAÇO DE MAU CAMINHO!"


That far-away prize, a world of success


Is waiting for me if I heed the call


I won't settle down, won't settle for less


As long as there's a chance that I can have it all


I'll go it alone, that's how it must be


I can't be right for somebody else


If I'm not right for me


I gotta be free, I've gotta be free


Daring to try, to do it or die


I've gotta be me


Moreau parecia felicíssimo sentado perto do piano, enquanto eu e as outras garotas soltavam gritinhos, e Sirius por vezes gritava "Gostoso!" de brincadeira. Pffff, tem gente que esqueceu de crescer. Lily continuava com o pensamento citado anteriormente.


I'll go it alone, that's how it must be


I can't be right for somebody else


If I'm not right for me


I gotta be free, I just gotta be free


Daring to try, to do it or die


I gotta be me


A música finalizou com James completamente extasiado, e palmas e assobios altos seguindo sua reverência. Foi realmente bom, e quase consegui ver um sorrisinho em Lily. Quase.


- James, muito bem! – Moreau tinha os olhos brilhantes, enquanto batia nas costas dele. – Era exatamente disso que eu estava falando!


James sorria significantemente pra Lily, que tinha corado até a raiz. Meu Merlim, ainda quero viver pra ver esses dois se acertarem!


Mas, enquanto isso, vou acertar a cara de Stanley. Céus, me controle antes que eu vá pra Azkaban, porque foi realmente difícil controlar meus impulsos quando eu vi aquela loira falsificada andando por aí. Se ela não fosse professora...


Bom, nada significa que algo não possa acontecer acidentalmente com ela, professora ou não. Como por exemplo, um balaço "descontrolado" bater em sua cabeça e ela morrer por trauma craniano, ou tomar um hidromel envenenado mandado por um desconhecido, ou tropeçar sem querer e cair da Torre da Astronomia, ou escorregar e bater a cabeça da quina e morrer, ou ter a garganta cortada por uma faca voadora, ou...




Emelina POV:


- Oi, amor! – exclamei, o abraçando por trás quando o vi andando pelo corredor, sozinho. – Indo jantar?


- Sim – ele sorriu. – Como foi no coral?


- Não, não, nada de coral, não quero nada interferindo nosso namoro – cantarolei. – Não vamos falar de coral, porque somos meio que "inimigos" por sermos de casas diferentes.


- Inimigos? – Benn ergueu as sobrancelhas charmosamente. – Longe disso.


- É o que sai no MacMcMea – fiz uma careta.


- Ainda lê aquele jornal idiota? – Benn bufou.


- Dorcas é minha amiga, ela praticamente me força a ler – dei de ombros. – Mas não dou muita atenção, já não sou tão popular assim, não é?


Benn não fez outro comentário. Continuávamos a andar de mãos dadas para o Salão Principal.


- Mudando de assunto, fui visitar Sophie agora pouco – comentei.


- Como ela está?


- Quase não acreditei. Ela simplesmente mudou de um dia pro outro – falei, realmente surpresa. – Ela continua magra, mas agora melhorou o humor, por exemplo. Madame Pomfrey disse que antes ela tinha derrubado a bandeja de sopa no chão, toda nervosa, mas hoje ela parecia ter sido exorcizada! Foi super estranho, sabe. Eu tenho medo de que na verdade ela esteja fingindo só pra sair de lá, mas acho que ela não consegue controlar o humor dela... Ela não sabe nem controlar a alimentação, não é mesmo? Eu não sei se ela agora come bem, mas Madame Pomfrey disse que ela está começando aos poucos. Sabe como é né, tudo dependendo das poções, ela vai melhorando aos poucos. E é verdade, já que o humor dela já melhorou! Isso me alegrou um pouco, e Sophie até riu das bobagens da Dorcas! Foi realmente...


- Emelina, espera! – Benn me interrompeu. – Estão olhando pra gente.


Corrigindo meu amado namorado, estão olhando pra mim. Ai caramba!


- Estão vindo daquele corredor – falei, apontando para o corredor ao lado do acesso para o Salão Principal. – Benn, acho que colaram cartazes sobre mim!


- E ainda restam dúvidas? – ele bufou, então fomos juntos com certa hesitação para onde todos saiam, enfrentando risadinhas e comentários. Sem dúvidas, essa é a pior coisa do mundo.


Chegamos aos cartazes, que foram um baque no meu peito. Diziam: "EMELINA VANCE – A FAMOSA VIRGENZINHA" junto com minha foto e alguns rabiscos nela. Essa doeu de verdade.


- Virgenzinha? – Benn tinha o rosto retorcido. – Por que diriam isso?


- Deve ser... Deve ser porque eu nunca tinha namorado ninguém... – falei baixinho, começando a sentir meu olho lacrimejar.


- Droga, mas que idiotas! – Benn socou a parede; Merlim, será que ele sabia quem eram? Será que eram seus amigos, a mando de Stanley? Bom, graças a Merlim parece que ele não sabia... – Vou ficar mal falado também!


Eu ainda fungava, quando Benn olhou para mim, irritado. Por fim apenas suspirou e me abraçou, deixando eu soluçar em seu peito. Era tudo o que eu precisava.


Eu me sentia idiota, pois eu estava fracassando no que Moreau tinha dito. Estou ficando vulnerável e sensível com tudo o que pensam sobre mim. E eu nunca, nunca, ia conseguir superar isso.




Lily POV:


- Ainda me pergunto como a foto da Evans coube naqueles cartazes com toda a gordura dela! – ouvi Gravelle comentar com suas amiguinhas daqui. – Ela está se achando porque mudou um pouco o visual e se arrumou, mas nada impede que a gente veja aqueles pneus saírem pra fora da roupa...


Suspirei, me controlando, enquanto Alice e Maria conversavam a respeito de Stanley. Maria, aparentemente, tinha bolado um plano pra fazer Stanley rolar a escadaria.


- É só você a distrair que eu passo uma rasteira! – Maria falou.


- Pare de loucuras, Maria. E pare de frescuras, Lily. Coma agora. Faz mais de uma semana que não te vejo comer, e eu estou com você em praticamente todas as refeições! – Alice exclamou.


- Para, para, para! – cortei. – Alice, é claro que eu comi!


- Você está pálida, Lily.


- Não, não estou. Estou em um regime saudável e bem controlado – falei. – Não sou como Sophie, como você pensa. Estou bem e não estou com fome.


- De novo com isso, Lily? – James se sentou ao meu lado, acompanhado de Sirius. Congelei. – Alice, ela não está comendo?


- Não! James, você é minha solução...


- Solução o caramba! – a fuzilei com o olhar. – Estou completamente bem, e não estou nenhum pouco faminta.


- Por que está fazendo regime, ruiva? – Sirius perguntou. – Está muito bem.


- Obrigada, Sirius, mas eu realmente preciso fazer. Desde o ano passado isso está pendente, e a hora de tomar uma atitude chegou – respondi. – Não quero chegar na formatura parecendo um poço de banha.


- Lily, com todo respeito, dá pra você calar essa boca? – James falou, porém suavemente. – Você não tem nada de gorda, nada de feia, nada! Está perfeita!


Corei até meu rosto pegar fogo e eu morrer. Ok, exagero. Mas foi quase isso. Pigarreei antes de responder.


- Já disse que estou demasiada acima do peso, e preciso me controlar senão vou acabar por rolar a escada.


- Será que se eu fizer a Stanley comer muito ela rola a escada e morre? – Maria perguntou de boca cheia, mas ninguém respondeu.


- Sinceramente, Lily, nos responda quanto tempo faz que você não come – James me olhou profundamente, e se eu não tivesse desviado o olhar era certeza que eu teria sido sincera.


- No almoço.


- Mentira, eu não te vi comer! – Alice apontou o dedo acusatoriamente. – Lily, hoje eu escutei seu estômago roncar enquanto estávamos na biblioteca, e quando você foi se levantar você cambaleou feito bêbada. Você vai acabar indo pra enfermaria também!


- Alice, notou o tanto que você está exagerando?


- Lily, notou o tanto que você está suando? – retrucou.


- Está se sentindo bem? – James me olhou.


- Argh! – bati as mãos na mesa. – É claro que estou bem, completamente bem! Claro, se vocês dois não ficassem me atormentando o tempo todo com esse negócio de "come, Lily" pra lá "come, Lily" pra cá. Eu estou bem, ok? Completa e inteiramente bem!


Então me pus de pé com ferocidade, e senti o mundo girar ao meu redor. Minha vista embaçou, minha cabeça doeu. E eu desmaiei.




Alice POV:


Vi os olhos verdes de Lily piscarem.


- Maria, Maria, ela acordou! – anunciei, e Maria veio correndo pra beirada de sua cama. Lily se remexeu, incômoda. – Acorda, Lily...


- O que... – ela foi perguntando.


- Licença, licença! – Madame Pomfrey veio com uma poção em mãos. Outra. – Tome Evans, vai te fazer bem.


- Quê? – ela perguntou fraco, mas Madame Pomfrey já a fazia entornar o copo. Lily tossiu.


- Muito bem. Vocês duas, acho que já está na hora de irem para o dormitório – Madame Pomfrey nos olhou com reprovação.


- Ah, por favor! – Maria exclamou indignada. – Mal entramos aqui, além de ter expulsado James e Sirius! Só mais um pouco, por favor!


A enfermeira simplesmente suspirou, e saiu pra sua salinha.


- Lily, está se sentindo bem? – perguntei, passando a mão em sua testa encharcada.


- Minha cabeça dói – Lily se sentou ereta na cama, acariciando a cabeça. – O que aconteceu mesmo?


- Você desmaiou. E por que mesmo? Ah, porque não se alimenta direito! – ralhei.


- Eu desmaiei? – ela arregalou os olhos. – No meio do Salão Principal?


- É, e foi uma bagunça – Maria começou a contar. – Você ia direto pro chão, quando James te pegou no colo rapidamente e trouxe você correndo pra cá.


- Foi tão lindo! – exclamei, e Lily fazia uma careta atrás de outra.


- Queria ter visto! – Sophie, deitada na cama do lado, exclamou com um sorriso de todos os dentes. Ela tinha se levantado e chamado Madame Pomfrey em sua sala quando chegamos desesperados com Lily. – Oi, Lily!


Lily sorriu um pouco para ela, mas a seguir fez outra careta, acariciando a cabeça.


- Não acredito, Lily! Eu realmente queria dizer que eu bem que te avisei, mas você parece com muita dor de cabeça para isso! – falei, e Lily suspirou.


- Não sabia que ia levar a isso.


- Não sabia? – bufei. – Quer que eu dê replay no que eu falei, quer?


- Não precisa – Lily abaixou a cabeça. – Desculpe.


- Peça desculpas a si mesma por ter sido tão irresponsável com sua alimentação – eu disse. – Não sei como você se acha feia, Lily! Olhe pra você, olhe como você é! Você não é gorda, e é realmente frustrante saber que você dá mais atenção no que Gravelle diz do que eu, sua amiga, diz.


Lily não respondeu, continuava silenciosa. Suspirei.


- É melhor a gente ir. Madame Pomfrey vai enlouquecer.


- Vocês vão me deixar aqui? – Lily perguntou, incrédula. – Por quê? Não é só eu comer e pronto?


- É meio que um castigo por não ter me ouvido – sorri maldosamente. – Madame Pomfrey disse que por via das dúvidas tem que deixar você aqui, nunca se sabe se terá uma recaída.


- Pelo menos você me fará companhia, Lily! – Sophie falou animadamente.


Lily continuava estupefata, olhando de mim para Maria com o olhar suplicante. Eu e Maria demos um beijinho nela e em Sophie antes de sairmos. Então, antes de fecharmos a porta, Lily nos chamou.


- Sim? – perguntei.


- Fala pra... James que eu... – ela mordeu o lábio. – Fala pra ele me visitar depois, tá?


Fiz um sinal afirmativo antes de sair, e quando fechei a porta, eu e Maria começamos com uma longa dancinha da vitória.




Remo POV:


- Temos uma amiga anoréxica e outra bulímica, é isso mesmo? – Emelina perguntou, assustada, enquanto Alice assentia.


- Essas garotas andam precisando de um namorado – Dorcas falou despreocupada, lixando suas unhas.


- Falou a garota que não é solteira – Maria revirou os olhos.


Antes que Dorcas respondesse, Moreau foi entrando na sala com sua maleta debaixo do braço.


- Olá pessoal. Vamos começar?


- Espera! Cadê o James? – perguntei, olhando ao redor.


- Tô aqui – o mesmo adentrou a sala, bufando pelo nariz. – Eu vou matar aquele Snape, simplesmente matar!


- O garoto do cabelo que eu achava um arraso? Por quê? – Dorcas questionou, visivelmente interessada numa fofoca.


- Espalharam um cartaz sobre mim dessa vez! – ele fechou os pulsos, nervoso. – Escrito "veadinho". Eu vou matar ele!


- Por quê? – Beth perguntou sem entender. – O que Snape tem a ver com isso?


- Tenho certeza que foi ele que espalhou que eu me transformo em cervo. Mas com certeza não explicou o porque disso, apenas deu a dica. Assim como Gravelle fez com Lily...


- Mas ele sabe? – Moreau pareceu surpreso.


- Ele foi xeretar uma vez – Sirius falou entre aborrecido e risonho por causa dos cartazes. – Acabou descobrindo.


- Que idiota! – Maria exclamou.


- De novo esses cartazes? Eles não vão parar enquanto não citarem todos nós não é? – Emelina tremeu, e eu a consolei.


- Pelo visto não – Jason suspirou.


- Mas aquele Ranhoso desgraçado! – James continuava a xingar. – Vou acabar com a raça daquele Seboso filho da mãe...


- Ainda bem que Lily não está aqui, James – Alice comentou com um sorriso. – Ainda fica incomodada quando você fala assim dele.


- Onde está Lily? – Moreau perguntou.


- Anoréxica na ala hospitalar – Maria disse.


Aí tivemos que contar toda a história para Moreau, que ficou realmente preocupado com a ausência de duas no coral. Depois começamos a fazer outra lista de músicas natalinas, mas nunca chegávamos num ponto. Sean dava ideias incríveis, mas hoje ele estava mais preocupado por causa de Lily... Enfim, não tivemos muito sucesso nessa aula. James e os outros "atingidos" pelos cartazes mal participavam direito do aquecimento de voz, ainda nervosos por serem as vítimas. Não era a toa; ultimamente, por qualquer lugar que passávamos, cartazes com vários rostos rabiscados nos cercavam, apenas rostos do nosso coral.


O que me preocupava, porém, era o que escreveriam sobre mim. Se já quase deixaram na cara o segredo de James, como seria o meu segredo, que, segundo Dorcas, era a bomba do século?




Lily POV:


Sean, Maria, Alice, Sirius, Remo, Emelina, John, Jason e até mesmo Dorcas haviam me visitado. Mas a pessoa que eu mais queria nem tinha dado as caras por ali. Será que Alice e Maria não tinham dado o recado? Traíras! Ou será que James não queria me visitar... Estava me evitando por causa de algum motivo desconhecido? Merlim, acho que vou enlouquecer...


Enfim, minha "estadia" na ala hospitalar não estava lá das ruins. Sophie estava na cama ao lado da minha, por isso conversávamos simplesmente o tempo todo, fora os que ela dormia por causa das fortes poções que Madame Pomfrey dava a ela. Eu a observava relutar a comer, mas dava pra perceber que ela estava fazendo um esforço. Quanto a mim, me rendi a comer, tudo pra sair dali rápido. Na verdade, nem sei porque eu estava ali ainda! Eu estava bem, completamente faminta agora... Mas Madame Pomfrey é capaz de me deixar ali até o Natal.


Eu e Sophie tivemos muitas conversas, inclusive sobre o mundo trouxa. Foi uma surpresa pra mim saber que ela conviveu com os trouxas por muito tempo, mesmo vindo de uma família de sangue puro. É que sua mãe praticamente obrigou ela e Jason a estudar em escolas trouxas enquanto não vinham para Hogwarts, tanto para se familiarizar com seus costumes, quanto pelo fato de que sua mãe não tinha tempo para ensiná-los em casa. E falamos da nossa saúde também; foi uma conversa bem franca, confesso.


- Eu não conseguia me enxergar magra – ela disse, franzindo a testa. – Parecia que quanto mais eu me olhava no espelho, mais eu engordava.


- Acho que não cheguei nesse estágio – falei com sinceridade.


- Ainda bem – ela sorriu. – Mas de alguma forma estamos no mesmo barco, não é? Agindo de maneira errada com nós mesmas por causa do que os outros pensam...


- Você começou com tudo isso por causa do que passava no seu colégio antigo? – perguntei.


- Sim, e era horrível – ela fez uma careta. – Eu acordava chorando para ir pra escola, pensando no dia que eu tinha pela frente. Eu queria mais do que tudo sair dali o mais rápido possível, queria vir pra Hogwarts, finalmente. E por eu ser um pouco gordinha, eu esperava que feitiços me ajudassem a emagrecer, mas minha mãe fez questão de jogar na minha cara que isso não existia – ela bufou. – Nos meus últimos meses da escola trouxa, comecei a fazer um regime, como você, e na altura que vim para Hogwarts, eu já tinha emagrecido bastante. Passei a comer pouco, mas de uns tempos pra cá, tudo pareceu pegar mais pesado, então comecei com os vômitos...


Não respondi; cheguei a me sentir realmente culpada com tudo aquilo.


- Você é linda, Lily – ela falou calmamente. – Por favor, não vá pelo mesmo caminho que eu. Você não é gorda, e está realmente longe de ser feia.


- Só que eu simplesmente não me acho bonita – dei de ombros. – Olho no espelho e não fico contente com minha aparência.


- Pois deveria... – ela comentou. – Aposto todos meus galeões que metade dos meninos dessa escola dariam tudo pra namorar você.


Bufei tanto que cheguei a gargalhar, mas ela não negou depois disso.


- Você me promete uma coisa? – ela falou depois de um tempo, completamente animada. Eu nunca tinha visto esse lado nela; sempre tão controlada e séria, parecia outra pessoa. – Além de parar de fazer regimes loucos.


- O quê? – perguntei interessada.


- Já que somos duas garotas completamente complexadas com peso e aparência... – ela começou, os olhos brilhando. – Quando sairmos daqui, ou melhor, quando eu sair daqui, já que é certeza que você saíra em breve... Você fará um dueto comigo.


Por essa eu não esperava, mas não tive como recusar. Ela parecia uma criança esperando um doce, e ficou ainda mais contente quando aceitei. Chegou até pular em mim me dando um forte abraço... Sério, essa era ela mesmo?


Bom, mas agora ela estava dormindo. Madame Pomfrey tinha dado mais outra poção, e ela tinha dormido instantaneamente. Assim, eu estava ali, sozinha, olhando pro nada, esperando alguma alma boa me fazer companhia, mas não tinha ninguém. Só a enfermeira que andava pra lá e pra cá, e as vezes me dava um chocolate, mas tudo era um tédio. Sophie não acordava, ninguém me visitava... Cadê meus amigos quando eu mais preciso deles?


- Srta. Evans, você tem uma visita – Madame Pomfrey informou. Céus, eu fui ouvida!


Olhei rapidamente para a porta, e meu coração mergulhou no lago e voltou. Era James, e... Nossa, era James. Foi inevitável sorrir, e ele retribuiu, andando com todo aquele jeitão despreocupado dele.


- Olá, Lily – ele me disse, seu sorriso me cativando por completo. – Está melhor?


- Fala sério, eu mais que mereço sair daqui – reclamei. – Estou ótima, e já estou comendo.


- Mesmo assim. Só pra certificar que não vai pisar na bola de novo. Acho que não querem que aconteça com você o mesmo que aconteceu com Sophie – ele olhou para ela, que dormia tranquilamente na cama ao lado.


- Eu não vou fazer nada disso – abaixei a cabeça, e só de um longo tempo ele voltou a falar.


- Mas então. Maria e Alice disseram que queria que eu te visitasse – ele disse alegre. – Pode falar.


- Er... – corei e corei e corei e corei e corei. – Queria agradecer por ter me... ajudado sabe. Quando eu caí.


- Não há de quê – ele continuava a sorrir. – Eu é que não ia te deixar cair.


Sorri, grata, e simplesmente não conseguia parar. Ele passou a mão nos cabelos. Argh! Vou revelar meu segredo íntimo: passar a mão naqueles cabelos. Merlim, pareciam tão macios e sedosos olhando daqui... Ops, ele percebeu que eu estava olhando. Desvia o olhar, desvia o olhar, desvia o olhar...


- Agora quero falar sério com você, Lily – ele me olhou, subitamente sério. – Sobre esse negócio de você se achar gorda e feia.


- Ah, outro não – gemi.


- Outro sim – ele pois o dedo no meu nariz, rindo. – É sério isso. Lily, quantas vezes vou ter que dizer que...


- Eu não sou gorda, que eu estou louca, que não sei de nada, que sou complexada, que sou cega e blábláblá – suspirei, impaciente. – Já ouvi tudo isso.


- Você é linda – ele simplesmente disse, o que me fez virar uma beterraba humana. – Não há ninguém nessa escola a quem eu diria isso, a não ser a você. Você é perfeita, Lily.


MEU MERLIM! Ele estava praticamente pedindo para que eu me agarrasse nele, não é? Mas é claro que não fiz isso, afinal, estava segurando minhas mãos fortemente na beirada da cama...


- Eu não acho isso – murmurei.


- Pois já passou da hora de mudar sua opinião – ele levantou a sobrancelha. – Deveria passar a ouvir mais as pessoas que te conhecem completamente, e não uma garota qualquer que te odeia.


- Está falando igual Alice – comentei.


- Ela está certa – ele sorriu, então consultou sem relógio. – Tenho que ir agora, Lily. Treino de quadribol.


- Tudo bem –falei completamente triste por dentro, desejando internamente que ele ficasse. – Bom treino.


- Melhoras – ele se curvou e depositou um beijo leve na minha testa. – Volto em breve pra te visitar.


Assisti ele se afastar, sorrindo, e só depois de muito tempo, tempo depois de ele ter saído, eu assenti. Sou muito boba, meu Merlim...


Soltei um longo suspiro e olhei para Sophie. Levei um susto danado, pois sua expressão agora era um sorriso completamente aberto.


- Vocês ficam muito fofos juntos, sabia? – ela riu, abrindo os olhos calmamente.


- Sophie, você estava ouvindo isso? – perguntei chocada, embora rindo.


- Cara Lily, minha curiosidade está no DNA, mas nunca demonstrei isso – ela falou. – Caramba, quando vocês vão ficar juntos de uma vez?


- Não sei – suspirei. – Tenho medo de me desapontar com ele.


- Como vai saber se nunca tentou?


Sabe Sophie McKinnon, você não está ajudando nenhum pouquinho.




Jason POV:


Estávamos novamente na sala de música. Agora tínhamos que ir para o coral todo santo dia, apenas fazendo aquecimento vocal e falando sobre números que poderíamos cantar. Francamente, não tínhamos ideia do que cantaríamos, e ninguém chegava à resposta para a música da competição, então pra quer tantos encontros?


Continuávamos a aquecer a voz, quando, de repente, veio um furacão. Bom, foi isso que me pareceu a primeira vista; Dorcas e Maria entravam chutando, gritando, esperneando, fazendo aquela bagunça de sempre. Mas dessa vez Maria gargalhava, gargalhava a ponto de cair no chão.


- FIZERAM CARTAZES SOBRE MIM! – Dorcas bradou com raiva. Parecia que ia explodir, tal a cor vermelha do seu rosto. – ISSO É INADMISSÍVEL!


- Querida, isso vai acontecer com todo mundo daqui, está na cara – Alice disse, então seus olhos brilharam. – Mas o que escreveram sobre você?


Maria gargalhou mais ainda no chão, e isso incitou ainda mais a curiosidade de todos nós. Dorcas não respondeu, apenas bufava, olhando para algum de nós que podia servir de saco de pancadas.


- O que escreveram, o que escreveram? – John perguntou, mas Maria não conseguia parar de rir para nos contar.


- Escreveram... – Dorcas começou, de nariz em pé, e todos se curvaram para ela. – Escreveram Dorcas Drogas.


Foi uma gargalhada geral, e até Moreau deu um pequeno sorriso. Os marotos eram os que mais riam alto, enquanto Maria terminava de morrer no chão. Dorcas tinha as narinas infladas, e foi assim que olhou para mim.


- E espalharam de você também, Jason – ela meio que sorriu. – Boca de Caçapa.


Mais e mais risos, enquanto eu a olhava sério. Boca de Caçapa, realmente? Quem foi que inventou isso? Demorou longos minutos pra que todos parassem de rir, com a ajuda de Moreau, que tentava controlar as risadas. Dorcas já havia se sentado, olhando revoltada para outra direção.


- Temos que parar com isso, pessoal – Moreau disse quando todos se calaram. – Esses cartazes já estão passando dos limites!


- Precisamos mostrar a eles que não nos importamos – Emelina falou.


- Exato. Por isso ainda me pergunto sobre a tarefa que passei a vocês. Por enquanto só James a fez – ele disse apontando para o maroto, que sorriu orgulhoso.


- Digamos que estamos sem inspiração – Dorcas resmungou. – Estamos cada vez mais próximos da competição e não temos nem músicas decididas! Simplesmente não há músicas natalinas apresentáveis numa competição!


- Eu tenho uma ideia! – Sean exclamou de repente. – Professor, se importa se não cantarmos canções natalinas dessa vez?


- Mas ouvimos boatos de que a Lufa-Lufa cantaria – Alice disse.


- Danem-se os boatos! – Dorcas falou. – Músicas natalinas é um saco.


- O que tem em mente, Sean? – Moreau perguntou interessado.


- Eu vou formular tudo primeiro, depois eu digo – Sean disse sorridente, mesmo recebendo xingamentos de todos por deixa-los na curiosidade.


- Oi gente! – Lily foi entrando na sala, enquanto Dorcas tentava chantagear Sean. – Madame Pomfrey me dispensou!


- Lily! – exclamamos, enquanto ela dava um abraço em todos, comunicando que estava bem.


- Lily, devo dizer que foi irresponsável por ter descuidado da sua alimentação ou você já levou broncas suficientes? – Moreau disse, enquanto a abraçava também.


- Já recebi o bastante, obrigado – ela riu, olhando de James para Alice. – Ah, Sophie mandou um abraço a todos, dizendo que espera voltar em breve também.


- Ela está bem? – perguntei rapidamente. – Acho que Madame Pomfrey nunca mais vai deixar eu entrar lá.


- Merlim, ela está completamente bem, tão animada! – Lily comentou enquanto se sentava ao lado de Maria e Alice.


- Mas e quanto a você? – Alice a fitou bem. – Está completamente curada?


- Sim, sim – Lily suspirou. – Mas vou ter que seguir uma lista de Madame Pomfrey – ela tirou um papel do bolso e desdobrou, começando a ler. – Café da manhã: um pão com manteiga, biscoitos, um copo de leite e uma fruta. Almoço: um prato de sopa e outra refeição disponível, o bastante para encher um prato. Jantar: idem ao almoço. Fazer uma refeição durante a tarde envolvendo alimentos ricos de vitaminas e cálcio. Francamente!


- Pode deixar que eu vou fazer questão de me certificar que você vai seguir essa lista – James sorriu para ela, que olhou para o teto.


O resto da aula foi normal. Continuávamos a conversar com Lily por vezes, aquecer a voz, persuadir Sean a nos contar de sua ideia que parecia tão animadora... Era agradável.


Desagradável, porém, foi andar pelos corredores ouvindo por todo lado gritarem "Boca de Caçapa". É, isso não era nada agradável.




Sean POV:


MacMcMea


As principais notícias de Hogwarts!


Sétima Edição.


Cantinho da Dorcas


(por Dorcas Meadowes)


"Olá Hogwartinianos! Estou aqui para mais uma edição do MMM, o jornal pra você ficar por dentro das fofocas do colégio! Bom, pelo menos é o que eu tento!


Primeiramente quero agradecer todas as cartas que vocês, meus fiéis fãs, me mandaram ao longo desses dias. Amo ouvir as opiniões e dicas de vocês, andam me ajudando muito!


Agora, paremos de enrolação. Vamos ao que interessa: fofocas!


Quem anda pelos corredores e não é tão antissocial para isso, sabe que cartazes difamadores, agora conhecidos como Cartazes da Humilhação, estão sendo espalhados pelas paredes do castelo. Particularmente, acho o autor disso um tremendo desocupado e que não merece o meu respeito – o respeito de ninguém, aliás. E todos sabem também que os únicos alvos dos Cartazes da Humilhação são apenas os membros do coral da Grifinória, o que deixa claro que os autores provavelmente são do coral oposto, Lufa-Lufa. Claro, não temos provas, mas como jornalista investigativa essa é minha suspeita. E ultimamente mais dois membros do coral sofreram com os Cartazes da Humilhação, Elizabeth (Beth) Cox, que espalharam cartazes escritos "Pura Banha" e Sirius (Maroto) Black, zoaram de "Pulguento"(?). Já deu pra perceber que os autores do Cartaz da Humilhação não são lá muito normais, mas é inegável que foi impossível rir do cartaz de Cox. Porém esses cartazes continuam a circular e fazer mais vítimas do coral da Grifinória, mostrando o quão impiedosos são esses malditos autores. Por enquanto apenas quatro dos quatorze membros ainda não tiveram seus rostos rabiscados e recebido ofensas por escrito nos mesmos cartazes, e são eles: Sophie McKinnon, Alice Brown, Sean McBouth e Remo Lupin. Muitos já começaram a fazer apostas de qual seria o apelido deles... Mas é lamentável a atitude dos membros dessa escola levarem isso a sério, e jogar gosma em seus rostos. Esperaremos mais maturidade dos estudantes.


Sobre o coral, de acordo com o que vemos por aí ainda mais com a influência dos Cartazes da Humilhação, o coral da Grifinória continua mal falada por aí! O coral da Lufa-Lufa continua como favorito, tudo por causa do acontecimento derradeiro da última competição. E você, qual seu coral preferido? Mandem-me cartas!


Agora vamos falar do casal Pevans, que a cada edição parece empacar mais e mais. A fofoca de que Evans foi parar na ala hospitalar por falta de alimentação rodou todo o castelo feito um furacão, ainda mais pelo fato de seu desmaio ter sido socorrido por Potter. Romântico? Bom, vamos ver agora as opiniões no Cantinho do Leitor!


Cantinho do Leitor:


- Sabe o que eu acho? Que já passou da hora de Evans agarrar o Potter de uma vez – H. J.


- Não gosto daquele casal. Sempre ouço falar deles, mas nada acontece. Se eles brigavam tanto no passado, é sinal que não devem ficar juntos, não é? – E. J.


- Ainda acredito que James vai ser meu – B. D.


- Eu não acho certo eles brigarem tanto, eles ficam fofos juntos! Sempre fico na torcida para ver os dois namorando – K. U.


- Não estou nem aí pra eles. Quero saber de Sirius Black, Sirius Black! Ainda espero que ele esteja solteiro, porque eu adoraria tirar todas as pulgas dele! – R. D.


- Eu estava presente quando Evans desmaiou. A cara que Potter fez quando viu ela passando mal foi a coisa mais linda do mundo! Ele realmente se preocupa com ela, e acho que esse tipo de proteção é digna de um namoro! – C. P.


- Sou contra os dois juntos, apenas isso – L. A.


Pergunte para Dorcas


(por Dorcas Meadowes)


Mandem cartas para esclarecerem todas suas dúvidas sobre Hogwarts, e, é claro, sobre mim! Vamos a mais perguntas!


- Por que está no coral? É tão patético e sem sentido. – K. K.


Querido (a), você teve o extremo azar de eu responder sua carta num dia que estou com um mal humor do cão. Primeiro: deixe de ser covarde e mande seu nome completo. Segundo: Aprenda a escrever antes de me mandar cartas, sentido se escreve com S e não com C. Terceiro: Você não pode dizer nada sobre o coral porque não está nele e não participa de nenhum. Quarto: Tenho certeza que você é solteiro. Quinto: Cuide de sua vida. Sexto: Eu estou no coral porque eu quero. Sétimo: Isso não é da sua conta.


- Você gosta do casal Pevans, afinal? – L. W.


Não me sobe nem me desce. Na verdade, não sei se gosto. Só acho que eles querem muito chamar a atenção, Potter com suas marotices e Evans com seus gritos de monitora. Assim não dá, né?


- O que achou do Cartaz da Humilhação de Jason McKinnon? Você não está interessada nele? – A. Z.


Evidentemente estou interessada nele, mas nada impede de eu ter adorado o Boca de Caçapa. Ele também amou o Cartaz da Humilhação que fizeram sobre mim, nada mais justo eu pensar o mesmo do dele.


- Não ficou brava com seu Cartaz da Humilhação, Dorcas Drogas? – F. R.


Eu achei uma tremenda bobagem, confesso. Todo mundo acha que sou drogada por causa de minhas atitudes, mas querido, esse é apenas meu jeito de ser, e nada muita isso. Nem um cartaz estúpido. Estúpido como você.


Pode nos contar um pouco o que podemos esperar para a próxima competição? - J. F.


Mas é claro que não! Porém vou deixar uma dica para os lufanos cantores: abram seus olhos.


- Só por que Sophie McKinnon é sua amiga você não posta notícias sobre ela? Todo mundo sabe que ela está bulímica, e você nunca disse nada a respeito no jornal. – K. C.


Eu esqueci de mencionar? A coluna é minha e eu publico o que eu quiser nela.


Encerro minha participação no MacMcMea agradecendo novamente as cartas dos leitores. Nunca recebi tantas corujas assim na minha vida! Até a próxima edição, que será posterior à competição para dar detalhes bombásticos dos acontecimentos!


Xoxo.


Dorcas Meadowes.


Maria Entrevista


(por Maria MacDonald)


Olá leitores! Eu, Maria MacDonald, estou de volta com mais uma coluna de Maria Entrevista. Hoje temos muitas novidades por aqui, que é entrevistas com os professores da nossa querida escola! Recebi milhares de sugestões quanto a isso, por isso decidi ouvi-los. Todos sabem que minha preferência é sempre entrevistar meus amigos do coral e outros extras, mas decidi estender isso, e por isso confiram agora a novidade!


- O que você acha do Cartaz da Humilhação?


Realmente quer que eu diga? É a coisa mais idiota que já aconteceu nesse castelo, depois do Jornal da Dorcas – Alice Brown.


Eu só queria descobrir exatamente quem fez isso. Ia ser arrepender muito – Sirius Black.


NOVIDADE! Esses cartazes foram feitos apenas para atingir o interior das vítimas. Por um lado isso chega a ser um modo para treinar a ignorância, deixando de lado o que as pessoas pensam e falam de você. É como uma lição para você valorizar seu verdadeiro eu – Alvo Dumbledore.


Eu já andei tentando descobrir quem está sendo o autor de tudo isso. Além de poluir as paredes do castelo com ofensas de baixo calão, ainda é um exemplo de violência verbal para os outros alunos – Minerva McGonagall.


Se eu pego quem foram esses desgraçados que colaram a porcaria desses cartazes! Não são eles que limpam, não é mesmo? – Argo Filch.


Acho que o autor desses cartazes são tão zoados quanto nós, pois usam isso para descontar algo que acontece com eles mesmos. Minha opinião – Emelina Vance.


Um gênio [o autor dos cartazes], simplesmente isso! – Pirraça.


Encerramos o Maria Entrevista de hoje. Quer opinar? Mandem-me cartas e não colem cartazes meus pelas paredes, que fique a dica. Encerro também o MacMcMea de hoje, pois o último colunista, Jason McKinnon, não fará sua coluna hoje por razões que receio ele explicará depois.


Um grande abraço a todos e até a próxima!


Maria MacDonald.




Lily POV:


- Sean, não fique assim! – o consolamos enquanto caminhávamos para a sala de música, de novo. A competição já seria no próximo fim de semana, e adivinha? Nada preparado! Tínhamos que parar com isso... – Esses cartazes são uma pura idiotice!


- Tudo bem, vocês disseram que todo mundo sabe que sou gay, mas... – ele suspirou. – Precisava deixa tão explícito assim? E precisavam todos aqueles xingamentos horríveis embaixo da minha foto?


- Se você andar por esse castelo, verá que todo mundo está passando por isso – Maria disse.


- Mas ninguém escreveu "Bichinha" sobre você, escreveu? – Sean falou com raiva. – O pior foi Jenny me abordando... Ela simplesmente odeia essa ideia.


- Sean McBouth, fala sério! – exclamei nervosa. – Você realmente está ligando pro que ela pensa? Ela é sua amiga desde que nasceram, tá. Mas ela devia te aceitar como você é!


- Ela está me defendendo – Sean falou baixinho, enquanto nos sentávamos nas cadeiras.


- Defendendo? – Alice perguntou com sarcasmo. – O verbo "julgar" mudou no dicionário?


- Vocês não a entendem.


- Nós não entendemos você – corrigi. – Está na cara que ela é uma vaca.


- Nunca gostei muito de Schain – Emelina comentou.


- Claro, porque ela é super amiga do seu namorado também – Alice deu uma risadinha, e Emelina não disse mais nada, apenas confirmando.


- Bom dia, pessoal – Moreau entrou, sorrindo. – Estão todos aqui?


- Professor, sem querer pressionar – Dorcas levantou a mão. – Mas será que poderia adiantar nosso número da competição? Não conseguiremos ensaiar em tão pouco tempo!


- Sean me passou suas ideias, e são incríveis – os olhos do professor brilharam. – Por ora ainda não vão saber, mas garanto que vão aprovar, e que aprenderão rápido a coreografia.


Foi um tumulto de exclamações indignadas, mas depois nos calamos rapidamente.


- Bom, por sorte esse nova coreografia não depende de pares – ele continuou. – Sophie ainda não voltou da ala hospitalar, portanto está quase confirmado que ela estará fora dessa competição...


- Nem pensar! – uma voz conhecida disse, então Sophie veio entrando na sala. Foi exclamação atrás da outra. Merlim, como ela estava... Irreconhecível! Ela não vestia as vestes de Hogwarts, e sim um vestido meio rodado e florido que combinava perfeitamente com seus olhos, que agora tinham um brilho que nunca teve antes. E... Merlim! Ela não estava mais magra! Ao contrário, estava até exuberante... Sem falar nas suas maçãs do rosto rosadas e seu sorriso todo aberto. Estava completamente diferente, e sua presença até encheu a sala. – Não acredito que cogitou essa possibilidade, professor!


As garotas todas ficaram de pé e correram para abraça-la. Era incrível como ela estava tão diferente e de bom humor, ria e tudo mais enquanto todos davam-lhe boas vindas.


- Obrigada gente, muito obrigada – ela falou animada. – Depois dessa experiência terrível, acho que não vou ficar longe daqui por muito tempo.


- Pelo menos agora você aprende a se cuidar direito, não é? – Emelina disse.


- Sim, mas isso não significa que vou comer até virar um balão – Sophie riu. – Decidi virar vegetariana, assim eu posso cuidar da minha saúde equilibradamente ao mesmo tempo em que como bem.


- Isso é ótimo! – Alice exclamou, batendo palminhas.


- E devo dizer que fiquei realmente magoada que ninguém apareceu lá na ala hospitalar para fazer um número pra mim, já que eu ouvi que fizeram isso com Remo – ela ralhou, com humor, olhando para Emelina com as mãos na cintura. Emelina e Dorcas também estavam abobadas com sua mudança.


- Mas Soo, nada significa que não podemos fazer um número aqui – me coloquei de pé. – Pronta?


- Ah, é mesmo! – ela exclamou feliz, enquanto todos se entreolhavam, confusos. – Gente, enquanto estávamos na ala hospitalar, tudo causado pela alimentação incorreta, combinamos de fazer um número. Chegamos até a cantar lá, e Madame Pomfrey fez voz de coro!


Todos riam enquanto eu e Sophie corríamos para pegar dois banquinhos e depositá-los em frente ao piano. Sophie explicava tudo aos músicos nesse meio tempo.


Olhei de lado para Sirius para ver sua reação, depois de tudo que fiquei sabendo sobre ele e Sophie. Ele tinha uma expressão tão... Abobada. Babava feito um cachorrinho, literalmente.


Então a música começou, e eu e Sophie sentamos nos dois banquinhos. Soo estava completamente extasiada enquanto cantava.


I wish could tie you up in my shoes


Make you feel unpretty too


I was told I was beautiful


But what does that mean to you


Look into the mirror who's inside there


The one with the long hair


Same old me again today, yeah


Depois foi minha vez de cantar:


My outsides look cool


My insides are blue


Everytime I think I'm through


It's because of you


I've tried different ways


But it's all the same


At the end of the day


I have myself to blame


I'm just trippin'


Quando nossas voz se juntaram, foi como se encaixassem perfeitamente. Sua voz estava firme, outro argumento que me fez perguntar se tinha mais daquela poção de Madame Pomfrey no estoque.


You can buy your hair if it won't grow


You can fix your nose if he says so (ah ah ah)


You can buy all the make up


That M.A.C. can make


But if you can't look inside you


Find out who am I too


Be in the position to make me feel


So damn unpretty


I feel pretty,


Oh, so pretty,


I feel pretty and witty and bright!


Não tinha um que não sorria na sala. Beth tinha fechado os olhos, se balançando ao ritmo da música junto com John, enquanto Moreau tinha aquele ar orgulhoso de professor.


And I pity


Any girl who isn't me tonight.


Oh oh oh oh oh


Oh oh oh oh oh (Tonight)


Oh oh oh oh oh


Oh oh oh oh oh (Tonight)


James tinha feito um sinal positivo para mim, me fazendo sorrir. Sophie segurou minha mão para cantar a última parte da música.


You can buy your hair if it won't grow


You can fix your nose if he says so


You can buy all the make up


That M.A.C. can make


But if you can't look inside you


Find out who am I too


Be in the position to make me feel


So damn unpretty


I feel pretty


but unpretty.


Quando a música finalizou, todos rapidamente ficaram em pé, aplaudindo e assobiando. Abracei Sophie, rindo, enquanto todos ainda batiam palmas...


Mas era inegável que Sophie estava bem, mudada e completamente curada. Nem parecia que era uma bulímica! O que poções mágicas não podem fazer...


Foi algo bem memorável pra mim, porém, eu ainda não conseguia me olhar no espelho e me achar bonita. Aquelas sardas...




Sophie POV:


- Estou tão feliz! – Lina me abraçou de novo, fazendo-me rir. – So, eu nunca tinha te visto assim! Você está tão diferente, mudada, linda!


- Quer dizer que eu era feia? Obrigada, Emelina – xinguei, e ela ficou séria. Não resisti e ri a seguir. – É, eu sei que estou diferente, mas a verdade é que vocês não me conheciam direito.


- Como assim? – Dorcas perguntou.


- Essa Sophie McKinnon sempre existiu, mas vocês não chegaram a conhece-la antes. Eu era assim desde que nasci, era até meio marota – eu ri. – Era a peste da minha casa, pode perguntar para Jason. Só quando eu entrei praquela escola trouxa pavorosa eu comecei a me revoltar com a vida, e aquilo me tornou uma pessoa meio melancólica. E foi assim que vim para Hogwarts. Mas eu sempre fui cheia de humor, e tudo isso voltou com essa minha recuperação. Foi a melhor coisa que aconteceu!


- Eu que o diga! – Lina bradou, contente. – Você está ótima!


- Até ganhou um tanto de olhares de alguns garotos da Corvinal – Dorcas assentiu.


- Quem sabe dessa vez eu não arranja um namorado, finalmente? – falei, e Lina riu.


- Quer que eu fale pra Benn te apresentar algum amigo?


- Fala sério, Lina. Sophie é garota disso? – Dorcas revirou os olhos.


- Claro que sou – falei, para a surpresa delas. – Se forem bonitos e legais, porque não apresentar?


Lina e Dorcas trocaram um longo olhar assustado, enquanto eu ria.


- O que vocês acham de ir pra biblioteca estudar um pouco? – sugeri.


- Vai dizer que essa Sophie também gosta de estudar? – Dorcas perguntou incrédula.


- Claro que não, quem gosta? – bufei. – Mas eu sei que estou péssima em Feitiços, por isso se eu quiser ir bem nos benditos NIEM's, tenho que estudar, não é?


- É assim que se fala! – Emelina falou animada.


Por fim só eu e ela fomos para biblioteca. Dorcas preferiu ir para o Salão Comunal para ler as cartas de seus leitores. Eu e Lina ríamos pelo corredor, falando de qualquer bobeira, quando avistamos Alice e Sean correrem à nosso encontro, um ar preocupado.


- So, você está bem? – eles falaram cautelosos. – Por favor, apenas ignore.


- Do que vocês estão falando? – franzi a testa.


- Ela não sabe – Alice disse para Sean. – So, é que... Bem. Espalharam cartazes seus.


Emelina ofegou, e Sean me olhou com cuidado.


- O que escreveram? – perguntei, interessada.


Alice e Sean simplesmente me levaram a um corredor que dava acesso ao banheiro dos monitores. Lá, milhares de cartazes com meu rosto acompanhavam o título "SOPHIE MCKINNON – A VARA-PAU". Olhei para aquilo completamente chocada. Emelina e Alice me consolaram rapidamente.


- So, eles são uns idiotas... – Alice falou baixinho.


- E todo mundo está passando por isso também – Emelina acrescentou.


Elas ficaram um bom tempo me fitando, esperando que lágrimas descessem, mas eu simplesmente gargalhei, alto o bastante para ecoar pelo corredor. Os três trocaram olhares chocados enquanto eu me dobrava de rir, e foi assim por muito tempo, até eu acariciar minha barriga e falar.


- Sinceramente, vocês acham que estou ligando pra isso?


- Você não está triste por terem escrito isso sobre você? – Sean perguntou surpreso.


- Caramba, não! – exclamei. – Isso é tão bobo que merecia um prêmio.


- So...


- Eu não sou mais a antiga Sophie, lembra Lina? Aquela que ficava se deprimindo por coisas idiotas, isso não existe mais – lembrei. – E daí se escreveram que sou uma vara-pau? Eu sou magra mesmo, e daí? Pelo menos agora minha saúde estará intacta, e isso ninguém pode contestar.


Bom, eles ficaram um bom tempo me olhando sem acreditar, e eu simplesmente ri e acabei por seguir sozinha para a biblioteca. Acho que eles estão lá petrificados até agora. Enfim, estudei um pouco Feitiços, li alguns tópicos importantes de alguns livros e pronto. Eu merecia um descanso, afinal. Devolvi o livro e saí em direção ao Salão Principal. Estava na hora da janta, e eu precisava comer.


E, no caminho, encontrei Sirius Black. Estava na cara que tinha sido por acaso, porque ele ficou realmente surpreso.


- Oi – falou, sério, me olhando com cautela. Agora todo mundo vai ficar me olhando como se eu repentinamente enfiaria o dedo na garganta e vomitasse? Por Merlim!


- Oi, Sirius – sorri pra ele, e ele se assustou ainda mais. – Como vai?


- Bem – ele respondeu rapidamente, me olhando desconfiado. – E você?


- Estou ótima – falei animada. – Está indo jantar também?


- Não, não, na verdade... – ele murmurou. – Er... Caroline...


- Fala sério, você ama me irritar né? – balancei a cabeça, rindo. – Mas tudo bem, pode me chamar de Caroline. Eu tinha uma tia que se chamava América Joana, e ela odiava. Tinha gente que a chamava de América, e outras que chamavam de Joana. É claro que ela ficou irritada, mas acabou se acostumando. Então nada mais justo do que eu me acostumar com Caroline, que cá entre nós, nem chega perto de América.


Ele não fez outro comentário, apenas pigarreou e me olhou profundamente.


- Você não... Está brava comigo? – ele perguntou com cuidado. – Quero dizer, eu te fiz passar por tanta coisa...


- Ah, isso me lembra que devo te pedir desculpas – suspirei. – Eu estava meio revoltada naquele dia que gritei com você, sabe, não foi justo.


- Desculpas? Mas fui eu que errei com você! – ele arregalou os olhos.


- Não foi totalmente. Afinal, enquanto você me beijava eu não te ouvia dizer "Depois disso, quero que você vá e vomite" – instei. – Sabe, o que você fez não é legal, mas não foi isso que me impulsionou a ficar bulímica, francamente!


Ele não soube o que responder, por isso fiquei ali, o encarando até ele dizer alguma coisa.


- Er... Tá – disse enfim.


- Eu não sou mais aquela Sophie, Sirius - eu disse suavemente. – Não quero mais brigar a toa, agir feito uma garotinha completamente irresponsável que não está nem aí para seus atos, não quero. Quero só me focar no futuro e aproveitar o máximo meu último ano de escola. E como isso será possível se eu continuar a brigar com você ou ficar vomitando por aí?


Ele sorriu.


- É, tem razão.


- Bom, agora tenho que ir – consultei o relógio. – Tenho que seguir minha lista de alimentação. Acho que Lily também recebeu uma, acho que vou passar acompanhar ela nisso.


- É, está certa – ele disse simplesmente, coçando a cabeça, sem jeito. Nunca vi Sirius Black dando apenas respostas curtas.


- Até mais – passei por ele, batendo em seu ombro. – Ah, e Sirius?


- Sim? – ele perguntou, ainda sem graça.


- Da próxima vez que me beijar a força, juro que vou dar um chute bem dado direto nas suas partes íntimas, ok? – falei com um sorriso, e ele riu, assentindo.


Só espero que ele lembre-se disso. Sabe, eu realmente gosto de cumprir meus juramentos...




Franco POV:


- Ela agiu com uma naturalidade que vocês não acreditariam! – Alice contava, abraçada a mim, enquanto caminhávamos para a sala de música. – Simplesmente riu do acontecimento e nem ligou! Praticamente todo mundo ficou irritadíssimo com esses cartazes, e ela, justo ela, nem ligou!


- Isso é ótimo! – Lily exclamou a altura que já tínhamos entrado na sala. Os outros já estavam lá, assim como Moreau. Todos pareciam irritados, o que mostrava apenas uma coisa: mais um cartaz.


- Fui a vítima – Remo anunciou, enquanto todos ainda suspiravam indignados. – "Remo Lupin – O moribundo". Ainda bem que não citaram nada sobre a licantropia.


- Que retardados! – Lily comentou. – Não restam dúvidas que é Stanley. Ela sabe, como todo professor, que seu segredo não pode ser espalhado por aí. Se ela desse qualquer dica, já a encrencaria com Dumbledore.


- Exato Lily, exato – Moreau disse. – Já tentei persuadir Stanley a confessar, mas não resolveu.


- Aquela mulher é uma víbora! – Sophie xingou. – Se ela foi capaz de jogar aquela gosma na gente na competição, pode muito bem ser responsável por esses cartazes!


- Mas não vamos impedir que isso atrapalhe nosso trabalho, certo? – Moreau disse. – Brad, manda ver.


Mais aquecimento de voz. Pelo menos, no final da aula, Moreau nos prometeu que na próxima aula finalmente nos contaria o que íamos fazer na competição. Estava sendo injusto esconder isso de nós, como Alice mesmo constatou.


Nós dois caminhávamos direto para o jantar abraçados novamente, Alice reclamando de Stanley, quando fomos abordados por James.


- Ei casal – ele sorriu. – Tem um minuto ou andam precisando se agarrar por aí?


- Haha, muito engraçado James – ri com sarcasmo.


- O que foi? – Alice sorriu.


- Preciso de um favor de vocês. Aliás, de todos vocês do coral – ele pediu, ansioso. – É importante. E é sobre Lily.




Lily POV:


Mas cadê Maria? Cadê Alice? Cadê Sophie, Emelina, Sean? ONDE TODOS FORAM? Estou aqui no dormitório, sendo obrigada a ouvir Louise e Beth fofocarem, e nenhuma delas tem ideia da onde todas foram. CADÊ TODO MUNDO? Desci para a Sala Comunal e não vi nenhuma delas, então decidi espera-las no dormitório mesmo, supondo que todas estavam comendo no Salão Principal, estudando da biblioteca, não sei. MAS CADÊ TODAS?


Eu já estava ficando desesperada com esse sumiço, de verdade. E já se passavam das dez! Onde estavam aquelas traíras?


Então ouvi um batido na janela. E bateu de novo e de novo, atraindo a atenção de Louise e Beth também. Corri até lá e abri para ver o que era. E era um coruja. Destinada a mim. Estranho.


Peguei a carta da coruja, que logo voou de volta pra fora. Abri a carta e li.


Desça para a sala comunal.


Estão brincando com minha cara, não estão? Quero dizer, eu estava lá até agora e agora me pedem para descer! E quem mandou, cadê o bendito do remetente que conseguiu me tirar do tédio? E se for um assassino querendo que eu desça para ele me matar? Bem improvável, mas... Eu até desconfiaria que podia ser uma festa surpresa, mas não é meu aniversário, que eu me lembre...


Então apenas desci, deixando Beth e Louise sozinhas na curiosidade. Quando cheguei lá apenas avistei o nada, não tinha ninguém praticamente. Apenas alguns sentados no canto, conversando baixinho. Ah, e tinha James também... JAMES!


- Pelo visto recebeu minha carta – ele sorriu com ar de mistério, um sorriso torto.


- O que estão aprontando? – perguntei de mãos na cintura, olhando-o desconfiada.


- Bom, você vai descobrir se me acompanhar – ele me deu o braço.


- Acompanhar a onde? Nessas horas? Está louco? – perguntei.


- Lílian Evans, deixe de drama e apenas me acompanhe – ele suspirou. – Não temos muito tempo, e a não ser que você queira que eu te arraste até...


- Até onde? – insisti.


- Dá pra parar de perguntar e me acompanhar? – ele parecia impaciente, ainda estendendo seu braço.


- Está tarde, e não podemos andar por aí nessas horas.


- Você é monitora, e você pode.


- Mas você não!


- Eu sou um maroto, e consigo muito bem isso – ele riu, imodesto. – Vem logo!


- Argh, tá bom! – falei, apenas por extrema curiosidade. Queria saber o que todos estavam aprontando, já que decidiram sumir juntos. Aceitei seu braço, relutante e meio corada, e assim saímos pra fora do retrato.


- Aonde estão indo? – a Mulher Gorda perguntou.


- Também queria saber – suspirei com sinceridade, e James riu.


Durante todo o percurso eu o enchia de perguntas, e ele não respondia nenhuma, apenas ria. Sério, isso estava me irritando profundamente. Só depois de algum tempo andando, reconheci o caminho que estávamos fazendo.


- O que tem na sala de música, James? – perguntei, parando de súbito.


- Agora que já está aqui é só continuar – ele disse, e então praticamente me arrastou até lá. Droga, o que estava acontecendo? Odiava isso.


Quando chegamos à sala, apenas a avistei vazia, exceto pelos músicos. Até os músicos estavam envolvidos nisso? James me fez sentar numa única cadeira no centro, sorrindo marotamente.


- O que está acontecendo? – perguntei pela milésima vez, esperando ser respondida.


- Está na hora de você parar de se achar feia, Lily – ele me olhou severamente. – E vamos ver se com isso você entende isso.


- Isso o quê? James, o que está haveeendo? – perguntei com birra, mas ele apenas tinha ido até a porta e fez um gesto.


Nisso, os músicos começaram a tocar, e vozes a cantar, vozes de Maria, Alice, Franco, Jason, Sophie, Sean, Sirius, Remo, John e Emelina. Todos eles ali, cantando, entrando na sala com um sorriso abertíssimo.


E depois, James começou a cantar. Ele chegou tão perto que prendi a respiração.


Oh her eyes, her eyes


Make the stars look like they're not shining


Her hair, her hair


Falls perfectly without her trying


She's so beautiful


And I tell her every day


James, enquanto cantava, acariciava meus cabelos, dançando ao meu redor enquanto eu me encolhia e corava ali, no meio da sala.


Yeah I know, I know


When I compliment her


She won't believe me


And it's so, it's so


Sad to think she don't see what I see


But every time she asks me do I look okay


I say


E todos dançavam e cantavam ao fundo, Maria e Alice rindo de mim. Que amigas são essas? O que era aquilo? Por que James estava fazendo aquilo comigo?


When I see your face


There's not a thing that I would change


'Cause you're amazing


Just the way you are


And when you smile,


The whole world stops and stares for a while


'Cause girl you're amazing


Just the way you are


Céus, eu estava corando demais. E não conseguia parar de sorrir pra James por mais que eu tentasse! Ele era lindo, Merlim do céu! Eu não estava me controlando! Socorro!


The way you are


The way you are


Girl you're amazing


Just the way you are


Nesse momento ele me puxou pra dançar, e foi aí que quase derreti. Merlim, ele era um deus! Enquanto dançávamos, eu não conseguia tirar os olhos dos olhos dele enquanto ele cantava... O que me levou a olhar seus lábios lindos, com aquele sorriso perfeito...! Quase minhas mãos foram sozinhas para seus cabelos, mas me controlei muito. Foi a melhor sensação do mundo sabe... Dançar com ele. E aquela música linda? Juro que se ele deixar eu vou morar na casa dele.


Ai.


When I see your face


There's not a thing that I would change


'Cause you're amazing


Just the way you are


And when you smile,


The whole world stops and stares for a while


'Cause girl you're amazing


Just the way you are


Yeah! – ele finalizou com o rosto bem próximo ao meu, enquanto eu estava ali, esquecendo de respirar e de agir, enquanto todos batiam palmas e riam no fundo.


Fiquei tanto tempo ali olhando pra ele, para aqueles olhos que tanto me cativavam por trás dos óculos, aquele sorriso... E acabei nem percebendo que todos tinham sumido. CADÊ TODOS? CADÊ OS MÚSICOS? CADÊ TODO MUNDO?


Pigarreei tão sem graça que quase me engasguei. Me afastei depressa, sem graça e corada. Eu sou tão TÃO idiota!


- Er... Obrigada por isso, James – falei baixinho, ainda tentando me recuperar de tudo. – Foi... Fofo.


Fofo? Lily, se mata!


- Aprendeu agora? – ele perguntou, me olhando com um sorriso enorme. – Ou ainda se acha feia e gorda?


Suspirei longamente.


- Ainda me acho gorda e feia – respondi.


Ele não respondeu. Ficou me encarando, sério. Merlim, socorro.


- Bom, acho que não vou conviver com você enquanto se achar feia e gorda – ele levou as mãos ao alto, se afastando. – Não consigo manter amizade com pessoas que menosprezam a si mesmas.


Ele parou de se afastar, esperando que eu respondesse. Enquanto isso eu continuava a processar o que ele disse.


Então eu entendi.


Ele não... Ele não queria mais ser meu amigo! – Se é que ainda éramos.


Entrei em desespero.


E sabe o que acontece quando eu entro em desespero?


Falo merda.


Muita merda.


E isso não dá certo.


Porque eu sou uma idiota.


- Você mesmo disse que me amava! – soltei, corando, enquanto ele continuava se afastar; com isso, ele parou. – Quero dizer... Eu entendi que... Você me amava.


James riu.


- Eu amo!


- Então por que não fica comigo? – falei torcendo as mãos. LILY EVANS, CALE SUA BOCA IMEDIATAMENTE!


James me olhou profundamente, como se tirasse um raio-X de mim.


- Porque você nunca pediu – murmurou. Eu não falei mais nada, simplesmente nada. Nem ele. Mas ele continuou a se afastar com aquele olhar dele que quase me fez chorar.


Mas espere.


Ele acabou de dizer que...


Se eu quiser ficar com ele, se eu pedir...


Ele vai ficar comigo.


DROGA, POR QUE EU ESTAVA TÃO LERDA?


E quanto consegui perceber isso, ele já tinha ido embora.


Lílian Evans, se mata.


- JAMES, JAMES, JAMES! – gritei, correndo a todos pulmões, quando o vi no fim do corredor. Ele se virou, surpreso. – JAMES!


Quanto mais eu me aproximava, mais eu via seu rosto quase sorrindo. Ele continuou parado, apenas me observando correr feito uma louca desvairada. E quando me aproximei o suficiente dele, quando finalmente fiquei perto dele, simplesmente pulei em seu pescoço, envolvendo-o num beijo.


E QUE BEIJO! Merlim, fui até Marte e voltei. Beijar James era a melhor sensação do mundo! E quando ele retribuía então? Nossa, é pra morrer. E foi ali no corredor que realizei meu desejo íntimo: passei a mão no cabelo dele. E eu estava certa, era macio. Muito macio.


Ficamos nos beijando por eternidades, agarradinhos e felizes. Merlim, que coisa boa. Que beijo bom. Que menino perfeito! Vou casar com ele.


Chega, Lily.


Quando nos separamos, estávamos até ofegantes, com nariz e boca vermelhos. James foi abrindo um sorriso aos poucos, um sorriso bobo e meio bêbado.


- Uau – disse depois de um tempo, e eu ri, corada. – Lily...


- Eu sei – comentei, ainda abraçada a ele.


- Sabe de uma coisa? Você já percebeu que eu sempre corri atrás de você... Mas no final era sempre você que me beijava? – ele comentou. – Em Hogsmeade foi você, na festa, de acordo com Aluado, também foi você, e agora...


- Verdade – franzi a testa, surpresa, voltando a rir.


- Então, pode ser minha vez agora? – ele perguntou, sorrindo, e eu assenti, recebendo seu beijo novamente.


Não quero parar de beijá-lo nunca mais. Eu tinha esquecido o tanto que era bom, Merlim. Aqueles lábios se movimentando calmamente nos meus, aquelas mãos de jogador de quadribol na minha cintura... Mas é claro que eu aproveitava também, não é? Eu ficava em dúvida entre acariciar seu cabelo ou suas costas largas. Mas foi pra isso que o ser humano nasceu com duas mãos.


- Só uma pergunta, Lily – ele disse, meio incomodado, depois daquele longo (e irresistível) beijo. – Você não vai sair correndo dessa vez, não é? Nem pedir para que eu não conte a ninguém.


Corei mais um pouco como costume.


- Não – falei.


- Nem virar a cara pra mim?


- Não.


- Nem deixar de olhar na minha cara, falar comigo?


- Não.


- Promete?


- Prometo – eu ri, beijando-o novamente.


- Sendo assim... – ele começou. – Aí! – ele chamou dois monitores da Lufa-Lufa que passavam. – Está vendo? Eu estou com a Lily!


- James!


- Nada de segredos, Lily – ele me beijou, e depois me puxou para outro corredor. – ESTOU BEIJANDO A LILY, ESTÃO OUVINDO?


- James! – exclamei incrédula.


- Só certificando. ESTOU BEIJANDO A LILY! – ele berrou novamente, enquanto eu queria me afundar em um lago. – Finalmente, finalmente!


E ele correu por aí, pulou, me pegou no colo e girou, pulou mais, correu mais. Eu mereço isso?


E eu mereço ter voltado à sala comunal, cansada de correr por aí com James e ter fugido de Filch, pra receber um "AEEEEEEEEEÊ" gigante de todos aqueles traidores do coral? Eu mereço? Eu mereço ter que ouvi comemorações e danças da vitória de Maria e Alice? Mereço?


Não, não mereço.




David POV:


E lá estava eu sentado ao lado de Stanley novamente, esperando o coral da Grifinória se apresentar; eles seriam os primeiros desta vez.


- Quero ver o vexame dessa vez – Stanley provocou com um sorriso malicioso.


- Devo dizer que foi falha sua ideia de enfraquecer meus alunos com aqueles cartazes? Tudo bem, Alice chegou chorando na sala de música por espalharem cartazes escritos "Santinha do Pau Oco" sobre ela. Sabe que isso foi muito errado de sua parte, Stanley – respondi. – Mas foi uma forma de nos fortalecer no final, obrigado.


- Você continua achando que fui eu? – ela riu, aquela risada mostrando que estava errada. – Está enganado, meu caro Moreau.


Bufei, balançando a cabeça.


- Mas eu sei que serão derrotados novamente – Stanley suspirou enquanto sorria. – Consigo ver isso sem ao menos eles começar a cantar.


- Veremos – desafiei.


Eu estava confiante. Tudo estava completamente preparado, e todos se desempenhavam muito. Eu não estava com aquela dúvida e aquele receio de que eles possivelmente perderiam. Agora eu tinha certeza do resultado.


Senhoras e senhores, com vocês o coral da casa da Grifinória!


Poucos aplaudiram. Mas eu tinha certeza que isso mudaria em breve.


As cortinas se abriram e revelaram apenas os músicos no fundo, e o palco vazio exceto por um simples microfone no centro. Todos ficaram em silêncio, esperando. E logo Maria entrava, trajando uma calça jeans, tênis e uma blusa preta para cobrir a melhor ideia que já tivemos.


- Ficaram com preguiça de providenciarem vestidos decentes, Moreau? – Stanley sussurrou, assim como outros ao redor.


- Silêncio, Stanley. Apenas assista – sorri.


Maria já estava ao centro, pronta para cantar ao microfone. Os músicos logo começaram a tocar e Maria, com aquela voz perfeita que tem, começou a cantar.


Hmmm...


Everyday is so wonderful, and suddenly, it's hard to breathe


Now and then, I get insecure from all the pain


I'm so ashamed


I am beautiful, no matter what they say


Words can't bring me down


I am beautiful in every single way


Yes, words can't bring me down, oh no


So don't you bring me down today


No no no no… Hmmm…


E nesse momento os outros membros do coral entravam pelas laterais, garotas de um lado e garotos do outro, posicionando-se atrás de Maria, que continuava a cantar.


To all your friends, you're delirious


So consumed in all your doom,


Trying hard to fill the emptiness, the peace is gone


Left the puzzle undone, is that the way it is?


E nesse outro refrão, todos atrás de Maria começaram a cantar, balançando-se no ritmo. Todos também tinham as mesmas roupas que Maria. Quando olhei para Stanley, esta tinha o rosto tenso.


You are beautiful, no matter what they say


Words can't bring you down, oh no, no, no


You are beautiful in every single way


Yes, words can't bring you down, oh no


So don't you bring me down today


Alguns começaram a bater palmas, acompanhando o ritmo da música, e pouco depois TODOS começaram a fazer o mesmo. A música era simplesmente perfeita, e ainda mais com a voz de Maria... Acho que ela estava até conseguindo emocionar os jurados, que no começo tinham o nariz torcido, recordações da competição passada.


No matter what we do (no matter what we do)


No matter what we say (no matter what we say)


We're the song inside the tune (yeah, oh yeah), full of beautiful mistakes


And everywhere we go (and everywhere we go)


The sun will always shine (sun will always shine)


But tomorrow we might awake on the other side


Maria dava seus gritos enquanto todos cantavam ao fundo, e isso fez com que aos poucos todos se levantassem, ainda batendo palmas. Não tardou para que o auditório inteiro ficasse de pé.


Maria abriu os braços.


'Cause we are beautiful, no matter what they say


Yes, words won't bring us down, oh no


We are beautiful in every single way


Yes, words can't bring us down, oh no


So don't you bring me down today


Ainda me lembro de Dorcas fazendo um escândalo por eu ter dado um solo a Maria, mas pelo visto eu me arrependeria se não o fizesse. Foi um número lindo, incontestável.


Oooh, yeay yeay yeay


Don't you bring me down today


Don't you bring me down... humm, today


A música finalizou com o coral no fundo, e os aplausos ensurdecedores dos presentes. Não havia um só que não aplaudia, e pelo visto Grifinória passou outra impressão a todos eles, apagando as competições passadas. Sorri vitorioso para Stanley, que fez um careta.


Ela nem sabia o que ainda estava por vir.


Depois de um longo tempo de aplausos, todos voltaram a se sentar, prontos para o próximo número. Eles ficariam de pé logo, logo.


Sean, Alice e Maria estavam no centro do palco. A música começou com Sean cantando.


It doesn't matter if you love him, or capital H-I-M


Just put your paws up


'Cause you were born this way, Baby


A música nem tinha começado e já tinha gente gritando. Nada como escolher uma música preferida do público jovem.


Era a vez de Alice cantar. Depois de ler seu cartaz, ela fez questão de pedir isso.


My mama told me when I was young


We are all born superstars


She rolled my hair and put my lipstick on


In the glass of her boudoir


E depois Maria:


'There's nothin wrong with lovin who you are'


She said, 'cause He made you perfect, babe'


'So hold your head up girl and you'll go far,


Listen to me when I say'


Logo vieram todos, uma dança perfeita, sincronizada animada, que já fez o público ficar de pé em um só ato.


I'm beautiful in my way


'cause god makes no mistakes


I'm on the right track baby


I was born this way


Don't hide yourself in regret


Just love yourself and you're set


I'm on the right track baby


I was born this way


A dança era completamente animadora, e novamente não tinha um só que não pulava. Tinha até jurado de pé, concluindo que tínhamos votos já garantidos.


Ooo there ain't no other way


Baby I was born this way


Baby I was born this way


Ooo there ain't no other way


Baby I was born


I'm on the right track baby


I was born this way


E então veio a parte que eu esperava; e todos também, mesmo sem saber. Tinham confeccionados camisetas – ideia de Sean – com algo que eles não gostavam de ter nascido (N/A: Vou postar os escritos em inglês, dá mais impacto rs. Obs: tem coisas novas que eu passei para o inglês. Qualquer coisa... Google Tradutor!). Foi uma ideia genial, e agora eu estava completamente curioso pra saber o que cada um tinha posto; era segredo total.


Sean foi o primeiro a tirar a blusa, revelando a camisa branca escrito "LIKE BOYS", depois Maria "AGRESSIVE", Alice "BROWN EYES", Lily "GINGER", James "FOUR EYES"...


Don't be a drag, just be a queen


Whether you're broke or evergreen


You're black, white, beige, chola descent


You're lebanese, you're orient


Whether life's disabilities


Left you outcast, bullied, or teased


Rejoice and love yourself today


'cause baby you were born this way


Sophie "CAROL MONGOL", Sirius "VAINGLORY", Beth "HUNGER", Remo "DON'T DANCE", John "CHINESE", Franco "DON'T SING", Jason "TROUTY MOUTH", Dorcas "BAD ATTITUDE" e Emelina "I'M WITH STOOPID".


No matter gay, straight, or bi,


Lesbian, transgendered life


I'm on the right track baby


I was born to survive


No matter black, white or beige


Chola or orient made


I'm on the right track baby


I was born to be brave


A plateia vibrava a ponto de eu ficar surdos com a gritaria. Lily e os outros arrasavam no palco com a dança, John fazendo seus passos enquanto Sophie pulava animando a plateia.


I'm beautiful in my way


'cause god makes no mistakes


I'm on the right track baby


I was born this way


Don't hide yourself in regret


Just love yourself and you're set


I'm on the right track baby


I was born this way


Ooo there ain't no other way


Baby I was born this way


Baby I was born this way


Ooo there ain't no other way


Baby I was born


I'm on the right track baby


I was born this way


Eu não tinha nem palavras para explicar o tanto que a plateia estava enlouquecida, e o tanto que os jurados, principalmente Dumbledore, pareciam mais satisfeitos que nunca. E o tanto que Stanley estava com uma cara de que comeu e não gostou.


E a plateia sabia a letra, e cantavam junto.


I was born this way hey!


I was born this way hey!


I'm on the right track baby


I was born this way hey!


I was born this way hey!


I was born this way hey!


I'm on the right track baby


I was born this way hey!


No fim da música foi uma gritaria que só. Pessoas pulavam, gritavam, cantavam. No palco, todos estavam sorridentes e arfantes, enquanto espiavam a camisa um dos outros.


Fizeram, então, a reverência, enquanto a plateia continuava a gritar tanto que era como se nunca iriam conseguir parar.




Alice POV:


Sinceramente, alguém sabe que música Lufa-Lufa cantou? Alguém, alguém? Não, ninguém. Acho que nem a plateia prestou atenção, e quem sabe os jurados? Acho que também não. Só sei que chegamos aos bastidores gritando, comemorando e vibrando a já vitória – mesmo que o resultado nem tinha sido anunciado. Moreau entrou e foi engolfado em minutos por nós, aos risos e gritos.


E como ninguém sabia que música Lufa-Lufa cantou – com certeza alguma natalina desconhecida – nem tivemos curiosidade pra assistir. Ficamos na sala cantando Born This Way ainda, conversando sobre as camisas. Tive que explicar o porquê do "Brown Eyes". Caramba, eu não podia ter a ambição de ter olhos claros? Enfim, foi ótimo!


E quando ganhamos então, o que foi óbvio? Foi uma festa geral. Todo mundo comemorou e se abraçou. Foi super fofo Lily pular no pescoço de James enchendo o maroto de beijos enquanto ele a girava, e foi super estranho Maria abraçar Jason, fazendo com que Dorcas a empurrasse pro lado pra fazer o mesmo. Foi até fofo Sophie dar um abraço em Sirius que, por incrível que pareça, ficou todo sem graça. Sirius Black sem graça!


E foi uma festa da plateia e uma festa na Torre da Grifinória que durou o resto do dia. Os cartazes nas paredes finalmente se soltaram, e fizemos questão de recolher um por um e rasga-los. Mas voltando a festa da torre, os marotos tinham providenciado o maior número de caixas de cerveja amanteigada que eu já tinha visto – sem álcool por favor! E foi perfeito, tanto que Emelina até esqueceu do namorado.


Na comemoração todos cantavam ainda "Born This Way" com o acompanhamento de Maria e Sean; a festa estava tão animada quanto comemoração de um jogo de quadribol. No final dela, só se via os casais agarradinhos no sofá, exceto por Emelina, Maria e Remo, que conversavam animadamente a um canto. Jason havia sumido e Dorcas escrevia fervorosamente um rascunho para sua coluna no MMM. Lily estava a um canto com James, rindo de alguma coisa, e Sophie jogava Snap Explosivo com John, enquanto Sirius e Pedro entornavam as cervejas amanteigadas restantes.


Agora, me dê licença. Tenho um namorado fofo pra fazer companhia e terminar a comemoração do melhor número que já fizemos. E a melhor competição que já ganhamos.




Músicas:


1- I've gotta be me


2- I Feel Pretty / Unpretty


3- Just The Way You Are


4- Beautiful


5- Born This Way









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