Um Natal Musical



Agora que estou sem nada para fazer (ficarei uma semana sem ir para aula, por causa de uns negocios lá) vou postar mais frequentemente. 


Tá aí o capítulo ;*




Um Natal Musical


Dorcas POV:


MacMcMea


As principais notícias de Hogwarts!


Oitava Edição.


Cantinho da Dorcas


(por Dorcas Meadowes)


Feliz Natal!


Como é bom estar aqui escrevendo as melhores fofocas para vocês novamente! E agora estamos com um novo design para o jornal em homenagem a melhor época do ano que está próxima: o Natal! E, é claro, ando recebendo os melhores presentes adiantadamente, as cartas de vocês! Muito obrigada novamente pelo carinho!


E como o Natal está se aproximando, por que não nos manda alguma carta para nós contando o que espera para essa data? Que presente quer ganhar? Alguma história louca de Natal? Alguma fofoca bombástica? Aceitamos tudo! E eu estarei no aguardo!


Então, vamos às fofocas. Primeiramente vamos falar do coral, assunto que ganhou maior destaque nesse castelo até mesmo do que jogos de Quadribol! A última competição foi marcada por uma vitória emocionante do coral da Grifinória, que agora está como coral preferido dos alunos de Hogwarts! Mas é claro, com aquelas músicas que agradou todo o público, além daquela novidade das camisetas, foi o máximo! O que achou do número? Mandem-nos cartas contando o que achou do resultado da competição!


É claro, como aqui é um jornal de fofocas, acabei por saber graças aos Marotos – obrigada pela dica, garotos – que de acordo com a votação, Grifinória ganhou por unanimidade! Também, depois daquela lição que as músicas passaram, nada era mais justo.


Segundo, o namoro oficial de Pevans! Gente, eu sempre fui contra isso, mas tenho que confessar que eles ficam perfeitos juntos! Isso mesmo, eu, Dorcas Meadowes dizendo isso de Pevans. Mas é Natal, então deixa o espírito tomar conta. Pelo visto, Potter conseguiu conquistar Evans com um lindo e romântico número altas horas na Sala de Música da Grifinória, e esta se entregou completamente ao maroto. No dia seguinte a fofoca já tinha corrido, pois alguns alunos haviam presenciado os dois correndo e gritando por aí – claro, eles tem que chamar a atenção, senão não é Pevans. Tudo se confirmou quando vimos ambos andando de mãos dadas por aí, juntinhos nas refeições e em algumas aulas, sem falar daquelas risadas de apaixonados na biblioteca e nos jardins. Não é lindo? Ok, esse espírito de Natal está me afetando demais... Mas enfim, finalmente! E com o Cantinho do Leitor, vamos ver o que alguns alunos de Hogwarts acham do assunto:


Cantinho do Leitor:


- Finalmente, finalmente, finalmente! Torci tanto, e até apostei dez galeões com minha amiga que antes do fim do ano eles ficariam juntos! – L. B.


- Pevans finalmente aconteceu? Já estava na hora – P. L.


- Sério? Eu nem fiquei sabendo disso! Preciso me informar mais, e ler mais MMM – A. R.


- Mas que droga, não gostei da notícia. Eles não ficam bem juntos, como as pessoas podem achar isso? Próxima torcida: Pevans se separar – R. D.


- Esperando pelo casamento – G. V.


- Eu estava fazendo ronda de monitoria quando Potter fez questão de beijar Evans na minha frente! Ela estava tão vermelha, mas eu sabia que estava feliz. Antes eu achava que os dois não combinavam, mas depois que eu vi os dois juntinhos mudei de ideia completamente! – L. C.


- Fiquei tão feliz ao saber! Agora só vou esperar para que McKinnon e Black se entendam! Eu vi os dois se abraçando no palco na competição, e foi como se encaixassem um no outro, não sei – G. P.


- Fala sério, eles ficam ridículos juntos! Eu tenho certeza que esse namoro não dura nem um mês, logo estarão brigando e gritando por aí, como é de costume – W. S.


E essas foram as principais opiniões dos leitores! Ainda não opinou? Ainda dá tempo! Mande-me corujas contando tudo!


E graças ao leitor (a) G.P. me lembrei de um assunto bombástico para publicar aqui no Cantinho da Dorcas! Sophie McKinnon, agora afirmo, estava na ala hospitalar vítima da doença pouco conhecida no mundo trouxa, a Bulimia. Mas a notícia é que ela melhorou, e muito! Está esbanjando alegria por aí, com uma baita reviravolta em seus aspectos tanto físicos quanto psicológicos. Ela já chamou a atenção de vários garotos por onde passa, recuperando todo o peso perdido pela doença. Está completamente diferente e mudada! Isso não é ótimo? E a boa notícia para os rapazes: está solteira! Claro, de acordo com o mesmo leitor, ela não tem nenhum envolvimento com Black, que ainda está pendente com Cox, mas é de conhecimento que eles já se envolveram. Quando perguntei a ela sobre o assunto, ela simplesmente disse, entre risos, que quer um namorado firme, e não passageiro e galinha. Ah, sim! Ela também fez um apelo sobre uma campanha que está tendo no Seminário das Bruxas, contra a Bulimia. Saiu na penúltima edição da revista, depoimentos de garotas e mulheres de várias idades que já passaram por isso. Para quem desconfia de alguém que tenha, viu alguma mudança física e psicológica em alguma pessoa próxima (o exemplo mais comum: alguém muito magra insistindo dizer que está gorda, além de quase não se alimentar), mande-nos o caso que enviaremos para a revista com o nome em sigilo. Qualquer colaboração será importante!


Pergunte para Dorcas


(por Dorcas Meadowes)


Mais perguntinhas dos leitores curiosos que eu tenho!


- Sua briga com MacDonald já parou ou estão dando apenas uma trégua? – C. D.


Não sei dizer ao certo, na verdade eu me esqueci do assunto. Coisas (e pessoas) insignificantes saem depressa da minha cabeça.


- Acha que tem algum sentimento entre os professores Moreau e Stanley? Todo mundo sabe que eles brigam muito, e será que tem algum romance por trás disso? – K. P.


Esse é um ponto que nunca pensei. Adorei sua sugestão! Eu não sei se existe, eu nunca percebi. Mas sinceramente? Esse negócio de ódio virar amor nunca me convenceu, por isso não sei dizer ao certo. Se há alguma coisa entre eles, receio que não acontecerá até essa competição acabar!


- Onde irá passar o Natal? – Q. F.


Onde todos os alunos irão passar neste ano, por aqui mesmo! (Explicação disso no fim da minha coluna)


- Quando será a próxima competição? Estou ansiosa, eu amo essas competições e minha torcida é Grifinória! – S. M.


Obrigada pela torcida, e a próxima competição será em meados de Janeiro. Provavelmente mais para o fim do mês, porque, afinal, temos que nos preparar bastante!


Encerro o Pergunte para Dorcas dessa edição. E sobre a explicação da pergunta de Q. F., se preparem...


É com prazer que anuncio para o dia 25, às oito horas da noite, a novidade do castelo: o Baile de Natal! Isso mesmo, Hogwarts terá um baile! (Créditos aos marotos por convencerem o diretor Dumbledore – obrigada professor). Será a melhor coisa do ano, portanto tratem de convidar suas parceiras (garotos convidam garotas, por favor), arrumem vestes de gala e preparem para dançar! Maiores detalhes em alguns cartazes espalhados por aí e no Quadro de Avisos de suas salas comunais. Será no Salão Principal, e apenas maiores do quarto ano poderão participar. Será o máximo!


As maiores bombas do baile serão postadas apenas na próxima edição do Jornal, que será em Janeiro. Não fiquem tristes, mas eu sou humana, e preciso aproveitar meu Natal e Ano Novo! Porém não acho necessário esperarem pelas fofocas do baile, já que provavelmente todos ficarão em Hogwarts neste ano por conta desse acontecimento inédito.


Um muito obrigada pelas cartas e pelo carinho – continuem mandando corujas! Até o ano que vem!


Xoxo.


Dorcas Meadowes – redatora e coordenadora do jornal.


Maria Entrevista


(por Maria MacDonald)


Olá leitores! Prontos para mais uma rodada de perguntas? Como gosto de sempre relacionar minhas perguntas aos recentes acontecimentos, nossa pergunta de hoje será a seguinte:


- O que você espera pra esse Natal?


Que Lily aceite meu pedido de casamento – James Potter.


Que James pare de gracinhas e comece a estudar para os NIEM's – Lily Evans.


Que Lily pare de estudar um pouco e dê mais atenção ao namorado dela – James Potter.


Que James consiga entender que não vou dar atenção – e nem beijos – nele se não começar a ser uma pessoa responsável e parar de copiar os exercícios de Remo – Lily Evans.


Que Lily note que estamos em época de Natal e que é pra ela relaxar – James Potter.


Que é pra ele deixar Maria escrever sua coluna em paz e começar a fazer uma das redações que McGonagall passou – Lily Evans.


O que eu espero? Sinceramente? Um namorado, porque a situação está crítica... – Sophie McKinnon.


Espero paz, amor, união e tudo de bom para mim e para as pessoas que amo! Ah, e muitos doces, doces e mais doces! – Beth Cox.


Não sei o que eu espero. Geralmente meus Natais não são tão especiais... Mas se for pra pedir, quero um baile inesquecível no dia 25 – Sirius Black.


O melhor dos melhores pra todo mundo! – Emelina Vance.


Espero ganhar minha vassoura oficial da minha mãe. Está me devendo desde que nasci – Jason McKinnon.


Eu vou dizer o que eu espero. Espero que todo mundo enxergue toda a injustiça desse mundo, todo esse preconceito que ronda esse castelo, é isso que eu espero! E espero que os professores veem o quão injustos estão sendo ao censurar menores do quarto ano a ir para o baile, injustiça! – John Khan.


Espero um Natal recheado de coisas boas para todos! E concordo com Beth: muitos doces – Pedro Pettigrew.


Espero que Pontas e Almofadinhas aprendam a fazer uma lição completa, espero que Lily pare de ajudar os dois, porque senão continuarão no sétimo ano pra sempre, espero que Lina pare de reclamar da vida e apenas a viva, espero que Sophie continue a contar piadas para Moreau junto com John pra assim ele esquecer de nos mandar aquecer a voz e espero que Rabicho acabe entrando para o coral também – Remo Lupin.


E assim encerramos o Maria Entrevista de hoje. Algumas pessoas me mandaram corujas me perguntando por que não respondo nas minhas próprias entrevistas. Ok, vou responder essa: Para esse Natal, espero que as pessoas passem a cuidar de suas próprias vidas. Ah, e que parem de tirar conclusões precipitadas de tudo. Ouviu Meadowes?


Um grande beijo para vocês, e obrigada por lerem minha coluna! Até o ano que vem!


Maria MacDonald – colunista.


Quadribol com Jason


(por Jason McKinnon)


Olá a todos! Bom, sei que notaram minha ausência na última edição, por isso, desculpas. Tive muitos assuntos para tratar envolvendo minha irmã – acho que Dorcas já deu todos os detalhes em sua coluna.


Então vamos ao que importa, o Quadribol!


E Grifinória continua na liderança! Com Jack Carthy, o "goleiro-mirim", popularmente chamado, Grifinória simplesmente se esqueceu do que é levar gols. O garoto do quinto ano defende os aros com uma excelência de deixar qualquer goleiro profissional boquiaberto. Sem dúvidas, foi o melhor achado que James Potter já fez. Além do artilheiro Potter ser um dos maiores pontuadores, e o batedor Sirius Black continuar com sua ótima facilidade em esquivar balaços, o time está praticamente imbatível.


Quanto à Corvinal, boas novas aos membros da casa! Na última partida, Corvinal venceu Lufa-Lufa com muito esforço, e, por isso, aumentou um pouco a expectativa dos jogadores. "Estamos confiantes para o próximo jogo, contra a Sonserina. É uma equipe difícil além de estar na vice-liderança. Mas estamos crentes que venceremos dessa vez", diz o capitão do time, Marcus Allen, já recuperado do acidente que o fez se afastar por alguns dias.


E agora, segue a colocação das casas, desde o início da competição, no ano passado:


 Grifinória (5 vitórias – 0 derrotas)


 Sonserina (3 vitórias – 3 derrotas)


 Lufa-Lufa (2 vitórias – 3 derrotas)


 Corvinal (1 vitória – 5 derrotas)


Ainda temos muitos jogos pela frente, portanto façam suas apostas!


A próxima edição de MacMcMea será no ano que vem, por isso desejo um Feliz Natal e um próspero Ano Novo a todos! No próximo ano vou abrir minha coluna aqui com uma entrevista exclusiva com o capitão da Grifinória, James Potter! Aguardem!


Um abraço a todos.


Jason McKinnon – colunista.




Lily POV:


Não é bom quando tudo está bem? Não sei, nunca fui muito boa em Adivinhação, mas sinto que esse Natal vai ser um dos melhores que já passei. Ainda faltam alguns dias pro dia 25, e eu já estou ansiosa para o baile, e ainda curiosa pra ver com quem eu vou.


Eu sei, estou sendo idiota dizendo isso. Quero dizer, James tem que me convidar. Se ele não me convidar eu juro que pego minhas trouxas e vou pra casa pra nunca mais voltar.


Enfim, depois da última competição tudo melhorou. Passávamos pelo corredor ouvindo gente ainda cantando Born This Way, além daqueles cumprimentos do tipo "Parabéns, Evans! Arrasaram no número de ontem!" ou "Foi incrível! Vocês mereceram ter ganhado!". A vida é bela, não é?


Maria foi uma das mais gratificadas com o cumprimento. Afinal, ela simplesmente arrasou em seu solo, e a maioria garotas chegavam e diziam que se emocionaram de verdade com o número. Maria ficou tão feliz mas tão feliz que nem ligou para as provocações de Dorcas. E isso é muito.


Porém, de uns dias pra cá, eu percebi que ela andava meio mudada. Sabe, fazia tempo que ela não xingava alguém, ou brigava com Dorcas, ou tirava o sarro de alguma coisa. Parecia que queria ficar mais... "feminina" não é a palavra certa. Talvez "meiga". Acho que os Cartazes da Humilhação afetou a ela muito mais que qualquer um no coral. Alice também percebeu isso.


- Não sei porque ela está ligando tanto. Ela realmente quer comparar "Maria João" com "Santinha do Pau Oco"? – Alice disse irritada. – Já conversou com ela?


- Já. Ela nega tudo, como sempre. Mas eu sei que está tentando mudar.


E estava mesmo. Passou a usar mais maquiagem, isso também percebi. Eu preferia ela como antes, xingando todo mundo. Eu sei, é estranho pensar isso, mas eu tinha acostumado, fazer o quê? Eu só esperava que isso não a afetasse muito, sabe como é.


De resto, estava tudo ótimo. James era lindo e perfeito – confessei. Eu continuava a estudar mais um pouco para os NIEM's aproveitando que por esses dias os professores tinham parado um pouco de nos carregar de tantos deveres. Mas James não achava isso justo, e cobrava de mim um passeio nos jardins.


- Tá frio lá fora, James – respondi.


- Pra isso serve o casaco – ele disse, sorrindo, com certeza se lembrando do casaco que eu havia roubado e não devolvi. Fingi não deixar claro que percebi. – E tem calor humano.


- Engraçadinho você, mas não. Não quero passar o Natal com um baita resfriado.


Sabe, eu esqueci que ele é um maroto. E marotos costumam ser insistentes. Resultado: uma ruiva pendurada no ombro de um garoto moreno e alto, gritando e esperneando, porque o garoto a carregava a força para os jardins. Não foi lá muito agradável, por isso pretendi ficar emburrada enquanto ele me colocava no chão.


- Vai ficar com essa cara de limão azedo? – ele olhou pra mim, rindo.


Não respondi, cruzei os braços tanto pra me aquecer quanto pra contracenar.


- Lily? – ele chegou perto, e eu simplesmente virei o rosto.


- Deixa de ser chata, senão eu vou jogar uma bola de neve em cada sardinha que você tem nesse rosto – ele riu novamente.


- Ah, agora vai caçoar das minhas sardas? – disse irritada.


- Ah, agora a moça falou? – ele abraçou minha cintura. – Estou apenas certificando que você não vai vegetar dentro daquele castelo.


- Lá estava bom! – reclamei. – Aqui tá frio, por que eu ficaria aqui?


- Uma guerra de bola de neve, quem sabe? – ele sugeriu.


- Você tem dezessete anos ou dezessete meses? – questionei, enquanto ele gargalhava.


- Não tem idade certa pra se divertir – ele piscou, então deu as costas. Aproveitei a oportunidade e joguei-lhe uma bola de neve.


Eu não tinha resistido. As costas largas dele pediam por isso. Mas eu acarretei uma guerra de uns vinte minutos. Foi mais ou menos essa duração mesmo, enquanto eu corria com dificuldade pela neve – acredite, correr na neve não é fácil -, fugindo das bombas que ele me jogava. Caramba, ele era artilheiro de quadribol! Como eu podia competir com isso! Eu tentava correr, mas ele me atingia, e eu tentava atingir ele, e assim ficou por muito tempo. Até ele jogar uma bem na minha cara.


James Potter, vai se arrepender por isso.


Enquanto ele gargalhava alto, a ponto de cair no chão, automaticamente meus olhos começaram a lacrimejar, e eu comecei e fungar.


Quase ri na cara dele quando ele parou de rir, ficando numa séria expressão tensa. Ele correu até a mim.


- Lily? Eu... Eu não sabia que ia te machucar – ele disse, preocupado, segurando meu rosto molhado pelas lágrimas entre as mãos. – Você está bem? Me desculpe!


Mas aí estava a vingança. Ele não viu, mas minha mão estava carregada de neve. E o que eu fiz? Joguei dentro de seu casaco! Hahahaha, joguei mesmo! Ele se contorceu enquanto eu ficava de pé e jogava mais e mais bolas de neve nele, rindo, enquanto ele tentava se livrar da neve das vestes.


- Mas Lily, você não...?


- Estava chorando? – gargalhei. – A arte da interpretação, consigo chorar facilmente desde os três. O tanto que usei isso contra Petúnia! – ri mais um pouco. – Remo já a conhece.


- Mas você... – ele ficou de pé num ato, me olhando com um olhar assassino. Oh-oh. Corre Lily.


Eu corri, mas não adiantou. Lá estava ele me pegando e lambuzando meu cabelo de neve, enquanto eu ria, fazendo-o rir também. Fala sério, esse não é o namorado mais fofo do mundo?


Vou casar com ele. Chega Lily.


Depois nos beijamos, e começou a nevar bem na hora. Bem cena de filme mesmo, mas as coisas acontecem. Retomo o que eu tinha dito: esse Natal vai ser um dos melhores que já passei. Porque James estava comigo.




Maria POV:


Eu pretendia manter em segredo minha mudança. Mas eu esqueci que era amiga de Alice e Lily há muito tempo, por isso elas perceberam e já vieram me perguntar. Eu neguei, é claro.


Eu decidi mudar, porque... Eu não sei bem o porquê. Eu só quero me sentir amada, mas como isso vai acontecer se eu afugento as pessoas de mim? O baile está aí, e eu sei que ninguém vai me convidar, e eu não quero ir sozinha. Quero dizer, Lily está namorando agora, assim como Alice. Das três sou a única solitária, por isso era tão estranho... Elas tinham algo em comum que eu não conseguia me enquadrar, e isso meio que me estimulou minha mudança.


Eu tinha prometido a mim mesma mudar, até parar de brigar com Dorcas se for preciso. Eu tinha que ir com alguém nesse baile, pois isso era importante pra mim.


Depois dos Cartazes da Humilhação, minha vida tinha virado um inferno; pessoas julgavam que eu era lésbica, sendo que isso estava longe de ser verdade. Eu sei, eu nunca namorei e nem saí com alguém nesse colégio. Mas tem outras pessoas que também não... Como Emelina. Mas ela está namorando agora... Alice! Ela nunca saiu com ninguém, mas já pretendeu algumas vezes. No final ela sempre mudava de ideia. Mas agora ela estava com Franco, e ela tinha um motivo para não sair com ninguém. Ela esperava por ele.


E quanto a mim? Por que eu não saio com ninguém? Ninguém me convida, porque ninguém se interessa. Já estou no meu sétimo ano de Hogwarts e o único pingo de sentimentos por um garotos foi por Jason. Eu não gosto dele; não sinto nada quando estou perto dele – desagrado, talvez.


Era difícil as pessoas entenderem o que eu estou passando? Acho que pra isso eu tenho que mudar. E eu tenho que tentar. Eu vou conseguir mostrar que sou uma garota, no final das contas.
Eu vou mudar.


E vou com alguém nesse maldito baile.




Sophie POV:


We're on the island of misfit toys


Here we don't want to stay


We want to travel with Santa Claus


In his magic sleigh


Chegou o Natal! Merlim, eu amo essa época. É tudo tão cheio de cores, de vida, de comida boa – é, especialmente isso. Meus Natais nunca foram lá dos especiais, mas eu sentia que esse seria; novas coisas como o coral apareceram, assim como novos amigos. E já que eu já sou maior de idade, usei isso contra minha mãe para ficar em Hogwarts esse ano, ainda mais por causa do baile. Jason demorou muito, mas conseguiu convencê-la. Humpf, injustiça.


A pack full of toys means a sack full of joys


For millions of girls and for millions of boys


When Christmas Day is here


The most wonderful day of the year!


A sala de música ia se enfeitando enquanto cantávamos; alguns optavam pela varinha, e outros faziam manualmente, como eu. Eu gosto de enfeitar, e acho que pra isso não é necessário magia.


Jason e Sean davam conta do recado ao montar o presépio médio que havíamos arranjado de uma sala abandonada. Nunca tinha visto tantos enfeites juntos! Além de tudo, aquela sala era muito estranha. Nunca mais achamos ela…


A jack-in-the-box waits for children to shout,


"Wake up, don't you know that


it's time to come out!"


When Christmas Day is here


The most wonderful day of the year!


John havia puxado Emelina, e juntos dançavam pela sala enquanto terminávamos os enfeites. E enquanto Maria e Dorcas travavam uma longa guerra de purpurina.


Toys galore


Scattered on the floor


There's no room for more


And it's all because of Santa Claus!


Eu terminava de arrumar a enorme árvore de natal que tínhamos pego junto a Sirius. Ele me lançava olhares e sorrisos as vezes, e eu retribuía, é claro. Sem ressentimentos, é o que eu penso.


A scooter for Jimmy, a dolly for Sue


The kind that will even say "How do you do?"


When Christmas Day is here


The most wonderful day of the year.


Lily e Alice cuidavam de enfeitar os instrumentos – mesmo com os músicos usando eles. James e Franco usavam a varinha para levar guirlandas até o teto.


- How'd you like to be a spotted elephant? – Emelina sorriu para Remo.


- Or a choo-choo with square wheels on your caboose!


- Or a water pistol that shoots... jelly? – Sean continuou.


- We are all misfits!


If we're on the island of unwanted toys
We'll miss all the fun with the girls and the boys
When Christmas day is here
The most wonderful, wonderful
Wonderful, wonderful
Wonderful day of the year!


Quando a música acabou, a sala estava perfeita. Enfeites pendiam do teto, das paredes, e todas as cadeiras estavam cobertas de festões natalinos, além das guirlandas do teto e na porta, assim como bolas de natal nas estantes. E, é claro, o presépio e a enorme árvore de Natal na entrada, com fadinhas brilhantes e miniaturas de Papai Noel que se mexiam. Estava tudo tão lindo! Ainda mais com a neve caindo sem parar lá fora. Isso sim era Natal.


- Finalmente terminamos! – Beth exclamou.


- Desculpe querida, mas o tempo todo você ficou só comendo – Dorcas cortou.


- Mas eu fiz voz de fundo – Beth insistiu.


- O que importa é que está perfeito! – exclamei, dando uma última conferida na árvore. – Vai ser bom passar o Natal nessa sala com essa decoração.


- Pessoal! – Moreau parou, surpreso, quando vinha entrando na sala. Logo um sorriso enorme foi se abrindo. – Caramba, vocês realmente capricharam!


- Você está falando com o melhor coral do castelo, professor – James disse, rindo. – O que esperar de uma decoração feita por nós?


- É, eu deveria ter pensado nisso – Moreau riu, enquanto nos acomodávamos nas cadeiras enfeitadas. – Bom, tenho duas novidades para vocês.


- Nada de demoras, odiamos ficar na curiosidade – Emelina disse.


- A primeira, é que tenho a honra de dizer a vocês que fomos convidados por Dumbledore para cantar no baile de Natal do dia 25! – Moreau anunciou, enquanto vibrávamos. – É claro, não durante todo o baile, mas o suficiente para terem números suficientes.


- Lufa-Lufa também vai cantar? – Jason perguntou.


- Provavelmente não. Stanley é egoísta quanto a seus alunos e não quis participar – Moreau suspirou com uma careta, enquanto Lily começava com sua lista de xingamentos à professora. – Mas o importante é que vocês estarão lá, e a música será de escolha de vocês.


Mais comentários animados, e Dorcas já dizia o que pretendia cantar no ouvido de Emelina.


- E a segunda novidade! – Moreau continuou. – Eu proponho a vocês uma segunda rodada de duelo garotas versus garotos, agora com temática natalina. Como da outra vez, podem escolher coreografia, decoração, música, vestiário e tudo. O auditório estará livre, e não vai ser preciso mash-up.


- Esse Natal será ótimo! – Lily exclamou para James, enquanto Dorcas juntava a cabeça com Emelina, já pensando em números. John, Franco e Sirius faziam o mesmo.


Ah, não tem como discordar de Lily! Tantas coisas legais para fazer nesse Natal... O coral melhora tudo mesmo. Além do baile, é lógico. Ah sim, e o amigo secreto também. Ideia de Dorcas. Ainda não tínhamos tirado os nomes porque ainda não decidimos se seria apenas entre o coral ou alguém de fora – sinceramente, eu preferia só entre o coral. Com certeza Emelina chamaria Benn, e Dorcas chamaria Geovana e Audrey. Não seria muito agradável.


A única coisa boa que anda tendo é o coral mesmo, nada mais...




Sean POV:


Eu fui o último a ficar na sala de música. Apenas os instrumentistas tinham ficado ali, conversando entre si. Sempre os achei meio alheios. Enfim, eu decidi ficar ali, na posse do piano, para treinar algumas notas mais elevadas. Eu andava meio desafinado, por isso tinha que treinar um pouco.


Bom, eu só não esperava receber uma visita.


- Sua voz está ótima – Benn falou, aparecendo no portal com um sorriso. Me assustei. – E aí cara, como vai?


Corei um pouco e reagi.


- Estou bem – respondi. – Faz tempo que não conversa comigo Benn. Acho que anda ocupado demais namorando Lina.


Ele riu.


- Nem tanto assim – ele disse, se sentando ao meu lado do piano. – Só ando meio ocupado com o coral. Sabe, Stanley é bem rigorosa.


- É uma víbora – comentei.


- Só é exigente – ele deu de ombros. – Mas vamos falar de você.


Esperei, tentando adivinhar o que viria a seguir.


- Na última competição, Sean, bom... – ele mordeu o lábio. – Aquelas camisas...


Entendi imediatamente. Abaixei a cabeça depressa para olhar o piano.


- Jenny não ficou feliz. Na verdade, ela ficou realmente irritada – ele disse. – Quero dizer, eu não tinha certeza quanto a isso, você nunca me contou. Jenny me disse que já tinha desconfiado, e meio que tentava... apagar isso de você.


- Você não prestou atenção na música, Benn? – interrompi irritado. – Eu nasci assim. Como se apaga a característica de uma pessoa? Isso não existe.


- Eu sei. Só estou tentando te contar o que Jenny disse – ele continuou, cauteloso.


- E por que ela não veio falar comigo? – perguntei.


- É como eu disse, ela não ficou feliz – ele suspirou, incomodado. – Ela não aceita isso.


- Pois terá que aceitar, porque eu cansei de negar isso pra ela – respondi. – Durante todo esse tempo ela vem empurrando garotas pra cima de mim, e eu simplesmente detesto isso!


- Você tem certeza, não é? – Benn me olhou fixamente. – Que você é...


- Sim – disse baixo, olhando novamente em outra direção. Benn suspirou novamente.


- Eu te respeito. Isso não importa pra mim, de verdade – a voz dele saiu calma. – Mas, infelizmente, Jenny não acha isso.


- Depois falo com ela – finalizei, e Benn realmente não disse mais nada.


Aos poucos comecei a tocar algumas notas, sem cantar, pensando na conversa. Benn foi o que interrompeu o silêncio.


- Vai ao baile com quem?


- Ainda não sei, não convidei ninguém – falei, pensando por um segundo na possibilidade de ir com Benn. Ideia estúpida. – Pelo visto vou ter que convidar alguma garota, não é?


Benn ficou sem responder novamente. Continuei entretido com o piano, e Benn parecia buscar alguma forma de puxar conversa. Eu não fazia questão disso.


Depois de alguns minutos, Benn se ergueu. Nem me dei ao trabalho de o seguir, esperando que ele fosse embora. Mas ele não foi. Ao invés disso, apenas conversava com os músicos, o que fez com que agora eu levantasse o olhar.


- É Natal, Sean – ele sorriu. – Você nunca cantou comigo antes, então acho que agora é a hora. Lembra daquela música que nossas mães cantavam juntas perto da lareira...


- ... enquanto nossos pais ficavam o tempo todo jogando pôquer – ri, relembrando. – Lembro.


- Que tal cantá-la relembrando os bons tempos? – Benn ergueu as sobrancelhas, e antes que eu respondesse, os músicos apenas começaram a melodia.


Fiquei de pé, enquanto a música começava. Benn fez um sinal para mim. Eu cantava, seguido por ele.


I really can't stay - But baby it's cold outside


I've got to go away - But baby it's cold outside


This evening has been - Been hoping that you'd drop in


So very nice - I'll hold your hands, they're just like ice


My mother will start to worry - Beautiful, what's your hurry


My father will be pacing the floor - Just listen to the fireplace roar


So really I'd better scurry - Beautiful, please don't hurry


But maybe just a half a drink more - Put some records on while I pour


Andávamos pela sala, por vezes imitando aqueles movimentos que Katlyn, a mãe de Benn fazia com as mãos. Eu sempre soube imitar corretamente, o que causava crises de riso à Jenny.


The neighbors might think - Baby, it's bad out there


Say, what's in this drink - No cabs to be had out there


I wish I knew how - Your eyes are like starlight now


To break this spell - I'll take your hat, your hair looks swell


I ought to say no, no, no, sir - Mind if I move in closer


At least I'm gonna say that I tried - What's the sense in hurting my pride


I really can't stay - Baby don't hold out


Ohh, but it's cold outside


Benn sorria e eu também. Eu nunca havia cantado com ele, e essa foi uma experiência estranha – e ao mesmo tempo reconfortante. Sabe, em todos esses anos que nos conhecemos, é a primeira vez que cantamos assim, "oficialmente".


I've got to get home - But baby you'll freeze out there


Say, lend me a coat - It's up to your knees out there


You've really been grand - I thrill when you touch my hand


But don't you see - How can you do this thing to me


There's bound to be talk tomorrow - Think my lifelong sorrow


At least there will be plenty implied - If you got pneumonia and died


I really can't stay - Get over that old out


Ohh, baby it's cold outside


Nesse momento seguramos as mãos e giramos, fazendo como um flashback da nossa infância, girando pelos jardins da casa dos Schain, enquanto Jenny dormia. No final sempre acabávamos com algum arranhão feio do braço por ter a molecagem de soltar as mãos em alta velocidade. Mas agora tínhamos nos precavido, senão acabaria em vários instrumentos e enfeites de natal quebrados.


Depois tivemos um longo momento de gargalhadas, relembrando tudo aquilo... Eu com meus nove anos, Benn com dez e Jenny com onze, começando a se gabar pra gente mostrando seus livros de Poções. Parecia ontem quando eu e Benn surrupiamos seu livro de Feitiços e colocamos no meio dos galhos de laranjeira do jardim da minha casa... Muitas recordações.


Foi assim o resto do tempo. Benn e eu começamos com as memórias e não parávamos mais. Depois de tudo isso, eu já até havia me esquecido do meu aborrecimento, e estava me sentindo bem melhor, graças a Benn. Afinal, é pra isso que amigos servem.




Sirius POV:


O dia tão esperado do baile se aproximava, e por incrível que pareça, eu ainda não havia chamado nenhuma garota. Mas eu não tinha escolhido nenhuma ainda, mesmo que muitas alternativas tinham aparecido. Garotas praticamente se jogavam no meu campo de visão, quase que escrevendo num cartaz enorme "ME CONVIDA PRO BAILE, SIRIUS". Porém eu não tinha decidido, e a única opção concreta em minha mente é chamar Beth. Pelo que eu soube, ela não tinha nenhuma companhia ainda, talvez esperando por mim.


Esse negócio de baile sempre foi um desespero; todo mundo fica desesperado por achar um par, ou ser chamado. Tem gente até fazendo propaganda! No último jogo da Corvinal contra Sonserina (Sonserina ganhou, pro meu desagrado), o tempo todo a narração no megafone era interrompida por garotas desesperadas do quinto ano suplicando por serem convidadas por alguém – algumas até ofereciam quantia em galeões! Foi necessário a Professora McGonagall ficar do lado de Sam Weasel o tempo todo para impedir que mais ataques de garotas solteiras viessem a acontecer.


É, era uma guerra. Um desespero. E até agora eram poucos o que já tinham par confirmado. Nem os namorados (lê-se Pontas e Lily, Emelina e Chapman) pareciam ter convidado ainda, talvez somente Alice e Franco! Era, sem dúvidas, uma luta desesperada.


Agora estávamos na sala de música, em outra reunião de coral, ouvindo Lily cantar uma música de Natal. Pelo visto ela tinha apostado com Pontas quem comia mais pedaços de torta de abóbora, e Lily se rendeu no décimo segundo pedaço, enquanto Pontas já estava no décimo quinto. Eu sabia que isso foi injusto, pois sempre fazíamos essa competição e passávamos do vigésimo pedaço. Pra ele seria moleza. Pena que não cheguei a ver essa competição, tenho certeza que Lily se sentia culpada por comer tanto, aquela ruiva...


Aposta perdida tinha que cantar uma música de Natal romântica pro outro, e Lily cumpria. Mas não parecia que estava desconfortável, ao contrário. Sua expressão estava toda satisfeita enquanto cantava.


Greeting cards have all been sent


The Christmas rush is through


But I still have one wish to make


A special one for you


Moreau aprovava, enquanto eu entendia a satisfação da Lily. Não era exatamente uma canção romântica, não é? Mas Pontas sorria mesmo assim, feito um bobo apaixonado. Céus.


A special one for you


Merry Christmas darling


We're apart that's true


But I can dream and in my dreams


I'm Christmas-ing with you


Holidays are joyful


There's always something new


But every day's a holiday


When I'm near to you


The lights on my tree


I wish you could see


I wish it every day


Logs on the fire


Fill me with desire


To see you and to say


Até que era uma música bonita, e Lily cantava bem, então já viu... Olhava sempre para Pontas, sorrindo, enquanto ele piscava. Esse redemoinho de casais as vezes dá certa vertigem.


Nessas alturas, algumas garotas faziam vozes de fundo, dando aquele toque a mais na música.


That I wish you Merry Christmas


Happy New Year, too


I've just one wish


On this Christmas Eve


I wish I were with you


Lily continuava a cantar enquanto todos assistiam aos sorrisos. Pronto, mais apaixonados! Quero dizer, menos eu. Olhei inevitavelmente para Sophie – isso estava ocorrendo com mais frequencia do que eu realmente queria –, e ela também sorria, aprovando. Por um momento insano pensei em convidá-la para o baile... Ninguém havia a convidado, pelo que eu saiba.


Logs on the fire


Fill me with desire


To see you and to say


That I wish you Merry Christmas


Happy New Year, too


I've just one wish


On this Christmas Eve


I wish I were with you


I wish I were with you


E finalizando, as garotas cantaram junto a Lily.


Merry Christmas, Merry Christmas


Merry Christmas, darling


Palmas se seguiram, enquanto Lily corria para Pontas. Eu nem prestei atenção. Estava absorto demais em pensamentos, pensando em que garota eu levaria para esse baile. Eu até iria sozinho para aproveitar, mas garotas estarão com seus acompanhantes, e será impossível fazer isso. É, não estava fácil.


Olhei para Sophie novamente. Ela ria sem parar de alguma coisa com Jason e John. Suspirei.


Nunca pensei que escolher a garota certa para esse baile custaria tanto esforço.




Alice POV:


Franco tinha me chamado para ir ao baile! Merlim, foi tão romântico! Ele me levou até a Torre de Astronomia, no horário do jantar. Estava bem frio, e ele me abraçou bem forte para me aquecer. A vista era linda dali. Dava pra ver todo o chão branco ao redor do castelo. E foi lá que Franco me convidou. Por um momento até achei que ele me pediria em casamento – congelei -, mas era isso. Aceitei com todo prazer, é claro! Aliás, quem resiste a um namorado lindo e fofo desses?


Enfim, faltava nem uma semana para o baile, e eu já comecei a encomendar os vestidos das meninas – coitada da minha mãe, vai ter trabalho. E alguma delas espalhou por aí os dons costureiros da minha mãe, e não tive mais paz. Garotas me abordavam toda hora! Quase peguei um microfone pra anunciar pro castelo inteiro que eu só fazia para as meninas do coral, e ninguém mais. Egoísta? Não, só poupando trabalho pra minha mãe, que não tinha muito tempo. Aliás, eram sete modelos diferentes, até mesmo para as garotas que não tinham par ainda (as desesperadas: Maria, Dorcas e Sophie).


No coral, havia já chegado o dia da nossa apresentação – Dorcas ganhou o cara e coroa contra Remo. Tínhamos escolhido uma música bem calma, mas o que mais chamaria a atenção seria a preparação. Dessa vez poupamos o trabalho da minha mãe, e confeccionamos nós mesmas os vestidos, que nem eram tão difíceis assim. Era uma espécie de fantasia anjo-fada, com algumas fitas penduradas e sapatilhas. Bem simples mesmo. O cenário foi feito por magia – foi preciso, fazer o quê? -, usando neblinas e alguns efeitos brilhantes. No final estava bem legal.


Maria foi a primeira a cantar, adentrando o palco.


God rest ye merry, gentlemen


Let nothing you dismay


Remember, Christ, our Saviour


Was born on Christmas day


To save us all from Satan's power


When we were gone astray


O tidings of comfort and joy,


Comfort and joy


O tidings of comfort and joy


Entrávamos com fitas nas mãos, as rodopiando no ar, enquanto outras enchiam o ar de mais brilhos. Até que estava legal – mesmo que a maioria das ideias tinham saído de Dorcas.


Foi minha vez de cantar, e depois Sophie, com sua linda voz suave.


From God our Heavenly Father


A blessed Angel came;


And unto certain Shepherds


Brought tidings of the same:


How that in Bethlehem was born


The Son of God by Name.


O tidings of comfort and joy,


Comfort and joy


O tidings of comfort and joy


As garotas caprichavam em alguns passos de balé, enquanto do teto Dorcas descia – isso mesmo, do teto – numa espécie de balanço. Garota louca – mas saiu legal. Certo, certo. Estou com inveja porque sua ideia foi boa. Ela andava meio inspirada – queria, provavelmente, chamar a atenção de Jason, e, assim, fazer com que ele a convidasse para o baile. E foi por isso também que ela caprichou na sua vez de cantar.


"Fear not," said the Angel,


"Let nothing you affright,


This day is born a Saviour


Of pure or Virgin bright,


To free all those who trust in Him


From Satan's power and might."


O tidings of comfort and joy,


Comfort and joy


O tidings of comfort and joy


E depois foi Lily, fazendo seus indescritíveis passos de balé. Ela não havia mentido quando disse que teve algumas aulas quando pequena. Ela foi até o centro do palco, chamando a atenção ainda mais com aqueles longos cabelos ruivos.


Now to the Lord sing praises,


All you within this place,


And with true love and brotherhood


Each other now embrace;


This holy tide of Christmas


All other doth deface.


O tidings of comfort and joy,


Comfort and joy


O tidings of comfort and joy


E no final fizemos um coral, com destaque na voz de Lily. Não via a hora desse número acabar, essa roupa pinica...


And joy! (Tidings of comfort and joy, comfort and joy!)


And joy! (Tidings of comfort and joy!)


Oh, tidings of comfort and joy


Os meninos ficaram de pé para aplaudir, sentados num lugar afastado do auditório. Franco sorria abertamente pra mim, e eu retribuí, satisfeita. Fomos ótimas, confesso. E eu havia subestimado Dorcas. Ela é boa quando quer, afinal, foi uma surpresa ela ter "permitido" outras vozes na música. Provavelmente escolheria um solo para ela.


Antes que Moreau dissesse alguma coisa, outra voz alta ecoou no auditório.


- Francamente, de novo com isso? – Stanley reclamou, e eu pude ouvir nitidamente o suspiro de Moreau. – Quando vocês vão levar essa competição a sério?


- A próxima competição está longe, Stanley – Moreau respondeu, seco.


- Poderiam estar treinando, já que são um fracasso em relação a coreografias.


- Fazendo esses números é uma forma de treinamento – Sophie instou.


- Ninguém pediu sua opinião, varetinha – Stanley a ignorou, ainda olhando irritada para Moreau. – Quando vai entender que já está passando dos limites fazendo esses duelos bestas dentro de seu coral?


- Primeiro de tudo, espero respeito para com os meus alunos – Moreau falou, sério. – E segundo, eu faço o que eu quiser com meu coral, e já chega de querer mandar, Stanley. Você tem o seu coral, eu tenho o meu. E nada o que acontece aqui é do seu interesse.


- Músicas de Natal e disputas garotos contra garotas, sinceramente? – ela bufou. – Na minha opinião, essa é a coisa mais patética do mundo!


- Acontece que ninguém pediu sua opinião, sua mocreia oxigenada – Sophie soltou, no que Stanley a fuzilou com o olhar. Sophie não se alterou.


Stanley olhou para cada um de nós, mas por fim deu as costas e foi embora. Nós meninas saudamos Sophie, que tinha começado a rir logo que Stanley sumiu de vista. Depois disso nos juntamos aos garotos, caminhando para a sala de música xingando a professora. Logo me juntei a Franco, observando Lily envolver James com o fita que usara no número. Esse casal não é formidável?


Formidável também seria o casal McBlack. Sabe, Sophie e Sirius. Eu percebi sim que durante todo o número Sirius só olhava pra ela. Sou perceptiva nessas coisas, e eu nunca deixaria aquilo passar. Nunquinha.


Já que Lily e James já se acertaram – depois de anos e mais anos, com a graça de Merlim... Próxima torcida: McBlack!




Dorcas POV:


- Meninas, meninas, meninas, meninas! – Lina chegou gritando à mesa do café. – Adivinhem!


- MacDonald morreu? – falei.


- Me achou um par pro baile?


- MacDonald caiu da Torre de Astronomia?


- Você-Sabe-Quem foi preso?


- Não, nada disso – Emelina franziu a testa, se sentando.


- Então não quero ouvir – falei, bebericando meu suco. Ouvi Emelina suspirar.


- O que foi? – Sophie perguntou.


- Benn me chamou para o baile! – Emelina exclamou, contente, me fazendo revirar os olhos. Sophie vibrou junto dela.


- Ah, isso era óbvio! – ela disse. – Quero dizer, vocês namoram! É mais que dever vocês irem juntos!


- Mesmo assim. Ele estava demorando para me chamar, fiquei com medo – ela deu de ombros. – Estou ansiosa agora! Será que a mãe de Alice já terminou os vestidos?


- Emelina, já notou o tanto que está sendo egoísta? – falei, irritada. – Chega aqui, se gabando que já tem um par pro baile, que é seu namorado tão perfeito como diz... Nem pra perguntar se a gente já tem par, ou então pedir para Chapman arranjar algum amigo pra gente, nada!


Emelina se assustou, então fez uma expressão culpada.


- Ah... Desculpa gente – ela mordeu o lábio. – É que eu fiquei tão animada que...


- Tudo bem, Lina – Sophie me olhou repreensiva. – Nós entendemos que você estava animada demais e nem percebeu, mas... Por um lado Dorcas tem razão. Foi uma boa ideia dela! Aliás, mais uma boa ideia dela...


- Mas é claro – sorri, convencida.


- É, porque não arranja algum amigo de Benn pra gente? – Sophie pediu. – Sabe, estamos realmente desesperadas, e até agora nada apareceu.


- Eu poderia facilmente publicar no MMM, mas ele está de férias – suspirei. – E mesmo assim. Deixaria na cara que eu estou desesperada.


- Mas você está desesperada! – Sophie riu.


- Mas o mundo inteiro não precisa saber – falei em tom de obviedade.


- Eu posso falar com Benn – Emelina sorriu. – Se bem que os lufanos estão bem competitivos, o coral traz fama sabe...


- Traz? Pois pra nós não trouxe! – Sophie exclamou indignada.


- Quer saber – falei, olhando diretamente para um garoto de cabelo loiro escuro entrando no Salão. – Dane-se se garotos tem que convidar garotas! Acho que se eu não tomar uma atitude, nenhum garoto vai tomar...


- O que pensa em fazer? – Sophie me perguntou quando me pus de pé, olhando para o ponto da onde eu não tirava os olhos. – Ah, não...


- Ah, sim. Já passou da hora de eu saber o que passa na cabeça do seu irmão – falei, e já comecei a caminhar em sua direção.


Jason viu eu andar diretamente até ele, e olhou rapidamente para o teto.


- O que você quer agora Dorc...


- Jason McKinnon, quer ir ao Baile de Natal comigo? – perguntei de supetão, e ele arregalou os olhos.


- O quê?


- Eu não vou repetir. Está surdo ou o quê? – suspirei com impaciência.


- Não.


- Você não está surdo ou você não quer ir ao baile? – instei.


- Os dois – ele sorriu fraco, então caminhou em outra direção. O acompanhei.


- Então com quem você vai? – perguntei interessada.


- Acho que você só vai saber no dia – ele falou, enigmático. – Isso é se você for. Acho que garotas como você não comparecem a bailes sem um parceiro.


- O que quer dizer com isso, Jason McKinnon? – perguntei furiosa, e ele levou as mãos ao ar.


- Só estou dizendo a verdade, Dorcas. Você não vai sossegar enquanto achar alguém, não é? – ele me olhou de lado. – Sendo assim, boa sorte.


Eu parei de segui-lo, apenas acompanhando aquele pedaço de mau caminho andar pela multidão.


Ai, Jason McKinnon. Por que você tem que ser tão irresistivelmente lindo e um chato de galocha ao mesmo tempo?




Lily POV:


Haul Out the Holly


Put up the tree before my spirit falls again


Fill up the stocking


I may be rushing things


but deck the halls again now


Apresentávamos esse número a Moreau na sala de música, rodeando Brad no piano. Maria cantava com nossas vozes as vozes de fundo; era legal, e foi Maria que tinha escolhido. De início, eu tinha pensado que ela tinha feito isso pra rebater Dorcas, mas agora... Eu tinha certeza.


For we need a little Christmas


Right this very minute


Candles in the window


Carols at the spinet


Yes, we need a little Christmas


right this very minute


It hasn't snowed a single flurry


But santa, dear, we're in a hurry


Tudo se deve ao boato de que Dorcas tinha convidado Jason para o baile. Maria não gostou muito – mesmo que negasse seu incômodo –, e continuou a nos ignorar. Mas eu e Alice a conhecemos o suficiente para entender tudo. Quero dizer, eu já aprendi a lição que não adianta negar seus sentimentos. Isso me fez sorrir para James.


Climb down the chimney


Turn on the brightest string of lights I've ever seen


Slice up the fruitcake


It's time we hung some tinsel on that evergreen bough


Moreau sorria de um canto mais afastado, ainda mais com a dança animada de John. Dorcas se recusava a cantar, e apenas assistia também. E lá vamos nós outra vez...


For I've grown a little leaner


Grown a little colder


Grown a little sadder


Grown a little older


And I need a little angel


Sitting on my shoulder


I need a little Christmas now


Então Sean também cantou. Maria tinha pedido uma dica de música natalina para ele, portanto nada era mais justo. Ele parecia meio desanimado apesar de tudo, o que eu perguntaria depois.


So climb down the chimney


It's been a long time since thought were every


Slice up the fruitcake


It's time we hung some tinsel on that evergreen bough


A música tinha ficado legal, no final das contas. Nem tínhamos planejado, por isso acompanhávamos a letra da música. Maria havia nos pego de surpresa, mas com aquela expressão no rosto dela, quem negaria cantar? Só mesmo Dorcas. Se bem que eu acho que essa era a intenção de Maria...


For we need a little Christmas


Right this very minute


Candles in the window


Carols at the spinet


And we need a little Christmas


Right this very minute


We need a little Christmas now


We need a little Christmas now


We need a little Christmas now


A música acabou, e começamos a aplaudir, animados, assim como Moreau e tudo o mais. Tinha sido mais um encontro divertido com músicas de Natal, e isso era bem reconfortante.


Enfim, depois da aula me direcionei para biblioteca. Eu tinha vários livros pendentes lá, que eu estava usando para estudar para os NIEM's, e se eu não devolvesse logo acabaria tendo Madame Pince em meus pesadelos. E foi lá que me lembrei de Jessie. Nossa, fazia tanto tempo que não conversávamos! Quero dizer, eu estou com James agora, e eu sabia que se ele soubesse que eu ainda conversava com Jessie... Bom, ele não ficaria nada feliz. Não que eu seja propriedade dele e por isso tenha que me afastar das amizades masculinas, mas James realmente não vai com a cara de Jessie. Mas mesmo assim passei na Seção das Enciclopédias, e lá estava o loiro.


- Jessie, oi! – exclamei, e ele ergueu a cabeça, sorrindo.


- Lily! – ele me recebeu com um abraço (espero que ninguém tenha visto, sinceramente, ou já iam pensar no que não devia).


Começamos a conversar, e conversa vai e vem, e já tinha se passado mais de meia hora. Conversar com Jessie era tão espontâneo, por isso nem dava para perceber a hora passar. É claro, eu notei certa frieza e incômodo em algumas de suas expressões, talvez por eu estar namorando. Talvez ele esteja se afastando justamente para as pessoas que vissem – se vissem – não pensassem em outra coisa... Falamos do baile. E Jessie disse que ainda estava em dúvida em quem convidar. Eu, esperta é claro, falei que meninas como Dorcas, Sophie e Maria estavam livres. Espero que ele leve algumas dessas possibilidades em conta.


Depois da biblioteca fui para o jantar. Com certeza todo mundo já estava lá, por isso nem passei na Torre da Grifinória. Encontrei com Sean, Alice, Sophie e Maria conversando entusiasmados sobre o baile.


- Oi, gente! – cumprimentei, me sentando ao lado de Sean.


- Hey, ruiva – Sean sorriu. – Estamos falando sobre o baile. Está cada dia mais próximo e tem gente sem par ainda.


- James ainda não te convidou, Lily? – Sophie me perguntou.


- Não, mas se ele não me convidar, vou ser obrigada a ir com outro – dei de ombros, enquanto ela ria.


- Pelo menos você tem uma esperança! – Maria disse, irritada. – Pra mim, até agora: nada.


- Até Sean já arrumou alguém! – Sophie exclamou, e olhei para ele, surpresa.


- Quem?


- Angela Wang – Sean não parecia tão animado, explicando seu incômodo de antes. – Só a convidei para não ir desacompanhado mesmo... Ela é legal, mas vocês sabem...


- Sim – Alice assentiu. – Mesmo assim, é... Diferente.


- Pois é – Sean suspirou. – Eu só vou leva-la até o Salão e depois procurar outra companhia. Como eu disse, ela é legal, mas fala demais.


- Conheço alguém assim – Alice riu.


- Viu! Até Sean, até Sean! – Maria parecia furiosa, a ponto de entortar o garfo que segurava.


- Falando assim até ofende, Maria – Sean sorriu para ela.


- Olha ali, James está vindo – Sophie anunciou.


Olhei para o maroto – meu e somente – andando em nossa direção, sorrindo. Iih. Eu conheço aquele sorriso. Sorriso do tipo: "estou pronto para chamar a atenção". E isso inclui azarações e qualquer outra coisa que acabe em detenção.


- Olá garotas – ele cumprimentou, ainda sorrindo. – Oi Lily, minha deusa...


- Oh-oh. O que está aprontando, James? – perguntei logo, preocupada, e ele simplesmente riu, rodando a varinha em mãos. Merlim, será que ele vai me azarar? Não duvido nada, sabe...


- Quero te perguntar uma coisa.


Ah! Finalmente!


- Pergunte – sorri, enquanto as outras garotas riam.


O que eu esperava? Que ele simplesmente me convidasse para o baile, então eu aceitaria e pronto. Fim e mais nada. E sabe o que realmente aconteceu?


James simplesmente fez um espaço na mesa com os braços, afastando pro lado pratos de batatas e rosbife. Subiu da cadeira, pra mesa, chamando a atenção de todo o Salão que jantava. A essas alturas eu já tinha corado até o último fim de cabelo. E já não bastava isso, ele pegou a varinha e num longo gesto conjurou uma enorme rosa vermelha. Merlim, Merlim, Merlim!


- Lílian Evans – ele se agachou em minha direção, sua voz sendo a única no Salão silencioso. – Você aceita ser minha acompanhante no Baile de Natal?


O Salão inteiro fez "AAAAAAAAAAAAAH", melosos. E eu só sabia esconder meu rosto nas mãos. Céus, que vergonha! Quando tirei as mãos da cara, James continuava a sorrir abertamente para mim, esperando minha resposta. Alice e as outras tinham paralisado, sorrindo bobamente para mim. Merlim.


- Eu... – comecei, baixo. – Eu vou pensar no seu caso.


Qual é! Olha o mico que ele me fez passar! Não podia dar resposta imediata, era um castigo. Acontece que o Salão inteiro começou a protestar, daí já viu. Olhei ao redor, assustada com toda aquela plateia, e olhei de volta para James, que ria. Era um complô!


- Tá, tá gente! – me coloquei de pé, o que fez todo mundo se calar. – Eu aceito.


O Salão inteiro aplaudiu, e eu queria era mais correr pelo Salão e pular no lago pra esfriar um pouco meu rosto – eu tenho certeza que até sairia fumacinha depois disso. Mas James me puxou pra cima da mesa e me beijou.


Eu realmente não gosto de chamar a atenção, mas ele é um maroto e praticamente força as pessoas a isso! Eu já estava corada demais, depois disso... Parecia que James estava beijando o interior de uma melancia.


Ah, mas foi bom. James me fazia sentir especial... Tantas coisas andavam me fazendo sentir especial! O coral é outra delas. Eu nunca pensei que tantas coisas boas aconteceriam assim, de repente. E eu apenas esperava que isso durasse.




Emelina POV:


- VOCÊ O QUÊ? – eu, Lily, Dorcas, Sophie e Alice gritamos ao mesmo tempo.


- Traidora! Traidora! Traidora! – Dorcas proclamou.


- Maria, por que fez isso?


- Você é louca?


- Maluca?


- Doente mental?


- Maria, dá pra nos explicar? – Lily pediu, ainda chocada, assim como todas nós.


- Gente, calma. Não é nada demais! – Maria se voltou para seu prato.


- Não é nada demais? Você está nos traindo, MacDonald – Dorcas parecia até se divertir com a situação.


- Especifique esse "traindo" – Maria olhou para Dorcas.


- Você entrou para o coral da Corvinal! Um coral que até então estava extinto! – Dorcas disse. – Agora já não basta competir com a Lufa-Lufa, Corvinal vai voltar...


- Mas é claro que não! – Maria bufou. – Primeiro, eu não sou da Corvinal, portanto não posso mudar de casa. Segundo, Corvinal não vai voltar porque não tem nem coordenador!


- O Flitwick – Sophie falou.


- Exatamente – Maria assentiu. – Eu entrei para o coral de Flitwick, e não para o coral da Corvinal.


- Flitwick é o diretor da Corvinal – lembrei.


- Mas não é por causa disso que o coral é o da Corvinal! – Maria disse, impaciente. – Vocês não se lembram do coral de Flitwick? Ele geralmente reúne as garotas do coral no Natal, na Páscoa e em outras ocasiões. E vocês sabem que nesse coral não tem só garotas da Corvinal, tem alunas de outras casas também. E esse coral não participa das competições. Ele apenas... Existe.


- Mas você não pode estar em dois corais ao mesmo tempo, queridinha – Dorcas falou com irritação. – Ou você é do coral da Grifinória ou do coral da Corvinal!


- Vou corrigir novamente. É o coral de Flitwick, de Flitwick! E ele me aceitou totalmente de bom grado – Maria sorriu. – Disse que minha voz vai fortalecer o coral, e...


- Espere só Moreau saber disso! – Dorcas interrompeu, rindo.


- Ele já sabe. E até aprovou. Assim eu posso treinar minha voz em outras ocasiões – Maria mostrava-se contentíssima. – Agora parem de me fazer essa cara de quem comeu e não gostou e vamos para o auditório. Agora é o número dos meninos!


E assim fomos. Mas é claro, continuamos a bombardear Maria sobre essa história. Como assim, entrar no coral de Flitwick? Já não basta estar em um? Quero dizer, Maria, como a maioria de nós, era contra essa história de participar de um coral sequer, e agora está em dois? É bem estranho, mas... É melhor deixar pra lá. Vamos ver no que dá, não é mesmo?


Encontramos com Moreau no auditório, onde Dorcas começou a encher a cabeça do professor com suas teorias de traição de Maria. Ele não ouviu muito, na verdade ninguém ouviu. Apenas tínhamos nos acomodado nas poltronas, esperando os garotos começarem. Queria ver como Remo ia se sair!


Finalmente, depois de longos minutos de espera, a cortina se abriu. Dorcas, com a graça de Merlim, parou de falar mal de Maria quando os meninos apareceram no palco, e, Merlim! O que era aquilo?


Simplesmente James começou a cantar, e... Não estou conseguindo descrever o que eu estava vendo.


Jingle bells, jingle bells,


Jingle all the way;


Oh! what fun it is to ride


In a one-horse open sleigh.


Jingle bells, jingle bells,


Jingle all the way;


Oh! what fun it is to ride


In a one-horse open sleigh.


Ainda não estou conseguindo descrever. Vamos ver Remo cantar...


Dashing through the snow


In a one-horse open sleigh


O'er the fields we go


Laughing all the way (Ha ha ha ha!)


Bom, acho que agora eu consigo, porque eu vi que não era a única chocada. Lily e as outras não sabiam se riam ou se ficavam babando até encharcar o auditório. Enfim, eis minha discrição: o que estava no palco era um bando de garotos (James, Sirius, Remo, John, Jason, Franco e até mesmo Sean!) vestidos nada mais nada menos do que de Papel Noel! Mas não era um Papai Noel comum... Agora é a vez de Sirius cantar. Ainda não estou conseguindo descrever por completo ainda.


Bells on bobtails ring


Making spirits bright


What fun it is to laugh and sing


A sleighing song tonight!


Emelina, você tem namorado! Sossegue, garota! Nossa, era muita... Bom, era muita surpresa. Vamos tentar descrever Sirius: ele era o estilo de Papai Noel sexy metido a Gogo Boy. Mas não exatamente isso... Quero dizer, ele era o mais "solto" de todos os outros. Usava apenas um chapéu de Papai Noel, assim como as calças e as botas vermelho e branco. Mas ele estava sem camisa, com apenas um suspensório naquele corpo digno de maroto e... Emelina, você tem namorado!


Jingle bells, jingle bells,


Jingle all the way;


Oh! what fun it is to ride


In a one-horse open sleigh.


Jingle bells, jingle bells,


Jingle all the way;


Oh! what fun it is to ride


In a one-horse open sleigh.


Olhar tira pedaço? Espero que não. E espero que isso não seja uma espécie de traição para Benn. Quero dizer, era impossível, diante daquela cena, ficar com pensamentos santos. O que esperar de vários garotos com calças justas vermelhas e sexys, cantando e rebolando no palco? Toda mulher vai a loucura, e mesmo que eu esteja comprometida, não posso deixar de apreciar.


Eu estou me odiando.


One, two, one, two, three, four!


Now the ground is white


Go it while you're young,


Take the girls tonight


And sing this sleighing song;


Just get a bobtailed bay


Two forty as his speed


Hitch him to an open sleigh


And crack! you'll take the lead


Desculpa, Lily, mas foi inevitável olhar para seu namorado. É, James Potter é sexy. Sorte a sua, ruiva.


Estou pensando em fazer Benn virar um Gogo Boy...


Jingle bells, jingle bells,


Jingle all the way!


Oh! what fun it is to ride


In a one-horse open sleigh


Jingle bells, jingle bells,


Jingle Jingle Jingle all the way!


Oh! what fun it is to ride


In a one-horse...


A essas alturas as garotas começaram a gritar. Preciso dizer que foi Dorcas a primeira a tomar a iniciativa? Claro, por causa de Jason. Que também estava... Uau! Emelina, você está muito carente. Cadê o Benn?


Jingle bells, jingle bells, jingle bells,


Oh! what fun it is to ride


In a one-horse open sleigh.


Jingle bells, jingle bells,


Jingle all the way


Jingle bells


Sirius Black pode ser um cafajeste que destroçou o coração da minha amiga, mas que ela poderia pegar ele de jeito, ah se podia! E Remo? Meu Deus, se ele não arranjar uma namorada logo...


Nem tinha percebido que a música tinha acabado. Só enquanto as garotas aplaudiam e berravam. Eu estava entretida demais.


Deixa de ser safada, Emelina Vance, parou!


- Garotos, isso foi incrível! – Moreau ria, batendo as palmas. – Vocês estão de parabéns! Merecem um prêmio de criatividade...


- E quanto a mim? – Dorcas questionou.


- Você também, Dorcas. Sem dúvidas – Moreau falou depressa. – Mas eu nunca pensei que vocês, garotos e garotas, podiam fazer esses números tão cheios de conteúdo, tão criativos...


- Obrigado, obrigado – James sorriu. – Espero que as garotas tenham lenços suficientes para limpar a baba...


James riu quando Lily mostrou a língua pra ele, mas eu não podia discordar sobre os lenços, eu realmente precisava...


- Estão de parabéns, novamente – Moreau dizia orgulhoso. – Se continuarem assim, vou até pensar numa possibilidade de terem essa competição todo mês...


- Assim você quer desgastar a gente, né? – Alice ria, ainda sorrindo. Não tinha parado de sorrir desde que Franco entrou no palco, fazendo com que ela ficasse com aquela nítida expressão de "Esse aí é meu". Cadê o Benn?


- Já que estão tão inspirados nesse Natal, tenho algo a propor pra vocês...


- Iih, lá vem – Dorcas suspirou, rolando os olhos.


- Estava pensando em animar um pouco o café da manhã do dia vinte e quatro no Salão – Moreau colocou a mão no queixo, sorrindo. Eu estava tão carente e necessitada de Benn que até fiquei reparando na beleza do professor. – Sabe, véspera de Natal precisa ser animado! E acho que com essa energia de vocês isso seria fácil...


- Está querendo dizer pra gente fazer um número de Natal pra todo mundo no café da manhã? – Lily perguntou.


- Exato – Moreau sorriu. – E aí, aceitam?


- Não sei... – Sean murmurou do palco.


- Ah, qual é! – exclamei. – A gente faz números pra todos eles em toda competição!


- Isso é verdade – Remo concordou.


- Então está combinado! – Moreau falou contente. – Já tenho algumas ideias formuladas, então... Até o próximo encontro!


Moreau e suas ideias mirabolantes. Só espero que ele não proponha algo do tipo... Cantar uma música daquelas de velório. Credo.


Eu nem estava muito preocupada com isso. A carência martelava na minha cabeça a todo estante. Cadê o Benn?




Sophie POV:


- Lily, Lily, Lily! – saí correndo quando avistei a ruiva no meio do corredor. Ela se virou e eu a abracei do lado. – Ainda bem que te achei! Preciso falar com você! É urgente! Urgentíssimo!


- Merlim, garota, o que foi? – ela arregalou seus olhos verdes, já com uma expressão de terror.


- Primeiro, vamos sair daqui. É perigoso, e alguém pode ouvir – sussurrei, e aí que a ruiva ficou mais espantada ainda.


Caminhamos até um corredor que também dava acesso à Torre da Grifinória. Enquanto caminhávamos, eu torcia as mãos, nervosa.


- Pode me contar o que aconteceu agora, Soo? – Lily perguntou. – Assim eu vou ter um ataque!


- É que... Bom. Aconteceu uma coisa – eu falei, hesitante.


- O quê?


- Eu não sei... É... – respirei fundo duas vezes. – Vou te contar.


- Então conta!


- Jessie St. James me chamou pra ir ao Baile de Natal – soltei tudo embolado, mas soltei. Fiquei esperando sua reação, mas ela não disse nada de imediato.


Quando falou, não foi uma fala, e sim um grito.


- Ah! Ele seguiu meu conselho! – Lily deu pulinhos. – Fui eu! Eu que falei pra ele chamar você, Maria ou Dorcas, fui eu!


- Sério? – perguntei surpresa.


- Aham, só não conta pra Maria. Ela ficaria uma fera se descobrisse que eu não indiquei somente ela para o Jessie – Lily deu de ombros. – Isso é ótimo!


- Mas Lily... Você não está brava? – insisti, querendo tirar a culpa. – Quero dizer, Dorcas uma vez comentou comigo que vocês meio que se... Envolveram.


- Ah, aquilo? – Lily bufou. – A gente só tinha marcado de dar uma volta nos jardins, nada demais. Ainda mais que isso nem chegou a acontecer! E eu estou com James agora, e Jessie sempre foi e sempre será um amigo de biblioteca.


Eu ri, suspirando aliviada.


- Ufa, pensei que... Sei lá, né – sorri para ela. – Eu já fui uma namorada falsa do seu atual namorado.


- Exatamente. Falsa. E foi por um bom motivo – Lily me abraçou pelos ombros. – Mas voltando a falar de Jessie. Você aceitou, né?


- De começo eu pensei em dizer a ele que ia pensar. Mas então aceitei.


- E fez bem! – Lily exclamou toda contente em si. – Você vai gostar dele. Ele é super legal e inteligente. E engraçado, e, cá entre nós, bonito também.


- Não é? – ri junto dela. – Espero que ele goste de mim, não sei.


- Ah, vai gostar. Tenho certeza – Lily assentiu, animada.


Quando chegamos à sala comunal, já demos de cara com Dorcas e Maria trocando "elogios". E o assunto era o mesmo: a falta de companhia pro baile. Lily imediatamente me fez um sinal para que eu não comentasse nada, e foi o que eu fiz. Dorcas e Maria não sabiam se continuavam a se xingar ou derramavam lamentações sobre estarem sem par. Eu realmente não sabia o que dizer; eu estava passando por isso até minutos antes.


A única coisa que interrompeu as duas foi Alice descer apressada as escadas com Lina em seu encalço, gritando "Os vestidos chegaram! Os vestidos chegaram!"


Aí foi aquela fila de garotas correndo pro dormitório, completamente curiosas para ver o modelo, que, Merlim! Estavam lindos! O meu ficou do jeito exato que eu tinha pensado. E ficamos o resto da tarde ali, provando os vestidos, pensando já nas maquiagens, sapatos, penteados, revezávamos os vestidos, vendo se ficava bom nas outras... Foi muito bom. A mãe de Alice, sem dúvidas, era uma excelente costureira. E uma boa mãe, pelo visto, diferente da minha...


Eu só esperava, sinceramente, que Jessie St. James gostasse de azul.




Maria POV:


Tinha que ser agora. Agora alguém ia perceber minha feminilidade e ia me chamar pro baile maldito. Tem que ser agora!


Eu havia reunido o coral no Salão Principal num horário não muito movimentado – não tinha nenhuma refeição no momento. O coral se reuniu perto da fileira de árvores gigantescas de Natal, e já estávamos posicionados – eu no meio, há -, esperando por Flitwick. Eu já disse o tanto que o Salão está lindo? Merlim, tem guirlandas, festões, pinheiros, anjinhos e fadinhas por todo lado, além do céu encantado imitar a neve que caía lá fora. Estava tudo simplesmente perfeito. Perfeito para nosso coral, pronto pra se apresentar agora, e chamar a atenção do meu futuro par pra esse baile. Eu tinha que ir com alguém, eu tinha!


Eu aceito até se Severo Snape me chamar. Essa é a situação de uma garota desesperada, porque até agora nem isso anda aparecendo. Caramba, será que sou tão indesejada assim? Bom, pelo menos Dorcas está no mesmo barco que eu, assim não vou ter que ouvir aquela megera se gabando...


Minutos depois Flitwick havia chegado, e estávamos prontas para o número. Alguns alunos assistiam, e eu encontrei o máximo da minha carisma que eu havia reunido. Um daqueles garotos corvinais podia ser meu futuro par, e, quem sabe, meu futuro namorado!


Flitwick fez um sinal de maestro, e a música começou, sinalizando que minha vez chegara. Par para o baile, aí vou eu!


Ahhh... Ohh...


Oh, oh, oh, oh...


Angels we have heard on high


Sweetly singing o'er the plains,


And the mountains in reply


Echoing their joyous strains.


Gloria, in excelsis Deo!


Gloria, in excelsis Deo!


Minha voz saía naturalmente, acompanhada com a voz de minhas amigas corvinais no fundo. Ops, será que aqueles corvinais olhando e sorrindo pra cá eram os acompanhantes das garotas? Droga, eu preciso que alguma delas veja se há alguém disponível...


Come to Bethlehem and see


Christ Whose birth the angels sing;


Come, adore on bended knee,


Christ the Lord, the newborn King.


Estava um completo clima de Natal; era impossível descrever. Toda aquela neve, aqueles enfeites, aquela música... Mas eu devia esquecer disso, e lembrar apenas que eu preciso de um par! Esse é meu pedido definitivo de Natal, Merlim...


Gloria, Gloria, Gloria,


In excelsis Deo!


Gloria, Gloria. Hey!


In excelsis Deo!


Gloria


Oh, come and see, Gloria


Gloria


Oh, come and see, Gloria


Gloria.


Yeah! Gloria!


Gloria.


Oh, come and see, Gloria.


Deixando de lado o pouco da minha modéstia, minha voz simplesmente arrasava. Eu até via os olhinhos do professor Flitwick brilharem enquanto ele comandava o coral. Ah, o doce sabor do sucesso! Agora quero meu prêmio: cadê um par?


Glor, Glor, Gloria


In excelsis Deo!


Angels we have heard on high (Gloria!)


Oh, come and see, Gloria


Oh, come and see, Gloria


Come and see! (Gloria!)


Oh, come and see, Gloria.


Come see Gloria!


Oh, come and see, Gloria. (Gloria!)


Oh, come and see, Gloria.


Angels we have heard on high. (Gloria!)


Oh, come and see, Gloria. (Gloria!)


Angels we have heard on high. (Gloria!)


Oh, come and see, Gloria.


Gloria! (Angels we have heard on high)


Quando a música acabou, os poucos presentes aplaudiram, ainda mais com minha longa nota no final. É, eu simplesmente arraso. Flitwick logo veio me cumprimentar junto com as meninas, e eu sorria, feliz da vida. Só fiquei chateada quando constatei que realmente aqueles garotos da Corvinal estavam ali por causa das meninas. Quero dizer, todas essas meninas do coral são as antigas cantoras do extinto coral da Corvinal, mal direcionado por Stanley. Elas são bonitas e cantam e dançam bem, é óbvio que elas tem popularidade.


Eu esperei um pouco pra ver se alguma delas me chamaria pra conversa e apresentar alguns amigos – um só já basta. Mas isso não aconteceu, então tirei minha veste do coral (era igual à preta de Hogwarts, só que de um vermelho berrante), e caminhei em direção a saída, derrotada. O baile será depois de amanhã, e até agora... Nada.


E pelo visto vai continuar assim até esse baile passar. Coitada da mãe de Alice, fez meu vestido a toa... Porque nesse baile sozinha eu não vou.


- Belo show – alguém falou atrás de mim, quando eu estava prestes a sair do Salão. Me virei e me deparei com Jason McKinnon.


- Ah... Obrigada – falei ainda desanimada.


- Você estava animada enquanto cantava. Por que esse desânimo todo de agora? – ele me perguntou, e eu me cocei pra não dar uma resposta bem mal educada.


- Só estou meio sonolenta. Cantar me deixa acordada, e quando eu paro, o sono volta – dei de ombros, surpresa interiormente com minha facilidade em mentir.


- Entendo – ele sorriu. – Foi bom você ter entrado nesse coral, Maria. Sua voz realça bastante.


Sorri fraco de volta, só pra não parecer carrancuda – eu já tinha fama demais para isso. Jason continuou a conversa, mesmo que eu queria deixar claro que eu queria era arredar o pé dali.


- E quanto ao baile? – ele perguntou, cutucando a ferida. – Já tem companhia?


- Tenho algumas opções – mentira máxima total. – E você?


- Também – ele respondeu, mas eu pude ver sua mentira assim como ele podia ver a minha.


- Tenho que ir – falei depressa, querendo fugir daquele assunto. Eu estava com uma vontade insana de chutar alguma coisa... Acho que preciso procurar a Dorcas. – Até mais, Jason.


- Até – ele acenou, e eu dei as costas, andando bem rápido antes que ele começasse outro assunto.


Ai, caramba. Você já teve a sensação que tudo estava dando certo pra todo mundo, menos pra você?




Sirius POV:


- Já está na hora de vocês convidarem alguma garota, não? – Pontas falou enquanto conversávamos no dormitório. – A minha já está garantida.


- Que surpresa! – falei com sarcasmo.


- Não sei quem eu convido – Aluado disse vagamente.


- Porque a garota que te conquistou está com outro – acrescentei.


- É sério, vocês tem que agilizar – Franco falou antes que Remo respondesse. – Até Rabicho arrumou uma, não é?


- Rabicho? – falei assustado. – Até você, camundongo? Quem é ela?


- Colbie Brusger – Rabicho falou com a boca cheia. – Uma garota do quarto ano. Ela estava na biblioteca e me ajudou num exercício de Feitiços. Então eu a chamei.


- Sabia que tinha interesse por trás disso – Pontas riu.


- Como assim, te ajudando num exercício de Feitiços? – Aluado perguntou sem entender. – Rabicho, você está no sétimo ano e a garota no quarto!


- Ela é inteligente – Rabicho deu de ombros, e eu bufei.


- Então está realmente crítica a situação. Até Rabicho, Rabicho! – bufei novamente. – Só falta agora Sean também ter arrumado...


- Já arrumou. Angela Wang, quinto ano – Rabicho informou.


- Você só pode estar brincando! – exclamei chocado. – Sean convidou uma garota?


- Pra você ver – Pontas riu na minha cara. – Você e Aluado são os únicos desacompanhados daqui. Acho melhor se apressarem.


Pensei em Sophie inevitavelmente. Eu não queria chamar Beth, não sei porquê. Acho que eu já tinha ficado o bastante com ela – e agora que a febre de garotas malucas me atacando tinha passado, já fazia um tempo que não conversávamos.


Desci junto aos outros para o Salão para jantar. Pontas já se grudou com Lily e Franco com Alice, então apenas caminhei junto a Aluado e Rabicho. Rabicho comentava um pouco sobre a tal Brusger, enquanto meu pensamento era igual ao de Aluado: que garota convidaríamos?


Eu realmente esperava que esse jantar fosse tranquilo e pacífico, mas não foi o que aconteceu. De começo eu pensei que sim, porque Lily foi convidada para cantar uma simples canção de Natal para os presentes, em pé perto da mesa dos professores. Acho que ela tinha perdido o medo porque não tinha tanta gente no Salão; apenas alunos do quarto ano pra cima estavam presentes, pois os demais tinham ido passar o Natal em casa – assim como John, que fora embora reclamando das injustiças do mundo.


A música que Lily cantava tinha chamado a atenção dos presentes, sua voz ecoando no Salão com aquela melodia extremamente relaxante. Era assim que eu estava, por ora.


O Holy Night! The stars are brightly shining,


It is the night of the dear Saviour's birth.


Long lay the world in sin and error pining.


Till He appeared and the Spirit felt its worth.


A thrill of hope the weary world rejoices,


For yonder breaks a new and glorious morn.


Fall on your knees! Oh, hear the angel voices!


O night divine, the night when Christ was born;


O night divine! O night, o night divine!


Não tinha um que não assistia aquilo sorrindo. Pontas então, parecia um pavão todo pomposo por causa da namorada talentosa.


Truly He taught us to love one another,


His law is love and His gospel is peace


Alguns presentes no salão começaram a cantar junto com Lily, com a iniciativa de Dumbledore. Eu podia ver seus olhos muito azuis brilharem daqui, olhando para Lily...


Chains he shall break, for the slave is our brother.


And in his name all oppression shall cease


Meu sentimento de paz acabou num só estante quando uma notícia chegou a meus ouvidos – fofocas que passavam sempre pela mesa das casas durante as refeições. Rabicho cochichou comigo.


- Ficou sabendo? Sophie vai com Jessie St. James ao baile!


Sweet hymns of joy in grateful chorus raise we,


With all our hearts we praise His holy name…


De repente aquela música e todo mundo fazendo voz de fundo começou a me irritar. Aquela comida começou a me irritar, todo mundo começou a me irritar... Senti vontade de socar a cara de apaixonado de Pontas ainda olhando para Lily, tive vontade de socar um por um de todas aquelas pessoas que cantavam, todo mundo...


Sweet hymns of joy in grateful chorus raise we,


With all our hearts we praise His holy name.


Fall on your knees! Oh, hear the angel voices!


O night divine, the night when Christ was born;


O night, O night divine!


O night, O night divine!


No mesmo momento em que a música terminou e todo mundo começou a aplaudir, eu já havia me levantado, caminhando furioso entre as mesas. Por sorte ninguém me notou, ainda saudavam a música irritante cantada por Lily.


Não queria saber de mais nada e de mais ninguém. Só queria encontrar alguma coisa e descarregar nela toda essa raiva inexplicável que eu estava sentindo.




David POV:


Fa la la la la la la la


Fa la la la la la la la


Fa la la la la la la la


Fa la la la la la la la


Deck the halls with boughs of holly


Fa la la la la la la la la


Tis the season to be jolly


Fa la la la la la la la


Don we now our gay apparel


Fa la la la la la la la la


Troll the ancient yuletide carol


Fa la la la la la la la la


Tinha dado tudo certo; no café da manhã do dia vinte e quatro, lá estava o coral se apresentando. Era como eu pretendia: animar um pouco a véspera do Natal. Maria, como sempre, cantava com sua voz em perfeição, enquanto todos os outros cantavam e dançavam ao fundo. Eles usaram novamente sua criatividade, e por isso usaram as roupas de suas apresentações no auditório (claro, os garotos agora estavam de camisa).


Up on the rooftop reindeer paws


Out jumps good ol' santa clause


Down through the chimney with lots of toys


All for the little ones Christmas joys


Ho ho ho


Who wouldn't go?


Ho ho ho


Who wouldn't go?


Up on the rooftop click click click


Down through the chimney with good St. Nick


Algumas garotas vibraram enquanto James cantava, causando um visível desagrado na expressão de Lily.


Deck the halls he's up on the rooftop


Deck the halls he's up on the rooftop


Deck the halls he's up on the rooftop


Fa la la la la la la la la


Depois foi a vez de Lily, que fora para o centro abraçando James propositalmente – não estava ensaiado isso.


First comes the stocking of little Nell


Oh dear Santa fill it well


Give her a dolly that laughs and cries


One that will open and shut her eyes


Don we now our gay apparel


Fa la la la la la la la la


Troll the ancient yuletide carol


Fa la la la la la la la la


A voz de Dorcas também se destacava, pois era rotina isso acontecer quando a voz de Maria também se destacava: as duas viviam brigando com mais frequência, o que ocasionava em disputas por solos novamente.


Deck the halls he's up on the rooftop


Deck the halls he's up on the rooftop


Deck the halls he's up on the rooftop


Up on the rooftop, oh oh oh oh


Up on the rooftop, oh oh oh


Up on the rooftop, oh oh oh oh


Up on the rooftop, oh oh oh


Alice também teve sua parte, e Franco imitara a expressão de Lily quando alguns sonserinos soltaram sonoros assobios.


See the blazing Yule before us


Fa la la la la la la la la


Strike the harp and join the chorus


Fa la la la la la la la la


As palmas acompanhavam a música e a dança agitada, e foi realmente estranho não ter John ali para animar ainda mais. Outro fator que não estava ajudando muito era Sirius, que antes disse que não queria fazer o número, acabando ser convencido por James e Remo.


Follow me in merry measure


Fa la la la la la la la la


Sing the joyous song together


Fa la la la la la la la la


Ho ho ho


Who wouldn't go?


Ho ho ho


Who wouldn't go?


Up on the rooftop click click click


Down through the chimney with good St. Nick


Eu podia, da onde estava sentado, sentir o olhar de fúria de Stanley em mim, e já até previa o que ela estava pensando. Eu já tinha minhas respostas na língua, e não importa o que ela dissesse, nada mudaria o fato de que todos estavam gostando.


Deck the halls with boughs of holly


Fa la la la la la la la la


Tis the season to be jolly


Hear the bells of Christmas calling


Deck the halls with boughs of holly


Fa la la la la la la la la


A última nota foi seguida por aplausos altos e saudações animadas. Objetivo concluído. Os garotos sorriam e reverenciavam no palco, enquanto Stanley já se levantava para caminhar em minha direção.


- Moreau! – exclamou já de imediato.


- Olá, Stanley – sorri. – Apreciou o número?


- Você realmente quer ganhar a preferência do público, não é? – ela xingava, enquanto James e os outros se sentavam junto aos outros da Grifinória. – Primeiro foi colocar aquela garota MacDonald no coral de Flitwick...


- Foi ela quem quis – interferi.


- Depois aquela música pra boi dormir da Evans...


- Dumbledore que pediu! – ri em sua cara, o que a deixou mais vermelha.


- E agora isso! Francamente, não sabe ganhar justo?


- Só foi um número para animar a manhã do dia vinte e quatro, Stanley – dei de ombros. – E não estou fazendo isso para ganhar preferência, não. Longe disso. É como Dumbledore mesmo falou, não são os alunos que julgam as competições, são os jurados.


- Não importa! Se quiser fazer esses seus números estúpidos e vergonhosos novamente, faça restritamente naquele maldito auditório! – falou, furiosa, e então deu as costas, saindo do Salão pelos fundos.


Pelo visto nossa amiga não estava em seus melhores dias. Mas eu não havia ligado muito. Se fosse pra me importar com tudo que Stanley diz... Qual seria o sentido da vida?




Lily POV:


James praticamente me puxou pra fora da sala comunal.


- Jaaaaames! – reclamei, e ele riu.


- Hoje é véspera de Natal, Evans. Nada de ficar trancafiada na Torre da Grifinória estudando! – ele bufou, me abraçando firmemente pela cintura.


- Eu realmente queria estudar mais, sabe. Aproveitar que não temos redações pra fazer.


- Lily, você já pensou que está exagerando? – James me perguntou, me olhando fixamente. – Você mais estuda do que vive.


- Mas pelo menos vou me dar bem nas provas, diferente de certo alguém – sorri.


- Bom, minha inteligência é natural – ele deu de ombros, se gabando. – Consigo ir bem em todas as matérias sem esforço nenhum.


- Exceto Poções.


- É um caso a parte. Slughorn não vai com a minha cara – tentou se explicar, me fazendo rir.


- Slughorn não vai com a sua cara? Ele simplesmente idolatra o aluno mais famoso da escola!


- E a menina mais inteligente da escola – James me beijou.


- Emelina é mais.


- Não acho. Sem dúvidas você é a mais inteligente... Olha o namorado que escolheu! – ele exclamou, e eu ri com sarcasmo.


- Pronto, agora começou a exaltar o ego.


- Antes isso do que ficar me lamentando por aí dizendo que sou feio e gordo. O que está longe de ser verdade, cá entre nós.


- Será?


- Por que, Lily Evans? Está dizendo que eu sou feio e gordo? – ele me abraçou com firmeza, de modo que eu fiquei frente a frente com ele.


- Bom, feio você não é – nossa Lily, como você é mentirosa. James Potter é descendente de algum deus grego! Mas é claro que eu não ia admitir isso, certo? – Gordo muito menos.


- Eu sou um gato!


- Está precisa ganhar um quilinhos – coloquei a mão no queixo teatralmente, o fitando.


- Está falando sério? – ele pareceu chocado. – Tenho corpo completamente atlético por causa do quadribol – ele então ergueu a manga da blusa, mostrando seu muque. Oh.


- O que adianta ter muito braço, se tem pouco cérebro? – falei, passando as mãos pelo seu braço, aproveitando. – Prefiro caras inteligentes do que esses que só valorizam o corpo pra chamar a atenção de todas garotas da escola... Caramba, a carapuça serviu certinha em você!


- Haha – ele abaixou a manga da blusa, estreitando os olhos para mim. – Se for assim, está claro o motivo que eu estou com você.


- Só pode! Quero dizer, se for olhar pra minha beleza, com certeza eu morreria solteira...


James revirou os olhos.


- As vezes eu tenho vontade de ter comprar um espelho.


- Pobres espelhos – suspirei.


- Lily...


- Estou brincando – o beijei, interrompendo-o. – Depois daquela linda música que meu namorado cantou pra mim, digamos que eu comecei a aceitar melhor minhas sardas.


- Que são lindas. Assim como seu cabelo, seus olhos, seu sorriso...


- Vamos parar com isso – me soltei dele e comecei a puxá-lo pela mão em direção ao Salão. Isso foi o jeito que eu arrumei pra esconder meu rosto que corava sem parar. – Vamos ver se tem algum conhecido no Salão agora.


James, porém, não parou de listas as coisas que ele achava bonitas em mim até chegarmos lá. Francamente, ele elogiou minhas unhas! Minhas unhas roídas e quebradas. Certo James, você é louco e não sei porque ainda está elogiando o formato do meu nariz.


Quando chegamos ao Salão, porém, não vimos ninguém. Estava bem vazio; poucas pessoas estavam ali, e sim aproveitando o calor da lareira de suas salas comunais. Disse isso a James, mas ele disse que se eu quisesse ele me esquentaria. Safado.


Porém o coral de Flitwick estava ensaiando mais alguma apresentação naquele lugar entre as árvores de natal. Bem Natal mesmo, aquele clima. E Maria estava lá no meio. Não parecia muito contente, até nos ver.


- Lily, James! – ela exclamou, então deixou as garotas pra trás e correu até nós.


- Ei, Maria. Ensaiando muito? – James perguntou.


- Infelizmente – Maria suspirou. – Estou pensando seriamente em sair desse coral. Meu plano não deu certo.


Eu ri, entendendo o que ela dizia, apesar de James estar confuso.


- Já?


- Não é tão legal quanto o nosso coral – Maria suspirou. – Ainda bem que ele se afasta um pouco depois do fim do ano. Ele se reúne só por essa época mesmo.


- Então por que entrou? – James franziu a testa.


- Porque eu quis – Maria apertou sua bochecha, rindo junto comigo. – Ei, estamos ensaiando uma música nova. Querem cantar junto com a gente?


- Não somos traidores como você – brinquei, e Maria olhou para o teto.


- É sério, vai ser legal! – Maria vibrou com a ideia. Ela continuava diferente... Isso é o que ela diria normalmente agora:


- Lily Evans, ou você canta essa droga de música pra essa droga de coral agora com seu namorado ou então eu não deixo você dormir nunca mais! Coloco um feitiço na sua cama que nunca mais deixará você acordar tarde, nunca mais! E traidora é a sua avó!


Mas como ela está diferente, suponho por causa de seu "plano", eu apenas ri e olhei para James, que bagunçava o cabelo olhando em outra direção.


- Não tem ninguém aqui. Cantar pra quem? – falei.


- Justamente por isso, você não vai ficar com vergonha – Maria piscou. – Por favor, você vai nos ajudar a ensaiar assim! Precisamos treinar mais o back vocal, especialmente eu. Sabe como é, eu empolgo muito e minha voz sempre se destaca...


- Que música estão ensaiando?


- "Last Christmas" do Wham. Conhece?


- Amo essa música! – exclamei cutucando James.


- Nunca ouvi falar – ele deu de ombros.


- Mentiroso – falei, rindo. – Vamos James, fazer esse favor pra Maria.


- É James, vamos! – Maria já começou a puxar nós dois pra perto das garotas que conversavam. Quando notaram nossa presença – ou melhor, a presença de James –, algumas garotas deram pulinhos e começaram rapidamente e ajeitar o cabelo e as roupas. Idiotas, vacas. Argh.


- Ei garotas! Olha quem eu trouxe pra ajudar a gente a ensaiar! – Maria parecia extremamente orgulhosa de si, o que me fez suspirar. Eu sei que ela ouviu, mas me ignorou. – Vamos começar!


- Sabem a letra? – Flitwick sorriu para gente, talvez com a esperança de que entrássemos para o coral também.


- Claro – respondi; James já ia dizendo não, mas eu dei um beijo no rosto dele para o impedir de dizer – tanto pra isso, quanto pra aquelas piranhas ficarem sabendo que ele tem dono. Humpf.


As garotas correram pra seus lugares, ainda dando umas olhadas furtivas para o MEU James (me abracei a ele quando percebi isso) e Flitwick ficou as postos.


A música começou. As garotas cantaram olhando pra James, e eu fiquei com raiva, é claro. Espero sinceramente que elas tenham a noção do perigo.


Last christmas


I gave you my heart (gave you my heart)


But the very next day you gave it away (you gave it away)


This year


To save me from tears


I´ll give it to someone special (special)


Pelo visto as garotas estavam dando o melhor de si, e é por isso que eu comecei a fazer o mesmo. Puxei James pelas mãos mais para o meio do Salão, e eu vi os olhares o seguindo. Mas o que é isso?


"Once bitten and twice shy"


I keep my distance


But you still catch my eye


Tell me baby


Do you recognize me?


Well, it´s been a year


It doesn´t surprise me


James cantou timidamente; pelo visto ele não sabia a letra mesmo. Em seguida deixei nossos rostos bem próximos (engulam isso garotas-que-se-jogam-em-cima-dos-namorados-alheios) para sussurrar para ele "Happy Christmas".


I wrapped it up and sent it


With a note saying I love you


I meant it


Now I know what a fool I´ve been


But if you kissed me now


I know you´d fool me again


Mentiroso! Ele tinha dito que não sabia a letra! Ele cantava quase rindo da minha expressão surpresa quando começou a cantar facilmente junto comigo. Mentiroso.


Eu fiz questão de estender bem a última nota, olhando desafiadoramente para aquelas piriguetes. Elas continuavam a cantar no fundo, e as vezes eu, James e Maria cantava também. Bom, pelo menos tínhamos ajudado: o back vocal estava ótimo, mesmo que aquelas garotas sorrissem para James.


Mas eu gostei. Porque James nem olhou para elas, e tinha apenas os olhos em mim, e me abraçou pela cintura enquanto assistíamos o coral continuar com a música.


Last christmas


I gave you my heart


But the very next day you (you gave me away) gave it away


This year


To save me from tears


l´ll give it to someone special (special)


No fim da música as garotas, como os poucos presentes, começaram a aplaudir. E continuaram a olhar para James. Aí sim ele percebeu meu olhar de fúria, quero dizer, já estava na cara! E eu estava vermelha, o que é um dom de James sempre perceber quando isso acontece. "Só tem dois motivos", expliquei pra ele noutro dia, "ou eu fico com vergonha ou é quando eu fico com raiva". E ele levou bem a sério. Vi pelo canto do olho James olhar de mim para as garotas, enquanto Flitwick nos parabenizava.


Foi só o professor dar as costas. Num rápido movimento James tombou meu corpo, me deixando pendurada em seu braço, curvando-se para mim e depositando leves beijos, separando nossos lábios um pouco. Ouvi risos.


Demorei um pouco pra deixar de ficar vermelha. Vermelha de vergonha mesmo.




Maria POV:


Era oficial agora: eu ia desacompanhada para o baile. Não acredito, eu simplesmente não acredito.


Quero dizer, é humilhante! Ainda mais por causa de Dorcas, que conseguiu um par. Um garoto qualquer do sexto ano, pelo visto amigo de Jason (como isso aconteceu?). Tenho quase certeza que ela subornou o garoto, ou ameaçou azará-lo, ou, o mais provável, ameaçou colocar alguns podres dele no MMM. Deu vontade de fazer isso, mas minha coluna é apenas de entrevistas. Argh!


Minha tarde foi atormentada por Dorcas. Não aguentei mais ela dizendo que eu era a única a ir sozinha nessa droga de baile. Por que isso estava acontecendo comigo, Merlim? Por que?


Pela primeira vez na minha vida, tive vontade de chorar. De humilhação. Eu estava vagando pelo corredor do quarto andar quando um garota toda esquisita, com vestes tão grandes que pareciam ter sido usadas por Hagrid, chegou em mim me perguntando se eu queria ir ao baile com ela. Pode uma coisa dessas? Nossa, me controlei pra não socar a garota. Quero dizer, tudo por culpa daquele maldito Cartaz da Humilhação de dias atrás escrito "Maria João". Nova meta: socar Stanley.


Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo comigo. Eu não quero ir sozinha! Não quero!


E meu par não apareceu, e pelo visto nem iria aparecer.


Eu nem queria ir para a reunião do coral que ia ter hoje, Dorcas com certeza não ia me dar paz hoje. Mas era o dia de tirar o amigo secreto, então eu fui meio que obrigada por Lily e Alice. Elas pareceram magoadas com a minha situação, e prometeram ajudar. Há, vai nessa que vão conseguir. A não ser que chamem o Hagrid pra fazer par comigo, já que sua filha perdida já viera me procurar. Droga de vida.


Dito e feito, Dorcas me azucrinou até eu perder a paciência e soltar um sonoro palavrão que fez todo mundo se calar. Beth quebrou o silêncio exclamando "A antiga Maria voltou!". Pronto, acabei com minha fachada de acordo com meu plano. Mas quer saber? Dane-se.


Hora de tirar os nomes. Juro que se eu tirar a Dorcas eu mato alguém. Ou ela mesma. Só espero que ela não me tire. Moreau fez os feitiços anti-trapaça, e colocou os nomes naquele chapéu meio empoeirado que ele tinha feito o sorteio dos solos. O nome de John também estava incluído; ele mandaria o presente via correio-coruja, assim como receberia também. Moreau também participaria; eu ficaria feliz se eu o tirasse. Ele é um gato, e eu provavelmente daria uma cueca escrita com meu nome, que tal?


Todo mundo começou a tirar os papéis. Alguns ofegavam lendo o nome que tirou, outros riam. Todo mundo tentava espiar o papelzinho do outro, e eu já estava nervosa pra saber quem eu tirei, ainda mais quando Dorcas ofegou alto. (N/A: acreditem em mim, eu fiz o sorteio aqui em casa, com direito a papel e tudo, haha! Só alterei alguns, que tinha que ser alterado ;D)


Peguei o papel de dentro do chapéu.


Abri e li.


Alice Brown.


Ufa. Merlim não me odeia tanto assim. Acho que a melhor coisa que existe é tirar uma de suas melhores amigas no Amigo Secreto. Amanhã teria um passeio bem cedo para Hogsmeade, e o combinado foi de nos separarmos e comprar o presente do amigo secreto. Eu já sabia o que comprar.


Eu estava mais tranquila agora; em geral, não dou sorte nesses amigos secretos.


Só tenho medo de quem vai me tirar.




Lily POV:


Tinha escurecido, e isso me fez perceber o tanto de natais legais que eu perdi naquele castelo em todo o tempo que eu estudo lá. Mas acho que isso é exclusivo, já que tem mais gente. Mas é sério, eu nunca esperaria que ia me divertir tanto.


Já eram nove horas quando eu e as garotas descemos para a sala comunal. Os meninos disseram que íamos passar a virada do dia vinte e quatro para vinte e cinco todos juntos lá, comemorando. Bom, é inegável minha surpresa.


Simplesmente eles deram um jeito de levar uma árvore de natal gigante pra sala comunal, além de outros enfeites parecidos com os que usamos para enfeitar a sala de música. Tinha todo tipo de enfeite pra todo lado, além de alguém ter enfeitiçado o teto pra nevar – tipo o que acontecia no Salão Principal. E tinha comida pra tudo que é lugar e bebida, e todo mundo estava ali reunido, conversando, curtindo a música, rindo. Era um clima tão bom! Chegava a ser indescritível.


Obra dos Marotos, fui descobrir depois. Mas agradeci a James do jeito que ele gosta pela festa; só eles conseguiam fazer isso. Mas tinha muita, muita comida, e bebida também, mas apenas Cerveja Amanteigada. Descobri um tempo depois que McGonagall estava lá aproveitando a festa ao mesmo tempo que tomava cuidado pra não ver Uísques de Fogo rondarem por ali. Quando já se passavam das dez, localizei Dumbledore. E depois Slughorn! Pelo visto todos os professores preferiram passar o Natal na festa dirigida pelos marotos, talvez fosse a melhor.


Acho que foi o melhor Natal que eu já tive em toda minha vida. Todos os que eu passei sempre foi ouvindo Petúnia falar do namorado ou reclamar de alguma coisa. Passar essa data com a família é bom, mas as vezes é bom mudar. Todos os meus amigos estavam ali, e isso me deixava feliz. E James estava ali, o que me deixou feliz também.


Logo Moreau também entrou na festa, e algumas pessoas começaram a dançar. Será que elas se esqueceram que temos um baile para ir amanhã?


Mas foi ótimo; eu ficava alternando entre conversar com meus amigos e rir das palhaçadas de Sophie e Sirius – faltou John –, ou papeando com Remo e Maria (Emelina foi se encontrar com Benn). Depois eu ficava um pouco com meu namorado, que me arrastava pra perto dos professores e ficava fazendo-os dizer o quanto sou bonita. Devo dizer que quase matei o garoto? E pior foi que McGonagall começou a dizer o quanto meus olhos são amendoados e lindos, e Dumbledore elogiar meu cabelo, e Moreau minha voz, além do discurso infinito de Slughorn... Merlim, eu não merecia aquilo.


Depois eu voltava e assistia a discussão de Maria e Dorcas, enquanto Maria dizia os métodos que Dorcas havia usado pra forçar o tal menino que ela ia acompanhada ao baile a aceitar ir com ela. Depois íamos conversar um pouco com Alice e Franco, e foi assim minha noite. Perfeita.


Era o que eu pensava. Que não podia ficar mais perfeita.


Mas ficou.


Perto da meia-noite, eu estava conversando animada com Sean, assistindo ele imitar o jeito de Stanley falar, aos risos, quando uma voz chegou a meu ouvido.


- Pode me acompanhar, senhorita? – sussurrou, o que me fez dar um gritinho além do arrepio.


- James, que susto! – xinguei.


- Vamos? – ele me estendeu o braço. Veio o djavú.


- Pra onde? – perguntei desconfiada novamente.


- Apenas me acompanhe. Você sabe por experiência própria que fazendo isso você não vai se arrepender.


- Mas James, daqui a pouco é meia-noite, e é pra todo mundo comemorando o Natal e...


- Nós vamos voltar – ele disse.


O fitei um pouco, pensando, mas por fim assenti.


Certo, pensei que íamos ser pegos por Filch ou outro ser que acaba com a nossa vida nos corredores, mas descobri que todo mundo estava se deslocando pelo corredor, como um perfeito dia normal de aula. Por isso nem precisamos ser cuidadosos, e em pouco tempo estávamos no destino de James: a Torre de Astronomia. Estava bem frio lá, ainda bem que eu estava bem agasalhada – sim, sou frienta. Mas estava bom ali, apesar de tudo. Quero dizer, eu estava com James, e estando ao lado dele eu já estava bem. Além disso, a vista dali era linda. As luzes vindas do castelo acordado iluminava o lado de fora, da onde dava pra ver o chão branco pela neve e as altas árvores da Floresta Proibida cobertas da matéria fina que dava aquele aspecto tão lindo. Estava tudo lindo.


- O que você pretende me trazendo aqui? – olhei pra ele desconfiada, embora rindo.


- Quero um pouco de privacidade com minha namorada – ele me segurou pela cintura e me beijou. – E também pra te entregar seu presente.


- Que droga! – exclamei.


- Nem vem com essa de não querer presente, eu penso em te dar ele desde que eu descobri que eu gosto de você e...


- Não é isso – falei, desapontada. – Se eu soubesse, eu teria trago o seu também.


- Você...


- Eu não deixaria você sem, é claro que não! – sorri para ele, então tive uma súbita ideia. – Ah, você está com sua varinha aí?


Sem entender, James tirou sua varinha do bolso e me entregou. Apontei ela pro ar e convoquei o presente mentalmente. Só esperava que isso resolvesse, já que eu pratiquei muito esse feitiço nessa vida...


E deu certo. Não demorou pra caixa vir a meu encontro toda cheia de neve. Agarrei o embrulho e devolvi a varinha a James. Percebi que ele me olhava com certo orgulho enquanto me via tirar a neve do presente.


- Aqui – estendi a caixa para ele, sorrindo.


- Não precisava – ele riu.


- Você merece. Mesmo – falei.


James pegou o embrulho, curioso, e abriu a caixa. De dentro dela, retirou o presente. Começou a rir.


- Lily... – falou balançando a cabeça.


- Eu roubei seu casaco no nosso primeiro encontro, então nada mais justo do que dar um novinho por causa disso – expliquei.


- E o que você fez com o outro?


- Está comigo e é assim que vai ficar – dei de ombros. – Ele é quentinho e tem seu cheiro.


Dizer essa última parte não estava nos meus planos. Fingi que não fiquei constrangida. James me olhou tão intensamente que eu quase pulei dali mesmo.


- Você é... Incrível – ele sorriu abertamente, antes de me beijar. – Mas...


- Mas?


- Já que você tem um casaco com meu cheiro – seus olhos brilharam, então pegou o casaco novo e o envolveu a meu redor – Quero um casaco com seu cheiro também.


Rimos juntos, eu corando ainda mais com a ajuda do vento frio.


- Certo – ele começou a procurar alguma coisa nos bolsos. – Minha vez. Estenda a mão e feche os olhos.


- Pra quê? – perguntei, mas o olhar que ele me lançou me fez calar a boca.


Apenas obedeci, e fiquei atenta aos sons, tentando adivinhar o que ele estava fazendo. O vento batendo no meu ouvido não ajudava muito. Mas em pouco tempo senti algo gelado em meu pulso, e James deixou eu abrir os olhos.


Logo percebi o que era. Uma linda pulseira de ouro reluzia, com um escrito que demorei um pouco pra identificar no escuro, até entender: James.


- Meu Deus, é... – procura a palavra, Lily! – Linda!


James sorriu, satisfeito.


- Toda vez que olhar para ela, eu estarei pensando em você.


Derreti a ponto de me misturar com a neve do chão, e não consegui achar nenhuma resposta plausível, só...


- Eu te amo, James.


Idiota, por que disse isso? Não faz nem um mês que estamos juntos! Bom, se bem que... Parece que faz muito mais tempo. Acho que deveria contar a partir do momento que você começa a gostar da pessoa. Ou seja: desde o começo do meu sétimo ano.


James, ao ouvir aquilo, apenas me beijou ternamente, seus lábios quentes (como isso é possível?) sobre os meus frios, nossas mãos entrelaçadas em uma só.


- Eu te amo, Lily Evans – ele sussurrou em meu ouvido de novo, e eu me arrepiei de novo. Ele riu.


Então ouvimos as badaladas do relógio chegarem a nossos ouvidos, e vozes gritarem, além de fogos de artifício ao longe – tenho quase certeza que Sirius está envolvido.


- Meia-noite – falei. – É natal.


- O melhor deles, porque estou com você.


- E eu com você – falei rindo, enquanto íamos até a sacada da Torre, nossos corpos bem próximos por causa do frio.


Ficamos um tempo vendo os fogos vindos de Hogsmeade, e ouvindo todo mundo comemorar dentro do castelo. Acho que não sairíamos dali tão cedo, estava muito bom... Não trocaria aquilo por nada nesse mundo.


- Feliz Natal, Lily – James disse baixinho depois de um tempo.


- Feliz Natal – respondi.


Foi como eu disse, não saímos dali tão cedo. Demoramos um pouco pra voltar, e quando voltamos à torre da Grifinória demos de cara com McGonagall dançando com Dumbledore, Maria e Dorcas dançando um rap com Moreau e Slughorn cochilando numa poltrona próxima. A festa continuava, e fomos amassados pelos abraços dos outros. Isso sim era Natal.


Quando eu fui dormir na minha cama quentinha, abraçada ao casaco de James, muito mais tarde, fiz questão de dar uma última olhada na minha pulseira de ouro que brilhava contra a claridade da Lua Minguante que vinha da janela.


Sorri.




Alice POV:


Na manhã do dia vinte e cinco, depois de demorarmos um bom tempo pra ver todos os presentes que ganhamos e antes de irmos para Hogsmeade em busca de presentes para o amigo secreto, Moreau nos reuniu no auditório para um último número de Natal. Dessa vez ele cantava com a gente.


O Christmas tree, O Christmas tree


Thy leaves are so unchangeing


O Christmas tree, O Christmas tree


Thy leaves are so unchangeing


Not only green when summers here


But also when its cold and drear


O Christmas tree, O Christmas tree


Thy leaves are so unchangeing


Apenas nos balançávamos e cantávamos na voz de fundo. Era uma bela música, e era bem relaxante comparando com as da festa da sala comunal de ontem... Até me deu dor de cabeça.


O Christmas tree, O Christmas tree


Such pleasure do you bring me


O Christmas tree, O Christmas tree


Such pleasure do you bring me


Oh every year this Christmas tree


Brings to us such joy and glee


O Christmas tree, O Christmas tree


Such pleasure do you bring me


Sorri para Franco, que logo pegou em minha mão. Depois sorri para Lily que fizera o mesmo com James. Alguma coisa brilhou em seu pulso... Verificar depois.


O Christmas tree, O Christmas tree


Oh ever green unchanging


A symbol of good will and love


You'll ever be unchanging


Each shining light each silver bell


No other light spreads cheer so well


O Christmas tree, O Christmas tree


You'll ever be unchangeing


A música acabou e continuamos com o silêncio. Todo mundo sorria e sentia aquele clima de Natal que Hogwarts adorava passar pra gente. Ah! Eu simplesmente amo o Natal!


Enquanto isso, a neve continuava a cair lá fora.




Músicas:


1- The most wonderful day of the year


2- Baby, it's cold outside


3- Merry Christmas Darling


4- God Rest Ye Merry Gentlemen


5- We Need A Little Christmas


6- Jingle Bells


7- Angels We Have Heard On High


8- O Holy Night


9- Deck the Rooftop


10- Last Christmas


11- O Christmas Tree




P.S.: Descuuulpem os erros se tiver alguns, as vezes eu passo direto por eles e não vejo.

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Comentários (1)

  • The Girl of the Green Scarf

    Heey, desculpa se parei de comentar aqui. Mas eu comecei a acompanhar a fic no ff.net e já to no capitulo 30, daí nem passei por aqui mais >< Beijo.

    2012-10-23
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