Férias Sinistras




Ron
não queria ir para Grimmauld Place, antiga e estranha residência dos Black. Preferia ficar na Toca, curtindo a rotina preguiçosa e feliz de tantas férias: dormir até tarde, jogar xadrez e quadribol com os irmãos, saborear a deliciosa comida da mãe, conversar com o pai sobre os trouxas – era sempre uma oportunidade de entender Hermione um pouco melhor -, ouvir as histórias de Carlinhos sobre os dragões e saber das muitas conquistas amorosas de Gui. Claro que sempre se irritava com as brincadeiras dos gêmeos e perdia a paciência com a impertinente Gina. Até disso sentiria falta.


Mas não tinha jeito. Todos iriam para Grimmauld Place. Era uma convocação de Dumbledore aos membros da Ordem da Fênix e seus pais não podiam faltar. Pior de tudo é que Ron não estava proibido de compartilhar tudo disso com Harry, por ordem do diretor de Hogwarts.


A única coisa que eu deixava um pouco motivado era saber que Hermione iria passar boa parte das férias com ele, na Grimmauld Place. Desinfestar uma casa tão repleta de antigos feitiços não era uma das tarefas mais agradáveis. Mas a menina havia aceitado – respondendo na mesma hora a correspondência que havia endereçado a ela – e agora ali estava o ruivo, ansioso e nervoso com a chegada da amiga, que seria buscada na estação por Molly e Tonks.


- Roniquinho! Quer dizer que a Mione vai passar as férias com a gente? Será muito divertido – disse Jorge.


- Quero ver se agora você vai ter coragem de se declarar para ela. Ou vai esperar que o búlgaro a convide para dançar em outro baile? – completou Fred.


- Saiam os dois daqui e parem de encher minha paciência – gritou Ron.


Mal os gêmeos saíram, surgiu Gina, esbaforida. “Ron, Hermione acabou de chegar e já perguntou por você”. Na mesma hora o coração do rapaz disparou e ele percebeu que seu rosto ficara vermelho. Por Merlin! Por que simplesmente saber que a amiga estava ali o fazia se sentir tão agitado assim?


- Ah, está bem, Gina. Valeu por avisar – falou.


- Ron? Está tudo bem? Você não vai descer? – perguntou a irmã que havia notado a agitação dele.


- Gina, pode ir lá. Daqui a pouco eu desço.


Quando a irmã se retirou, ele começou a respirar lentamente, tentando se acalmar. Repetia para si mesmo: “Ela é minha amiga. Conheço a Hermione há cinco anos. Nada mudou. Só por que ela estava linda no Baile de Inverno... Não! Esquece o Baile de Inverno. Hermione é apenas a minha amiga. Minha amiga de sempre”.


Passados alguns minutos, assim que achou que já estava suficientemente preparado para encontrar a amiga com naturalidade, Ron desceu. Hermione se encontrava na cozinha rodeada por Fred, Jorge, Gina, Molly e Tonks, que conversavam animadamente. Ele chegou de mansinho, como se já estive participando do bate-papo.


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Hermione recebeu com alegria o convite para ajudar os Weasley a “preparar a nova sede da Ordem da Fênix”. Na carta, Ron dizia que explicaria tudo pessoalmente, mas completava dizendo que “integrar essa missão era uma grande honra para um bruxo e provavelmente algo bem cansativo porque a casa está infestada de velhos feitiços”.


A menina se divertiu com esse comentário do amigo. Ron sabia muito bem que Hermione se interessava por tudo que fosse importante para a boa formação em feitiçaria e a missão, antes de ser cansativa, se configurava num estimulante desafio. Mas a sua maior motivação para aceitar o convite era a oportunidade de passar um mês na companhia do ruivo.


Depois do breve relacionamento com Krum, que agora se resumia a uma amizade por correspondência, tinha aumentado a certeza de que era Ron que ela queria como namorado. Havia custado a admitir isso para si mesma e jamais revelaria esse sentimento para ninguém. No entanto, desejava muito poder aprofundar aquela amizade e estar mais próxima do ruivinho.


O melhor era que naquelas férias, provavelmente, não iria reencontrar com Lisbeth. Havia conhecido a bruxinha, que tinha a mesma idade dela e de Ron, no ano anterior e não gostara nada da menina. Ou melhor, não gostara do especial interesse que ele demonstrava pelo amigo.


Ron sempre falava da família. Mas era tão numerosa que Hermione não conseguia decorar os nomes e características de cada primo ou tio do amigo. No entanto, de dois, especialmente, sabia um pouco. Eram Nicholas e Melaine, que tinham a mesma idade de Ron.


Os pais de Nicholas não acreditavam na formação dada pelas escolas de bruxaria e decidiram eles mesmos ensinar magia ao filho. Já Melaine estudava em uma escola tradicional da Escócia, onde morava. Os três primos sempre se encontravam nas férias, mas Hermione não tivera ainda a oportunidade de conhecê-los pessoalmente.


Durante as férias do ano passado, a menina chegou à Toca três dias antes da grande final da Copa Mundial de Quadribol e, finalmente, pôde conhecer os dois primos de Ron. Um pouco gordinho, com os olhos verdes, cabelos castanhos encaracolados e sardento, Nicholas era muito divertido. Melaine, que tinha os olhos muito azuis, assim como Ron, e os cabelos vermelhos bem cuidados e com um corte moderno curto, era muito inteligente e simpática.


Antes de ser apresentada a Melanie, foi sua amiga Lisbeth que Hermione encontrou primeiro. “Oi? Quem é você?”, perguntou a bruxa de olhos e cabelos negros e pele muito branca com um jeito surpreso e curioso. “Sou Hermionie Granger, amiga de Ron Weasley”, respondeu com a segurança que lhe era característica, especialmente quando se sentia desafiada.


- Ah, o Roninho já me falou de você. Disse que é melhor aluna da turma dele – comentou com um sorriso.


 - Desculpe... Mas você, quem é? – perguntou tentando parecer indiferente.


- Ron nunca falou de mim para você? Somos amigos desde muito pequenos. Sou vizinha da Melaine, prima dele, e sempre a acompanho quando ela vem visitar a Toca. Meu nome é Lisbeth Stewart – respondeu, fazendo uma gentil reverência.


- Muito prazer, Lisbeth – disse Mione.


Não demorou muito para Hermione perceber que a menina tinha um especial interesse por Ron. Foram apenas dois dias de convivência, mas o suficiente para ela não desejar mais reencontrá-la.


Lis, como era chamada pelo amigo, não perdia uma oportunidade de abraçar Ron, puxá-lo a um canto à parte para dizer algo engraçado, ou cochichar algum segredo ao menino. Ao mesmo tempo, era simpática e gentil com Hermione.


Na despedida, Lisbeth deixou escapar sua surpresa com as diferenças existente entre Ron e Mione. “Nunca imaginei que Roninho faria amizade com uma garota tão séria e compenetrada como você. Ele é sempre tão divertido, animado, ama quadribol, como eu. Pena que não vou poder ir à final da Copa Mundial”, afirmou.


Não sabia por que tinha que lembrar de Lisbeth. Melhor nem pensar na bruxinha e se concentrar em aproveitar aqueles dias na companhia do ruivo.


Acabara de chegar à casa dos Black e, depois de cumprimentar afetuosamente Gina, e fazer um comentário sobre o aspecto estranho do lugar, Mione logo perguntou pelo ruivo. Assim que a amiga subiu para chamar o irmão, a morena se surpreendeu com um estampido e aparição de duas figuras idênticas de cabelos vermelhos.


 - Mionizinha, que bom que você chegou!  - disse Fred.


 Tentando manter-se indiferente, Hermione os cumprimentou: "Olá, Fred! Oi, Jorge! Vocês precisavam aparecer assim”?


 - Roniquinho já sabe que está aqui? Precisa ver a ansiedade dele. Já não consegue mais viver sem você - falou Jorge.


 A menina ensaiou abrir a boca, mas, antes que conseguisse emitir qualquer som, foi interrompida.


 - Mas não se preocupe. Nada vai acontecer. Esse sentimento tão forte apenas flutua ao redor da cabeça do nosso irmão, mas não consegue entrar já que em sua mente oca não cabe muita coisa - argumentou Fred.


 - Para entrar um sentimento tão forte assim na cabeça do nosso irmãozinho, algo teria que sair - completou Jorge.


 - Vamos dizer que ele perderia algumas de suas capacidades mais simples como andar, falar... - continuou Fred.


 - Ou até mesmo comer, o que seria uma pena, porque é o que ele faz melhor - concluiu Jorge.


 Hermione gostava dos gêmeos, mas sempre achava que eles se excediam nas gozações, especialmente a Ron. Franziu a testa, com um jeito muito sério e rebateu. "Como vocês são cruéis com Ron. Nem parece que são irmãos dele".


 -Hermione defendendo Roniquinho - disse Jorge.


 - O amor é lindo. Não enxerga os defeitos - completou Fred.


 A menina olhou muito séria para os gêmeos, mas Gina chegou em boa hora para mudar o rumo da conversa. Logo depois era a vez de Molly, acompanhada por Tonks, entrar na cozinha e ir perguntando sobre os pais dela, se a morena estava com sede ou fome. Hermione havia conhecido Tonks na estação de trem e simpatizara de imediato com ela, uma bruxa jovem e segura de si.


Com a chegada de Tonks,  o bate-papo na cozinha foi ficando descontraído e, no momento que todos davam risadas ao lembrar do susto que o professor Snape havia tomado com uma das gemialidades Weasley, Ron finalmente se juntou ao grupo.


 Assim que a amiga olhou para ele, não conteve o grito: “Ron!”. Mas antes que ela pudesse dar mais um passo na direção do rapaz, ele acenou com a mão e disse com simplicidade: “Oi! Tudo bem com você?” Fred e Jorge trocaram olhares e deram risadinhas abafadas. É claro que estavam pensando que o irmão deveria ter sido mais entusiasmado no seu cumprimento. Mas o ruivo não se sentiria à vontade agindo de outro jeito.


Hermione tornou tudo mais fácil para ele. Apenas respondeu: “Estou bem, Ron. E você?”. Ele deu um sorriso um pouco tímido como resposta e logo Gina chamou a menina para conhecer o quarto onde ficariam.


Molly também saiu da cozinha para acompanhar Tonks, que iria embora, e Ron mais uma vez se encontrou sozinho com os gêmeos.


- Você não sabe dar um beijo no rosto, um abraço? – perguntou Fred.


- Deveria ter umas aulas com Krum. Garanto que ele sabe cumprimentar Mionizinha com mais entusiasmo – provocou Jorge.


- Parem de falar daquele búlgaro idiota! – protestou Ron.


- Até que fim uma reação mais efusiva! Podia exercitar esse entusiasmo quando estivesse com a Mionizinha! – falou Fred.


- Dá licença! Vocês são muito chatos! – se limitou a dizer o mais novo dos Weasley, saindo da cozinha.


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Ron e Hermione tiveram oportunidade de se encontrar sozinhos pouco depois. Ele tomou coragem e disse:


- Não sei se vai se divertir muito aqui, mas fiquei feliz por você ter vindo.


A menina se sentiu um pouco desconcertada com essas palavras e, levemente corada, olhou para o amigo e falou: “Acho que vamos ter bastante trabalho, pelo que sua mãe falou. Mas quero ajudar. Pena que o Harry não está aqui”.


Ela tinha que lembrar do Harry? Parecia que o amigo estava sempre separando os dois, mesmo sem querer. Não, Ron, esquece isso, disse para si mesmo, sacudindo a cabeça para espantar esse pensamento.


Se o reencontro de Ron e Hermione não foi dos melhores, verdade é que viveram muitos bons momentos depois. Com o ruivo mais descontraído, tiveram longas conversas, nas quais puderam se conhecer ainda melhor.


Ron adorava ouvir as histórias do mundo trouxa. Hermione amava saber mais sobre a rotina de uma família bruxa.


- Mione, como você consegue ficar sem usar magia quando está com sua família? – perguntou o menino dando motivo para outra longa conversa em que tentava entender um pouco mais sobre os Granger, que pareciam tão sérios, responsáveis, competentes, assim como a amiga.


Já Hermione ficava intrigada com o barulho, a animação e a organizada bagunça dos Weasley. A menina percebia o afeto que existia naquela família, apesar das brigas e desentendimentos, muitos deles motivados pelas brincadeiras nem sempre interessantes dos gêmeos.


- Você deve achar minha família muito esquisita, não é Hermione?


- E uma família bruxa pode não ser esquisita? – perguntou a menina num tom bem-humorado que mais lembrava o ruivo. E os dois caíram na gargalhada.


Ron e Hermione tiveram muitas chances de conversar a sós durante aqueles dias. Os gêmeos já haviam percebido que o sentimento existente entre os dois não era uma simples amizade e não perdiam oportunidade de deixar o casal constrangido.


- Mionizinha, será que hoje é um dia de sol na Bulgária? Você deveria estar lá, não é mesmo? – provocou Jorge.


A menina, que estava desinfestando um cômodo junto com Ron, simplesmente mordeu os lábios com uma expressão séria e balançou a cabeça.


- Hei, Jorge, ela preferiu trocar o famoso búlgaro narigudo pelo desconhecido narigudo ruivo. Você não sabia? – disse Fred.


- Parem de encher a paciência! Mamãe não deu tarefas para vocês?! – falou Ron quase gritando.


Logo se ouviu um estampido, seguido por gargalhadas. Os gêmeos haviam desaparatado mais uma vez. Mas Ron e Hermione sabiam que eles logo apareceriam, de preferência nos momentos em que estivessem mais felizes na companhia um do outro.


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Hermione já tinha escutado Ron contar muitas histórias de seu dia-a-dia antes de Hogwarts. Gina e os gêmeos também gostavam de relembrar acontecimentos, especialmente para enfatizar o jeito desligado e o pouco talento para bruxaria que Ron demonstrava antes de ir para a escola de magia.


A menina não gostava quando gozavam o amigo e geralmente saia em sua defesa. “Vocês também eram cruéis. Onde já se viu transformar o ursinho de pelúcia de um garotinho de cinco anos em uma aranha horrível?!”, reclamou Hermione quando Fred e Jorge narraram, ao jeito deles, o episódio que tinha desencadeado o terror que Ron tinha dos aracnídeos.


- Defendendo Roniquinho, Mionizinha? – disse Fred, fazendo a menina corar de vergonha e raiva.


- Vamos, Mione! Deixa esses dois. Temos muito trabalho a fazer – disse Ron puxando a menina pela mão.


- Cuidado, hein? Vocês dois sozinhos nestes cômodos escuros da casa...  Podem encontrar muitas aranhas – desafiou Jorge.


A maneira segura, afetuosa e controladora ao mesmo tempo, com que Molly tratava os filhos sempre impressionava Hermione. “Nem adianta enganar mamãe. Ela sempre sabe de tudo. Melhor dizer logo que não terminei a tarefa”, falou Ron depois de não conseguir desinfestar um dos cômodos mais sinistros da casa dos Black.


“Sua mãe lê os seus pensamentos, né?”, perguntou a menina. “Ela antecipa os meus pensamentos. Mal comecei a pensar e ela já sabe onde vou chegar”, completou Ron.


O menino continuou a conversa dizendo que os trouxas eram privilegiados por não terem bruxas como mãe. “Se toda mãe já dá trabalho, imagina quando ela é uma bruxa?”, argumentou ele e os dois caíram mais uma vez na gargalhada.


A menina ainda dava risada quando Ron, a olhando muito sério, afirmou:


- Hermione, eu tenho pena dos seus filhos. Você, com certeza, vai ser uma mãe bruxa terrível, igual a Molly Weasley.


Logo o sorriso da menina se desmanchou e ela o encarou com firmeza. Era engraçado pensar no futuro, num futuro que parecia tão distante. Ela mãe de bruxinhos! Mas será que ela se casaria com um bruxo, ou melhor, com aquele bruxo ruivo pelo qual, por mais que não quisesse admitir, já estava apaixonada?


- Hermione? Tudo bem?


- Ah, sim! Só estava pensando...


Os dias seguiam assim, com muitos momentos de diálogo, gargalhadas e também apreensão com os feitiços da casa, que desafiam os jovens bruxos. Sem falar nas horas das reuniões da Ordem da Fênix, que tentavam acompanhar com as orelhas extensíveis fabricadas pelos gêmeos, sempre sob o protesto de Hermione.


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Quando Ron e Hermione se encontraram a sós, depois do momento em que Harry havia gritado com os amigos por o deixaram sem notícias durante tanto tempo, o ruivo olhou com decisão para a menina, que parecia muito abalada.


- Ele não foi justo com você! Não poderia ter lhe tratado assim. Tudo bem brigar com Dumbledore, comigo, até com os meus pais. Mas com você não. Você é sempre tão correta e leal com os amigos – disse Ron, tomando as dores da menina.


Hermione ficou sensibilizada com as palavras do rapaz. “Tudo bem, Ron. Ele tem os motivos dele para agir assim, não se preocupe".


Ron lembrava do momento no qual Harry, que acabava de chegar e durante boa parte das férias ficou sem notícias dos amigos por ordem de Dumbledore, perguntou aos gritos: “Vocês estavam realmente se divertindo aqui, bem juntinhos, não estavam”?


Hermione negou e ele também responderia que não estavam se divertindo. Mas tinha que admitir que se sentia feliz sozinho na companhia da amiga, sem precisar dividi-la com Harry.


Quando Hermione encontrou-se a sós mais uma vez, ela pensou em como era desafiante entender Ronald Billius Weasley. Agora ele a defendia da grosseria de Harry, mas quantas vezes não a tinha tratado mal, gritado com ela.


Era sempre assim. Momentos de briga intercalavam os de paz e serenidade. Por tudo isso Ron a lembrava o mar. Em algumas ocasiões sereno, em outras bravio, mas sempre imprevisível, misterioso e... fascinante.


Será que todos os rapazes bruxos eram assim? Não, Krum, apesar do temperamento fechado, era muito mais transparente. Ron era definitivamente um mistério que a atraia e desafiava.


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Depois que Harry chegou, Ron e Mione não tiveram mais quase oportunidades de ficar apenas os dois juntos. A menina sentia falta desses momentos, das longas conversas que a permitiam descobrir um pouco mais quem era Ron.


Por vezes ele parecia uma pessoa tão simples de entender. Inseguro, disputando espaço com cinco irmãos e uma irmã brilhantes, temperamental, ciumento, intuitivo, observador, perspicaz. Ela lamentava, no entanto, que a insegurança dele o tornasse também acomodado e desligado.


Hermione também achava que Ron era muito seco. Não sabia demonstrar o afeto que sentia por meio dos gestos. Isso acabara criando uma distância entre os dois.


Era fácil para ela abraçar e dar um beijo no rosto de Harry. Mas quando se tratava do ruivo... A menina até tentava, mas o amigo parecia criar uma resistência, como se existisse um feitiço repelente ao seu redor. Tinha sido assim quando ela o avistou no Grimmauld Place. Hermione queria ir até o ruivo, abraçá-lo, como faria com Harry, mas aquele aceno à distância e o cumprimento formal a impediram de prosseguir.


Quando estavam num momento descontraído, naturalmente ele pegava nas mãos ou no braço da menina. Beijos e abraços, nem pensar. Mas ela logo observou que em família Ron era bem afetuoso.


Lembrava especialmente do dia em que, depois de trabalharem a tarde toda limpando a casa, o menino chegou exausto à sala e, para a surpresa de Hermione, Molly estava sentada lendo um livro de bruxaria. A menina nunca a via sentada, muito menos lendo, parecia sempre ocupada cuidando da casa ou de alguém.


- Ron, Hermione... Então, conseguiram terminar o cômodo...


- Mãe, por favor! Estamos exaustos! Chega por hoje!


A mulher olhou de forma compreensiva e terna para o filho. Afastou o livro para a mesa, com um rodeio da varinha e falou:


- Senta aqui, querido!


Logo Ron se jogou na poltrona e deitou no colo da mãe.


- Hei, não era para deitar, mocinho! Nossa, Ron, como foi está comprido!


- Mãe, nem adianta. Não me levanto daqui tão cedo!


- Tudo bem! Eu estava mesmo querendo fazer cafuné em você, Ronald! – disse a mãe que olhou para a menina e deu uma piscadela.


Hermione sorriu meio sem graça, sentindo que estava sobrando naquele momento. Antes de sair, olhou para o rosto de Ron, que parecia tão relaxado e feliz recebendo o afago da mãe em seus cabelos.


- Querida, você pode chamar o Arthur? Ele está na cozinha – pediu Molly quando a menina já saia da sala.


Foi inevitável pensar que ela gostaria de estar no lugar de Molly, fazendo cafuné naqueles cabelos tão perfumados que pareciam também muito macios.


 


 xxx



Para  ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo: 


Lucky


http://irpra.la/m/80795


Do you hear me? I'm talking to you
Across the water across the deep blue ocean
Under the open sky, oh my, baby I'm trying

Boy I hear you in my dreams
I feel your whisper across the sea
I keep you with me in my heart
You make it easier when life gets hard

I'm lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again
(…)


 

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