Novos Monitores



 
"Ela
não acredita em mim. Acha que sou um nada. Mas eu vou provar para Hermione que não sou tão ruim assim”, pensou Ron, que havia ficado muito chateado com o fato da amiga achar que Harry é quem seria nomeado monitor de Grifinória no lugar dele.


Hermione não queria magoá-lo. Aliás, nunca desejava isso. Mas acabava magoando Ron quando ele a provocava. Dessa vez, porém, tinha sido diferente. A menina sabia que o tinha machucado profundamente por demorar a acreditar que o amigo havia sido escolhido como monitor.


Essa situação fez Ron sentir-se muito distante da menina, como se vivessem em mundos paralelos. Toda proximidade que haviam conquistado durante os dias passados juntos no Grimmauld Place pareceu desmoronar.


No dia seguinte viajariam para Hogwarts e a preocupação em arrumar as malas, acompanhada pela natural expectativa com a volta às aulas, amenizou o mal-estar entre eles. No entanto, trocaram poucas palavras até o momento do embarque.


Quando entraram no trem, Ron e Mione foram juntos para o vagão dos monitores. Para surpresa deles, Draco Malfoy estava lá, como representante da Sonserina. Ele lançou um sorriso maldoso ao ver os dois e, na primeira oportunidade, comentou em voz alta: "Grifinória deve estar com péssimos alunos para escolherem o pobretão Weasley e a sangue-ruim como monitores".


O ruivo o olhou com raiva, mas permaneceu quieto. Na primeira oportunidade, Malfoy voltou a atacar dizendo para avisarem "ao fraquinho do Harry que qualquer vacilada seria motivo de detenção". Ron o encarou com decisão lembrando que era também monitor e não iria permitir medidas injustas. "Não esqueça que você não está livre das penalizações e terá responsabilidade ainda maior sobre os seus erros".


A coordenadora dos monitores, ao escutar o ruivo, aproveitou para falar das severas punições para os monitores que descumprissem as normas, deixando Malfoy completamente sem graça. Hermione sentiu, mais uma vez, orgulho da coragem do amigo.


Quando saíam do vagão de monitores foi que finalmente Hermione se deu conta que, assumindo aquela função, ficariam mais tempo juntos, apenas os dois. Quem sabe Ron passasse a notá-la mais, já que demorara tanto a perceber que ela não era apenas a amiga, era também uma menina. O coração de Hermione bateu mais forte com esse pensamento.


Ron, porém, parecia distante. Hermione sabia que ele ainda estava chateado com ela por não ter acreditado que o amigo seria escolhido como monitor. A menina percebeu que precisaria tentar se explicar mais uma vez.


- Ron, eu nunca duvidei de sua capacidade como monitor. Mas como haveria apenas um representante entre os meninos, imaginei que seria Harry pelo fato dele ter participado e vencido o torneio Tribuxo - tentou argumentar a menina.


- Mione, você não precisa se justificar. Sei perfeitamente que você acha Harry muito melhor que eu. Aliás, você acha que eu sou um incapaz - desabafou.


A menina, que já sabia como o amigo era inseguro por conta da eterna disputa com os irmãos mais velhos, todos excepcionais, mesmo que de formas diferentes, ficou completamente desconcertada. A última coisa que desejava era fazer Ron sentir-se ainda mais para baixo. Falou em tom desesperado:


- Ron, por favor, não é nada disso. Eu sei perfeitamente que você é muito inteligente e possui muitas capacidades. Só é um pouco preguiçoso, mas nisso você e Harry estão empatados - afirmou.


Hermione percebeu que o amigo havia perdido a expressão zangada e ficou satisfeita. Aproveitou para elogiar a coragem dele no confronto com Draco. "Gostei de ver como você falou com ele. Malfoy pensa que pode usar a insígnia de monitor para humilhar os outros e agora sabe que não vamos aceitar isso".


- São bruxos assim que nos fazem parecer terríveis diante dos trouxas. Malfoy acha que o fato de ser rico e pertencer a uma família de sangue puro o tornam melhor que os outros - desabafou o ruivo - Tenho até vergonha de dizer que minha avó paterna, Cedrella, era uma Black, assim como a mãe dele.


- Não se preocupe com isso. Na comunidade trouxa também temos pessoas assim. Elas acham que pertencer à determinada família, ter dinheiro ou poder as fazem superiores as outras - afirmou.


Os dois continuaram conversando de forma amigável e Mione sentiu-se feliz. Era tão bom quando ela e Ron estavam bem um com outro. Por que precisavam brigar tanto, se perguntava.


xxx


A menina imaginou que depois dos momentos de amizade vividos em Grimmauld Place e de haver afirmado acreditar na capacidade de Ron como monitor, os dois se relacionariam melhor. Assim que cruzaram os portões de Hogwarts, no entanto, voltaram os desentendimentos entre os dois.


As brigas começaram no banquete de recepção, quando Ron foi rude com Nick Sem Cabeça. Na verdade, Hermione sabia muito bem, ele não agia assim de propósito. Só não conseguia filtrar o que passava pela sua mente e emitia opiniões sem avaliar as consequências. Ainda assim foi rígida com o ruivo, que respondeu no mesmo tom, e os dois ficaram sem se falar até o final da refeição.


Quando a amiga contou, depois do discurso de Umbridge, o que havia entendido nas entrelinhas - o Ministério estava interferindo em Hogwarts -, o rapaz não deixou de se admirar com a percepção aguçada da menina.


Nos dias seguintes, porém, os desentendimentos se repetiram. Uma das discussões aconteceu depois de Ron insinuar que Cho só havia passado a torcer pelo Tornado após a vitória da equipe no campeonato. Hermione não suportava ver a falta de sensibilidade do rapaz, que o levava a fazer comentários assim. Outra atitude do amigo que a deixava muito chateada era sua distração e desinteresse nas aulas.


Quando ele pediu as anotações feitas pela amiga em uma das aulas, Hermione aproveitou para questionar o que aconteceria caso se recusasse a emprestar os apontamentos este ano. "Vocês nem tentam ouvir o professor", criticou, referindo-se a Harry e Ron. "Nós tentamos - disse o ruivo - Nós só não temos seu cérebro ou sua memória e nem mesmo sua concentração. Você é simplesmente mais esperta que nós. Que você acha disso?".


Ron, mais uma vez, conseguia atingir o coração da menina. "Ah, nem vem com essas besteiras” – disse mantendo a fisionomia séria, mas interiormente estava feliz com aquele elogio.


Mesmo se os momentos de trégua eram muito mais verdadeiros e intensos, as discussões entre eles não paravam. Só mudavam os motivos: desconfiança do rapaz sobre Snape e a defesa dela do professor, diferentes opiniões sobre a libertação dos elfos...


Hermione se perguntava como havia acreditado que ela e Ron pudessem dar certo como namorados. “Não conseguiam nem mesmo ser amigos”, lamentava. Aqueles dias felizes em Grimmauld Place, no qual tinham estado tão próximos, pareciam como um sonho noturno do qual pouco nos lembramos pela manhã.


Ron também se questionava sobre aquelas discussões que se repetiam dia após dia. “Parece que estamos nos desentendendo mais agora do que no terceiro ano”, pensava ele. Não sabia que os sentimentos confusos que experimentavam um pelo outro eram a principal causa daquelas brigas.


Para Hermione tudo era mais claro. Desde o quarto ano ela tinha compreendido que não sentia por Ron apenas amizade. Nada mais desejava do que também ser olhada de forma diferente pelo ruivo. Queria que ele a achasse bonita e interessante, e não apenas inteligente.


Todos esses desentendimentos, no entanto, a deixavam confusa em relação aos seus sentimentos por Ron. Gostava sinceramente dele, o considerava divertido, criativo, toda aventura com Ron era mais emocionante. Até porque jamais seria monótona, disso ela tinha certeza. Sem falar que o achava lindo. Aqueles cabelos vermelhos que contrastavam com os olhos de profundo azul e o sorriso tão bonito a tiravam do sério!


Apesar de Ron ter tantos atrativos para Hermione, muitas vezes ela o achava insuportável. Teimoso, pouco cortês, rude, preguiçoso... E apaixonante ao mesmo tempo!


Tinha descoberto tantos valores e riquezas no amigo que não se conformava em vê-lo continuar agindo de forma imatura, seja falando coisas sem pensar, e com isso magoando outras pessoas, ou sendo tão displicente nos estudos. Ela sabia que das notas dele nos NOMs dependiam a sua caminhada profissional. O amigo parecia não se preocupar com isso e ela queria que ele tivesse ambições, que pensasse no futuro, um futuro que gostaria que passassem juntos.


Ron, porém, não entendera ainda com clareza o seu sentimento por Hermione. Sempre se surpreendia com as atitudes da menina. Em alguns momentos ela era tão disciplinada, em outras quebrava regras. Por vezes era tão racional, dona das próprias emoções, e de repente gritava, ficava vermelha, parecia perder a cabeça. Mal imaginava que era por causa dele que, na maioria das ocasiões, ela agia de forma passional.


Hermione é a amiga, que inicialmente recusou, mas soube conquistá-lo, ainda no primeiro ano, ao se acusar no episódio do Trasgo para defender ele e Harry. Ron tem grande admiração pela inteligência dela, mas também ciúmes por Mione ser sempre “a melhor”.


Apesar de muitas vezes se chatear com o jeito autoritário e a falta de senso de humor da amiga, Ron não se cansa nunca da companhia dela. Quando Hermione está “insuportável”, ele reclama disso e fala o que pensa. Essa atitude do ruivo gera desentendimentos, mas a menina sempre volta a procurá-lo e, muitas vezes, muda o seu comportamento.


Tudo poderia seguir simples assim, mas houve o Baile de Inverno. Depois do baile – Ron precisava reconhecer – algo havia mudado. Agora não era mais possível olhá-la do mesmo jeito que antes. Hermione tinha se tornado, aos olhos do ruivo, uma menina com atrativos. Já não conseguia mais entendê-la tão bem. Parecia guardar segredos e muitas de suas atitudes o surpreendiam.


xxx


Ainda na primeira semana de aula, Ron e Hermione conseguem irritar Harry com os desentendimentos entre eles. Quando começam a discutir durante o almoço por causa das divergentes opiniões sobre Snape, Harry sai da mesa reclamando que eles brigavam muito e isso o estava deixando louco. No momento em que os dois se encontram mais uma vez sozinhos, frente a frente, o rapaz toma coragem de dar o primeiro passo.


- Acho que Harry tem razão. Nós dois estamos discutindo muito... – começou Ron, sendo interrompido por Hermione.


- Enquanto você continuar insistindo em contradizer as minhas opiniões desse jeito agressivo, isso não vai mudar – rebateu a menina, que esperava um tratamento mais carinhoso do amigo.


- Hermione, você pode decorar um livro inteiro com a maior facilidade, mas nem por isso é a dona da verdade. Precisa aceitar que as suas opiniões nem sempre estão corretas – afirmou o rapaz.


- E as suas por acaso estão? – questionou com o olhar severo.


- Não, não estão não. Eu podia até ser menos agressivo ao discordar das suas opiniões, mas você também não é nada delicada comigo. Pelo contrário. Faz questão de dizer que estou sempre errado. Se eu não me afirmar de alguma forma, você vai me colocar sempre para baixo, como se eu fosse o bruxo mais incapaz da face da terra – falou com uma sinceridade desconcertante.


Definitivamente, não era isso que Hermione queria. A menina desejava apenas que Ron pudesse concordar com ela de vez em quando ou, pelo menos, discordar de uma forma menos rude. Jamais desejara humilhar ou rebaixar o amigo, que considerava muito inteligente, corajoso e generoso.


- Ron, não me interprete mal, por favor. Eu sei que você tem grande capacidade e admiro muito você.  Acho apenas que é pouco precipitado em seus julgamentos. Mas você tem razão. Preciso respeitar as suas opiniões, saber que elas são diferentes da minha – ponderou.


- Acho que eu também preciso ouvir o que você tem a dizer com mais paciência, sem rebater – conclui o ruivo.


- A gente podia tentar então discutir menos, especialmente na frente de Harry. Acho que ele já tem problemas demais – falou a morena.


Os dois conversaram mais um pouco de forma amigável. Ron seguiu para a aula de Adivinhação, que teria junto com Harry, incumbido da missão de anunciar ao amigo que ele e Hermione haviam encerrado a discussão.


xxx


Na aula inaugural de Defesa contra as Artes das Trevas, Ron ficou intrigado quando percebeu que Hermione, sempre tão dedicada ao estudo, nem ao menos abriu o livro. Mas quando a menina questionou Umbridge sobre os propósitos do curso e ainda sobre o fato das aulas não incluírem feitiços defensivos foi que o ruivo ficou realmente surpreso. Aquela, na verdade, era a primeira de várias ações de Hermione que impressionariam positivamente Ron ao longo daquele ano. O rapaz logo se posicionou ao lado da amiga, perguntando em alto e bom som se não iriam usar mágica, como se isso fosse o maior absurdo do mundo – e de fato era, tratando-se de uma escola de feitiçaria.


Outros alunos se manifestaram, mas ninguém imaginava, muito menos Hermione e Ron, que Harry falaria do Lorde das Trevas e, devido a sua insistência em dizer que ele havia voltado, teria que cumprir detenções com Umbridge.


Ao se encontrarem novamente juntos na sala comunal, os três amigos comentaram sobre a injustiça sofrida por Harry. Estavam começando a se preparar para fazer as lições, mas Hermione, de olhos nas atitudes “suspeitas” dos gêmeos Weasley, que ofereciam guloseimas aos alunos do primeiro ano, não consegue se concentrar.


- Eles foram longe demais – disse furiosa para em seguida, em tom imperativo, chamar o amigo - Venha, Ron!


O rapaz tenta argumentar que não era nada tão sério assim, apesar de alguns alunos parecerem inconscientes após provar as guloseimas. Hermione marcha decisiva em direção de Fred e Jorge. Ron se levanta um pouco de sua cadeira, mas vendo o tom firme da menina com os irmãos, senta novamente. “Ela tem tudo sob controle”, comenta com Harry.


Quando Mione volta a se reunir com os amigos, após o confronto com os gêmeos, diz secamente para Ron; “Obrigada por seu apoio”. O rapaz dá os ombros e se limita a responder: “Você cuidou de tudo sozinha”.


Essa sensação de que a amiga resolve tudo sozinha e não precisa dele é algo que acompanha Ron há muito tempo. Talvez desde o momento que ela corrigiu a pronúncia do ruivo ao proferir um dos seus primeiros feitiços. Ainda assim, algo muito forte o impeliu sempre a defender a amiga, especialmente dos ataques de Draco. No entanto, quando parava para refletir sobre isso, Ron se achava patético. “Ela deve pensar que sou ridículo tentando ajudá-la sem ter muito sucesso”, pensava.


Mal imaginava o quanto a amiga precisava e, de modo especial, queria ter o apoio e o cuidado do rapaz, ser alvo da preocupação dele. Hermione desejava que Ron estivesse ao lado dela e a defendesse sim porque, apesar de quase nunca demonstrar, muitas vezes tinha grande medo. Com o ruivo ao seu lado, no entanto, tudo parecia mais simples e fácil e ela sentia-se forte para enfrentar os desafios.


Chateada com os gêmeos e com a falta de apoio de Ron, a menina ainda enfrenta mais uma crítica do amigo, dessa vez ao fato dela fazer chapéus para os elfos, algo que exigia tanto tempo e dedicação. Muito zangada, Hermione sobe para o dormitório.


Ron, vendo o quanto a morena estava chateada e se dando conta que, sem a ajuda da amiga, não conseguiria fazer o dever, também fica desanimado. Mas o que o deixa mais para baixo é saber que, mesmo se conscientemente não quer isso, mais uma vez havia decepcionado a menina.


Hermione de fato está muito decepcionada. Gostaria que ao menos agora, quando dividem a mesma responsabilidade como monitores, o rapaz se colocasse ao lado dela, apoiando-a. Não entende porque Ron, que sabe sempre se posicionar diante dela, desafiá-la quando não concorda com suas opiniões, não consegue agir assim com os gêmeos. Esperava um posicionamento corajoso dele frente a Fred e Jorge, que vivem tirando brincadeiras e o diminuindo em público. Acreditava que isso seria bom para aumentar a autoestima do amigo e fazer com que os irmãos o respeitassem mais.


xxx


No dia seguinte, Ron e Hermione fazem a primeira ronda juntos. A menina logo percebe que é uma oportunidade imperdível de passar alguns assuntos a limpo. Não acha possível que os dois, próximos a completar 16 anos (o aniversário dela seria em uma semana), continuem a agir como se ainda fossem crianças. Aqueles desentendimentos intermináveis precisam ter um fim, reconhece a menina.


- Ron? – chamou no seu tom de voz mais suave assim que se distanciaram alguns metros de Grifinória – Acho que precisamos esclarecer algumas situações.


- Hermione, se for para falar da libertação dos elfos domésticos, melhor não. Você sabe muito bem a minha opinião e não quero discutir mais sobre isso – falou o menino de forma enfática.


- É sobre os elfos, sim, mas também é sobre nós dois – respondeu a Ron, surpreendendo-o mais uma vez – Não é possível que, no quinto ano e com a responsabilidade de representar a nossa casa como monitores, continuemos a nos desentender tanto assim.


- Mione, até tentamos nos entender depois daquela discussão no refeitório, mas pelo visto não conseguimos mesmo parar de brigar – contra-argumentou.


- É fácil desistir de enfrentar uma dificuldade e assumir um tom derrotista. Mas precisamos querer, de verdade, resolver essa situação – ponderou a menina.


- Acho que você tem razão. Precisamos parar de discutir ou vamos deixar Harry louco, como ele mesmo já afirmou – aceitou Ron.


- A professora Minerva sempre fala que devemos aceitar que somos diferentes e nos respeitar nas nossas diferenças. E no nosso caso, Ron, elas são muitas, não é? – concluiu a menina.


Ron concordou e disse que tentaria não criticá-la sempre que ela falasse da libertação dos elfos e também quando defendesse o professor Snape. A menina, por sua vez, falou que se esforçaria para não reclamar com o amigo sobre a sua pouca aplicação nos estudos e teria mais paciência com as suas opiniões divergentes da dela. “Mas você podia se esforçar para ter mais tato ao falar com as pessoas”, disse, lembrando o recente episódio com Cho.


- E você deveria ser menos exigente e controladora. O fato de ser monitora não justifica agir como se fosse a única pessoa certa no mundo e tentar mandar em tudo e em todo mundo – contrapôs Ron.


A menina tinha sido provocada mais uma vez e, elevando o tom de voz, reclamou dizendo que Ron não podia fugir de suas responsabilidades como monitor, precisava ter coragem e não agir como um covarde como na noite anterior, quando se recusou a cobrar postura ética dos irmãos. “Você por acaso tem medo deles? Agora eles é que devem temer você”, enfatizou.


Para surpresa da menina, o amigo respondeu temer mais a ela que aos irmãos. “Você é tão decidida e autoritária que dá medo. Como sempre tem tudo sob controle e não precisa de minha ajuda nunca, prefiro ficar na minha para não atrapalhar”, explicou.


O ruivo falou aquilo de forma tão sentida e sincera que chegou a ser desconcertante. Hermione não tinha o que dizer. Não era algo consciente, mas ela reconhecia que tentava direcionar pessoas e situações. Fazia assim por achar que sabia qual era o procedimento certo. Mas com Ron isso não funcionava. Ele rejeitava qualquer forma de controle. Para protestar contra as intervenções da amiga, por vezes simplesmente se recusava a agir, como acontecera na noite anterior, em outras reclamava ou tomava um direcionamento contrário.


Não era do feitio de Hermione reconhecer os próprios erros, mas ela percebeu que seria a única forma de dar uma trégua às brigas e discussões. “Ron, me desculpa. Acho que preciso dar mais espaço para você agir e não tomar sempre a iniciativa. Afinal, nós dois somos monitores”, afirmou. “Tudo bem, Mione. Eu sei que também posso melhorar”, reconheceu o rapaz.


- Que tal se a gente selasse um acordo de paz? – propôs a menina – Sempre que estivermos fazendo a ronda e atuando como monitores não discutiremos. O que acha?


- E também quando estivermos com Harry. Caso contrário, ele nunca mais vai querer falar com a gente – argumentou.


A menina sugeriu que formalizassem o acordo. Ron aceitou e, parados um diante do outro e se olhando nos olhos, apertaram as mãos. “Tem mais uma coisa, Mione. Para isso dar certo a gente não pode falar nesses momentos de alguns assuntos: elfos domésticos, professor Snape, Fred e Jorge e dos estudos”, enumerou o rapaz. Hermione aceitou essa sugestão e os dois iniciaram um bate-papo descontraído, acompanhado de muitas risadas, que começou com a narração da viagem do ruivo pelo Egito e foi concluída com a descrição dos atributos da última versão da vassoura Firebolt.


 


 xxx


Para  ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo: 


Without you


http://irpra.la/m/1104205


I can't win, I can't reign 
I will never win this game 
Without you, without you 
I am lost, I am vain, 
I will never be the same 
Without you, without you 

I won't run, I won't fly 
I will never make it by 
Without you, without you 
I can't rest, I can't fight 
All I need is you and I 
Without you
(…)


 

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