o outro lado



n/a: Desculpem pelos prováveis erros do capitulo (não-revisado!), que aliás não estava nos planos.

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Narração: Hermione Granger.

Hogwarts, Baile de Inverno


- Ora, se você não gosta, então sabe qual é a solução, não sabe? – Ouvi-me dizer, aumentando alguns decibéis da minha voz.


- Ah, é? Qual? – Ron dissera, com a expressão um pouco dura, o que me fez estreitar os olhos, sem saber porque eu me sentia tão revoltada com seus gestos infantis.


- Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso, e não como último recurso! – Falei, no que me pareceu um grito beirando ao choro.


O ruivo me encarou como se eu fosse louca e nada daquilo fizesse sentido, continuou andando em passos largos. Havia uma fúria dentro de mim que eu não conseguia entender, enquanto o observava atravessar as escadarias.


Segundos depois, vi Harry aproximando-se em passos cuidadosos, e logo em seguida sentou-se próximo a mim.


− O que deu nele? – Perguntou, com o cenho franzido.


Ele não pareceu saber a resposta. Ou se sabia, não parecia querer falar a respeito. Continuamos encarando Rony que caminhava em passos rápidos e acabara de esbarrar em um aluno de Durmstrang, antes de desaparecer pela porta do corredor que levaria para fora do baile.


− Você e o Krum, hein? – Seu tom divertido me fez desviar os olhos da entrada do baile, fazendo-me esquecer que eu acabara de ter uma discussão com aquele ruivo idiota.


Sorri, sentindo que a fúria dissipava-se aos poucos.


− Por que vocês garotos são assim? – Quis saber, ainda pensando em Ronald.


− Assim como? – Ele quis saber, com serenidade.


− Idiotas. – Respondi, olhando para baixo, ao mesmo tempo em que começava a retirar os saltos que estivera usando naquela noite.


− Ei, eu não sou idiota. – Defendera-se, sorrindo.


Parei alguns segundos para encará-lo. Os olhos verdes de Harry pareciam brilhar ainda mais, carregavam algum tipo de inocência que me fazia sentir diferente. Não sabia o que era aquilo. Algo sobre sua postura de herói, talvez. Ou algo sobre o fato de que minha consciência há muito se convencera de que Harry sempre seria a pessoa com quem eu poderia contar, sem jogos, sem tensão, sem dilemas infantis, pensei, com a imagem de Ron surgindo em minha cabeça algumas vezes.


− Eu sei que não. – Respondi, sorrindo de como o rosto de Harry assumira uma cor escarlate. – há-há-há, você deve ser o único não-idiota da face da terra.


Ele retomou sua expressão segura.


Continuei olhando Harry em um silêncio confortável.


− Logo você e o Ron farão as pazes. – Assegurou-me, passando um braço sobre meu ombro, trazendo-me com delicadeza para mais perto, lembrando-me meu pai, o que era estranho, porque haviam milhares de contradições ali. A maneira como eu sentira como se estivesse em algum lugar muito alto, prestes a cair, sentindo um frio na barriga. Depois, como meus batimentos teriam reagido ao contato de sua mão contra a pele nua do meu braço direito, acelerados em des-sincronia com a carícia que seus dedos estavam fazendo, provavelmente para me confortar. Lembro também de ter notado seu queixo, uma pequena sarda na lateral de seu rosto, ou sinal, que fosse, os lábios finos, o formato de seus olhos e o que eu podia ver neles. Lá estava meu rosto refletido, e em nenhum momento eu o olhei sua reação, apenas lembro dos olhos verdes.


Ainda bem que Harry não era meu pai, lembro de ter pensado, com diversão, fascinada por seus traços.


Fim do Flash Back


Espanto-me, abrindo os olhos devagar, encarando o teto do apartamento de meu melhor amigo. Há quanto tempo aquilo havia acontecido? 10, 12 anos?, pergunto-me, imóvel, já que não quero acordá-lo.


Respiro fundo, tentando dissipar aquela memória deveras inconveniente de minha cabeça.


Não gostava de me sentir torpe, sensível, ou vulnerável, mas Harry sempre tivera o que eu achava ser um... Poder? Dom? (!) – que fosse, ele tinha algo capaz de despertar em mim emoções constrangedoras e frágeis. E eu não era frágil, por Merlin! Ao menos nunca quis o ser.


Preferia que aquela memória tivesse sido inteiramente sobre Ron. Porque a Hermione enfurecida, respondona, era essa a de que eu me orgulhava, e não a tola que sentia como se seu melhor amigo lhe fosse uma canção ou algo abstrato demais para se lutar contra. Ron era infantil, minha antiga relação com ele havia sido conturbada e urgente, eu sabia desde o começo que jogos infantis eram a evidência de que tínhamos prazo de validade. Pelo contrário, eu sentia muito mais medo de Harry, aquela tendência permanente a considera-lo o ser mais confiável e doce de todo o planeta me faziam parecer uma adolescente mesmo quando eu já não era.


Meus pensamentos são interrompidos quando percebo que ele se move na cama, talvez ajeitando-se mais contra o travesseiro ou levantando-se. Torci pela primeira opção, ainda não me sentia pronta para encará-lo.


Não conseguia raciocinar dignamente quando o encarava. Os malditos olhos pareciam policiais vasculhando pistas de algo que ele procurava de maneira incessante, embora eu não soubesse o que era ou porquê.


Fechei os olhos quando tive a impressão de ele estava se levantando da cama.



Hogwarts, 7º ano (após a derrota de Lord Voldemort)


 


Encarei a figura paralisada de Harry, que estava sentado em uma poltrona, observando as chamas da lareira sem motivo. Lembrei na mesma hora da cena que eu acabara de presenciar há alguns minutos, Gina deitada de lado em sua cama, também quieta, embora eu pudesse jurar ter ouvido um soluço baixo. Pensei em consolá-la, mas decidi deixa-la chorar o quanto precisasse – seja lá qual fosse a razão, e decidi que a deixaria com seus pensamentos e mais tarde tentaria consolá-la com chocolate e conversar, se ela quisesse me contar seu problema, no caso.


Mas meu pequeno raciocínio foi quebrado quando percebi que ele me olhava há algum tempo, provavelmente porque eu estava em sua frente (!) esse tempo todo calada.


− Mione? – Perguntou, ajeitando os óculos em seu rosto. – Tudo bem?


− Você e Gina terminaram? – Falei, e logo em seguida arregalei meus olhos, pois aquilo fora um PENSAMENTO, diabos!. As palavras haviam se materializado sem minha permissão.


− Acho que... Sim. – Respondera, sem alteração no rosto.


− Se não quiser conversar sobre isso, tudo b-


Ele soltou um sorriso leve.


− Não, Mi, tudo bem... Não me importo de falar sobre isso. – Completara, e eu podia jurar que seus olhos haviam me pedido para sentar em uma daquelas poltronas.


− Por que vocês não estão mais juntos? – Pausei, com a imagem do soluço discreto de Gina em minha cabeça. – Vocês se amam!


− Como pode saber, Mione? – Ele questionara, mudando a expressão.


Era uma pergunta justa, pensei. Como eu podia ter tanta certeza do amor dos dois?


− Acho que eu a vi chorando hoje mais cedo. – Confessei, para que ele percebesse que o que quer que houvesse acontecido entre os dois, não apagava o fato de que os dois ainda se importavam um com o outro.


− É. – Concordou, embora eu não conseguisse ver sentido em sua afirmação. Respirou fundo: - Espero que não me espanque ou me azare pelo o que eu vou dizer agora- Começou, e logo estreitei meus olhos. – Eu pedi um tempo a ela.


− Tempo pra quê? – Falei, confusa, imaginando o novo dilema em que Harry estivesse metido.


− Não sei – Respondeu, sério. – Tempo pra descobrir se ainda gosto dela como antes, acho... – Ponderou, parando de me olhar.


E a combinação de seu discurso, seu rosto e aquela situação me atingiu como se alguém estivesse me lançando uma azaração pelas costas.


Senti meu coração acelerado contra o peito. Que droga era essa?!


− E como se sente? – Assim que lhe fiz a pergunta, minha consciência começou a retrucar frases sarcásticas como Se fosse o Ron, você estaria o ameaçando, chamando-o de idiota, ou talvez lhe dando um sermão, não é Granger?.


− Bem. E mal. – Afirmara, com os olhos verdes mais brilhantes que o normal. – Não queria ter terminado dessa forma, mas ela sabe que eu jamais a machucaria, que vai ser melhor assim.


Desviei meu rosto do seu, refletindo suas palavras.


Ficamos em silêncio por muito tempo. Eu tinha a ridícula impressão de que Harry estava rompendo comigo.


− Você parece muito calmo pra quem terminou um namoro.


Ele revirou os olhos, respirando fundo.


− Aquele é o jeito dela, Mione. Ela não está, você sabe, tão deprimida assim. Gina só é uma garota, garotas reagem de um jeito diferente. – Explicou-me, como se eu fosse um alien. – Ela também não gosta mais de mim, só não teve coragem de dizer, imagino. 


Eu sei como as garotas reagem. – Murmurei, mais pra mim mesma que para o moreno ao meu lado. – Eu sou uma, não lembra? – Falei, desta vez para ele.


Observei-o contrair os lábios.


− Do que está rindo?


− Do seu rosto decepcionado.


− Do que está falando? – Sussurrei, olhando de maneira atenta a Dino e Simas, que acabavam de atravessar a sala.


− Esquece. – Murmurara. – Acho que deve ir conversar com a Giny...


− Está me expulsando, Potter? – Perguntei, em um misto de riso e surpresa.


− O que eu quero dizer é que ela precisa de você mais do que eu, Mi. – Esclareceu, deixando-me desconfiada.


− Há-há-há. Eu não te expulsei, Herms! – Pausara, rindo. – Só não quero decepcioná-la... – Hã?, ouvi minha mente perguntar, mas logo ele retomou a fala: – Quer dizer, você me olha como se eu devesse estar tão mal quanto ela. Mas na verdade eu me sinto bem como não me sentia há muito tempo, porque eu não amo mais ela.  Mas eu sei que isso tudo a decepciona, Granger. Eu vejo aí. – Concluira, apontando para os meus olhos. – Você tem uma imagem muito... – Procurara as palavras, com uma de suas mãos no queixo. – Boa de mim.


Levantei-me de minha poltrona, com calma, e o beijei na testa rapidamente.


− Não seja convencido, Harry. – E dito isso, saí dali.


Fim do Flash Back


 


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Como eu gosto de escrever essa história!! Bom, esse capitulo foi meio isolado dos outros (e talvez estranho???), apenas pra não deixar um mistério sobre a negação da Hermione hahaha


Espero que tenham gostado. Comentem o que acharam e (por favor???) votem. 

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