diferente



Espantei-me pela manhã, levemente aterrorizado pela ideia de ter dormido com Hermione. Bem, não aterrorizado no sentido literal da palavra. Eu estava naquela linha tênue entre o não-arrependimento e o arrependimento eterno.


 


Olhei para o lado e ela estava encolhida no lado esquerdo da cama, embrulhada de maneira desleixada, com uma das pernas nuas a mostra.


 


Respirei fundo, imóvel, lembrando de cenas da noite anterior.


 


Eu permaneci beijando-a por um longo tempo, desfrutando daquela sensação desconhecida. Como se eu me sentisse exposto, ou como se alguém pudesse ver através de mim. Aqueles dois orbes que me encaravam intensamente, e pareciam sorrir. Como diabos os olhos dela poderiam sorrir?! Era quase patético. Não ousava avançar, esperava que ela começasse a rir com uma expressão de HÁ-HÁ-HÁ-POTTER-TE-PEGUEI. Mas não era como se isso fosse uma piada. Ao menos eu não via humor.


 


E, diferente do que eu imaginava, Hermione não era delicada e paciente. Era explosiva. Sei disso porque ela cortou meus beijos e se esforçou para que trocassemos de posição, retirando a própria blusa do corpo e terminando de desafivelar o meu cinto (Gina começara, aparentemente). Lembro de ter apertado-a mais contra mim, puxando-a pra mais perto, com uma das mãos apoiada em sua coxa, e outra em seu quadril. Éramos uma grande mistura de bocas, línguas, mãos, roupas sendo tiradas, e bocas e línguas e menos roupa, e gemidos que ela soltava cada vez que meus lábios sugavam toda a extensão do seu colo e alcançavam-na por cima do sutiã, e gemidos que eu soltava quando ela arranhava minhas costas e beijava meu pescoço.


 


Parecia errado.


 


Mas havíamos sido tomados por algum descontrole cego, que a obrigava a gemer e não parar de fazer menção para arrancar as minhas roupas, e que me obrigava a desejar que a minha boca, minhas mãos e tudo simplesmente morassem nela.


 


O flash cessou em minha cabeça assim que percebi que ela se movera, puxando o lençol mais para si.


 


Voltei a lembrar da maneira com que ela se movia, se comportava e do sentido de tudo aquilo.


 


E de como quando acabou, eu me senti perdido: Deveria conversar sobre o fato? Abraçá-la? Virar para o outro lado?


 


Mas antes que eu pudesse decidir sobre o que fazer, ela falara, de frente para o meu corpo, com uma expressão serena (que me irritou, embora eu não soubesse a razão): − Escuta Harry, - Pausara, deixando-me ansioso. – Não precisamos fingir que isso significa mais do que é...


 


Ela pareceu não saber como prosseguir, enquanto eu esboçava meu cenho franzido, confuso.


 


− E o que isso é? – Perguntei, com cuidado, tentando entende-la.


 


− Sexo. – Respondera, com simplicidade. – O que... – Respirara fundo. – O que eu quero dizer é que não precisa... Esforçar-se pra me fazer sentir especial. Eu não quero isso.


 


− Hã... Ok. – Respondi, em uma espécie de careta.


 


− Não precisamos... Você sabe, nos aconchegar... – E dito isso, eu e ela soltamos um sorriso pequeno diante de uma palavra com significado tão brega. – Ou... Hmm, não sei, todas as outras coisas que pessoas normais fazem...


− Entendi. – Cortei-a, tentando me recuperar, parecer tão maduro e objetivo quanto ela estava sendo. – Não somos normais, há-há-há. – Brinquei, esperando que isto cortasse a tensão do seu discurso.


 


− Somos amigos, Potter. – Ela sorriu.


 


E dito isso, virara o corpo de costas pra mim, a um distância razoável do meu.


 


Ignorei o gesto indiferente, virando-me para o outro lado, disposto a dormir tão tranquilo quanto ela parecia estar.


 


O flash se encerrou em minha cabeça, enquanto eu pensava sobre como era impressionante que Hermione não tivesse simplesmente fugido no meio da madrugada, porque certamente aquilo também era casualidade, não era?


 


Eu me sentia um idiota diante daquelas coisas. Um idiota sortudo, algumas vezes, mas na maior parte dos meus pensamentos paranoicos eu era só um idiota. Como ela era capaz de ser tão Somos-amigos-Potter? Ok, somos amigos. Mas... Ah, quer saber? Esquece, babaca. Por Merlin, eu não podia nem abraça-la depois de... tudo!


 


Levantei-me da cama, em um misto de irritação e satisfação. Iria esperar que ela acordasse, pra alguma conversa matinal divertida, mas aquilo também era proibido? Eu imaginava que sim. E não queria que ela voltasse a repetir as coisas como se eu fosse um virgem incapaz de entender sobre sexo sem apego.


 


--


 


− hey! – Ron dissera, vindo ao meu encontro, e logo em seguida sentando-se na cadeira ao lado, no balcão do um Pub qualquer de Londres. – A Herms não vem? – Perguntara, desconfiado, pedindo uma cerveja.


 


− Por que ela viria? – Respondi, incomodado.


 


− Não era algo urgente? Achei que fosse chama-la também pra... Hmm, contar sobre isso. – Esclarecera, soando divertido.


 


Revirei meus olhos, antes de dar um gole em minha cerveja.


 


− Eu... – Comecei, sentindo-me idiota. – Quer dizer, eu e ela... Transamos. – Terminei, com a sensação de que nunca deveria ter dito isso. Muito menos para o Ron!


 


Rony arregalou os olhos, exibindo uma expressão de divertimento, antes de rir.


 


Revirei os olhos pela segunda vez, mortificado por aquela reação.


 


− Qual a graça, cara? – Falei, um pouco entediado.


 


− Vocês nunca...? – Começou, franzindo o cenho.


 


− Por que diabos eu já deveria ter transado com ela? – Foi minha pergunta, que o deixou pensativo por alguns segundos.


 


− Porque vocês vivem grudados. Sei lá! – Reagira, com vestígios de diversão na voz. – De qualquer forma: Até que enfim, hein! – Comentara, alheio.


 


− Que seja. – Retruquei, depois de pedir mais uma cerveja.


 


− Então... Qual o problema nisso? – Quis saber, olhando-me de lado.


 


− Hermione tem agido de um jeito estranho. – Confessei, arrependendo-me logo em seguida.


 


− Ah. – Murmurou, como se finalmente entendesse. – Sei como é. Ela tem toda aquela obsessão com contato visual durante o sexo, o tempo todo, e bla bla bla tudo muito devagar, mil anos até... Você sabe, ir aos finalmentes. – Pausara. – E também tem aquilo que ela faz depois que acaba, querer ficar abraçada o tempo todo. Por Merlin, O TEMPO TODO! Como se os braços não ficassem dormentes por passarem tanto tempo naquela posição..! – Continuei calado, tentando me sentir menos anormal. – Harry? Era esse o problema, não era?


 


Meneei minha cabeça positivamente, virando o copo de cerveja.


 


Parabéns, Potter! Pensei comigo mesmo. Mais um item pra sua lista de paranoias.


 


--


 


Ok, como eu disse antes. Mais um capitulo curto demais pro que eu deveria postar. Mas esclarecendo: Agora eu tenho tempo, então resolvi retomar todas as fanfics pendentes (ou pelo menos a maioria). Não sei se alguém ainda lê essa fanfic, mas particularmente é uma das minhas favoritas, me exige bem menos do que as outras. E enlouquecer o Harry é fantástico, hahaha.


Voltarei a atualizar com mais frequência (não duvidem mais disso), apesar de não ter certeza se alguém ainda lê essa fanfic, assim como muitas outras.         

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Comentários (3)

  • Potter_Salter

    Mal posso acreditar que você voltou, isso é incrível!! E o capítulo foi incrível!! Por favor, não nos anime para depois sumir novamente :(Parabéns, amo essa fic!!!Beijos 

    2013-12-15
  • Brunizinha

    Olhaaaaaaa eu aqui de novo o/Você atualizou uma deles *-----------* (faz pirueta com a vassoura)Gostei do capítulo, e é mmmmmmmmmuito estrtanho ver o RON agir com essa naturalidade.MAs morro de rir com o Harry se matando com os próprios pensamentos.Será que seria muito pedir para você atualizar Whatever, H&Hr. ? É meu sonho lê-la.Obrigada por estar atualizando, adoro suas fics! o/ 

    2013-12-09
  • r.ad

    :D 

    2013-12-09
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