Dois.



2


Podia ser de dia. Podia ser de noite.


Em Azkaban tudo era sempre tão escuro que Draco não sabia mais se já era um novo dia ou se ainda era a noite sombria. No começo ele costumava a ficar louco com isso, odiava se sentir perdido, sem saber o que fazer ou como reagir, e não saber se era dia ou noite o fez sentir ser a pessoa mais perdida do mundo, a mais inútil. Mas com o tempo ele se acostumou.


Não sabia que horas são. Não sabia se já haviam se passado um mês ou 10 anos. Não sabia se era noite ou dia. Não sabia quanto tempo ainda iria ficar ali dentro. Não sabia quanto tem já havia ficado ali dentro. Não sabia. Não ligava.


Draco saiu da sua cama, ela era tão desconfortável que ele se sentiu melhor ficando de pé. Contou os riscos na parede, 492. Sim ele fazia isso, riscava a parede, riscava para contar a quanto tempo não recebia uma visita, a quanto tempo fazia que não via uma pessoa de verdade. 492. Mais de um ano. Ele passou a mão pelo cabelo loiro, que agora estava sempre seboso, e riu dolorosamente com sigo mesmo, pensando que não havia nenhuma pessoa que realmente se importava com ele ainda viva. Obviamente, então, ele só poderia receber visitas das pessoas que gostaria de ver nos seus sonhos. Mas nem isso ele conseguia mais. Sonhar não era uma opção. As memórias era a única coisa que lhe sobrara, e até isso estava sendo tirado dele aos poucos.


Ultima visita? Andrômeda Black Tonks. A tia que nunca havia sido lhe apresentada.


Ela o ofereceu moradia quando saísse daquele lugar, lhe disse que toda a sua família havia sido tirada dela na guerra, sobrando apenas ele e o seu neto, Ted, como família. Disse que não se importava com todas as ofensas que ele já deveria ter escutado sobre ela – principalmente da parte de Bellatrix – e que estava disposta a aceita-lo e tratá-lo, finalmente, como seu sobrinho.


Ele recusou. E ainda a chamou de traidora de sangue nojenta.


Não estava no seu melhor dia.


Mas daria tudo para que ela voltasse e oferecesse a proposta mais uma vez, e dessa vez ele iria aceita-la, e até beijaria os seus pés como agradecimento.


Azkaban mudava as pessoas, as faziam pensar, refletir, no que realmente importava para elas.


Draco Malfoy refletiu, pensou, e mudou.


Ou, pelo menos, parecia que sim.


--X—


Os casos mais difíceis eram passados para ela.


Todos aqueles que os outros não conseguiam resolver, era ela quem cuidava, geralmente eram casos sem volta, como por exemplo, os pais de Neville Longbottom, mas, às vezes, ela conseguia algum processo com um paciente ou dois. Nunca se curavam totalmente, mas melhoravam. Essa era a parte que odiava em seu trabalho, nunca conseguia salvar totalmente alguém, sempre havia algum pedacinho que ela não conseguia concertar. Sempre.


“Doutora Granger? Desculpe incomodar, mas me mandaram avisar a senhorita que, infelizmente, a sua paciente Cristal Anne Karter faleceu.” Anunciou uma curandeira qualquer, entrando na sala de Hermione depois de duas batidas e um cansado “Entre.”.


“Droga!” Ela deixou escapar, tirou os óculos – que usava apenas para a leitura – e passou as mãos pela face, decepcionada. “Estava fazendo progresso com a senhora Karter... Isso é uma tragédia!”


A curandeira ficou lá parada, meio sem jeito, e concordou com a cabeça.


“Obrigada, pode ir agora.” Hermione falou com um suspiro e depois um murmuro de irritação.


Sempre.


Ela abriu uma gaveta e pegou lá a pasta da senhora Karter, pegou a sua pena e escreveu bem grande em cima de todas as suas anotações: “MORREU”.


Sabia que teria que apagar aquilo depois, mas que se dane, não estava tendo um bom dia.


Ronald deveria ter voltado hoje, era apenas uma missão simples, mas aparentemente estava dando mais trabalho do que deveria. No máximo, mais quatro semanas, ele garantiu.


Quatro semanas! Isso totalizava quase dois meses sem vê-lo!


E o pior era que não tinha ninguém para desabafar, Harry estava com Rony e Gina estava cobrindo as primeiras fases eliminatórias da Copa Mundial de Quadribol na Holanda.


Ela estava carente, precisava de alguém!


E se os seus amigos não estavam ali para ela, ela iria confraternizar com o inimigo.


--X—


Hermione subia as escadas lentamente. Os seus sapatos a machucavam e se ela não tivesse tomado aquela poção revigorante no meio do expediente – logo depois da noticia da senhora Karter - ela tinha certeza que não iria conseguir subir mais um lance de escadas.


Em uma plaquinha dourada, já um pouco descascada, no meio dos quadros de medibruxos, curandeiros e enfermeiros, ela leu:


7° Andar – Necrotério.


 


 


Acesso restrito


Apenas Funcionários


Ela soltou um “Graças a Merlin!” e subiu mais aqueles degraus.


Lá em cima ela teve que mostrar o seu crachá para o segurança que deu um leve aceno com a cabeça e a deixou passar.


Mais alguns passos e chegou aonde queria.


Dr. Blásio Zabini


Legista.


Ela sorriu quando reparou que a plaquinha que indicava o nome era de ouro puro, Zabini gostava de ostentar.


Três batidas e Blásio apareceu na porta com um sorriso grande no rosto negro, os dentes tão brancos contrastando com a pele. Ele era bonito, Mione concluiu, e ficava bem de jaleco branco.


“Ora, Ora se não é a heroína do mundo bruxo: Hermione Granger! Imagino o que seus amiguinhos, Cicatriz e Cenoura ambulante, diriam se ouvissem que você veio a essa parte do hospital... Vamos entre logo! Peguei a sua figurinha no Sapo de Chocolate hoje, sabia?” Ele saudou animado.


Zabini só era animado assim no seu local de trabalho, pois achava que de mórbidos já chegavam os corpos que passavam o dia inteiro como sua companhia.


“E eu, Blásio, fico imaginando o que os seus amigos iram dizer se soubessem que está recebendo uma sangue-ruim no seu escritório... Pegou é? O que achou da foto?”


“Bonita. Bem melhor do que a do Weasley ex-pobretão.”


Hermione lançou um olhar mortal para ele, que apenas deu ombros e disse:


“É a verdade.”


Era incrível como o trabalho e épocas difíceis podiam aproximar as pessoas, principalmente aquelas mais improváveis.


“Zabini, eu preciso de um favor seu.” Ela começou constrangida “Eu preciso sair, me divertir, beber! E você é a melhor pessoa que eu conheço para me fazer companhia nessa “aventura” então...”


“Você está me convidando para sair, Granger?” Ele chegou mais perto dela, tão perto que Hermione parou de respirar por alguns segundos, mas soltou a respiração quando viu o sorrisinho vitorioso dele por ter feito a durona doutora Granger ficar nervosa.


Ela entrou no jogo.


“Oh Deus, Blás! Eu nem sei o que dizer! Eu estou tão desesperadamente apaixonada por você que nem consigo mais me controlar! Uma pena que você esteja noivo... E eu esteja namorando...” Ela apontou para o dedo dele, o anel de prata brilhava e Hermione fez um biquinho mostrando o anel dela também.


 Ele sorriu.


“Eu não ligo!” E fez uma encenação como se estivesse beijando-a, os dois pararam no chão, rolando de tanto rir e Hermione pensou que nunca imaginária que Blásio Zabini, o melhor amigo de Draco Malfoy, um dia seria o seu melhor amigo também. (sim, melhor amigo, afinal Harry já era como um irmão).


“Tudo bem, Granger. Chega. Eu levo você para um bar depois que o nosso expediente acabar. Também acho que você tem que se divertir de vez em quando... E você tem razão, não tem companhia melhor que a minha!”


“Você é um canalha convencido Blásio Zabini! Mas e Dafne? Ela não se importa?”


Ele negou com a cabeça e completou:


“Daf está na França, fazendo umas fotos. Não vai nem saber”


Hermione concordou com a cabeça, e se levantou finalmente do chão, o ajudando depois a se levantar também.


“Então está combinado, hoje nós vamos sair!”


--X—


Ele esta algemado, sendo levado pelos os corredores infinitos de Azkaban por três guardas até um destino não conhecido.


Eles pararam em frente a uma porta e entraram sem ao menos bater antes, um homem gordo e careca os esperava sentado no outro lado de uma escrivaninha cheia de papeis. Ele olhou para Draco com uma expressão seca, sem emoção e pediu para os guardas fazerem logo as proteções necessárias. Eles fizeram e saíram.


“Malfoy.” Ele cumprimentou.


“Torrense”.


“Sente-se” Ele ordenou e assim o loiro fez.


“Vou direto ao assunto Malfoy, você está aqui faz cinco anos, com bom comportamento e o seu crime foi mais um favor para nós, pois você assassinou dois grandes fugitivos e...”


“Direto ao assunto lembra, senhor?”


Vincent Torrense, o diretor da prisão, o olhou de um modo tão duro e ameaçador como as suas seguintes palavras:


“Não ouse Malfoy. Não estou tendo um bom dia.”


Parecia que ninguém estava num hoje.


“Não estou interessado se você esta tendo um bom dia ou não, Torrense. Com todo o respeito, claro.”


Draco viu que o homem serrou os punhos, mas nada em sua expressão mudou.


“Muito bem. Direto ao assunto, não é? É isso que você quer, não?”


Draco confirmou com a cabeça. Vincent suspirou.


“Malfoy, você está livre.”


--X—


N/A: Oi!


Eu disse que o cap sairia logo, bom, não se acostumem, minhas aulas começam logo, então né...


Escrevi ele em uma noite, quando eu tava tentado uma crise de insônia, então não me culpem se estiver uma droga, okay?


Sem comentários, sem capitulo. Já que vocês não comentaram no cap um decidi tomar essa atitude... rsrs.


Beijinhos para vocês; Cat.

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Comentários (3)

  • Caren F

    Nossa moça, você manda muito bem! Eu também tenho uma história com Blásio *risos* adorei esse seu ç.ç beeijos

    2012-05-20
  • alexandra M.

    AA eu to gostando 

    2012-02-13
  • silvia xavierdos santos

    Estou começando a gostar ...Vê se ñ vai parar hem

    2012-02-13
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