Capítulo 2



Os exames se aproximavam e Rose, Alvo e Lysander mantinham as cabeças unidas sobre o livro de astronomia, tentando encontrar a terceira lua de júpiter. Mas algo tirava a atenção de Rose. Scorpio estava sentada solitário em uma das poltronas mais distantes do salão comunal, mas, mesmo que com um livro nas mãos ele não parecia prestar muita atenção ao seu conteúdo.


Seus olhos vagavam pela sala comunal e volta e meia encontravam o de Rose. Mas ele desviava antes mesmo que ela pudesse ensaiar uma cara feia. Aquilo a estava aborrecendo. Não o fato de ele encará-la, mas o fato de ter feito durante todo o ano letivo e, das chances que tivera, nunca ter se quer tentado uma outra aproximação. Ela virou as costas para ele, e decidiu-se: No dia seguinte, se o encontrasse na biblioteca, iria tirar satisfações.


 


No dia seguinte, logo após o almoço, Rose seguiu para a biblioteca, como sempre fazia e sentou-se a mesa que sempre sentava. Não demorou dez minutos e o loiro passou por ela, indo sentar-se em uma mesa próxima, meio de lado para a dela. Dessa vez ela estava preparada, quando ergueu os olhos e viu ele a encarando, subitamente fechou o livro e sustentou seu olhar.


Sentiu a face esquentar e notou o rubor invadir a pele pálida do menino. Ela cruzou os braços em sinal de desafio e fechou a cara, e em um piscar de olhos ele não a estava mais encarando. Ela se levantou e se aproximou da mesa do garoto, sentando-se a sua frente, o encarando friamente. Um olhar que havia aprendido com sua mãe. Uma das sobrancelhas erguidas, o nariz empinado e um biquinho se formando nos lábios.


Ele viu o rosto dele se tornar mais vermelho, mas ele não levantou os olhos. Ela não desviou o olhar e nem desfez a pose, apenas o encarou mais profundamente. Pareceu ter passado uma eternidade quando ele também fechou seu livro e a encarou de volta, sem falar nada. Ficaram assim por alguns minutos. Quem passasse poderia achar que eles faziam parte da decoração.


- E então? – ela quebrou o silencio.


- E então o que?


- Tem algo a me dizer?


Ele pareceu avaliar a pergunta antes de responder.


- Não. Deveria?


- Não sei. Talvez o fato de você ter dedicado maior parte do seu tempo me irritando tenha me deixado pensar isso.


- Irritando? Eu nem falo com você, Weasley.


- Pois não parece que essa seja a sua maior vontade.


Ele desviou os olhos, talvez não esperasse por aquela reação.


- Eu só não devo falar com você.


Ela não entendeu, e ele rolou os olhos, enquanto debruçava sobre a mesa.


- Você é uma Weasley. Eu sou um Malfoy. Quase fui deserdado por não ter ido para a sonserina, Não queira imaginar o que meu avô e meu pai me fariam se eu começasse a ser amiga de um Potter e uma Weasley.


- Então há problemas em você falar comigo, mas perturbar meu juízo me encarando é permitido? Acho justo – ironizou.


- Não é isso. Olha, é uma coisa de família. Se você não se importa com o que a sua vai achar, ótimo, mas eu prefiro evitar problemas.


- E se você liga pro que o almofadinha do seu pai acha, também não posso fazer nada. Você é bem igual a ele.


- Não sou não... – ofendeu-se


- Não é o que parece.


- Tenho... Outros motivos.


- Então...?


- Você se ofenderia se eu dissesse.


- Experimente.


- É melhor não. É... Grosseiro.


- Malfoy... – ela cerrou os olhos.


Ele respirou fundo e abaixou a voz.


- Você é uma... Sangue-ruim. E uma traidora de sangue.


Primeiro os olhos dela se arregalaram de incredulidade, depois o brilho se transformou em raiva e por ultimo se dissolveu em lágrimas.


- Pois bem – ela levantou-se bruscamente – Fique ai com seu sangue puro e suas crenças idiotas.


Ela saiu a passos duros em direção ao salão comunal.


 


Rose não tornou a trocar uma única palavra ou olhar com Scorpio, e o mesmo não parecia ansioso em tentar uma aproximação. Não tornou a encará-la – pelo menos não de forma que ela notasse – e nem a procurou para pedir desculpas. Um misto de medo e vergonha invadia o garoto. Ele não se importava com sangue, mas não conseguia se imaginar chegando em casa e anunciando que tinha como amiga uma Weasley. Ele não tinha certeza se seria desculpado tão facilmente pela menina, mas tinha a sensação de que deveria tentar.


E assim o fez. Na ultima manhã em Hogwarts ele tomou coragem. Logo depois do café ele correu para fora do grande salão e a esperou na porta. Não demorou para que ela saísse, acompanhada de Alvo, Lysander e Lorcam.


- Rose, posso falar com você? – ele se aproximou devagar, mas ela não lhe deu atenção. – Rose, me desculpa, eu...


- Vocês estão ouvindo alguma coisa? Porque eu só ouço um filhote de doninha idiota guinchando.


Alvo riu do que lhe pareceu uma piada interna. Quando estavam longe suficiente para que o menino não escutasse, ele perguntou:


- Porque o Malfoy estava pedindo desculpas?


Ela ainda não havia contado sobre o ocorrido ao primo, e o fez, aos cochichos.


- Ele... Me chamou de sangue ruim.


- O que? – Alvo parou de andar. – ele te... Porque ele fez isso?


- Não sei. Disse que não poderíamos ser amigos por que nossos pais tiveram problemas, e porque eu sou uma sangue ruim. E uma traidora de sangue.


- Você tem sangue puro. Ele é um idiota! – exclamou Lysander – Porque não deu queixa dele?


- E provar que me senti atingida pelo que ele falou? Nunca!


- Hm... Rose... – Lorcam se intrometeu – Não quero colocar mais lenha, mas não acha que está demonstrando exatamente isso, ao não falar com ele?


Rose o lançou um olhar indignado e raivoso e ele se calou, mas Alvo continuou.


- Rose, porque você não tenta escutar ele. Ele deve ter uma boa explicação pra...


Mas Rose já havia apertado o passo, ficando alguns metros na frente dos demais.


 


Se Rose achou que terias férias tranqüilas, estava completamente enganada. No terceiro dia após o fim do ano letivo, Rose estava deitada em sua cama quando uma enorme coruja das torres bateu em sua janela. Ela abriu e pegou a carta amarrada a pena do bicho, que logo levantou vôo novamente.


Ela abriu o quadradinho com estranheza. Nunca recebia cartas, menos ainda aquela hora da noite. Não reconheceu a caligrafia no pequeno bilhete.




Rose,


Eu disse que seria grosseiro e mesmo assim você quis ouvir. Me desculpe, não quis ofendê-la, realmente não ligo para isso de sangue.


Ainda assim não acho que seja sensato sermos amigos.


 


Scorpio Malfoy.


 


- Essa é boa – resmungou ela, atirando o bilhete em uma gaveta e jogando-se na cama. – Me chama de sangue ruim, e se acha no direito de pedir desculpas.


Ela não respondeu o bilhete, nem mesmo comentou com Alvo ou Lysander sobre ele, mas durante toda as férias ela se pegou pensando sobre o assunto. E foi assim que ela embarcou no trem para Hogwarts no ano letivo seguinte.




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Recebi apenas um comentário, mas ainda assim já acho bom!!!
E então, estão gostando? 

Quanto ao tamanho...

Bom, eu tive algumas idéias adicionais para a Fic, e acredito que vá acabar passando dos prometidos 9 capítulos. Espero que entendam e aprovem (:

Vou aguardar mais respostas... Beijinhos... Pontas 

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