Enfrentando medos




Chegamos ao penúltimo capítulo. Novamente um pouco longo, mas tínhamos muitas coisas para resolver nele, rs. Talvez haverá "capítulos bônus" com algumas atividades da familia na viagem que não se relacionam diretamente com a trama principal. Uma ida à praia, por exemplo, hehe. Mas nada decidido ainda. 

Muito obrigada a todos que nos acompanharam até aqui, deixaram comentários, marcaram a Fic para ler, deram uma olhadinha, hehe, enfim. O capítulo 7 já está em andamento. Assim que estiver pronto e corrigido coloco aqui.


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A mensagem do patrono havia sido bastante clara para Lucius. Narcissa estava no local onde o filho havia sido mantido por todos esses dias e, aparentemente, resgatar o menino não parecia ser uma tarefa muito fácil, porque ela havia pedido a ajuda dele e de quem mais fosse da confiança da família. Imediatamente, Lucius pensou em Severo Snape. O homem era seu amigo há muitos anos, desde que havia ingressado para o círculo de Comensais da Morte. Além disso, Severo era padrinho de Draco, e provavelmente faria tudo que estivesse ao seu alcance para ajudar o casal a salvar seu afilhado.


Pensando nisso, Lucius levou a mão direita a um bolso interno das vestes e retirou um pequeno espelho de dois sentidos com moldura em prata trabalhada, um artefato mágico que permitia a comunicação com o outro bruxo que estivesse com o par do objeto. Um artefato que permitiria que ele chamasse Severo o mais rápido possível. Trazendo o espelho alinhado à face, o Sr. Malfoy chamou:


- Severus.


Após alguns segundos, a imagem de um homem de nariz adunco e cabelos pretos e oleosos apareceu, substituindo o reflexo do rosto de Lucius que até então era mostrado pelo espelho.


- O que foi, Lucius? Desde os tempos de nossas missões para o Lorde das Trevas não usávamos esses espelhos.


- Não há tempo para saudosismo, Snape. Narcissa encontrou o Draco aqui em St. Tropez e está pedindo ajuda para resgatá-lo. Há como você se juntar a mim o mais rápido possível?


- Claro. Dê-me orientações para que eu possa aparatar num local seguro.


Lucius passou ao amigo a localização do banco francês onde estavam acontecendo as negociações e guardou o espelho, retornando à sala de reuniões. Sem se preocupar que estivesse interrompendo o discurso do Sr. Apollinaire Roux, disse apressadamente:


- Sr. Roux, me desculpe. Mas precisarei me ausentar das reuniões. Minha esposa encontrou nosso filho, o senhor sabe que há alguns dias o menino estava desaparecido. Preciso ir até ela para prestar meu apoio. Com licença, senhores.


Mas antes que Lucius chegasse à porta da sala, uma voz um tanto desdenhosa interpôs-se, fazendo com que ele parasse em seus calcanhares:


- Ora, ora, Lucius Malfoy. Largando o posto no último dia antes da decisão das negociações? Creio que isso afetará muito a sua credibilidade com os banqueiros franceses. – o italiano disse a frase saboreando cada palavra. Parecia imensamente satisfeito que Lucius tivesse se desviado de seus propósitos, vislumbrando uma chance de vencer a disputa.


Toda a raiva que o Sr. Malfoy sentia do italiano e a vontade de responder sua insinuação se dissiparam ao pensar nos perigos que Narcissa e Draco poderiam estar passando. Ele não se importava mais com o resultado de seus negócios. Sua família era o que lhe interessava no momento. Mas antes que Lucius saísse da sala de vez, o presidente do banco francês tomou a palavra:


- Sr. Bugiardini, não vejo motivos para que o Sr. Malfoy não vá se encontrar com a sua família nesse momento. Aliás, acredito que seria de bom tom se o senhor o acompanhasse. Pelo que chegou ao meu conhecimento, sua filha também desapareceu durante esta viagem e é bastante provável que o caso dela tenha relação com o do filho de Lucius.


A face do italiano estava púrpura. Mas não de vergonha pela chamada de atenção que havia recebido do Sr. Roux, como poderiam ter pensado alguns dos presentes, e sim de raiva, o que Lucius sabia perfeitamente. Pedindo licença e muito a contragosto, o Sr. Bugiardini se levantou e acompanhou o inglês.


No momento em que os homens chegaram ao corredor, Lucius, ignorando a presença de Fausto, se dirigiu ao patrono da esposa:


- Estou pronto, me leve até Narcissa.


Severus Snape estava à espera de Lucius na entrada do banco. Eles se cumprimentaram e Lucius apresentou o italiano brevemente. Percebendo que o amigo estava com o rosto estampado de preocupação e caminhava a passos largos no encalço do pavão prateado, Severo, ofegante, apressou-se em acompanhá-lo. O italiano, corpulento e um tanto preguiçoso, ficou para trás e seguia os homens a uma distância considerável.


--


Narcissa e Laura entraram no farol. A loura levava a varinha em punho e procurava atentamente por alguma evidência do filho ou de guardas do cativeiro. A sala térrea era circular e revestida em pedra bruta acinzentada, o que conferia um ar frio ao espaço. Narcissa avançou alguns passos e observou restos de comida sobre uma mesa de madeira gasta que estava encostada na parede. Sinal de que deveria haver alguém por perto.


Enfim ela avistou um homem moreno e alto sentado numa cadeira, cochilando. Fez sinal para que Laura permanecesse onde estava. Apontou a varinha para o guarda e antes que o homem pudesse despertar, lançou-lhe um feitiço silencioso que o deixou totalmente imobilizado. Assegurando-se de que não havia mais ninguém naquele local, ela fez sinal para que Laura fosse até ela. As mulheres subiram um patamar da escada, chegando ao portal de uma sala. Havia um aviso pregado à parede da esquerda:


Apenas enfrentando os seus maiores medos você completará o caminho.


Antes de qualquer coisa, Narcissa temia que não se recordasse dos feitiços que havia aprendido nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas. Temia não ser capaz de atravessar o cômodo. Mas essa não era uma opção, ela tinha que realizar a tarefa e precisava encontrar seu filho. A sala era cercada de portas aparentemente trancadas.


- Laura, me ajude a abrir essas portas, por favor. – A senhora Malfoy se dirigiu a uma das portas e deixou que a italiana cuidasse das demais.


Ao abrir a porta, Narcissa foi surpreendida pela figura do professor de Defesa contra a Arte das Trevas que havia lhe dado aulas quando ela frequentou Hogwarts. Ele trazia a varinha em punho e olhava para ela de modo a intimidá-la. Imediatamente a bruxa percebeu que o desafio da sala se tratava de eliminar bichos-papões, aquele homem estava morto há anos.


- Riddikulus!


O professor de Defesa havia se transformado em Horace Slughorn, seu querido mestre de Poções. Virou-se para trás para avisar à Laura sobre os bichos-papões, quando percebeu que a mulher já estava cercada por um cachorro enorme, uma mulher que ela desconhecia e uma versão mais jovem de Fausto Bugiardini. A italiana caiu de joelhos, apavorada.


- Laura, eles não são reais, são ilusões, representam seus medos...


Ao som de sua voz, os bichos papões se viraram para ela e se transformaram, abandonando a forma que assumiram para Laura.


A primeira era Bellatrix Lestrange, sua irmã, algemada e vestida em trapos, com a expressão transtornada. Depois dela veio Nagini, a cobra do Lorde das Trevas, rastejando. Atrás deles estavam Lucius e Draco, estendidos no chão, obviamente mortos.


A visão do marido e do filho mortos a distraiu. Narcissa fechou os olhos e sacudiu a cabeça tentando se concentrar:


- RIDDIKULUS!


Bellatrix começou a dançar, suas roupas mudando para um fluido vestido branco. Uma coroa de flores surgiu em sua cabeça e a mulher carregava uma expressão serena. Nagini não passava de uma centopeia de brinquedo. Depois de alguns segundos, essas duas desapareceram. Lucius e Draco se levantaram, o homem pegou a mão de Narcissa e o menino a de Laura. E eles as levaram até a porta que conduzia à saída. 


Subindo mais um patamar de escadas, Laura e Narcissa alcançaram um novo portal com um aviso:


Siga pelo caminho direito. Não se volte para o passado nem para o futuro.


O corredor seguinte era comprido, estreito e iluminado por archotes. Quando Narcissa passou pelo primeiro par de tochas, elas se apagaram. A mulher apertou o passo, Laura em seus calcanhares. Ao perceber que os archotes continuavam se apagando, Narcissa começou a correr. Se eu olhar para trás, estou perdida.


De repente, o corredor se tornou mais amplo e um arco de madeira apareceu à esquerda das mulheres. Através dele a Sra. Malfoy enxergou o lago de Hogwarts. À margem, um casal de jovens louros se abraçava calorosamente. Narcissa se recordou desse dia e, corando, se afastou. Laura, sem entender, perguntou:


- O que era aquele lago?


- Acho que são cenas do meu passado.


Elas andaram mais e encontraram um novo arco, também à esquerda. Uma luxuosa sala de estar com decorações natalinas podia ser vista através dele. Três meninas estavam sentadas em torno da árvore de Natal desembrulhando uma pilha de presentes. Um homem as observava sorrindo recostado numa poltrona próxima à lareira.


Narcissa sentiu um aperto no peito. Seu pai havia morrido há menos de um ano e vê-lo jovem e feliz fez com que ela quisesse entrar na sala e abraçá-lo. Mas ela precisava continuar.


No próximo arco, ela viu a si mesma e a Draco, com três anos, sentados à mesa do jantar. O menino fazia caretas para um prato de rabanetes que se encontrava a sua frente. De repente, faíscas verdes encheram o prato e quando elas desapareceram, ele estava cheio de sapos de chocolate.


As duas Narcissas tiveram a mesma reação. Ambas ostentando um olhar orgulhoso para o primeiro ato de magia do filho. A Narcissa atual precisou se concentrar para não “se voltar ao passado”.


No quarto arco, foi Lucius quem apareceu. Carregava uma caixa grande com um laço de fita prateada que entregou à esposa dizendo: Feliz aniversário de casamento, meu amor. Ao abrir a caixa, ela encontrou um vestido de seda verde.


A mulher lembrou que aquele era o mesmo vestido que tinha usado para vir à Saint Tropez.


No arco seguinte, ela vislumbrou outro jardim. Mas aquele era o jardim de sua casa, em Wiltshire. Ela viu Lucius sentado num banco, lendo o Profeta Diário enquanto seus pavões albinos ciscavam em torno do marido. Ao fundo, Draco, que aparentava estar mais velho, montava uma vassoura e usava vestes de quadribol idênticas às que Lucius vestia quando jogava pela Sonserina em Hogwarts.


Ela não se recordava do filho jamais ter vestido aquela roupa. Desconfiou que aquele deveria ser o arco que a tentaria a “se voltar para o futuro”.


De repente, uma menininha que não podia ter mais de dois anos de idade entrou correndo pelo jardim com os bracinhos abertos na direção de Lucius. O marido sorriu e abraçou a criança, passando a mão por seus cabelos louros, quando a garota levantou os grandes olhos azuis, dizendo: te amo, papai.


Narcissa não sabia o que pensar e mal se deu conta que seus pés já a levavam na direção do arco. Aquela cena estava errada. Ela não estava presente nela.


- Não, Narcissa! – Laura segurou a manga da Sra. Malfoy – Esse é o caminho da esquerda.


- Eu sei. – respondeu Narcissa – eu sei...


As mulheres continuaram andando pelo corredor. Não havia mais nenhum arco à esquerda, mas elas viram que à sua direita, encontrava-se uma porta simples. Narcissa apressou-se para virar a maçaneta. Mas a porta estava trancada.


A mulher apontou a varinha para a fechadura, desejando mais que nunca que aquele feitiço simples a abrisse. Alohomora.


Com um clique, a fechadura se abriu, tal como ela desejava. Narcissa e Laura entraram pela porta e viram seus filhos. Draco e Francesca estavam sentados em cadeiras e amarrados nelas por cordas grossas.


- MAMÃE! Mamãe, eu sabia que você ia me achar! – disse Draco.


Narcissa tinha os olhos marejados de lágrimas e sorria para o filho. Correu até as crianças e murmurando “Diffindo”, fez com que as cordas que os atavam às cadeiras se rompessem. Draco pulou imediatamente em seu pescoço e os dois ficaram abraçados por algum tempo, enquanto Narcissa acariciava as costas do filho e sussurrava palavras para confortá-lo:


- Está tudo bem, meu amor. A mamãe está aqui e não vai deixar que mais nada de ruim aconteça a você.


Draco soltou os braços do pescoço da mãe e segurou uma de suas mãos. Narcissa reparou que Laura e a filha também se abraçavam, visivelmente emocionadas. Esperou por algum tempo antes de se dirigir a todos.


- Acho melhor sairmos daqui. Pode ser que alguém apareça.


Os quatro se encaminharam até a porta e Draco tentou abri-la. Não conseguiu. Naquele momento, dizeres começaram a surgir na parede ao lado.


A liberdade dos que estão aprisionados só será possível se alguém os substituir no cárcere.


Narcissa entendeu imediatamente a mensagem. Para que Draco e Francesca saíssem, seria necessário que ela e Laura ficassem presas na sala. Mas antes que ela pudesse explicar isso aos demais, percebeu que seu filho também havia compreendido a mensagem. Ele a olhava com uma expressão ao mesmo tempo preocupada e aborrecida.


- De jeito nenhum que eu vou sair e deixar a senhora aqui, mamãe. Eu me recuso. Deixe que a Sra. Bugiardini e a Francesca saiam e eu ficarei com você.


Narcissa segurou as mãos do menino, acariciando-as. Um cavalheiro, como sempre. Mas ela não iria deixar que seu filho ficasse ali.


- Draco, me escute. Você vai sair daqui com a Francesca e eu e a Laura ficaremos no lugar de vocês. – a Sra. Bugiardini concordou com o que Narcissa dizia com um aceno de cabeça – eu chamei seu pai, meu amor. Ele deve estar aqui dentro de pouco tempo.


Draco estava contrariado. Mas não podia desobedecer à mãe. Deu um último abraço nela e acenou para a senhora Bugiardini, antes de dar a mão à Francesca e se dirigir à saída. Laura lembrou-se de dar algumas orientações às crianças:


- Acho que Narcissa desarmou todas as defesas. Mas é bom que saibam que não devem entrar em nenhum dos portais do corredor, caso eles mostrem cenas que os agradem. Saiam apenas pela porta central ao final do corredor. Se alguma coisa lhes causar medo na sala do andar de baixo, não se assustem, são apenas bichos-papões. E no térreo há um guarda petrificado. Sejam cuidadosos, por favor.


Os dois acenaram em concordância e saíram. Narcissa se encolheu num canto com o rosto escondido nas mãos. Laura se dirigiu até ela.


- Narcissa, seja forte. Você foi incrível até agora. Descobriu a armação de Brunette e Fausto e venceu todas as barreiras mágicas desse farol. Eu quero agradecer por tudo que você fez por mim e minha filha e me desculpar por não ter tido mais coragem para ajudá-la.


- Não precisa me agradecer. – Narcissa disse, levantando o rosto, os grandes olhos azuis lacrimosos – E Laura, eu sei que você fez o melhor que pôde, sobretudo considerando a sua condição...


A mulher italiana ficou visivelmente constrangida. É claro que a senhora Malfoy tinha percebido que ela não era uma bruxa. Permaneceu com o olhar fixo no chão, até que ouviu a voz da outra:


- Não que isso importe alguma coisa nesse momento. – Narcissa deixou escapar um sorriso como forma de se desculpar pela indelicadeza. Ela sinceramente não se importava de estar em companhia de uma trouxa; ali, presa naquele cômodo, seu sangue-puro não iria fazer muita diferença.


Desviando o olhar da italiana, ela pensou em Lucius. Será que ele teria recebido seu recado? Será que tinha preferido não vir a seu encontro? E enquanto ela se encontrava naquele cômodo escuro, suas inseguranças de semanas atrás pareciam voltar à tona. Num gesto involuntário, ela envolveu o seu anel de casamento com os dedos da mão direita, pressionando a esquerda contra o peito. Laura pareceu perceber a aflição da loura e se dirigiu a ela:


- Ele vem, Narcissa. Eu tenho certeza. – um sorriso triste percorreu a face da Sra. Bugiardini antes que ela continuasse a falar – Olhando para o Lucius, não é difícil reparar no amor que ele sente por você e por seu filho.


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Lucius e Severo chegaram à porta de um farol ao final da praia de Saint Tropez. O patrono de Narcissa se dissolveu, o que lhes indicou que aquele era o lugar onde Draco havia sido mantido preso. Antes que Fausto Bugiardini pudesse alcança-los, Lucius se dirigiu a Snape:


- Severus, tenho minhas dúvidas sobre o caráter desse homem. É o meu principal concorrente na disputa pelas ações do banco francês e estou começando a achar que ele tenha um envolvimento no sequestro do Draco – olhando para trás para se certificar que o italiano ainda estivesse longe o bastante para ouvi-lo, prosseguiu – acho melhor que nós o rendamos antes de entrar nesse farol.


Severo Snape demonstrou apoio à Lucius com o simples movimento de empunhar a varinha. Quando Fausto se aproximou dos homens, ambos apontavam suas varinhas diretamente para o peito dele. Lucius começou a interrogá-lo:


- Qual é o seu envolvimento nisso, Bugiardini? – não recebendo resposta, o Sr. Malfoy elevou o tom de voz – Eu fiz uma pergunta e exijo resposta. Caso você não a forneça por bem, não vou hesitar em enfeitiçá-lo para obtê-la.


Dizendo isso, Lucius segurou a varinha ainda com mais força, pressionando-a contra a garganta de Fausto. O italiano, com dificuldades para respirar e temendo receber dois feitiços ao mesmo tempo, começou a entregar seus planos:


- Fui eu sim, Malfoy. Eu não suportava mais a sua influência com os banqueiros, suas propostas de investimentos irrecusáveis, a exibição da sua mulher. Confesse que você a levava para as reuniões para seduzir os investidores... E agora se empertiga com essa pose patética de pai de família.


Ao ouvir aquele homem se referir à Narcissa daquela forma, Lucius não pôde mais controlar sua raiva:


- Eu não admito que você fale dessa forma da minha esposa! ESTUPEFAÇA!


O italiano voou metros com a força do feitiço de Lucius. Severo tentou acalmar o amigo. O comportamento dele, afinal, só estava os atrasando:


- Acho melhor você se controlar, Lucius.  Eu vou até lá, vou reanimá-lo e lançarei a maldição Imperius. Acho que é a forma de chegarmos mais rápido até Narcissa e Draco. Faremos ele desarmar quaisquer barreiras que tenha colocado no prédio. Lidar com elas nos causaria mais atrasos.


Após Severus Snape lançar os feitços no italiano, os três adentraram o farol. Fausto os conduziu até a escadaria. Lucius não pode deixar de perceber que o guarda sentado à cadeira estava petrificado. Um sinal de que sua mulher já havia passado por ali.


Chegando à sala repleta de portas no andar acima, os homens foram surpreendidos pela aparição de Draco e Francesca, que vinham correndo por uma das passagens. Ao avistar o pai, Draco correu até ele. Francesca fez o mesmo, indo ao encontro de Fausto, mas não pôde deixar de perceber que seu pai tinha um olhar distante e um tanto confuso.


Lucius tomou o filho nos braços. Mesmo ele, que não era chegado às demonstrações públicas de afeto, não pôde segurar o impulso de abraçar Draco o mais forte que pôde. Saber que o seu garoto estava fora de perigo era o melhor que poderia ter-lhe acontecido.


- Draco, por Merlin, meu filho! Eu estava tão preocupado. Está tudo bem? Você está ferido?  E sua mãe, onde ela está? – cada pergunta escapou-lhe mais rápido do que ele foi capaz de controlar.


- Pai, eu estou muito bem... Mas a minha mãe ficou presa lá em cima com a mãe da Francesca. Quando tentamos sair os quatro da sala apareceu uma mensagem na parede dizendo que os prisioneiros só podiam sair se alguém ficasse no lugar. E então – o tom de voz do garoto se tornando cada vez mais inseguro e envergonhado – ela ficou lá no meu lugar, eu tentei evitar, eu não queria que ela ficasse. Desculpa, pai.


- Está tudo bem, meu filho. Você obedeceu à sua mãe. Não há por que se desculpar – o homem passou o braço pelas costas do garoto – eu vou tirá-la de lá, Draco. – e olhando na direção da menina, Lucius completou – vou trazer a sua mãe de volta também, Francesca. Fique tranquila.


A italianinha estava bastante assustada, os olhos verdes arregalados. Dirigiu-se a Lucius:


- Sr. Malfoy, e o meu pai? Porque ele está estranho assim? – num tom irritado, ela continuou - O que o senhor fez com ele?


- Francesca, seu pai ainda tem algumas obrigações a cumprir. Prometo que ele sairá daqui em segurança. – Lucius não podia deixar de sentir pena da menina. Nenhuma criança merecia ser tratada daquela forma, ser sequestrada pelo próprio pai – Agora peço que vocês dois saiam com o padrinho do Draco.


Severus Snape encerrou a maldição Imperius que havia lançado em Fausto. Depois, se dirigiu às crianças e saiu com elas pelo portal em direção às escadas que levavam ao térreo.


Lucius, por sua vez, lançou a maldição no italiano e fez com que ele o conduzisse até a saída da sala, evitando os obstáculos que as outras portas guardavam. Continuaram desse modo por um corredor estreito iluminado por archotes até que encontraram uma porta fechada ao final dele, a qual o Sr. Bugiardini abriu, revelando as duas mulheres que estavam no cômodo.


Narcissa levantou-se num salto, a visão de Lucius à porta foi o bastante para animá-la. Ao lado dele estava o italiano, obviamente enfeitiçado. O Sr. Malfoy, mais uma vez contrariando sua discrição em frente a terceiros, segurou a esposa pela cintura e beijou-a. Narcissa passou os dedos nos cabelos do marido e retribuiu o beijo apaixonadamente. Após algum tempo, o casal se afastou e ela recostou a cabeça no ombro de Lucius, sussurrando em seu ouvido:


- Que bom que você chegou, meu amor.  Agora eu me sinto segura.


Terminado o abraço, Lucius e Narcissa pareceram voltar à realidade. Os dois coraram um pouco ao perceber que Laura tentava desviar o olhar, constrangida. Fausto continuava parado à soleira da porta, o olhar perdido, esperando por um comando. Os efeitos de uma maldição imperdoável lançada por um Comensal da Morte não se dissipavam com tanta rapidez, afinal.


O sr. Malfoy então se concentrou em terminar a sua tarefa. Com a voz decidida e arrogante, deu um último comando ao senhor Bugiardini:


- Quero que você desfaça a mágica que prende as duas a esta sala. Agora, Bugiardini.


O italiano puxou a varinha das vestes e murmurou alguns contrafeitiços. A inscrição que havia na parede desapareceu, assim como o vínculo que prendia Narcissa e Laura à sala. Lucius tomou a varinha do italiano, jogando-a pela báscula que havia no cômodo. Depois, conjurou cordas e prendou o homem a uma das cadeiras. Segurou a mão de sua esposa e fez um sinal para que Laura os acompanhasse. Os três voltaram em silêncio, descendo as escadas do farol até alcançarem a porta de entrada, quando a voz de Narcissa surgiu, ainda fraca:


- Amor... onde estão as crianças?


Lucius apertou a mão da mulher com mais força, tentando indicar que tudo estava bem, depois respondeu:


- Severus veio comigo e as levou. Encontrei Draco e Francesca numa sala dentro do farol. Eles devem estar na casa do Ministro nos esperando, Cissa.


Narcissa pareceu muito assustada, e voltou o rosto para o marido:


- Lá não, Lucius, ela está lá. A Brunette...Foi ela quem levou o nosso menino. Ela vai pegá-lo de novo, acho que meu feitiço sobre ela já deve ter perdido o efeito. – Os grande olhos azuis pareciam à beira das lágrimas de novo. Lucius passou a mão pela cintura da esposa e tentou confortá-la.


- Narcissa, Severus está com ele. E eu te garanto que ela não vai tentar mais nada contra Draco.  Agora vamos, amor – ele passou o polegar da mão que estava livre nos cantos dos olhos dela, secando as lágrimas que já insistiam em cair – você precisa descansar. E você também Laura.


A italiana pareceu despertar de um pesadelo ao ouvir seu nome. Até então tinha andado automaticamente, custando-lhe aceitar que Fausto tivesse sequestrado a filha deles apenas para conseguir vantagens em seus negócios. Sabia que o marido era horrível, mas nunca imaginou que chegasse a tanto.


- Obrigada, Sr. Malfoy. Por tudo. Você e Narcissa estão sendo muito bons para a minha família.


- Não há o que agradecer, Laura. E não é necessário o senhor – Lucius respondeu com um pequeno sorriso, tentando injetar um pouco de ânimo na conversa – peço que você aceite meu convite e permaneça conosco até o final da viagem. Não acho seguro que você e Francesca retornem para perto do Fausto.


Laura apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça. Lucius não soltou a cintura de Narcissa e deu a mão à italiana, realizando uma aparatação acompanhada com as duas até a porta da casa de Cornellius Fudge. O trio entrou na sala de estar, onde Draco, Francesca, Severus e o Ministro os esperavam. Laura se afastou em direção à filha.


Draco veio correndo até os pais. O casal ajoelhou-se para receber o filho e o menino passou um braço em volta do pescoço da mãe e outro sobre o ombro do pai. O casal abraçou o filho, entrelaçando os dedos sobre as costas dele. Finalmente estavam reunidos de novo.

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Comentários (1)

  • Jéssica S.

    Que lindo!!! Cap perfect com os tres juntos de novo, e o Severus deu uma aparecida relâmpago, adorei ele! Esperando o próximo... BJS meninas

    2012-02-25
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