Presos a razão

Rony tinha acabado de apresentar sua casa a Hermione, e os dois agora estavam admirando a enorme Londres pela sacada da varanda no segundo andar. Os dois estavam lado a lado, escorados no balaustre.

 

- Você realizou seu sonho de adolescente, não foi? – disse Hermione irônica – Uma linda casa, uma linda esposa que te ama, filhos, uma família...

 

Rony sorriu.

 

- Pode rir Hermione. – ele disse divertido – Bela amiga você é!

 

Hermione também sorriu e o empurrou levemente.

 

- É brincadeira, você sabe. – ela disse o encarando – Mas sempre imaginei que você seria o último de nós a se casar e ter filhos. E você precisa concordar comigo que nunca sonhou realmente em ter uma família quando era um adolescente.

 

Rony assentiu.

 

- Eu me apaixonei Mione e tive filhos. – ele justificou – A vida de jogador de quadribol não era mais para mim. E eu percebi que nasci para isso, para ser pai e marido. E digamos que Sarah torna tudo mais fácil.

 

Hermione sorriu alegremente e os dois ficaram em silêncio por algum tempo.

 

- Quero te fazer uma pergunta. – ela pausou e ele assentiu – Você largou o quadribol por causa da morte de Camille?

 

Rony deu um pequeno sorriso. Ela era irritantemente esperta. Ele havia abandonado a carreira de quadribol há mais de três anos, cinco meses depois de Harry ficar viúvo.

 

- Não. – ele disse seguro – Era uma decisão que já vinha pensando em tomar a muito tempo. Sentia falta de casa, da minha família. – disse sincero – Mas confesso que foi em um momento oportuno. Foi bom para Harry eu estar sempre por perto.

 

Hermione balançou a cabeça em negativa.

 

- Às vezes me culpo por não ter vindo Ron. – ela confessou

 

- Hermione, não diga besteira! – Rony disse firme – Você não tem que se culpar.

 

Hermione não respondeu, ela achava que aquela culpa de não ter vindo a Londres quando a esposa de Harry morrera, lhe perseguiria para sempre.

 

- Escuta Mione. – Rony a chamou e ela o encarou – Harry tinha a mim e a Gina, você não podia vir e ponto.

 

Hermione suspirou e concordou.

 

- Como ele ficou Ron? – ela perguntou – E não minta para mim!

 

Rony riu e pensou um pouco antes de responder.

 

- Péssimo! – disse por fim – Acho que essa é a melhor palavra pra definir como ele ficou. E não vou mesmo mentir para você, ele quase enlouqueceu quando soube que você não viria, ele ficou arrasado. – Hermione fechou os olhos – Mas ele se recuperou Mione, ele está bem agora. Você não tinha que abrir mão da sua vida, de tudo que tinha construído, do seu sonho, para vir consolá-lo. Eu e Gina nos saímos bem afinal, e Sarah e Draco ajudaram bastante.

 

Hermione franziu a testa e riu com amargura.

 

- Malfoy estava aqui para confortá-lo e eu não. Que ironia do destino. – ela comentou sentida e Rony a abraçou pelos ombros – Ele me odiou por quatro anos Ron, quatro anos.

 

- Ele não te odiou Mione, não diz isso! – o ruivo a repreendeu carinhoso, beijando-lhe o topo da cabeça

 

- Ele não respondeu minhas cartas. – ela o lembrou

 

- Ele estava magoado no início e depois você parou de escrever. – Rony disse – E você mais do que ninguém sabe o quanto ele é orgulhoso, ele jamais lhe escreveria. – ela suspirou – Mas olhe para ele agora, ele mal consegue sair de perto de você. Merlin!

 

Hermione riu um pouco tímida.

 

- Seu chato!

 

Rony riu e a encarou.

 

- Sério, quando vocês vão se acertar? – ele perguntou divertido tentando animá-la – Não são mais adolescentes sabiam? Precisam tomar uma decisão.

 

Hermione se afastou dele e lhe bateu no ombro, sem evitar o sorriso.

 

- Eu estou noiva Ronald, noiva! – ela disse erguendo a mão direita

 

- Ah, é verdade! – ele disse em fingimento – Mike não é?

 

Hermione riu ainda mais e lhe bateu novamente.

 

- Mark! – ela o corrigiu e ele acabou rindo

 

- Certo, o americano. – brincou – Hermione Granger vai se casar com um americano!

 

Hermione revirou os olhos rindo. Rony nunca ia tomar jeito, ele era uma eterna criança e ela amava isso nele.

 

********

Hermione se sentou no sofá ao lado de Gina, enquanto observavam Rony e Sarah se afastarem em direção a cozinha.

 

- Acho que ela não gosta muito de mim. – disse Hermione, se referindo a Sarah

 

Gina virou o rosto para encarar a amiga e balançou a cabeça.

 

- Ela só sente um pouco de ciúmes. – Gina confessou a ela

 

- Ciúmes?! – perguntou Hermione confusa – De mim?

 

Gina sorriu com o espanto dela.

 

- Ah, qual é Mione! – disse Gina – Você é linda e conhece Rony há anos, a proximidade entre vocês é grande e ele não tem falado em outra coisa a não ser em você nos últimos dias.

 

Hermione encarou o vazio por algum tempo, tentando processar a informação.

 

- Sarah sempre foi um pouco insegura em relação ao Rony, é só isso. – Gina tentou confortá-la

 

Hermione balançou a cabeça.

 

- Merlin, como ela pode se sentir insegura? – questionou Hermione – Ela é linda e Rony parece transitar ao redor dela.

 

Gina riu com a observação da amiga, concordando.

 

- Você sabe como nós mulheres somos. – disse a ruiva divertida – Mas não se preocupe, logo vai passar. Sarah meio que sabe sobre você e Harry.

 

Hermione corou.

 

- Ótimo! – ela disse agitada – Deve ser por isso que ela me odeia então, deve pensar que eu sou...

 

- Hei, não diga! E ela não te odeia! – a repreendeu Gina – Ela não pensa nada disso! Muito pelo contrário, ela acha que vocês deviam ter ficado juntos.

 

Hermione suspirou.

 

- Como ela soube? – perguntou um pouco mais calma

 

Gina hesitou em dizer e Hermione a encarou autoritária, exigindo a verdade.

 

- Tudo bem, tudo bem. – disse a ruiva se mexendo desconfortável no sofá, com aquela barriga enorme – Harry meio que chorou durante dias depois que Camille morreu e... digamos que não foi só pela morte dela. E Sarah nos ajudou a cuidar dele...

 

Hermione franziu a testa, ainda sem entender. Gina expirou, incomodada por ter que falar.

 

- Enquanto ele chorava chamava por você. – disse por fim – E dizia que...bem, dizia que te amava, precisava de você... essas coisas.

 

Hermione fechou os olhos e passou a mão pela face, tentando se acalmar. Jamais se perdoaria por não ter voltado para ajudá-lo.

 

- Hei, eu sei o que está pensando e não é verdade! – Gina disse chamando-a – Pare de se torturar por causa disso!

 

- Eu fui egoísta, eu devia ter vindo! – disse ela com tristeza

 

- Vir para quê? – perguntou Gina ríspida – Pra lavar as cuecas dele e pôr as crianças na cama? Crianças que nem mesmo eram suas? Vir para nunca mais voltar? E abandonar seu sonho e sua vida em Nova York? – disse a ruiva em repreensão a ela – Pare Hermione! Eu sabia que assim que você pisasse aqui novamente iria se sentir desse jeito.

 

Hermione suspirou pesadamente. Talvez Gina tivesse razão, apenas talvez.

 

- Eu só me sinto tão miserável por não ter vindo. – disse Hermione – Ele precisava de mim.

 

- Ele sempre vai precisar de você, não importa o que aconteça. – Gina a lembrou – Mas eu e Rony estávamos aqui e não o deixamos sozinho. Harry sobreviveu afinal, não foi?

 

Hermione assentiu timidamente e Gina a abraçou. Gina não podia deixá-la se culpar daquela forma, ela só estava cansada de sofrer. As duas se afastaram e Gina a encarou novamente.

 

- O que aconteceu ontem à noite? – a ruiva perguntou

 

Hermione olhou para a amiga com culpa e Gina abriu a boca em lamentação.

 

- Não, não foi nada disso. – se apressou Hermione em dizer – Apenas... dormimos na mesma cama.

 

Gina a repreendeu com o olhar.

 

- E deixe-me adivinhar. – disse a ruiva – Acordaram juntos e prepararam café para as crianças? – Hermione assentiu lentamente – Merlin Hermione! Se você não quiser se envolver com o Harry novamente, precisa parar agora mesmo de brincar de casinha com ele!

 

- Eu sei Gi, eu sei. – ela disse rapidamente

 

- Você sabe que estou dizendo isso para o seu bem, não sabe? – perguntou Gina e a outra assentiu – Foi você quem me disse que não queria deixar tudo acontecer de novo, que não queria se magoar mais.

 

Hermione deu um pequeno sorriso para ela.

 

- Obrigada por me alertar. – agradeceu – Eu sei que por dentro você deve estar gritando: deixe de ser idiota e fique logo com ele! – brincou Hermione, imitando a ruiva e fazendo-a rir – Você deve estar travando uma bela luta interna.

 

- Ainda bem que você sabe. – disse em tom brincalhão – Eu e Rony amaldiçoamos vocês dois todos os dias por serem tão idiotas!

 

As duas riram e ficaram em silêncio por algum tempo.

 

- Eu amo o Mark e não quero magoá-lo. – disse Hermione

 

Gina balançou a cabeça.

 

- Eu sei. E imagino o quanto deve estar sendo difícil.

 

Hermione deu uma pequena risada em concordância.  

 

- Sim, está. – disse apenas

 

*********

Eles já haviam almoçado e Harry estava sentado à beira da piscina, com os pés dentro da água, com os olhos fitos na mulher sentada à mesa, do outro lado da piscina. Não conseguia desgrudar os olhos dela, das suas risadas, ou dos sorrisos que ela dispensava a alguma das crianças quando se aproximavam, ou dos cachos dela que voavam com a leve brisa do verão.

 

- Não precisa dar tanta bandeira Potter. – zombou Draco o despertando de seus pensamentos – Desse jeito Hermione vai ficar assustada.

 

Harry virou os olhos. Rony estava com o loiro e os dois sentaram-se cada um de seu lado.

 

- Eu não estou dando bandeira. – Harry se defendeu

 

Draco riu mais uma vez, acompanhado por uma risada discreta de Rony.

 

- Não? – perguntou divertido – Você está olhando fixamente na direção dela há mais de vinte minutos, sem piscar. – disse e Harry o fuzilou com o olhar, mas ele não se importou – Se isso não é dar bandeira eu não quero nem estar por perto quando você der.

 

Harry e Rony apenas riram. Os três ficaram algum tempo em silêncio.

 

- Vocês conversaram ontem à noite? – perguntou Rony

 

Harry assentiu.

 

- Conversamos. E tentamos ser o mais sincero possível um com o outro. – contou o moreno – Ela me disse os motivos dela para não vir quando Camille morreu e... – ele pausou – Não a culpo, apesar de ainda haver mágoa.

 

- E em relação a vocês dois? – dessa vez Draco perguntou

 

Harry suspirou pesadamente.

 

- Nós dois somos apenas amigos agora. Bons amigos que se amam. – disse com cinismo – Ela vai se casar e disse que ama o cara como eu amei Camille. Irônico não?

 

- O que é irônico Harry? – quis saber Rony, preocupado com o amigo

 

Harry passou as mãos entre os cabelos.

 

- Eu não estou dizendo que não amei Camille. – ele recomeçou – Antes de descobrir meu amor por Hermione eu fui muito apaixonado por Camille. Uma paixão arrebatadora, você se lembra Ron? – disse e o amigo assentiu – Quando tudo aconteceu... quando eu fiz a escolha de me casar com ela... eu tentei trazer aquela paixão de volta, mas ela parecia tão insignificante comparada ao que eu sentia pela Mione. – ele disse com a voz falhando – Mas ainda assim eu tentei e acho que cheguei perto de sentir novamente. E quando Melissa nasceu foi maravilhoso! De alguma forma eu aprendi a amar Camille pelo fato de ela ser a mãe da minha filha, eu passei a nutrir um carinho e um respeito enormes por ela, mas ainda assim era tão insignificante, perto...

 

Harry parou e olhou mais uma vez para Hermione, do outro lado da piscina. Ele estava nitidamente mexido por aquela conversa. Os dois amigos prestavam atenção e sentiam pena do amigo a cada palavra que ele dizia de forma tão dolorosa.

 

- E então Hermione foi embora e eu me vi sozinho, perdido, sem rumo. – recomeçou – Por que mesmo não estando juntos, ela ainda era meu porto seguro, apenas por estar fazendo parte da minha vida. Quando eu percebi que eu havia perdido Hermione de vez, eu quase enlouqueci. Minha única saída, mesmo infeliz, era fazer meu casamento dar certo. Eu tinha que fazer meu casamento dar certo, porque Melissa era tudo que me restara. – Harry pausou, pensativo – Hermione disse ontem que o meu amor por Camille foi o suficiente para eu ter quatro filhos com ela, mas a verdade é que eu precisava que ele fosse suficiente e eu lutei até o fim para que ele fosse, mesmo ele não sendo, vocês entendem?

 

Rony e Draco assentiram, solidários ao amigo. Harry tinha um nó na garganta, falar a verdade sobre seu casamento e o quanto sofrera era doloroso demais para ele.

 

- Eu não planejei David. Mas talvez ela sim. – confessou com ironia – E naquela ânsia de fazer dar certo, de lutar para que desse certo entre nós dois, eu acabei deixando acontecer. E então, quando David nasceu... – Harry deu um pequeno sorriso – Merlin! Aquele garotinho trouxe um pouco de felicidade para minha vida e me deu esperanças. Depois dele, eu e Camille passamos um tempo bem, um tempo felizes. E quando as coisas começaram a voltar ao normal nós dois concordamos em ter Julie, como que para fugir daquela infelicidade, como uma saída para o casamento infeliz, como se outro filho fosse resolver nossos problemas novamente. Mas não ia resolver!

 

- Harry... – tentou Rony – Você não precisa...

 

- Tudo bem Ron. – cortou-o Harry – Eu quero falar, porque se eu não falar eu vou explodir! Porque vê-la tão linda, feliz e... tão perfeita... – ele suspirou, se referindo a Hermione – Vê-la só me faz pensar em como minha vida poderia ter sido maravilhosa ao lado dela e de como minha vida foi realmente. – Harry disse com certo rancor – Eu não vou dizer que me arrependo, porque seria injusto com meus filhos, eu os amo demais para dizer que eu sou infeliz, eu os amo mais do que tudo nessa vida, mas eu apenas poderia ser o homem mais feliz do mundo se meus filhos fossem os dela também!

 

Harry sentia uma enorme dor no peito por confessar tudo aquilo aos amigos. Rony pôs uma mão no ombro do amigo, consolando-o e Draco deu alguns tapinhas nas costas dele. Os dois estavam deixando o amigo desabafar, estavam ali prontos para escutá-lo até que ele se sentisse melhor.

 

- Julie não resolveu meu casamento, assim como Melissa e David também não resolveram. – ele voltou a dizer – Não havia nada que pudesse fazer eu amá-la como deveria ser, nem mesmo nossos três lindos filhos. Apesar de que foi apenas por eles que eu resisti por tanto tempo. – admitiu – A felicidade com a chegada de Julie não nos trouxe a paz que queríamos e nós enfrentamos a pior fase do casamento. Nós brigávamos quase todos os dias, ela chorava, me acusava de ser um péssimo marido, de não amá-la e eu estava destruído por dentro! – ele disse agitado – Eu não dormia mais com ela, dormia no quarto de hospedes e eu me odiava por isso, me odiava por não conseguir amá-la. Eu cheguei a falar em divórcio, mas ela...

 

Harry calou-se, como se estivesse engasgado.

 

- Jake. – concluiu Draco

 

Harry assentiu.

 

- Camille era uma mulher incrivelmente linda, e acima de tudo capaz de qualquer coisa pra conseguir o que desejava, vocês sabem disso, e eu... – ele pausou balançando a cabeça – Eu não pude resistir quando ela me procurou. Como eu disse, não me arrependo, porque Jake veio, mas meu casamento... – Harry passou uma das mãos nos cabelos – Meu casamento...

 

Harry não conseguiu concluir e se calou. Os amigos esperaram até que ele se recuperasse.

 

- Agora você vê a ironia Rony? No fato de ela dizer que o ama como eu amei Camille? – Harry perguntou, voltando a falar

 

- Porque você não diz a ela como se sente Harry? Como se sente de verdade. – perguntou Draco impaciente – Porque você não diz a ela para não se casar? Porque você não luta por ela?

 

Harry deu um sorriso triste para o amigo.

 

- Você ainda não entendeu não é Draco? – Harry perguntou – Eu fiz uma escolha há anos atrás, agora é a vez de Hermione escolher e eu não tenho o direito de tentar impedi-la. Porque talvez ela já tenha se libertado e apesar de me amar, ela também o ame.

 

Harry concluiu com uma tristeza profunda, olhando mais uma vez para Hermione.

 

*********

 Hermione e Sarah estavam sozinhas na cozinha, se despedindo.

 

- Sarah, muito obrigada. – a outra agradeceu – Você é incrível! Rony tem mesmo muita sorte em ter você.

 

Sarah sorriu um pouco tímida.

 

- Que nada Hermione, eu que dei sorte me casando com ele. – ela garantiu a mulher

 

As duas ficaram silêncio por alguns instantes.

 

- Escuta Sarah. – começou Hermione sem jeito, gesticulando agitadamente – Eu e Rony somos apenas amigos, você sabe não é? Quero dizer...

 

Sarah sorriu.

 

- Hermione, eu sei. Não se preocupe. – disse a loira – Confesso que tive um pouco de ciúmes, ele ama muito você. Mas agora eu sei que é apenas como amiga. Me senti um pouco insegura no início, mas está tudo bem agora.

 

Hermione respirou fundo e soltou todo o ar do pulmão, se sentindo aliviada.

 

- É muito bom saber disso. – ela disse – Camille não gostava muito de mim e eu pensei que talvez, por vocês serem um pouco próximas... não sei...

 

Sarah assentiu.

 

- Camille tinha os motivos dela pra não gostar de você, mas isso nunca me afetou. – Sarah contou – Eu e Camille nunca fomos muito próximas de verdade. Quando ela era viva não freqüentava muito nossa casa, Harry vinha sozinho na maioria das vezes, ou com um dos meninos, mas ela vinha poucas vezes.

 

- Também tive medo que minha história com Harry tivesse te dado uma idéia errada de mim. – confessou Hermione – Gina me contou que você sabia e fiquei preocupada.

 

- Sua história com Harry me fez gostar de você antes mesmo de conhecê-la. – disse sorrindo e Hermione corou.

 

- Obrigada Sarah. – agradeceu ela

 

Harry entrou na cozinha no exato momento.

 

- Vamos Mione. – ele a chamou gentilmente e ela assentiu – Sarah, muito obrigada. Você sabe que jamais visitaria Rony se ele não estivesse casado com você.

 

Sarah riu e abraçou o amigo.

 

- Eu sei Harry, sempre soube disso. – ela brincou também

 

Hermione se despediu dela com um abraço, um pouco mais a vontade dos que os primeiros. Os três deixaram a cozinha e Sarah se despediu das crianças de Harry, enquanto Hermione se despedia de Adam e Michael. Gina se aproximou para se despedir de Hermione e a abraçou.

 

- Cuidado. – a alertou em tom baixo – Lembre-se, nada de brincar de casinha.

 

Hermione riu.

 

- Pode deixar Gi. – garantiu-lhe

 

Harry, Hermione e as crianças entraram no carro e deixaram a casa de Rony. O caminho até a casa de Harry foi tranquilo e divertido, quando chegaram Harry estacionou o carro na entrada da casa e desceu, sendo seguido pelos outros. Os garotos entraram correndo na casa, enquanto Harry gritava para que eles não corressem. Ele e Hermione entraram na casa em seguida e já não avistaram mais as crianças. Harry se jogou no sofá e Hermione se sentou ao seu lado.

 

- Merlin, elas precisam tomar banho ainda. – ele disse suspirando

 

Hermione olhou para ele, que parecia realmente cansado. Ela se perguntou se Harry estava sempre naquele pique com as crianças e se ele tinha algum tempo só para ele de vez em quando.

 

- Você precisa descansar, sabia? – ela disse a ele – Você parece tão cansado, e é como se estivesse com trinta e cinco anos.

 

Harry soltou uma risada rouca, fazendo o corpo de Hermione estremecer.

 

- Obrigado Mione, foi uma bela maneira de dizer que estou horrível. – ele brincou

 

- Você não está horrível. – ela se apressou em dizer e corou em seguida, fazendo-o sorrir – É só que, parece exausto. O que você faz quando não está tomando conta das crianças?

 

- Trabalho. – ele respondeu naturalmente – Sobra pouco tempo para o trabalho, mas ainda assim consigo.

 

Hermione o encarou contrariada.

 

- Você devia arrumar um tempo pra si às vezes. – ela o repreendeu – Você é humano Harry, precisa de um descanso.

 

Harry balançou a cabeça.

 

- Eu sou pai Hermione, pai solteiro de quatro crianças. – ele lembrou-a – Não existe essa história de descanso, ou de tempo pra mim. Elas precisam de mim vinte e quatro horas por dia, já sentem falta o suficiente da mãe, não precisam de um pai ausente. – ela fez menção de responder, mas ele a impediu – E depois, o trabalho é como um descanso pra mim. Me faz esquecer um pouco da vida doméstica.

 

Hermione o encarou, sem muita confiança, mas preferiu não dizer mais nada. Harry estava esparramado no sofá e ela estava sentada sobre as pernas, virada para ele. Ela passou a mão pelos cabelos dele, fazendo-o fechar os olhos e relaxar. Hermione ficou ali, apenas acariciando o cabelo dele e admirando-o. E Harry se permitiu esquecer-se das crianças por alguns instantes e apenas apreciar o toque dela.

 

- Eu sei que deve ser difícil pra você criá-los sozinho. – ela começou quase num sussurro, ainda acariciando os cabelos dele – E eu te admiro por isso. Não conheço nenhum outro homem que faria o que você faz, nem mesmo Rony agüentaria. – ela pausou e voltou a dizer em tom ainda mais baixo – O que você acha de deixar as crianças por minha conta essa noite?

 

Harry suspirou, completamente inebriado pelo toque e pelo tom da voz dela.

 

- Você faria isso por mim? – ele perguntou preguiçosamente, ainda de olhos fechados

 

Hermione o encarava profundamente.

 

- Eu faria qualquer coisa por você. – ela disse

 

Harry abriu os olhos e virou o rosto para encará-la. Os dois ficaram algum tempo, admirando um ao outro, enquanto Hermione permanecia com a mão nos cabelos dele. Harry queria beijá-la, queria isso desesperadamente, mas não podia. Sua boca estava seca e seu coração acelerado.

 

- Você não precisa fazer tudo sozinha. – ele conseguiu dizer, desviando o olhar, tentando não fazer nenhuma besteira – Só de me dar uma mãozinha já vai ajudar muito. Sozinha eles iriam tomar conta de você.

 

Hermione deu um pequeno sorriso e tirou a mão dos cabelos dele. Ela se inclinou e beijou-lhe a face rapidamente, se levantando em seguida.

 

- Então tudo bem Potter. – ela concordou

 

Harry a observou sorrindo, a dor em seu peito ainda presente. Nunca pensara que poderia sofrer o tanto que sofrera há onze anos, quando tivera que abrir mão do amor que sentia por Hermione. Ele sabia que aquela dor sempre estivera ali, sempre que se lembrava dela ou pensava em como as coisas poderiam ter sido diferentes, mas não com aquela intensidade, como se seu coração fosse parar de bater a qualquer momento. Os dois subiram juntos e Hermione ajudou o amigo no que podia. Eles colocaram as crianças na cama e saíram do quarto. Harry apagou as luzes e encostou a porta. Ele e Hermione se afastaram da porta do quarto antes de falarem.

 

- Mione, muito obrigado. – Harry começou – Eu nem sei como agradecer.

 

Hermione balançou a cabeça, reprovando-o.

 

- Eu não fiz quase nada Harry e você continua cansado. – ela disse chateada

 

Harry riu da amiga.

 

- Acredite, você ajudou e muito! – ele garantiu a ela – Se você não tivesse ajudado eu ainda estava dando banho no penúltimo.

 

Ambos sorriram e se silenciaram. Eles se encararam por algum tempo em silêncio e visivelmente desconcertados. Ambos não sabiam exatamente como agir depois da noite passada.

 

- Acho melhor eu ir... – começou Hermione gesticulando

 

- Claro, claro. – concordou Harry - Boa noite Mione.

 

- Boa noite Harry. – ela retribuiu

 

Hermione se afastou quase que imediatamente, tentando resistir à vontade de passar mais uma noite nos braços dele. Ela entrou em seu quarto sem olhar para trás, mas sabia que ele permanecia parado no mesmo lugar, como que aguardando ela desistir de ir para o próprio quarto. Mas ela não o fez e fechou a porta atrás de si, às palavras de Gina lhe vindo à mente “Se você não quiser se envolver com o Harry novamente, precisa parar agora mesmo de brincar de casinha com ele!”. Ela seguiria o conselho da amiga, estava cansada de sofrer.

 

 

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Pessoal, mil desculpas pela demora, mas estava em semana de prova na faculdade e nao tive tempo de atualizar!! Obrigada a todos por continuarem acompanhando e por todos os comentários! Sejam bem-vindos os novos leitores e espero que estejam gostando!

Beijos

 

Nina Granger Potter: Obrigada Nina, que bom que vc gostou do cap.! Acho que você vai gostar do Mark, o pobrezinho não tem culpa de Harry e Hermione serem tão devagar rsrs Obrigada mesmo por comentar. Beijos

Thainá Santos: Obrigada! Pois é, não faz muito o tipo dele né? Tão racional... vamos ver quando ele vai se cansar J Beijos

EnigmaticPerfection: Entendeu um pouco pelo o que Harry passou? Esse cap me deixa mal tbm, tanto sofrimento dos dois. Mas Hermione precisa fazer um pouco de jogo duro, deixar ele sofrer um pouco mais mesmo. Ah, e acho que alguém vai aparecer no próximo cap hein... Beijos querida, e muito obrigada por comentar!

Isis Brito: Obrigada Isis! Eu tbm sou HHr hein, mas tenho uma certa queda por dramas rsrs Essa parte que você gostou tbm é minha favorita, acho tão lindo o amor que ele sente por ela... Calma, devagar com essa ansiedade, muita água vai rolar ainda, como disse amo um drama! Beijos e muito obrigada por comentar!

Over the sky: Obrigada por comentar e fico super feliz que você esteja gostando! Beijos

Bethany Jane Potter: Ah, obrigada Bethany, obrigada por continuar acompanhando e eu entendo e fiquei muito feliz de você ter comentado e de estar gostando da fic! Beijos

LiarGranger: Obrigada por comentar querida, e que bom que você está gostando. A Mione é mesmo incrível, minha personagem preferida! Vamos ver se ela vai ter coragem de abandonar tudo por ele hein? rsrs Beijos

Priscila Ventura: Obrigada por comentar e espero que goste desse cap tbm e que continue acompanhando! Beijos

Melissa Hashimoto: Ah, obrigada querida, mil vezes obrigada! Quis mostrar bem o sofrimento dos dois nesse cap, mostrar o quanto eles se amam, mas tbm o quanto eles complicaram tudo! Pois é, tbm não sei como ela conseguiu resistir e como ele se controlou para não agarrá-la hauhauhau Mas eles são tão lentos não acha?? Que bom que você entendeu a Mione, ela é sempre tão racional que não cederia nada tão fácil e nem abriria mão de algo concreto por algo incerto. Ah, e gostou do pouco que Harry contou nesse cap? Deu pra entendê-lo ao menos um pouquinho? rsrs Beijos e muito obrigada!!

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