Um outro alguém

Hermione se levantou, naquela manhã de quarta-feira, exausta. A verdade era que dormira muito mal, quase nada. Não conseguira dormir direito, pensando em como estaria melhor se estivesse no quarto de Harry. Ela desceu as escadas quase se arrastando e não ouviu nenhum barulho vindo do andar de baixo. Ela bocejou indo em direção a cozinha e parou quando viu Harry já preparando o café da manhã.

 

- Bom dia! Acordou cedo hoje. – reparou ele, lhe sorrindo

 

Hermione retribuiu o sorriso e foi até ele, dando-lhe um beijo no rosto.

 

- Bom dia. – ela retribuiu – E nem é tão cedo assim.

 

Ele assentiu, ainda sorrindo.

 

- Dormiu bem? – ele perguntou

 

- Sim, dormi. – mentiu – E você?

 

Harry apenas balançou a cabeça em sinal positivo e Hermione soube que ele também mentia. Ela começou a ajudá-lo com o café.

 

- Quais são seus planos hoje? – Harry perguntou

 

- Vou passear com Gina e Sarah agora de manhã, no Beco Diagonal e depois podemos almoçar todos juntos. – disse ela

 

- Pode ser. – ele concordou – Gina e Sarah devem mesmo levar você para almoçar no restaurante do Hotel de Draco e Rony.

 

Depois que se aposentara do quadribol, Rony propôs a Draco que abrissem um negócio juntos. Eles agora eram donos de um hotel no centro bruxo, um hotel com um maravilhoso restaurante, que atraía muitos clientes, e uma ótima área de lazer.

 

- Quero mesmo conhecer o Hotel deles. – disse ela

 

- E seus pais, quando chegam de viagem? – ele perguntou

 

- Chegam na sexta. – informou – A última vez que falei com eles estavam na Argentina.

 

Os dois continuaram a preparar o café da manhã, enquanto conversavam. Hermione tomou uma xícara de chá, se despediu de Harry e saiu antes que as crianças acordassem. Harry a observou desaparecer.

 

- Teimosa. – resmungou sozinho

 

Hermione dormira mal, ele soube assim que a viu, e ele também não dormira nada bem. Culpou Hermione por ser tão teimosa e não ter dormido com ele novamente, teria sido bem melhor. Harry massageou a nuca e se preparou para mais um cansativo dia, começando por acordar as crianças.

 

*********

O dia passara depressa na companhia dos amigos. Eles haviam se encontrado no hotel de Rony e Draco, depois das três mulheres fazerem suas compras. Hermione ficara maravilhada com o hotel, ele era aconchegante e exuberante, e o restaurante e a área de lazer atraíam muitos clientes, além dos que iam se hospedar. Ela havia brincado com as crianças e se sentia cada vez mais próxima delas e elas mais a vontade com sua presença. Harry, os filhos e Hermione estavam no carro a caminho de casa. Estava começando a escurecer e Harry dirigiu mais devagar. As quatro crianças se apertavam no banco de trás, enquanto brincavam e riam com Hermione.

 

- Pai, é verdade que o senhor já montou em um Hipogrifo? – perguntou Julie admirada, querendo confirmar o que Hermione acabara de lhes contar e Harry assentiu – Uau! Eu queria montar em um também.

 

Harry balançou a cabeça sorrindo da filha.

 

- Eu e Hermione montamos em um, certa vez. – ele contou, olhando rapidamente para a mulher – Ela odiou, mas foi o melhor voo da minha vida.

 

- Eu não odiei. – se defendeu ela – E com certeza foi o melhor voo da minha vida também. Ou o menos pior.

 

Harry riu.

 

- Existe uma lenda... – começou Melissa inocentemente

 

- É só uma lenda Mel! – se adiantou em dizer Harry, cortando-a – Parece que chegamos. – informou aliviado

 

As crianças lamentaram.

 

- Continuamos a conversa depois. – prometeu Hermione

 

As crianças concordaram satisfeitas, enquanto Harry estacionava o carro. Hermione se sentia extremamente feliz ao lado deles.

 

******

Hermione estava deitada, sozinha em seu quarto, tentando inutilmente dormir. Ela estava perdida em seus pensamentos, quando ouviu a porta sendo aberta. Ela se sobressaltou, olhando para a porta, que já havia sido fechada novamente. Agora ela via apenas um vulto vindo em sua direção.

 

- Harry? – ela perguntou baixinho, tentando enxergar no escuro

 

- Sou eu. – ele respondeu

 

Hermione não relaxou com a confirmação, sentia-se completamente tensa com ele ali. Harry se aproximou da cama e com cuidado se deitou ao lado da amiga, abraçando-a, sem nenhuma resistência da parte dela. Harry a puxou mais para si e ela abraçou-o apertado, enterrando o rosto no pescoço dele.

 

- Você tem ditado todas as regras até agora Srta. Granger. E eu as tenho seguido. – ele sussurrou no ouvido dela – Mas essa noite eu vou quebrar sua nova regra de “não dormirmos juntos”. Tudo bem pra você?

 

Hermione sorriu contra o pescoço dele e assentiu levemente, deixando as preocupações de lado. Harry também sorriu. Estava cansado de ceder aos pedidos dela, pedidos que só tinham a finalidade de afastá-lo, de evitá-lo. Draco o convencera naquela tarde que estava na hora de ele começar a ditar algumas regras. Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, apreciando a presença um do outro.

 

- Dormi tão mal a noite passada. – confessou Harry manhoso

 

Hermione deu uma risada e se afastou um pouco para encará-lo.

 

- Não seja tão dramático. – ela brincou

 

Harry fingiu-se de ofendido.

 

- Dramático? – perguntou – Como se você tivesse dormido não é?

 

Hermione corou levemente, mas Harry percebeu, rindo em triunfo. Hermione também riu, balançando a cabeça.

 

- Não sei o que vamos fazer quando eu for embora. – Hermione brincou, mas ambos sabiam que era muito mais do que uma brincadeira

 

- É simples, basta não ir. – disse Harry e Hermione franziu o cenho, mas ele logo assumiu o tom de brincadeira – Quem sabe assim você pode adotar um dos meus filhos e eu terei mais sossego. Você pode ficar com o David, isso, com o David!

 

Hermione deu um sorriso e Harry se amaldiçoou mentalmente. Ele era covarde demais para fazer esse pedido a ela, para implorar que ela não fosse, para que ela não se casasse, mas que ficasse com ele, para sempre.

 

- Você diz isso da boca pra fora. – ela tentou manter o clima divertido – Não aguentaria viver sem nenhum deles.

 

Harry sorriu e assentiu, tentando não deixar transparecer sua frustração. Ele a beijou na testa e passou a brincar com os cachos da amiga.

 

- Então quer dizer que aquele voo no Hipogrifo foi o melhor da sua vida? – perguntou Hermione distraidamente

 

- O Hipogrifo é meu animal preferido. – ele contou – E aquele voo é uma das melhores lembranças que tenho. – confessou – Você morrendo de medo, agarrada na minha cintura, enquanto voávamos para salvar Sirius.

 

Ele lembrou-se sorrindo e Hermione fez uma careta.

 

- Não me lembro de ser tão agradável assim. – ela disse, fazendo-o sorrir ainda mais – E eu estava mesmo morrendo de medo.

 

- Mas isso deu um charme especial ao passeio.

 

Hermione estreitou os olhos para ele, batendo levemente no ombro do amigo. Os dois riram.

 

- E o que Melissa estava dizendo sobre uma lenda? – ela perguntou mais uma vez

 

- Merlin, como você é curiosa! – Harry a acusou divertido e ela riu – É só uma lenda boba, nada demais, coisa de criança. Eu só não a deixei falar porque achei que você ficaria constrangida.

 

- E o que é? – insistiu

 

Harry revirou os olhos e ela o cutucou, repreendendo-o. Ele riu e a beijou rapidamente na testa. Ele suspirou antes de começar a falar.

 

- O Hipogrifo vem do cruzamento entre um grifo e uma égua, o que seria hipoteticamente impossível, já que esses dois animais se desprezam, mas é assim que acontece. – ele contou sério e Hermione estava atenta ao que ele dizia – Por isso existe uma lenda de que o Hipogrifo, sendo uma criatura rara e única, é o símbolo da impossibilidade e do amor, ou do amor que vence as impossibilidades. Dizem que quando duas pessoas se encontram na presença do Hipogrifo é um sinal de que entre elas existe um amor assim, capaz de superar todas as impossibilidades.

 

Hermione estava simplesmente encantada com a história e agora entendia porque Harry gostava tanto do animal, eles haviam se encontrado duas vezes na presença de um Hipogrifo e ambas às vezes haviam sido momentos singelos e de enorme cumplicidade.

 

- É uma lenda maravilhosa. – ela comentou e Harry assentiu – Como você sabe disso e eu não?

 

Harry riu da pergunta dela, que também sorria.

 

- Melissa é meio que fascinada por lendas e pelas mitologias, tanto bruxas quanto trouxas, e sempre que vejo uma interessante compartilho com ela. – ele explicou – E essa me chamou muita atenção. Eu gosto dela. Queria que ela fosse verdade e não apenas uma lenda.

 

Hermione suspirou, ela também queria muito que aquilo fosse mais que uma lenda, mas não era. Harry deu um pequeno sorriso para ela, que retribuiu. Os dois se encararam por algum tempo, sabendo que estavam sentindo a mesma coisa. Eles voltaram a sorrir um para o outro.

 

- Boa noite. – ele disse num sussurro

 

- Boa noite. – ela retribuiu no mesmo tom

 

Hermione encostou sua cabeça no pescoço dele e ele a aconchegou mais a si. Aquela noite ambos dormiriam bem, dormiriam nos braços um do outro.

 

*******

Hermione despertou na manhã seguinte e se deparou com alguém de cabelos muito pretos e olhos extremamente verdes deitado ao seu lado, mas não era Harry, era uma versão menor dele, lhe sorrindo sapecamente. Jake estava apenas de camiseta e cueca deitado ao lado dela, e sorriu quando a viu abrir os olhos.

 

- Jake? – perguntou Hermione assustada.

 

Será que o garoto tinha visto que ela e Harry haviam dormido juntos? Ela procurou por Harry pelo quarto, mas não o encontrou.

 

- Bom dia tia! – disse o garotinho animado

 

Hermione respirou fundo, tentando se acalmar.

 

- Bom dia meu amor. – ela retribuiu sonolenta, dando um beijo nele

 

Jake se aproximou mais dela e a abraçou. Hermione sorriu com o gesto e o abraçou também. Ele era tão fofo. Ela o beijou novamente.

 

- Posso saber o que o mocinho está fazendo aqui? – ela perguntou divertida

 

- Eu acordei bem cedo hoje e papai não tava no quarto dele. – começou e Hermione estremeceu, temendo que ele tivesse realmente visto

 

- E aí você veio pra cá? – ela perguntou

 

Jake negou com a cabeça e ela se sentiu aliviada.

 

- Papai tava na cozinha e desci. – continuou – Só que ele ta bravo, eu acho, e pediu pra eu deitar aqui com a senhora, mas pra ficar quietinho.

 

Hermione sorriu para ele, já amava demais aquele garotinho.

 

- Você não quer dormir mais um pouquinho? – ela arriscou, querendo ficar um pouco mais na cama

 

Jake balançou a cabeça em negativa, fazendo uma careta. Hermione riu e se deu por vencida, compreendendo que ele devia estar entediado naquela cama, sem fazer nada.

 

- Então eu vou trocar de roupa e nós descemos pra saber se o seu pai ainda está bravo. Tudo bem? – ela propôs

 

- Tudo. – ele disse com firmeza

 

Hermione deu um último beijo nele, antes de se levantar. Ela escolheu uma roupa qualquer e entrou no banheiro, pedindo que ele esperasse só mais um pouco. Quando ela saiu do banheiro Jake estava pulando na cama e ela riu.

 

- Pronto Jake, vamos descer. – ela o chamou e ele parou de pular, estendendo os braços para ela

 

Hermione o pegou no colo e desceu com ele para a cozinha. Harry não estava preparando o café, como de costume, e estava um pouco agitado, enquanto folheava um caderno. Ele levantou os olhos quando os dois adentraram o lugar e não evitou um sorriso.

 

- Ele te acordou não foi? – Harry quase afirmou – Eu não disse pra você ficar quietinho Jake e não acordar sua tia? Desculpa Mione.

 

- Ele não me acordou Harry, ele estava bem quietinho. Não foi Jake? – ela perguntou, fazendo cócegas nele

 

O garoto riu gostosamente e os dois adultos riram dele. Hermione sentou-se em seguida, com Jake no seu colo. Ela reparou que Harry estava arrumado.

 

- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou

 

Harry suspirou, passando a mão pelos cabelos.

 

- Surgiu algo urgente no Ministério e vou ter que ir até lá hoje. – ele contou – Não é nada grave, mas tentei falar com a babá das crianças e não consegui encontrá-la.

 

- Eu posso ficar com elas Harry. Não tem problema nenhum. – ela se ofereceu – Você já devia ter me acordado.

 

Harry sorriu.

 

- Você estava tão linda dormindo, fiquei com pena de te acordar. – ele disse charmosamente e ela corou – E depois não quero te incomodar Hermione, as crianças dão trabalho.

 

- Não vai ser incomodo nenhum Harry, por Merlin! – ela o repreendeu – Assim vou ficar ofendida.

 

Os dois riram e Harry hesitou por alguns instantes, suspirando em seguida.

 

- Você tem certeza? – ele perguntou e ela assentiu prontamente – Tudo bem então, mas prometo que vou tentar não demorar.

 

- Não precisa se preocupar, nós vamos ficar bem. – Hermione disse autoritária e depois se voltou sorridente para Jake – O que você acha de ficar comigo hoje Jake?

 

Jake abriu um enorme sorriso.

 

- Legal! – ele vibrou

 

Hermione voltou a olhar para Harry, que sorria.

 

- Viu? Não se preocupe, eu e as crianças vamos nos divertir. – ela o tranquilizou

 

Harry concordou e saiu logo depois de fazer algumas várias recomendações a Hermione, enquanto ela o empurrava porta a fora. Ela pediu que Jake fosse acordar os irmãos para o café, enquanto ela começava a prepará-lo.

 

*******

Já era tarde da noite quando Harry aparatou no hall de entrada de sua casa. Ele suspirou cansado e preocupado por ter deixado as crianças tanto tempo com Hermione, não queria dar trabalho a ela. Ele mandara várias corujas, perguntando se estava tudo bem e se desculpando por ter que demorar um pouco mais. A todas elas Hermione respondera a mesma coisa: “Estamos maravilhosamente bem, volte ao trabalho e não nos atrapalhe mais”. Harry abriu a porta e a viu assim que entrou. Hermione estava deitada no sofá vestindo uma calça de moletom e uma camiseta, enquanto lia um livro. Ela sorriu e se levantou quando o viu, colocando o livro sobre a mesa de centro.

 

- Boa noite. – ela desejou

 

Harry sorriu, admirando-a, enquanto ela vinha em sua direção. Sonhara tantas vezes com aquele momento, Hermione recebendo-o em casa, depois de um longo dia de trabalho. Mas não era exatamente como ele queria.

 

- Boa noite. – retribuiu, enquanto ela o abraçava rapidamente.

 

- Cansado? – ela perguntou e Harry assentiu. Hermione o puxou até a cozinha. – Aposto que não comeu quase nada hoje.

 

- Acertou. – confirmou, deixando-se levar por ela – Onde estão meus filhos, que não desceram correndo as escadas ainda?

 

Hermione riu e o fez sentar-se a mesa.

 

- Seus filhos estão dormindo Harry, já é tarde. – ela o informou

 

Harry a encarou surpreendido e incrédulo.

 

- Dormindo? – ele perguntou

 

Hermione parou, encarando-o sem entender.

 

- É. – ela voltou a afirmar – Porque a surpresa? Eles não costumam dormir antes das dez, no máximo? Essa foi sua recomendação e já são mais de onze.

 

Harry assentiu bobamente, franziu o cenho e deu um pequeno sorriso, enquanto Hermione voltava a preparar alguma coisa no fogão. Ele não havia dito a ela, mas seus filhos nunca dormiam antes dele chegar em casa, nunca haviam dormido sem lhe desejar boa noite, mesmo nas raras noites em que ele chegava tarde. Harry afrouxou o nó da gravata, ainda com um sorriso nos lábios.

 

- Sopa. Eu mesma fiz. – ela disse, colocando um prato de sopa fumegante a frente dele – Merlin, o que foi?

 

Harry estava totalmente bobo. Ele balançou a cabeça descrente e sorrindo.

 

- É só que... – ele pausou, encarando-a – Eu não estou acostumado com isso tudo. As crianças nunca dormiram sem eu estar em casa e eu chego e elas estão dormindo e ainda sou recebido com um prato de sopa... – ele suspirou – Obrigado Mione, muito obrigado!

 

Hermione o olhou com o coração partido, ela não fizera nada demais, costumava servir o jantar todos os dias ao seu noivo e se sentiu culpada por Harry não ter aquilo.

 

- Eu não fiz nada demais. – ela disse um pouco sem jeito – Era o mínimo que eu poderia fazer por você.

 

Harry lhe sorriu e experimentou a sopa.

 

- Que delícia Mione! – ele elogiou, tomando outra colherada – Sempre pensei que você não soubesse cozinhar.

 

Ela abriu a boca, fingindo-se ofendida com a provocação dele.

 

- Que absurdo! – disse, jogando um pano de prato nele, que desviou sorrindo – Eu devia deixar você com fome agora.

 

- Você não faria isso. – ele disse seguro – Você é uma pessoa boa demais para deixar um pobre homem com fome.

 

Hermione estreitou os olhos para ele e depois sorriu, sentando-se em frente a ele. Ela ficou observando-o terminar de comer e quando ele terminou afastou o prato e olhou para ela.

 

- Estava mesmo muito boa. – ele voltou a dizer – Obrigado.

 

Ele pôs sua mão sobre a dela, em cima da mesa e os dois se encararam sorrindo.

 

- O que vocês fizeram hoje? – ele perguntou interessado

 

- Bom, eu preparei panquecas para eles no café da manhã e eles amaram. – ela contou

 

- Você sabe preparar panquecas? – ele perguntou surpreso

 

- Mas é claro que sei! – ela disse orgulhosa – Que tipo de americana eu seria se não soubesse? – ela brincou e ele riu. Hermione continuou o relato – Depois do café dei banho neles e os levei para almoçar no hotel dos garotos e almoçamos com Draco e Gina, que nos encontrou lá. Depois eu passeei com eles pelo Beco Diagonal. Eu os entupi de doces... – Harry a repreendeu com o olhar, mas ela não se importou – E depois os entupi de presentes, principalmente na loja do George.

 

- Hermione! – Harry a repreendeu novamente

 

Hermione olhou para ele suplicante.

 

- Ah Harry, eu nunca estou aqui e nunca dei nada a eles. – ela disse

 

Harry balançou a cabeça em negativa, mas riu.

 

- Vocês tios estragam as crianças. – ele brincou

 

Ela sorriu satisfeita e continuou a falar.

 

- Depois os trouxe para casa e dei banho neles novamente, os obriguei a jantar, porque eles não queriam, só queriam comer doce. Mas jantaram. – Harry assentiu satisfeito – E depois os coloquei na cama.

 

Harry deu um meio sorriso para a amiga e apertou levemente a mão dela. Não sabia como expressar em palavras o que estava sentindo naquele momento, era como se sua vida estivesse nos eixos ao menos por um dia.

 

- Você é incrível. – ele disse por fim

 

- Não, seus filhos que são incríveis. – ela o corrigiu – Foi maravilhoso passar o dia com eles.

 

Harry assentiu agradecido. Como ele queria que todos os dias da sua vida tivessem Hermione, como ele desejara milhares de vezes formar uma família com ela. E aquele único dia, no qual eles pareciam uma família, Harry iria guardar para sempre na memória.

 

*******

A sexta-feira amanheceu ensoralada e Hermione, Harry e as crianças já estavam no aeroporto, aguardando a chegada dos pais da morena. Harry insistira em acompanhá-la e ela cedeu por fim, amando a companhia dele e das crianças. Estavam ali há pouco tempo e conversavam, enquanto o avião não chegava.

 

- Seus pais estão vindo de Nova York? – perguntou Harry olhando o painel do aeroporto – Pensei que eles estivessem na Argentina.

 

- Eles passaram duas noites com o Mark lá. – Hermione contou, tentando não prolongar o assunto

 

Harry arqueou as sobrancelhas.

 

- É a primeira vez que te escuto falar dele. – disse zombeteiro, deixando-a sem graça. Ele riu – Ah, vamos Mione! Eu ainda sou seu amigo, e nem ao menos sei quem é seu noivo.

 

Hermione o encarou descrente e ele devolveu o olhar, insistindo.

 

- Não há muito para saber. – ela disse apenas

 

- No que ele trabalha? – perguntou, tentando arrancar qualquer coisa

 

- Ele é agente secreto do governo trouxa. – contou um pouco relutante

 

Harry fez uma exagerada cara de admiração e ela balançou a cabeça, dando um pequeno sorriso.

 

- Agente secreto, tipo CIA? – ele perguntou e ela assentiu – Uau! Não sabia que existiam bruxos entre eles.

 

- Existem sim, e muitos pra dizer a verdade. – ela contou

 

- Agora está explicado porque o serviço secreto americano é tão eficiente. – ele brincou e Hermione riu. Harry se virou para vigiar os filhos novamente – David, fique por perto filho. – disse Harry, chamando a atenção do garoto, o que fazia milhares de vezes por dia – Hei, cuidado para não pisar nas coisas das pessoas.

 

David assentiu novamente, voltando a brincar com os irmãos. Melissa estava sentada ao lado de Hermione, lendo o livro que ela lhe dera. Harry e Hermione encerraram o assunto e voltaram a olhar para o painel.

 

- Acho que chegou. – disse Harry, ouvindo a chamada do avião

 

Eles estavam sentados em frente à porta de desembarque e os dois apenas se levantaram, enquanto Harry chamava David, Julie e Jake para perto e Melissa também se levantava. Hermione tentava localizar os pais em meio às dezenas de pessoas que saíam pela porta. Harry também procurava.

 

- Não estou vendo-os. – disse Hermione

 

Ela continuou sua procura por um casal de meia idade, mas a primeira pessoa conhecida que passou pelo portão de embarque não era nenhum de seus pais e sim um lindo homem de olhos azuis que ela tanto amava.

 

- Merlin! – ela exclamou surpresa

 

Harry a encarou sem entender e seguiu a direção do olhar dela. Viu um homem alto e com um belo porte, de cabelos castanhos mais escuros que os de Hermione e com um enorme sorriso, vindo na direção deles. Voltou a olhar para Hermione e ela parecia extremamente surpresa e sem reação. O homem se aproximou mais, empurrando um carrinho, e o colocou de lado quando já estava a dois metros deles. Ele abraçou Hermione ardentemente, que retribuiu, e a soltou pouco tempo depois. Harry estava totalmente desnorteado.

 

- Gostou da surpresa? – o homem perguntou a ela com uma voz grave, mas não esperou a resposta – Tudo bem, sei que você odeia surpresas, mas não pude resistir a essa.

 

Era verdade, pensou Harry, Hermione odiava surpresas, odiava ser surpreendida, odiava quando as coisas saíam do seu controle. Mas ele sabia disso, sabia há anos e pensava ser o único no mundo a saber.

 

- Eu... – Hermione começou, visivelmente agitada – Nem sei o que dizer.

 

O homem sorriu e a beijou rapidamente nos lábios, sussurrando “senti saudades” em seguida. Harry, que já estava completamente fora de órbita, paralisou por alguns instantes, na verdade seu coração parecia ter paralisado, e ele abaixou a cabeça incomodado. Nunca havia visto Hermione beijar outros lábios que não fossem os seus e aquela primeira vez fora bem pior do que ele imaginara que seria.

 

- Harry. – ouviu Hermione chamá-lo e levantou seu olhar para ela. Eles se encararam por um breve instante, antes de Hermione desviar o olhar rapidamente – Merlin! – ela também parecia desconcertada – Esse é o Mark.

 

Mark sorriu abertamente para Harry, se adiantando em sua direção e estendendo-lhe mão.

 

- Harry? – ele perguntou de modo gentil e Harry assentiu, apertando a mão que ele lhe oferecia – É um prazer conhecê-lo. Hermione fala tanto de você.

 

Harry forçou um sorriso e olhou para Hermione, que fechou os olhos e balançou a cabeça, em sinal de lamentação. Aquilo não podia estar realmente acontecendo, pensava Hermione, aquele encontro não podia estar acontecendo, não daquela forma, sem que ela pudesse programar, sem se preparar, sem preparar Harry, sem preparar o próprio Mark. Harry desviou o olhar dela e voltou a encarar o homem a sua frente.

 

- O prazer é todo meu Mark. – retribuiu gentilmente, soltando as mãos. Tinha que tentar se segurar, por Hermione – Eu e Hermione estávamos falando sobre você há pouco.

 

Mark sorriu novamente e se aproximou de Hermione, enlaçando-a pela cintura de forma protetora. Hermione deu um sorriso forçado ao noivo.

 

- E quem são essas crianças lindas? – Mark perguntou gentilmente

 

Hermione despertou de seu transe e se lembrou das crianças. Harry pareceu fazer o mesmo.

 

- Esses são os filhos do Harry, que te falei, lembra? – ela perguntou a ele

 

- Mas é claro. – afirmou Mark – Você deve ser a Melissa, a afilhada da Hermione. Certo?

 

Melissa, e os irmãos, pareciam não entender muita coisa, mas ela assentiu.

 

- É, essa é a Melissa. – Hermione começou a apresentá-los – Essa outra garotinha é a Julie. Esse é o David. E esse aqui... – disse pegando Jake no colo – Esse é o Jake, o caçula. – Mark sorriu para eles – E esse, crianças, é o Mark, meu namorado.

 

Hermione não compreendeu as expressões das crianças, que ficaram sérias de repente.

 

- Deem “oi” ao Mark pessoal. – os incentivou Harry e eles desejaram um “oi” um tanto quanto desanimado, a exceção de Jake, que manteve o carisma de sempre

 

- E meus pais? – perguntou Hermione a ele

 

- Não vieram, decidiram estender as férias, não te avisaram para não estragar a surpresa. – ele explicou a ela

 

Hermione assentiu, entendendo.

 

- Então vamos? – chamou-os Harry – Faço questão que você fique hospedado lá em casa também Mark.

 

Hermione olhou para Harry bruscamente, sem entender a atitude dele.

 

- Harry... – começou Hermione sem pensar e parou, medindo as palavras – Não queremos incomodar.

 

- É Harry, por favor, se for incomodar... – começou Mark

 

- Eu insisto Mark. – disse o moreno, recebendo um olhar perplexo de Hermione – Você é noivo de Hermione e já é quase da família, não vai incomodar de jeito nenhum.

 

- Já que é assim. – Mark aceitou o convite – Vai ser um prazer para mim.

 

Hermione fechou os olhos e soltou um suspiro. Merlin devia odiá-la, pensou consigo mesma, não existia outra explicação.

 

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Pessoal, muito obrigada por todos os comentários e por todos os votos, e obrigada por estarem acompanhando a fic! Tenho que ser sincera com vocês: empaquei no próximo cap e não consigo sair dele, quem sabe seus comentários me ajudem? :) Beijos a todos!!

EnigmaticPerfection: Como você é má!! Kkkkkkkkkkk Tadinho do Harry, ele sofreu... mas concordo que tem que sofrer um pouquinho mais hauhauhau E qual sua primeira impressão do Mark? Beijos querida, obrigada por comentar sempre e esperando att da sua fic hein?

Thainá Santos: Também fico morrendo de pena dele, as vezes ele merece sofrer um pouquinho, mas quem nunca errou na vida né não? Rsrs Obrigada querida e continue comentando!

Undiscovered: Obrigada, obrigada mesmo! Continue comentando! Beijos

LiarGranger: Ah, obrigada querida, mesmo! Ele fica tão encantador assim não é, todo apaixonado? Vamos ver se eles vão enxergar logo o que devem fazer. Acho que você vai conhecer o baby deles em breve, cenas dos próximos capítulos rsrs Obrigada por comentar, beijos.

Over the sky: Obrigada, muito obrigada! Mione voltou a brincar de casinha, quem sabe não sai da brincadeira hein? rsrs Que bom que vc está gostando, como vc disse, minhas histórias são minha vida tbm! Obrigada e beijos

Bethany Jane Potter: Obrigada Bethany! Vamos ver se ela vai se render aos encantos do Harry e a todo o sofrimento dele, e se vai acabar desistindo do partidão do Mark rsrs Beijos e obrigada de novo!

Melissa Hashimoto: Essa coisa do tão perto e tão longe também acaba comigo! Que bom que vc entendeu pelo menos um pouquinho o Harry, ele é bem lerdo as vezes, vc sabe como é. Ele vai explicar tbm pq escolheu Camille, mas mais pra frente rsrs  Hermione é dura na queda Melissa, resistente ela não? Kkkkkkkkkkk O que achou do Mark por enquanto? Beijos querida, muito obrigada por continuar comentando!

 

Obrigada!! :)

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