Uma singela amizade

Antes que Hermione sumisse da sua frente, Harry agarrou o seu braço e a virou.

- O que foi publicado no terceiro ano sobre nós sermos namorados foi uma calúnia. Você vivenciou isto, Hermione, então porque pensa que Gina e eu estamos mesmo namorando.

Hermione piscou os olhos, mas não levantou a cabeça para contemplá-lo.

- Bom... não me interessa. É a sua vida e se você está namorando a Gina, isto não diz respeito a ninguém. Desculpe se eu fui ríspida. Não é de meu concernimento.

- EU NÃO ESTOU NAMORANDO A GINA!

Harry falou tão alto que todos no salão principal, inclusive Gina e Rony, se viraram para eles.

- Harry! – sussurrou Hermione – Já disse que não me cabe julgá-lo. Agora me deixe ir.

- Só se me deixar acompanhá-la. – disse Harry.

- Está bem! - concordou Hermione, dando-se por vencida.

Harry segurou o braço de Hermione de forma a guiá-la novamente para fora do salão principal, sob os olhares de todos na sala.





Subir as escadas foi particularmente difícil para ambos.

Para Hermione, por que ruborizava cada vez que tropeçava em falso e para Harry por que não sabia mais como disfarçar que já sabia que Hermione estava ficando cega sem dar na vista.

- Você está bem? – perguntou Harry por último imaginando que se não perguntasse ela desconfiaria ainda mais dele.

- Estou... só estou um pouco tonta.

- Claro! Eu imaginei que era isso!

Quando ambos chegaram a sala comunal, Hermione sentou-se num sofá.

Harry sentou-se de frente para ela. Ela fazia uma careta preocupada. Ele sabia que ela não conseguiria esconder a sua “deficiência” por muito mais tempo. Ela não poderia simplesmente descer as escadas como alguém que vê perfeitamente e seria cada vez mais e mais difícil fazer tudo o mais.



Hermione preparou a sua mala mais rápido do que Harry e logo estava de volta a sala comunal.

- Vamos? – Harry perguntou a ela, enquanto tentavaenfiar o último livro na sua mala.

- Vamos!



Se até agora o início do ano letivo em Hogwarts fora conturbado, a aula com o professor Snape serviu para complementar a idéia de que este seria o pior ano da sua vida em Hogwarts.

Quando Snape entrou na sala, todos os alunos já estavam em suas carteiras. Snape colocou no quadro negro uma complicada poção enquanto discursava dizendo que somente aceitava em suas aulas os melhores alunos, sempre olhando para Harry, imaginando que ele não seria o aluno a altura. Mas Harry estava ocupado demais olhando para Hermione. Hermione fixava os olhos nas ervas a sua frente, mas não estava conseguindo distinguir uma da outra. Ela passava o dedo entre as folhas para sentir os sulcos, e até estava indo bem, quando colocou na poção um componente errado.

O resultado foi desastroso. A poção de hermione ficou com uma coloração muito gozada, mas isto não seria nada perto do que aconteceu depois. A poção simplesmente criou vida e pulou do caldeirão agredindo a todos os alunos presentes, inclusive ela, que levou um soco na face direita.

Snape levou meia hora para controlar a coisa e depois, simplesmente, tirou todos os pontos que a grifinória já havia ganho e humilhou a garota na frente de todos os alunos, para deleite de Draco Malfoy e seus comparsas que riam abertamente.

- VOCÊ É UM DESASTRE GRANGER. UM DESASTRE!!! NÃO QUERO ACREDITAR QUE É UMA BRUXA, PRINCIPALMENTE PORQUE VOCÊ É UMA... UMA.... SANG.... UMA ALUNA DESASTROSA. E NÃO VAI SAIR DAQUI ATÉ QUE ARRUME ESTA BAGUNÇA.

Todos os alunos saíram da sala deixando Hermione e Harry a sós na sala para arrumar a sala, colocando as carteiras em ordem.

- Eu podia ter arrumado a sala sozinha, Harry – falou Hermione aborrecida, quando Harry ajeitou a última carteira fora do lugar, fazendo o trabalho quase todo sozinho.

- Eu sou seu amigo, Hermione. Amigos ajudam os amigos nas horas que eles precisam. – Ele disse aproximando-se de Hermione – Digo isto para que confie em mim para qualquer coisa. Você pode me contar qualquer coisa que eu prometo guardar segredo.

Harry sentiu Hermione estremecer.

- Ah... Harry… - os lábios da garota tremiam e os olhos marejaram.

Harry se preparou. Esperava que ela finalmente se abrisse para ele.

- Harry... – Hermione disse mais uma vez e se jogou em seus braços, chorando copiosamente aninhada em seu peito.

Harry a abraçou desanimado, mas não queria forçar Hermione antes dela estar preparada para lhe contar.

- Eu acho que vou tirar zero em poções.... não vou conseguir ser uma auror se não conseguir tirar a nota.

- Que se dane a nota, Hermione. – Harry disse, levantando a cabeça de Hermione para contemplá-la. – Você é a melhor bruxa que existe e nada do que Snape disse vai modificar isto, sabia?

Uma pesada lágrima escapou do canto dos olhos de Hermione e deslizaram pela sua face macia. Harry usou o polegar para afastar a lágrima do rosto de Hermione. Ela estava tão triste, tão desamparada! Ali, em seus braços, esperando por um carinho. E os seus lábios estavam tão pertos. Bastaria ele se abaixar para tocá-los.... NÃO! Ele não tiraria vantagem de sua melhor amiga num momento em que ela estava tão frágil. Ele era seu amigo. E um AMIGO deveria sempre zelar pelo bem star de outro.

- Vai ficar tudo bem, Hermione. Eu prometo! - Disse Harry enquanto beijava a sua testa, tentando passar por aquele beijo toda a ternura que sentia pela amiga.

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