A Fuga de Hermione



Enquanto comia, Harry observava Hermione que enfrentava alguns problemas para comer no jantar da noite.
Harry sabia que ela não enxergava direito o que estava pela frente o que a fazia pegar algumas coisas que ela não gostava muito. No jantar daquela noite, Hermione pegou, por engano, Harry tinha certeza, uma grande quantidade de quiabo.

Ao experimentar, Hermione tentou disfarçadamente cuspir a comida num guardanapo, mas foi pega em flagrante por Rony, que fez questão de anunciar aos quatro cantos a pequena gafe da garota que sempre fora impecável em etiqueta.

- ECA... HERMIONE... Olha só... não é você que sempre diz que é falta de educação comer com a boca aberta ou colocar muita comida na boca de uma vez só, ou falar quando se está comendo.... você não parece tão educada agora, hein...

- Rony... se manca! – Harry disse seriamente, tentando atrair a atenção de Rony – Cala a boca aí, senão eu te tiro do próximo jogo de quadribol....

- Estamos sensíveis, hoje, não? – Rony disse, com uma expressão irritada para Harry.

Pelo menos, Rony parou de caçoar com Hermione que estava seriamente pensando se tentaria comer mais um pouco ou deixaria de comer.... Harry pensou rapidamente.

- Ei, Hermione.... pega este pedaço de frango aqui... está bem gostoso... – Harry disse, catando alguns pedaços de frango e colocando no prato de Hermione.

Hermione fingiu olhar para Harry e sorriu.

- Obrigada!

Harry olhou com preocupação para Hermione, imaginando se ela comeria ou não, mas ficou um pouco mais contente ao ver que ela começou a beliscar o frango. Ela deveria se alimentar bem... Harry pensou consigo. “Ah.... tudo seria bem melhor se ela me contasse... assim eu poderia cuidar dela propriamente, sem ficar fingindo que eu não sei....”

- Ei, Harry! Rony! – Katie Bell chamou-os a um canto na mesa... – Eu pensei numa estratégia para o jogo de amanhã... vocês querem escutar a minha idéia...?

Harry e Rony levantaram-se para sentar mais perto de Katie que começou a narrar a idéia.

Harry não percebeu quando Hermione se levantou e saiu do salão principal e também não notou que Malfoy e uma grande quantidade de sonserinos estavam saindo no mesmo tempo. O que Harry notou, depois de alguns minutos, é que muitos alunos começaram a correr para fora... até que alguém gritou da porta.

- HARRY! É MELHOR VOCÊ VIR AQUI... É A HERMIONE....

Harry olhou para mesa... o lugar que Hermione ocupava estava vazio. Com o coração batendo mais depressa, Harry correu para fora, abrindo caminho entre a pequena multidão que se formara ao redor de uma confusão.

Quando Harry chegou no meio, divisou Hermione ajoelhada, enquanto Malfoy, Crabbe, Goyle, Pansy Parkinson e Emilia Buldstrode brincavam jogando a pequena bolsa de Hermione de um lado para outro.

- O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – Harry perguntou, sacando a varinha imediatamente.

Malfoy estava boquiaberto.

- ORA, ORA.... HARRY POTTER... O NAMORADO DA GRANGER AQUI... EH?

- HERMIONE... VOCÊ ESTÁ BEM? – Harry perguntou para Hermione que tinha o rosto enterrado nas mãos.

- QUER DIZER QUE NÃO SABE? – Malfoy chacoteou – A GRANGER AQUI ESTÁ COM SÉRIOS PROBLEMAS, POTTER.... ELA ESTÁ CEGUINHA.... Éh O QUE EU POSSO SUPOR... POIS ELA MAL SABE ANDAR DIREITO, QUANTO MAIS NOS ATINGIR....

A chacota de Malfoy atingiu Harry como um soco.

- SEU... DESGRAÇADO.... TEDIRPRA! – Harry azarou Malfoy que caiu para trás com um enorme tentáculo nascendo do nariz.

- VEM, MIONE! – Harry agarrou o braço de Hermione e a ergueu... Ela resistiu um pouco, pois estava chorando e estava muito envergonhada, mas depois achou que era uma boa idéia se afundar nos braços de Harry.

Harry não perdeu tempo e a levantou no colo, subindo as escadas rapidamente até alcançar a sala comunal.

- Você está bem, Mione? – ele perguntou, enquanto a colocava sobre o sofá.

Hermione tapou o rosto e os olhos com as mãos.

- Mione? Fala comigo! – ele falou com toda a doçura que podia.

- H-harry... – ela começou, os lábios tremiam e as lágrimas agora escapavam por debaixo das mãos – Eu... estou cega... – ela sussurrou tão baixinho que Harry mal pôde escutar.

- Eu sei! – Harry afirmou.

Hermione tirou as mãos do rosto. Seus olhos estavam úmidos e vermelhos.

- Você sabe? – ela perguntou.... Harry sentiu que ela tinha dificuldades para respirar.

- Sim... – Ele segurou a mão dela.

- Mas não se preocupe, Hermione. Nós vamos fazer tudo o que for possível para tentar curá-la... eu tenho certeza que isto é só temporário...

- E se não for, Harry? – Hermione perguntou, os olhos contemplando o vazio.

- Então... vamos descobrir uma maneira de vivermos com isso, Mione. Você ainda é a melhor aluna que...

Hermione levantou-se e encaminhou-se até a lareira como se quisesse observar as pequenas chamas morrendo entre as cinzas.

- Ah... Harry. – ela começou. – Me diz, Harry, o que eu vou fazer. Nós temos uma guerra a nossa frente e como é que eu posso ajudar? E me diz... como é que eu vou fazer um feitiço se eu nem consigo enxergar para onde estou apontando... e como vou fazer as poções se não enxergo os ingredientes... e como eu posso fazer qualquer previsão se nem vou enxergar as runas?

Harry tentava encontrar em sua mente a história de um grande bruxo que também fora cego, mas sabia que não havia nenhuma. Simplesmente era impossível para um cego ser também um bruxo.

- Hermione... eu tenho certeza de que podemos dar um jeito... eu posso guiá-la... eu posso ajudá-la.

- Eu só o puxaria para trás, Harry. Eu não posso deixar que isto aconteça.... você será o maior bruxo de todos os tempos.... eu tenho certeza.... e não pode ter um fardo como eu para te atrasar...

- Você não é um fardo, querida.... – Harry disse, levantando-se também para se aproximar de Hermione e a abraçou. Hermione apoiou a cabeça e deixou as lágrimas caírem soltas.

– Você precisa de ajuda, agora... Por favor, aceite... não seja orgulhosa...

Mas Hermione desvencilhou-se de Harry, empurrando-o e alcançou as escadas do dormitório feminino, onde sabia que Harry não podia segui-la.

- Hermione, espere! – disse Harry, segurando no corredor, imaginando se deveria se arriscar com as escadas ou não.

Mas Hermione parou no último degrau, sentindo que Harry estava ali a poucos metros abaixo.

- O meu orgulho é a única coisa que me resta, agora, Harry – Hermione disse, sem nem mesmo virar-se para Harry e depois sumiu no corredor, deixando um Harry muito preocupado no andar de baixo.


Harry ficou algum tempo ali parado, imaginando se Hermione desceria para conversar com ele novamente. “Logo, agora”, Harry pensou, imaginando que Hermione ficaria um pouco mais fácil de se lidar quando a verdade sobre sua cegueira fosse revelada. Mas, a ele parecia que ela estava ainda mais orgulhosa e magoada... também pudera... depois de ter sido chacoteada por Malfoy perante toda a escola. “Eu vou matá-lo, eu juro”, Harry pensou, cerrando os dentes, com raiva ao pensar em Draco.

Quando percebeu que Hermione não iria descer, Harry decidiu ir dormir... assim evitaria as perguntas dos outros alunos que chegariam dali a pouco.

Harry custou a pegar no sono, mas quando Rony e os outros entraram no dormitório, Harry fingiu estar dormindo. Ainda não estava preparado para conversar, embora gostasse muito de conversar a sos com Rony, o que, no momento, era impossível.

Com os pensamentos em Hermione, Harry adormeceu, imaginando que no outro dia, ele a pegaria de jeito e a convenceria a aceitar sua ajuda, quer quisesse, quer não.

Harry não a deixaria mais sozinha, um instante sequer... e se Malfoy apenas olhasse para ela, ele faria uma azaração tão grande que o faria ficar com os cílios grudados durante uma semana...

-------------------------------------------------

- Harry, acorde! – Rony o sacudia.

- Ei, o que é? – Harry acordou, aborrecido, sentando-se e colocando os óculos.

- Aconteceu alguma coisa com a Hermione, Harry – Rony disse, fazendo o estômago de Harry se afundar. – Lilá e Parvati disse que Hermione se levantou durante a noite e não retornou a cama e o pior, ninguém a encontra em lugar algum.

- O que? – Harry perguntou apavorado.

- Eu acho que ela fugiu... Harry!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.