Grifinória X Sonserina



A animação da escola era geral na sexta-feira. O dia seguinte seria o primeiro jogo de quadribol da temporada: Grifinória contra Sonserina.


Como sempre os alunos das duas casas viviam se atracando pelos corredores, algo que me deu muito trabalho por ser monitora-chefe.


Eu peguei um aluno da Sonserina transformando um sextanista da Grifinória em um sapo; outros azaravam ou petrificavam. Havia também aqueles que escreviam nas costas dos outros ofensas ou palavras como "perdedores". Para o meu pesar os que mais estavam envolvidos era Mulciber e Avery, ambos amigos de Sev.


Mas os alunos da Grifinória também atingiam os sonserinos com feitiços de todos os tipos. Para minha surpresa e satisfação eu nunca vi Potter no meio de nenhuma dessas confusões (apenas Black, que estava com a mania de usar o feitiço Trava Língua em vários alunos da Sonserina).


Minha relação com Potter e os seus amigos estava muito mais amigável em comparação a antes. Aluado era uma ótima companhia para os deveres de Feitiços; ele me ensinava feitiços muito úteis que eu nunca ouvira na vida. Rabicho, que não era tão bom em nenhuma matéria, gostava de receber explicações de mim, porque, dizia ele, os outros não ensinavam bem o bastante para o seu entendimento. Black, apesar de ser o maior causador de confusões da escola, era a pessoa certa para você garantir grandes gargalhadas. Sempre ficamos um bom tempo relembrando fatos hilários de jogos de quadribol; e por incrível que pareça, eu estava cada vez mais entendendo sobre o assunto. Já Potter, digamos, era um "amigo geral". Ele era tão inteligente quanto Aluado e tão engraçado quanto Black. Eu sempre o ajudava nos deveres de Poções, que afinal, era minha melhor matéria. Ele dissera pra mim que só continuou em Poções porque desejava virar um auror quando terminasse a escola. Nunca na vida eu pensaria que me tornaria tão próxima dele, e nos últimos dias eu percebi o quanto de tempo nós havíamos perdido brigando. É claro, antes ele era um idiota que se divertia azarando os outros, mas agora tenho que concordar que ele amadureceu.


Quanto ao Sev, ele sempre olhava para mim desanimado quando eu estava perto de Potter e os outros. Até aquele momento eu não sabia se o desculparia ou não. Então decidi que o tempo curaria essa mágoa que existia dentro de mim.


Maria e Dougie estavam mais grudados do que vermes na tampa da mesa na aula de Poções. Era difícil achar um momento em que eles não estavam agarrados ou se beijando. Eu acho isso ótimo, mas por conta desse gruda-gruda a gente se afastou um pouco.


- Quando você tiver seu namorado, você vai saber como é. – disse Maria, olhando furtivamente para o outro lado da sala, onde Potter estava sentado lendo Herbologia: sétima série.


Fiz questão de ignorá-la.


Quando desci para o café da manhã no dia seguinte, o Salão Principal estava ecoando de conversas animadas. Todos os estudantes estavam tomando o café pra se dirigirem ao estádio. A animação era geral em todas as quatro mesas. Alguns alunos da Lufa-Lufa e da Corvinal estavam com as cores da Grifinória, pois também odiavam a Sonserina.


- Bom dia! – falei, sentando ao lado de Maria e Dougie.


- Olá Lílian. – disse Maria. – Você vai ver o jogo com a gente?


- Se vocês não começarem a se agarrar nas arquibancadas, tudo bem.


Os dois riram.


Antes mesmo que eu começasse a tomar meu suco de laranja, Potter e os outros jogadores se levantaram para já irem pro estádio. A maioria dos alunos aplaudiu, exceto os alunos da mesa da Sonserina, que vaiaram.


Eu corri até Potter.


- Boa sorte, Tiago! – desejei a ele, entusiasmada.


Ele arregalou os olhos.


- Er... Obrigado. - ele sorriu, e eu ri de sua expressão chocada, enquanto ele se recuperava.


Passado algum tempo os alunos começaram a se dirigir às portas do Salão Principal.


- Vamos logo, temos que pegar os melhores lugares. – disse Dougie.


O dia estava nublado e frio, mas não estava ventando. Black me explicou que quanto menos vento numa partida, melhor para a locomoção dos jogadores.


Quando chegamos ao estádio, com suas habituais balizas, três de cada lado do campo, encontramos lugares altos o bastante para termos uma visão ampla do jogo.


Pouco depois os jogadores entraram no campo entre aplausos e vaias e em seguida Madame Hooch com a caixa debaixo do braço.


- Os balaços e o pomo já foram lançados! – narrou Kingston, que era o locutor, assim que Madame Hooch abriu a caixa.


Potter, que era o capitão, se dirigiu a Mulciber que era batedor e também capitão para o aperto de mão, ambos com cara de que na verdade queria socar a cara um do outro.


- E começa o jogo! – disse Kingston no megafone assim que o apito soou. Os catorze jogadores montaram nas vassouras e levantaram vôo. Tiago era tão rápido que eu o perdi de vista.


- E Emelina Vance da Grifinória está com a posse da goles – passa para Edgar Bones, mas é atrapalhado por um balaço lançado por Berry. A goles está agora com Robson Fane – Verny – de volta para Fane, que desvia por pouco de um balaço, e passa a goles para Madson que vai em direção ao goleiro Steven Borttin e marca: ponto para a Sonserina!


A arquibancada verde e prata rugiu de aplausos e gritos. Dougie fez uma cara de nojo.


- Ericson da Grifinória com a goles – passa para Meadowes – Vance – de volta para Ericson... Ai!


O outro batedor da Sonserina, Berry lançara um balaço na cabeça de Ericson, que por sorte não estava muito longe do chão. Várias pessoas foram socorrê-lo. Finalmente vi Tiago descer da vassoura e juntar-se a aglomeração.


- Será que ele está bem? – perguntou Maria.


- Tomara que sim.


Depois de Ericson ser carregado para fora do campo o jogo recomeçou.


- Voltamos ao jogo, Grifinória agora com um jogador a menos. – narrava Kingston. – Emelina Vance com a goles – ela desvia com agilidade de um balaço lançado por Mulciber – passa para Meadowes que vai em direção à baliza... mas Walk Lemmet defende.


Passado o que me parecia meia hora, o jogo estava cinquenta para a Sonserina e vinte para a Grifinória. Dorcas Meadowes estava jogando muito bem e foi ela que marcou ambos os gols, mas a falta de um artilheiro estava prejudicando o desempenho da jogada.


Tiago voava rapidamente à procura do pomo, seguido por Davis Aninston, o apanhador da Sonserina.


- Madson com a goles – Fane - de novo para Madson – Verny – devolve para Fane que vai marcar... e defesa espetacular de Borttin! Dorcas com a goles, quase atingida na nuca por um balaço de Mulciber, passa para Emelina que vai e marca: PONTO PARA GRIFINÓRIA!


Pelo modo de narrar estava muito claro que Kingston estava a favor da Grifinória, fazendo com que os alunos da Sonserina gritassem ofensas e fizessem gestos obscenos em direção ao pódio do locutor.


- Obrigado pelos elogios. – ele disse, sem vacilar. – Continuando... Ed Madson com a goles – passa para Verny – mas é interferido por Emelina Vance que rapidamente voa em direção às balizas. O que é isso? Cinco contra um?


Verny, Madson, Fane, Mulciber e Aninston que visivelmente se esquecera da sua função de apanhador avançaram para Emelina que foi ágil e passou a bola para Dorcas.


- PONTO PARA GRIFINÓRIA! – gritou Kingston entusiasmado.


A partir daí o jogo ficou violento, fazendo com que de cinco em cinco minutos Madame Hooch soasse o apito.


- Não pode agarrar a vassoura do adversário!


- Não é permitido azarar ninguém durante uma partida!


- O que é isso? O que você está fazendo com essa Poção do Amor no bolso? – perguntou ela para uma corada Marília Verny.


- Não pode jogar o bastão em ninguém Berry!


- Volte para a cama, Ericson! – ela exclamou, quando uma figura com a cabeça enfaixada entrou no campo.


Fora isso houve muita confusão nas arquibancadas. Um aluno da Grifinória avançou para um sonserino que lhe deu um soco na boca; ele saiu com um dente a menos. Eu e Dougie fomos resolver o problema, mas McGonagall já havia lhes dado detenções. Tive pena deles caso tivessem que copiar algum capítulo de Os detalhes da Transfiguração.


- Oitenta a cinquenta para a Sonserina! – anunciou Kingston com a voz começando a ficar rouca, assim que Dougie e eu voltamos para junto de Maria. – Robson Fane com a goles, mas é tomada por Verny. Ela voa para as balizas... mas o que é aquilo? Potter viu o pomo?


Apesar de Verny ter marcado um gol todos apenas observavam Tiago indo veloz até um ponto no alto, com a mão estendida, Aninston na sua cola.


Houve gritos e xingos quando Aninston agarrara as vestes de Potter, mas tarde demais: ele já erguera a mão no alto, em júbilo, ao mesmo tempo em que Madame Hooch assoprava o apito.


O estádio ecoou de gritas e vivas. Maria, que o tempo todo tinha roído as unhas, pulava freneticamente ao meu lado.


Vi Tiago pousar no chão e receber milhares de abraços dos colegas de time. Muitos alunos desceram as arquibancadas correndo e eu os segui.


Foi difícil chegar até ele, pois muitos gritavam e o abraçavam lhe dando parabéns, mas enfim consegui enxergar claramente seus cabelos despenteados.


- Tiago! Parabéns! – eu disse, e sem hesitar o envolvi num abraço. Tive que ficar na ponta dos pés para conseguir alcançar seu pescoço.


Quando me separei ele estava meio vermelho, mas exibia um de seus maiores sorrisos.


- Agora sou Tiago é? – ele perguntou, rindo. Eu quase não pude ouvi-lo no meio de tanta gritaria.


- Se você quiser. – respondi, piscando. – Comemoração na sala comunal?


- Só se você quiser. – ele disse. Eu ri junto com ele.


E então, entusiasmados com a vitória, subimos para o castelo no meio da multidão enlouquecida de felicidade

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