Datas festivas



N/A: Olá, gente! Aqui está, capítulo novinho... Só demorei um pouquinho mais porque não tive quase nada de reviews no outro capítulo... Onde estão vocês? hahaha



Serena e Severo, em uma tarde nublada, caminhavam pelo alvoroçado Beco Diagonal um dia antes da véspera de natal. Durante aquele período da tarde a maioria das lojas ainda era aberta, porém elas fechavam assim que o sol ameaçasse se esconder no horizonte. Eram tempos perigosos, todos sabiam.


Severo visitou um boticário conhecido seu, e lá comprou alguns ingredientes que faltavam em seu estoque pessoal para Poções, comprou também alguns nos quais Serena mostrara interesse. Seguiram adiante com as compras, Serena entrara em uma loja de decoração bruxa e comprara vários pôsters para seu novo quarto, assim como uma luminária que combinava com as paredes. Severo parou adiante da loja Artigos de Qualidade para Quadribol , e Serena franziu o cenho – não sabia que o pai tinha interesse pelo esporte.


O homem entrou na loja e pediu ao vendedor diretamente o que queria: a rara coleção de pomos de ouro importados. O rapaz que o atendera ergueu as sobrancelhas diante do inusitado pedido e partiu para o estoque, a fim de trazer a encomenda; Severo pagou pela coleção e foi seguido por Serena para fora da loja.


'-Quadribol?' – perguntou Serena descrente – 'Não sabia que você jogava, Snape.'


'-Não é para mim, Serena.' – ele respondeu, olhando as vitrines de lojas abarrotadas de gente – 'É para Draco, preciso mandar-lhe uma prenda no natal.' – explicou.


'-Não seria mais apropriado algo vindo da Borgin&Burke's?' – perguntou, ácida. – 'E por que há um campo de quadribol na sua casa, então?' – disse, curiosa, também fitando as vitrines.


'-Controle sua língua, Serena.' – ele lhe disse com ar de riso – 'O campo de quadribol sempre esteve lá, mas Alexia optou por reformá-lo, ela adorava jogar.'


'-E o senhor jogava com ela?' – perguntou, desta vez risonha.


'-Sua mãe me obrigava.' – ele respondeu, relembrando a expressão furiosa de Alexia ao tentar persuadi-lo a jogar – 'Você suponho que não joga, não é?'


'-Eu nem sei voar, professor.' – ela respondeu automaticamente.


'-Eu posso lhe ensinar – se você quiser, é claro.' – os olhos de Serena brilharam e ela acenou com a cabeça – 'Não é difícil, realmente. Podemos tentar nas férias de verão, quando o tempo é mais adequado.'


Serena concordou, seguindo pela rua torta e abarrotada, imaginando como seria ter Snape como professor de vôo.


Severo sabia que se pedisse à Madame Hooch ela ensinaria a Serena com prazer, e consideravelmente melhor do que ele, mas não queria perder essa oportunidade com a filha, talvez fizesse bem aos dois.


'-Serena, acredito que você gostaria de mandar algo a Elizabeth, ou a algum amigo seu pelo natal. Vou deixar-te aqui, onde é melhor de se encontrar as prendas, por que também preciso ir a procura de uma coisa, e penso que assim economizamos tempo, está bem para você?' – Serena acenou com a cabeça e Snape lhe entregou um saquinho repleto de moedas de ouro – galeões.


'-São muitos galeões, Snape. Não é necessário tudo isso!' – exclamou, estupefata.


'-Não é nada, Serena. Compre os presentes, compre algo para você, se quiser, ou simplesmente guarde-os.' – ele disse, com as mãos nas costas da menina –'Encontre-me daqui a mais ou menos uma hora na frente da loja de Madame Malkins, está bem? Se precisar de mais alguma coisa pode me encontrar por aqui.'


'-Está bem,' – Serena disse, foi saindo, rumo a uma loja colorida, quando Severo puxou-a de volta.


'-Tome cuidado.' – ele falou, os olhos demonstrando mais coisas do que aquelas simples palavras. A garota acenou em afirmação.


De volta à casa, Serena deixou as compras em seu quarto e partiu para a biblioteca, desceu uma hora depois com um livro a tiracolo.


Quando Severo retornou a sala de estar com um livro sobre Poções na mão, viu a filha ajoelhada em um canto perto da lareira, ela havia conjurado um pinheiro mediano de natal e agora conjurava pacientemente pequenos enfeites dourados. Ele aproximou-se e apreciou o trabalho.


'-Achei que um natal sem árvore seria triste.' – ela deu de ombros – ' Você não se importa, não é? – e apontou para a árvore recém conjurada.


Severo negou com a cabeça e notou que os enfeites piscavam. Há quinze anos não havia ali uma árvore de natal.


'-Eu sei que eu não deveria estar usando magia fora da escola, com aquele negócio de rastreador, mas com tanta coisa acontecendo no Ministério quem vai se importar com um menor fazendo magia?' – ela sorriu torto.


'-Ninguém mais controla isso, Serena. O Ministério está realmente um caos; Você-Sabe-Quem está se assegurando disso.'


Serena fechou a acara ao ouvir Voldemort ser mencionado, o olhar caindo sobre o braço esquerdo do pai.


'-Serena, esqueça isso...' – pediu ele ao notar o olhar da filha sob o exato lugar em que havia a Marca Negra.


Pai e filha jantaram calmamente na véspera de natal, a mesa ainda mais repleta de comida, tudo apenas para os dois. Serena bocejou longamente após o último bocado do mousse que os elfos tinham preparado como sobremesa e seu olhar correu para a árvore erma no canto da lareira. Enfim seria um natal feliz.


'-Vá dormir, Serena.' – Severo falou, ainda servindo-se do doce – 'Está tarde.'


A garota bocejou mais uma vez, e afastou-se da mesa arrumando o robe que vestia sobre o pijama e desejando boa noite ao pai.


Severo sorriu ao ver a garota subir, sonolenta, as escadas. Finalmente aquela casa estava completa novamente. Não que Alexia fosse suprida por Serena, mas ela estava lá de qualquer jeito, nos traços da filha, nos olhos azuis, nas bochechas coradas, nas covinhas rasas, no sorriso que Severo havia visto raríssimas vezes surgir nos lábios da filha. Com Serena lá, Alexandra parecia fazer mais parte da vida dele do que nunca naqueles quinze anos.


Toc Toc Toc – três batidas leves na porta. Sem resposta.


'-Serena' – ele adentrou o quarto calmamente, fitando a garota que ainda dormia com as cobertas bagunçadas em torno dela – 'Serena, acorde' – ele chacoalhou-a de leve, ela resmungou e virou para o outro lado, exatamente como Alexandra fazia – 'Serena' – ele chamou novamente. A garota piscou os olhos, sonolenta, e apoiou o peso sobre os cotovelos, mirando o pai – 'Você não quer abrir os presentes?'


'-Presentes?' – perguntou, confusa. Nunca tinha recebido presentes de natal, não presentes de verdade. Sempre havia uma festa no orfanato para comemorar o natal e guloseimas eram os presentes dedicados as crianças.


'-Sim, presentes, Serena. Vamos, levante-se, vamos tomar o café da manhã.' – ele pediu, calmamente, abrindo as cortinas do quarto – 'E, a propósito, feliz natal.'


'-Hum, feliz natal.' – ela disse, esfregando os olhos e se desvencilhando das cobertas.


'-Espero você lá em baixo.'


Serena concordou e tomou uma ducha rápida antes do desjejum. Havia despachado o presente de Eliza no dia anterior pela coruja da casa, tinha comprado para a amiga uma bolsa pequena e delicada com um pequeno truque: um feitiço extensor. Achou que Elizabeth iria gostar, e o presente tinha sido muito bem recomendado pelo dono de uma refinada loja do Beco Diagonal. Mandara um colar de camafeu para a prima Elena, o pacote com as devidas restrições para que Eliza não soubesse o destinatário.


A garota por fim desceu a longa escadaria e deparou-se com Snape sentado confortavelmente no sofá da sala de estar com uma xícara de café na mão, apreciando os pacotes debaixo da árvore que Serena havia montado.


A mesa do café da manhã estava posta como um banquete, como sempre, mas erma. Serena seguiu até o pai, confusa.


'-Achei que o café poderia esperar.' – ele disse somente, apontando para os presentes.


'-São para mim?' – ela perguntou, inocente.


'-Certamente que sim, Serena. Veja, sua prima lhe mandou algo, e também a Srta. Duncan. Chegaram ontem à noite, depois que você já tinha ido se deitar, e hoje pela manhã Dumbledore mandou-lhe um embrulho também.'


Serena olhou, admirada.


'-Eu preciso mandar uma coruja à Lucio, quando você tiver acabado com os presentes venha até a varanda, por favor.' – ele disse, sério, e com um menear de cabeça deixou a filha.


Abriu o primeiro embrulho e reconheceu a caligrafia redonda e delicada do bilhete: Elizabeth. A amiga lhe mandara um pequeno livro com páginas azuis claras e sem qualquer coisa escrita, a não ser o nome gravado na capa de couro azul escuro do livro: Serena Snape.


Sei que há muita coisa que você não pode me contar. Mas sei também que você tem muitas coisas a resolver, e talvez esse livro sirva para você. Vai lhe ajudar a encontrar quem você deseja.


Saudades,


- Elizabeth Duncan


Era o que estava escrito no final da pequena carta endereçada a ela. Serena ficou curiosa e deixou o charmoso livro de lado.


Pegou um pacote maior e pardo. Olhou com curiosidade para ele. O que seria aquele pacote comprido e engraçado? Estava amarrado por uma fita no meio e preso no laço havia um envelope. Serena pegou com cuidado.


Elena Duncan estava escrito no verso. Rasgou a cera que selava o envelope e se deparou com duas linhas escritas em um pequeno pergaminho.


Espero que se divirta, querida.


Beijos, Elena


Era um bilhete bem menos formal que a pequena carta de Eliza. Havia no pacote mais alguma coisa, quando Serena puxou, viu que era uma foto bruxa. Nela uma garota de cabelos ruivos marcava um gol no aro do meio do campo de quadribol de Hogwarts, depois acenava para a câmera, comemorando. Alexia.


Serena rasgou o embrulho, curiosa. O novo modelo da firebolt apareceu então. O cabo de madeira escura e reluzente, com o nome da marca em prata se destacando, as cerdas cuidadosamente ajeitadas. Era linda.


O último pacote era de Dumbledore. Serena abriu cuidadosamente, e se deparou com uma miniatura em cristal de Hogwarts. Era uma das coisas mais bonitas que a garota havia visto na vida.


Para você se lembrar de como é bom voltar para casa. A partida é sempre necessária, Serena, mas o lar é onde o coração está, e é para onde é sempre bom voltar.


É bom ter você de volta, menina


Felicitações,


-Alvo Dumbledore


Serena apertou o bilhete contra o corpo, refletindo, depois guardou-o com cuidado dentro do livro que ganhara de Eliza. Seria sempre bom reler aquela nota.


A garota reparou que caiam pequenos flocos de leve sobre o castelo de cristal, e notou que lá fora nevava também, talvez aquilo mostrasse o tempo em Hogwarts.


Foi diretamente para seu quarto a fim de guardar os presentes, e em seguida rumou para a ampla varanda, onde se encontraria com o pai.


'-E então? Gostou dos presentes?' – perguntou Severo, cordialmente.


'-Sim, certamente.' – então uma dúvida rondou sua cabeça – 'Mas, Snape, como Elizabeth sabia onde me encontrar? Eu disse a ela que iria para o orfanato...'


'-As corujas são animais espertos, Serena. Elas sabem onde encontrar o destinatário, sempre.'


Serena pensou um pouco na resposta e se acomodou em um amplo pufe, admirando a paisagem invernal.


'-Narcisa mandou-me uma prenda, e isto veio junto, endereçado a você.' – ele lhe estendeu uma caixinha de veludo preta com uma fita prateada em volta.


A caixinha revelou um pequeno broche, com uma insígnia que Serena não reconheceu no meio, adornado por esmeraldas.


'-Ela gostou mesmo de você, Serena. Isto é uma jóia feita por duendes, o material não é conhecido por nós bruxos, é muito precioso e deve estar na família dela há algumas gerações, essas coisas são quase tão antigas quanto Merlin.'- ele brincou, admirando o broche.


Serena sorriu e o acoplou as suas vestes de inverno.


'-Eu ainda não lhe dei a minha prenda, Serena...' – ele começou.


Ela olhou espantada. Não esperava realmente um presente de Severo Snape.


'-Primeiro, uma coisa que eu achei que você gostaria de ter.' – ele completou, retirando uma caixa comprida de veludo do bolso interno das vestes.


Serena pegou com cuidado e abriu. Era uma pulseira delicada de ouro.


'-Era de Alexia. Dei a ela de presente no penúltimo natal que passamos juntos. Você não precisa usá-la, mas quero que fique com você.'


'-Obrigada, Snape.' – ela agradeceu sem jeito. Agradecimentos e desculpas não eram sua especialidade – 'Eu adorei. Vou guardá-la bem, não se preocupe.'


'-Agora há outra coisa que eu gostaria de lhe dar...' – ele então procurou no bolso do casaco e entregou outra caixa de veludo, esta vermelha e mais nova que a outra.


Serena abriu a caixinha e encontrou uma gargantilha de prata, com um 'S' como pingente. Serena achara lindo, era requintado, não muito delicado nem muito rústico, era perfeito para ela.


'-É lindo, obrigada... Lindo mesmo.' – ela disse, sem saber como agradecer.


'-Posso colocar na senhorita?' – ele perguntou, com um olhar que Serena não conseguia decifrar.


A garota concordou com a cabeça e afastou os longos cabelos negros. O pai pegou a gargantilha da caixa e prendeu em seu pescoço. Snape observou-a de frente, concluindo que ficara perfeito.


'-Er, eu não tenho uma prenda para você, pai.' – ela deixou escapar, ficando envergonhada depois e disparando para seu quarto.


Severo seguiu-a, passando pela porta entreaberta e encontrando Serena sentada na beira da cama, arfando pela corrida e com as mãos na boca. Ela não podia acreditar que tinha dito aquela palavra, tinha estragado tudo.


Da primeira vez que chamara Snape de pai, Serena nem se dera conta. Estava nervosa demais para perceber o que falara e para lembrar depois.


Mas dessa vez era diferente.


'-Snape, eu não quis... Eu... Não se zangue comigo, por favor.' – ela pedia desorientada conforme ele ia se aproximando da cama.


Ele então, calmamente, puxou a cadeira da escrivaninha e colocou em frente a cama de forma a ficar da mesma altura do olhar de Serena, a garota ainda escondia o rosto nas mãos.


'-Eu não estou zangado com você, Serena. Eu já lhe disse que pode me chamar da forma que quiser, não é?'


Serena não respondeu, continuava olhando para baixo, para as mãos agora em seu colo.


'-Você não fez nada de errado.' – ele disse por fim, preocupado com a menina.


Serena ameaçou olhar para o pai, mas voltou o olhar para o colo.


'-Serena, olhe para mim.' – ele segurou o queixo da menina entre seu indicador e polegar, erguendo-o de forma a sustentar seu olhar.


A menina surpreendeu-se ao ver calor nos olhos de Severo, como ela nunca tinha visto. Nunca recebera um olhar tão significativo dele.


'-Eu sou seu pai, está tudo bem se você me chamar assim.' – ele disse, tão compreensivamente que Serena se assustou.


A garota desviou o olhar, desvencilhando-se da mão que segurava seu queixo.


'-Isso é difícil para nós dois, Serena, acredite.'


'-Ta certo' – ela respondeu de repente – 'A culpa foi minha, eu falei sem querer...'


'-Ninguém é culpado, Serena. Não por isso. E, se você quer saber, fiquei feliz com isso.'


Serena olhou-o intrigada, e ele a encarava de uma forma diferente.


'-Você ficou... feliz?' – ela perguntou, confusa, comparando esse homem a sua frente com o carrancudo e amargo professor de Poções. Este homem que via agora parecia apenas machucado demais pelo passado.


'-Serena, não sou seu professor de Poções aqui, em casa. Sou seu pai, e fiquei contente por me tratar assim.' – ele parecia cansado ao falar.


Serena sorriu ligeiramente, ainda preocupada, e mesmo assim Snape ficou feliz por ver seu sorriso.


'-Não se preocupe com isso.' – ele disse, devolvendo a cadeira ao seu devido lugar – 'Vou estar no laboratório, caso você precise de algo.'


'-Posso ir com você?' – perguntou, subitamente – 'Digo, ao laboratório?'


'-Não vejo por que não' – ele disse, virando-se ligeiramente e acenando para que ela o acompanhasse – 'Narcisa disse que viria hoje mais tarde com Draco, como Lucio está em uma missão, e podemos esperá-los no laboratório.'


Serena franziu o nariz ao Draco ser mencionado e acompanhou o pai.


Seguiram até a suíte de Snape e este abriu a porta, revelando o quarto mais bem decorado que a menina já vira. Uma gigante cama de casal com dossel bem no centro do quarto, acompanhada por dois criados-mudos de madeira escura, um de cada lado da cama, uma lareira crepitante em um canto, poltronas e almofadas escuras, uma escrivaninha e um roupeiro que combinavam com os criados-mudos. Uma luminária simples e elegante se posicionava ao lado da poltrona requintada e um tapete claro e felpudo se entendia por quase todo o cômodo, tudo muito simples e luxuoso.


Neste quarto, diferentemente do de Serena, havia mais uma porta além da que levava até o banheiro, e Serena deduziu que essa seria a porta do laboratório.


Serena estacara diante de mais fotos de Alexia, que adornavam a escrivaninha; ela, sem pensar, se aproximou das fotos. A primeira mostrava Alexandra e Severo sorridentes, vestidos de noiva e noivo, como a da lareira, a que parecia ser mais recente era uma de Alexia grávida, com a barriga bastante proeminente, indicando que não faltava muito para que Serena nascesse. Na foto, a mulher olhava carinhosamente para seu ventre, enquanto o acariciava e depois para frente, para a direção da câmera.


Serena tocou a foto. Sua mãe era mesmo radiante.


Severo não apressou-a, deixou que os olhos curiosos da menina percorressem as fotos.


Um dos porta-retratos, entretanto, estava esquecido ao fundo e abaixado. Serena, em seu olhar analítico, notou-o. Pegou-o, então, a fim de posicioná-lo como os outros, mas a foto a surpreendeu imensamente.


Era a foto de um bebê. Mas o bebê não parecia ter nascido naquele dia, não estava vermelho, nem inchado. Na foto o bebê piscava, e quando ele abriu os olhinhos, Serena viu que eram azuis.


A garota pôs a mão carinhosamente sobre a foto, e algumas lágrimas começaram a escorrer vagarosamente. Era ela. Serena quando bebê. Snape havia guardado uma foto consigo.


Serena virou-se para encarar o pai, atônita, e Severo foi até ela.


'-Sou eu?' – ela perguntou apesar de já saber a resposta..


'-Sim, Serena, é você.'


'-Foi tirada no dia em que eu nasci?' – ela perguntou.


'-Não, você já tinha alguns dias.'


'-Mas como você tem essa foto, Snape? Você não me deixou no orfanato no dia em que eu nasci?'


'-Não, Serena. Você tinha dez dias.' – ele respondeu pesarosamente, também encarando o bebê rechonchudo da foto.


'-Você ficou comigo durante dez dias?' – ela perguntou com o cenho franzido, Snape torcia internamente para que ela não perguntasse isso .


'-Fiquei, Serena.' – ele respondeu, mexendo as mãos impaciente.


'-Por que?' – ela franziu o cenho novamente, não conseguia entender.


'-Serena eu não sou de ferro.' – ele respondeu, virando para encará-la, alto demais, fazendo a menina recuar para longe dele. Severo suspirou e tentou manter o tom de voz normal – 'Eu não consegui te deixar lá antes.'


'-Por que não?' – aquilo não entrava na cabeça de Serena.


'-Porque você é minha filha.' – ele disse somente. Odiava falar sobre sentimentos, e odiava ainda mais falar sobre esses dias tão próximos à morte de Alexia.


Serena olhou para baixo, para seus pés, depois para a janela, evitando encarar o pai.


'-Eu não entendo.' – ela disse, a voz firme e acusadora, encarando a parede.


'-Talvez quando tiver seus filhos você me entenda.'


'-Não pretendo ter filhos' – ela respondeu somente, não querendo discutir com o pai no natal.


'-Kile' – Snape chamou e um elfo apareceu em um estalo.


'-Chamou, meu senhor?'


'-Traga uma bandeja com café da manhã para a Srta. Snape, aqui no laboratório.'


'-Sim, senhor, Kile traz café para a senhorita' – e o elfo saiu fazendo uma reverencia.


'-Você não tomou o desjejum.' – Severo virou para Serena lembrando-a.


Serena concordou com a cabeça e seguiu o pai para o laboratório.


Pai e filha trabalharam juntos em algumas poções para o estoque pessoal do homem, Snape ensinando alguns truques para Serena, que absorvia tudo avidamente. Enquanto a menina mexia uma poção cor de beterraba a aldrava do portão tocou, ecoando por toda a casa. Severo levantou-se de forma a receber as visitas, mandando o elfo que trouxera o café da manhã de Serena abrir o portão.


Severo chamou a filha consigo, era bom que ela recebesse Narcisa junto a ele.


'-Severo, meu caro, como vai?' – perguntou Narcisa, limpando a neve das vestes e do cabelo e entregando seu pesado casaco para o pequeno elfo pendurar – 'Da próxima vez, venho via Floo, agora que você consertou sua lareira. Não sei por que não tive esta idéia antes.' – resmungou, sentando-se sem cerimônias perto da lareira – 'E feliz natal.'


'-Feliz natal, Narcisa' – respondeu somente, indo receber o afilhado que encarava seriamente sua filha.


'-E você, Draco, como vai?' – perguntou Severo cordialmente enquanto o garoto jogava nervosamente o casaco sobre o elfo.


'-Passando bem, tio.' – respondeu, enfezado.


'-Ei, olhe aqui' – chamou Serena após ajudar o elfo a se desvencilhar do casaco do loiro. Draco olhou para ela, com ambas as sobrancelhas erguidas – 'Quem você pensa que é, Malfoy, para chegar na nossa casa tratando os elfos desse jeito?'


'-Uou, uma defensora dos elfos. Junte-se aquela sangue-ruim da Granger, ouvi dizer que ela estava criando uma organização para defesa de elfos domésticos, vamos Serena, ajude-a a tricotar gorros de lã!' – ele zombou dela, encarando-a firmemente, olhos cinzentos contra azuis.


'-Não sou nenhuma defensora de elfos, Malfoy, tampouco acho que eles devem obedecer a alguém que não pertença família ou não seja um convidado decente. Portanto, pendure seu próprio casaco, sua doninha albina.' – Serena jogou o pesado casaco negro para ele, que a olhava atônito, abrindo e fechando a boca sem parar, sem saber o que dizer.


Serena seguiu firmemente até a sala de estar, um pequeno sorriso torto pairando em seu rosto.


'-Ela tem o gênio da mãe' – Narcisa sorriu para Severo, aceitando a xícara de chá que flutuava no ar – 'Explosiva' – ela acrescentou antes que Serena chegasse até eles.


'-Olá, Narcisa, como está?' – perguntou polidamente, sentando-se ao lado da mulher, também com uma xícara de chá na mão.


'-Vou bem, querida. Recebeu a prenda que lhe mandei mais cedo?'


'-Pois sim, muito obrigada. É mesmo muito lindo.' – comentou, cordial, enquanto Draco caminhava fuzilando-a até a poltrona ao lado da que Snape estava sentado.


'-Isso, bom garoto.' – Serena disse, com seu típico sorrisinho desafiador, já que o garoto a tinha obedecido e pendurado o casaco.


'-Não enche, Serena.' – pediu, aceitando o chá que o padrinho lhe oferecia, carrancudo.


'Não briguem, crianças.' – pediu Narcisa, provocando os dois adolescentes. A mulher defenderia o filho sob todas as circunstancias, mesmo em uma situação tão boba, mas não daquela vez, não com Serena.


'-E o que me diz do seu presente, Draco? Era aquela a coleção que você queria?'


'-Sim, tio Severo. Muito obrigada.' – respondeu sem entusiasmo.


'-Severo, além de lhe desejar um bom natal e apreciar a companhia de vocês, eu vim aqui para resolver mais uma coisa. Precisamos conversar. É sobre Lucio.' – Narcisa pediu, preocupada – 'Não sei que rumo as coisas tomarão daqui em diante, e preciso de sua ajuda.'


'-Está bem, Narcisa. Draco, Serena.' – chamou e os dois olharam, Serena já abandonando sua xícara sobre a mesa de centro, levando o rapaz a fazer o mesmo – 'Por que não dão uma volta lá fora? Parou de nevar, e Narcisa e eu precisamos conversar.'


Os dois jovens obedeceram, Serena fazendo bico e Draco com o cenho franzido, pegando seus respectivos casacos e deixando a Mansão. Seguiram pelo caminho que levava ao jardim, e depois para o centro do jardim onde havia um labirinto de cerca viva e uma espécie de praça.


'-Você tem uma missão então, Malfoy?' – alfinetou Serena – 'Lord das Trevas vai finalmente reconhecê-lo como seu servo, um legítimo Comensal da Morte?' – disse, relembrando o juramento que ouvira seu pai fazer.


'-Serena pare de dizer isso como se eu quisesse.' – ele disse, com cansaço na voz.


'-Você está ficando cada dia mais parecido com seu pai,Malfoy.' – ela deu de ombros.


'-Serena' – ele a agarrou pelos punhos e prensou à parede, os nervos à flor da pele – 'Não diga isso, pelo amor de Merlin. Nunca. Eu não sou parecido com meu pai. Nunca vou ser.'


'-Você fala como ele, age como ele, Malfoy. Daqui a alguns dias começará a ter as mesmas ambições loucas que ele.' – ela completou, séria, e o aperto em seus pulsos afrouxou.


Draco, inesperadamente pôs as mãos na cabeça e sentou em um banco próximo.


'-Eu não quero, Serena, não quero... Por favor... Ele está me obrigando... Tortura... Aos poucos... Próximo mês, será no próximo mês... Serena, eu estou ferrado... Não quero... Não essa vida...' – ele falava tudo muito rápido, bagunçando os cabelos platinados.


'-Calma, Malfoy, se acalme.' – ela pediu, assustada, sentando-se ao lado dele – 'Você não precisa fazer nada que não queira.'


'-Serena, você não me que fazer... Dar um jeito... Não quero, não quero. É uma missão, se eu não cumprir só Merlin sabe o que o Lord fará comigo...' – Draco chacoalhava a cabeça em negação, seu rosto muito vermelho.


Serena olhava abismada. Nunca vira esse olhar em Draco antes, ele estava... aterrorizado.


'-O que poderia ser tão ruim assim?' – Serena desdenhou, arrependendo-se depois.


'-Eu preciso fazer uma coisa que nunca foi feita antes... E não tenho idéia de como fazer isso funcionar' – ele sussurrou a segunda parte, olhando para seus pés.


'-É por isso, então. Você tem estado muito estranho, Malfoy. Mais do que o normal.' – Serena disse, ácida.


'-Você poderia parar de me julgar por um segundo e tentar entender?'


'-Entender o que? Se você realmente não quisesse não seria um seguidor de Voldemort!'


'-Não fale esse nome!' – Draco pediu, em um alarde – 'Não é possível fugir, Serena! Você não ouviu minha mãe e seu pai falando sobre isso da última vez? Seu pai te escondeu porque sabia que não tinha como escapar!' – ele falou rápido, arfando.


'-Se você fosse uma pessoa boa não cumpriria a missão.' – ela argumentou, descrente.


'-Se eu fosse uma pessoa má teria orgulho disso, não estaria me descabelando aqui.' – ele rebateu, seriamente.


'-Eu jurava que era isso que você queria, sabe, lá no fundo ser como seu pai.' – ela deu ombros, encarando a enorme mansão à sua frente.


'-Você acha que eu quero matar uma pessoa tão boa?' – ele deixou escapar, eufórico.


'-Matar, Draco?' – ela olhou para ele, incrédula e com um rastro de preocupação no olhar.


'-Eu não deveria ter dito essas coisas. Seu pai é o braço direito do Lord, e os dois me matarão se souberem que não quero fazer isso.'


'-Eu não vou dizer nada.' – ela disse, repentinamente.


'-E por que você não diria?' – ele questionou, lançando um olhar significativo para ela.


'-Não quero esse destino para ninguém. São coisas ruins demais.' – Serena respondeu com olhos calorosos e sinceros –'E talvez eu saiba como te ajudar, se você me contar o que está ocorrendo.'


'-Você não saberia como resolver isso, chegou em Hogwarts agora, e não sabe nada sobre esse lance de Magia das Trevas.' – ele disse, desapontado, encarando o labirinto.


'-Draco, se você realmente não quer ser um Comensal eu sei como resolver isso.' – ela o forçou a encarar seus olhos azuis – 'Mas você precisa confiar em mim.'


'-É tudo que eu menos quero. O que eu tenho que fazer?'


'-Primeiro,me conte a história, preciso saber o que teremos que fazer.' – ela lhe lançou um olhar misterioso – 'Você estaria disposto a lutar ao lado da Ordem da Fenix?'


'-Ordem da Fenix?' – ele perguntou intrigado – 'Como você sabe sobre isso? Achei que fosse ultra secreto.'


'-Tenho meus meios.' – ela respondeu, presunçosa.


'-Eu, eu não posso Serena... Se eu ameaçar mudar de lado Você-Sabe-Quem executa a todos nós na hora.'


'-Sei que sim, mas quem disse que ele precisa saber?' – um brilho de idéia surgiu no olhar da menina, que esboçou um sorriso.


'-Não sei no que você está pensando, mas nada disso faz sentido.' – ele torceu o nariz.


'-Faz sentido se você souber com quem falar.'


'-E a senhorita por acaso sabe?' – ele arqueou uma sobrancelha.


'-Se eu não soubesse não teria sugerido.' – disse, firme.


'-E quem seria?' – indagou, curioso.


'-Depois de você me contar a história.'


Draco rolou os olhos e começou fazendo-a jurar que não diria a ningué sobre como sua missão tinha sido passada a ele, no dia do baile de inverno, e também sobre os planos que ele já esquematizara, sobre as duas partes da missão, como a primeira seria a mais difícil e a segunda a mais dolorosa.


Serena ficara chocada com os relatos e as ameaças, mas aquiescia com tudo com a cabeça, certas vezes arregalando os grandes orbes azuis. A história era pior do que ele sequer imaginava, e via um sentimento estranho passar pelos olhos de Malfoy enquanto ele contava.


'-E então, senhorita Snape? Quem pode resolver isso?' – perguntou, arqueando as sobrancelhas.


'-Dumbledore.' – ela disse, quase em um sussurro.


'-Impossível, Serena... Esqueceu que é ele quem devo matar?' – perguntou, agora novamente sem esperanças.


'-E se eu lhe disse que talvez Dumbledore já saiba sobre sua missão? Ele é o único a quem você pode recorrer. Não estou falando sobre essa missão em si, é uma coisa muito maior, a guerra que está por vir.'


'-O que ele poderia fazer por mim?' – indagou ele com os ombros caídos.


'-Dumbledore protege quem está do lado dele, e ficando do lado dele pode fugir, você sabe, não precisa ser realmente um Comensal.' – argumentou, olhando para ele sincera – ' Nós vamos resolver isso quando voltarmos para Hogwarts.'


Draco gostou da maneira como a garota falou nós, pela primeira vez havia alguma amizade, cumplicidade entre os dois.


'-Você acha que ele pode resolver isso?'


'-Eu não te daria esperanças em vão. Tenho certeza que pode!' – afirmou ela, convicta, olhando para ele e dando um mínimo sorriso.


O peito de Draco encheu-se de repente com uma esperança que não sentia há muito tempo, e abruptamente puxou Serena para um abraço, rodando-a no ar em agradecimento. Nenhum dos dois era muito bom com palavras, principalmente quando se tratava de agradecementos.


Serena deixou-se ser abraçada e sorriu. Eram cúmplices de uma coisa importante; e isso soava bem para ela, deixava-a repentinamente contente.


'-Draco, Draco.' – ela advertiu, dando tapinhas em seu braço para que o rapaz a soltasse e eles se desvencilharam um do outro.


Um momento de embaraço tomou o ar entre os dois. Serena mordia forte o lábio inferior e Draco coçava a nuca nervosamente, ambos sem saber o que dizer, quando um elfo apareceu com um estalo, e a garota reconheceu ser Kile, o elfo que levara o café da manhã para ela.


'-Senhorita Snape' – o elfo fez uma reverencia exagerada – 'O senhor de Kile mandou chamar a garota e o Senhor Loiro para o almoço e ele não aceita demoras.'


Dizendo isso o elfo desapareceu no meio de outra reverencia aos pés de Serena, quando a garota reparou que Draco sorria e por dois segundos se deixou perder na imagem à sua o vira sorrir ao não ser de deboche. Agora o rapaz mostrava os dentes e um par quase imperceptível de covinhas surgiu bem próximo dos lábios uma imagem que Serena não conseguia classificar senão por distinta.


'-Por que você está me encarando?' – perguntou ele, com um rastro do sorriso nos lábios.


'-Nunca tinha te visto sorrir' – ela deu de ombros – ', não assim. E por que você começou a sorrir de repente?' – indagou, curiosa e séria, arqueando uma sobrancelha.


'-Achei engraçado o elfo me chamar de "Senhor Loiro".' – admitiu, também dando de ombros e acompanhando Serena, que seguia para a Mansão Prince para o almoço de Natal.


Na véspera de ano novo, Severo aguardava prudentemente a filha no pé da escada. Serena, após alguma demora, desceu as escadas como uma princesa. Quando a garota apareceu no topo da escadaria com um olhar inseguro, o pai a achou deslumbrante. Ela trajava um vestido curto e branco, de mangas curtas e drapeado, atrás o vestido era um pouco mais longo, indo até pouco abaixo dos joelhos, essa parte era como uma cauda, feita de um tecido fino que brilhava. Ela também prendera o cabelo em um coque médio e desleixado, com apenas a franja ajeitada para trás elegantemente.


Severo maravilhou-se com a menina, sua filha. Quando a viu não pode deixar de sorrir, ela estava magnífica e parecia já uma mulher adulta. Ao ver o pai sorrir para ela em admiração e lançar-lhe um olhar de orgulho que só pais conseguiam emitir, também ela sorriu.


Encontraram-se no fim da escada, onde Severo a aguardava. Nunca a vira tão linda, nem mesmo no baile de inverno, quando já a achara fascinante. O pai ajudou-a a descer o último degrau, estendendo-lhe a mão e admirando-a com o mesmo sorriso de pai orgulhoso estampado em seu rosto.


'-Você está linda, filha.' – ele não conseguiu segurar, era tudo o que mais queria dizer à ela.


'-Obrigada.' – ela sorriu timidamente, como Severo achou que ela nunca faria. Talvez ela não fosse tão fria como demonstrava.


Serena não conseguia descrever o que sentiu quando Snape a chamou de filha pela primeira vez. Parecia tão certo, tão natural, e pela primeira vez os quinze anos que tinham passado separados pareciam não fazer a menor diferença.


Eles estavam ficando mais próximos, a garota tinha que admitir. Nos últimos seis dias tinham trabalhado juntos no laboratório, jogado xadrez bruxo, Snape mostrara a Serena seus livros prediletos e também seu precioso estoque pessoal de ingredientes. A conversa entre os dois parecia até mesmo surgir mais fácil, ainda mais depois da segunda visita deles ao Beco Diagonal, dessa vez com a finalidade de comprar vestes para usarem na festa de Ano Novo na Mansão Malfoy, com Serena ajudando o pai a escolher um smoking elegante e a garota fazendo surpresa sobre qual roupa usaria.


Narcisa os convidara em sua última visita, no Natal. Dissera à Severo para não se preocupar com Serena, ela diria ao marido – convincentemente, ele sabia – que a garota era uma aprendiz em Poções que ele estava hospedando e tutorando. O homem tinha certeza de que Narcisa faria aquilo parecer totalmente verdadeiro.


Seguiram os dois então, via Floo para Wiltshire.


Caíram na lareira do hall de entrada, Serena tonta e tossindo muito com a fumaça, tentando em vão limpar a fuligem das vestes. Severo, aparecendo na lareira em seguida, limpou-se e à Serena com ajuda da varinha enquanto Narcisa vinha recebê-los, deslumbrante.


'-Severo, Serena, como vão? Todos já estão no salão de festas, venham, acompanhem-me. Lucio ficará feliz em lhe ver mais tarde, Severo, no escritório dele. Voltou da missão há três dias e diz ter muita coisa a falar com você. Já você, Serena, venha, vou lhe levar até os meninos.'


Serena nem ao menos conseguiu se despedir do pai, Narcisa arrastara-a para um canto fora da área de vidro que era o salão de festas. Numa espécie de praça como a do jardim da Mansão Prince, estavam dois meninos sentados em um dos bancos que circundava a majestosa fonte de cobre.


A garota aceitara uma taça de champagne no caminho, levada por um garçom que passava pelas duas.


'-Aqui está, Serena. Meninos, vejam quem chegou.' – Narcisa mostrava orgulhosamente Serena, fazendo Draco e Blaise desviarem a atenção de sua conversa para olharem-na – 'A propósito, você está muito bonita hoje, meu bem.' – admirou a mulher, olhando-a com atenção pela primeira vez.


Draco precisou olhar duas vezes para ter certeza de que era mesmo ela. Serena Snape nunca estivera tão bonita, ele considerou. Blaise demorou quase um minuto para descobrir quem era a tal menina que Narcisa segurava maternalmente pelos ombros.


'-E lembre-se do que eu lhe falei, Draco. Você disse que confia no Blaise, eu confio na mãe dele.' – ela lançou um olhar intimidador para o filho – 'Não faça nada de errado, está tudo muito ligado ao seu padrinho.' – ela falou segurando o queixo pontudo do filho entre seus dedos compridos e pálidos, dando depois um beijo na testa dele e afagando o ombro de Serena, para depois deixá-los a sós.


A garota mordiscava a taça do champagne quando Blaise falou.


'-O que a Snape está fazendo aqui, Draquinho?' – perguntou o moreno sarcasticamente, correndo seus olhos azuis escuros pelo corpo curvilíneo da garota – 'E o que é tudo aquilo que sua mãe falou?'


'-Você precisa prometer que não vai dizer nada a ninguém, seu Zabini idiota!'


'-Tá bem, tá bem...' – ele cruzou as pernas dramaticamente – 'Qual é a parada?'


'-Serena é filha do meu padrinho, também conhecido como Severo Snape.' – Blaise cuspiu o gole de firewhisky que tinha acabado de tomar na fonte – 'Foi criada com trouxas, dessa parte a Pansy nos manteve informado, para ser protegida, bem, de Você-Sabe-Quem.'


Serena bebia casualmente de sua taça enquanto os dois conversavam, atenta ao diálogo.


'-Wow.' – foi tudo que o moreno disse, de olhos arregalados, realmente surpreso.


'-Não sabia que sua família também era de Comensais, Zabini.' – comentou Serena pela primeira vez desde que chegara, mordendo intrigadamente a taça e retendo a atenção dos dois rapazes.


'-Não, não' – ele fez um gesto no ar com as mãos, brincalhão – 'A minha só acompanha, se é que você me entende... Nos bastidores. Nenhum Zabini quer sujar suas lindas mãozinhas com esse tipo de trabalho, por isso só, digamos, apoiamos.' – ele deu de ombros, dando um sorrisinho para a menina.


'-Bunda moles, isso sim' – exclamou Draco, baixinho.


'-Nem vem, Draquinho... Não era você que estava todo nervosinho por ter de fazer o trabalho sujo?' – Draco ignorou-o e virou seu copo de firewhisky, que tornou-se a encher – 'Mas vamos falar sobre você, Serena querida.' – Blaise virou-se para a garota – 'Como é o papai Snape?'


'-Nós, bem, nossa relação ainda não é muito familiar' – a garota deu de ombros, também virando todo o conteúdo de sua taça que, como o copo de Draco, encheu-se novamente.


'-Ninguém diria que você é filha dele' – exclamou Blaise, divertido com a situação.


'-Se ela não abrir a boca, é claro.' – completou Draco, a bebida já fazendo efeito.


'-O que você quis dizer com isso, Malfoy?' – perguntou ela ameaçadoramente, arqueando uma sobrancelha, lançando-lhe seu típico olhar gelado.


'-Está vendo?' – perguntou à Blaise, apontando para Serena com a mesma mão que segurava o copo.


Os três beberam e conversaram a noite toda, Serena descobrindo em Blaise um possível bom amigo, o moreno até prometera à ela que lhe daria aulas de vôo quando chegassem em Hogwarts, garantindo que ele era o melhor instrutor que ela poderia ter. A garota vira o pai algumas vezes durante a festa, mas os adolescentes preferiram permanecer na área externa a maior parte do tempo.


Faltavam trinta segundos para a meia noite. Blaise, Draco e Serena estavam lado a lado na enorme varanda, parcialmente sozinhos, esperando pela grande queima de fogos que haveria à meia noite, muito maior e espetacular que qualquer queima trouxa.


Quando finalmente o céu se tingiu de todas as cores, Blaise gritou um "Feliz Ano Novo" animado e bêbado e correu até a fonte, dançando em volta dela uma espécie de dança da chuva. Draco e Serena riram do amigo e se olharam. Quando deram conta, estavam muito perto, perigosamente perto um do outro.


Antes dos fogos acabarem de queimar no céu, Draco capturou a boca de Serena para um beijo carinhoso como nunca antes tinham trocado, calmo e satisfeito. Sorriram bêbados depois, os dois cheirando a álcool.
 


N/A: E então? O que acharam? Quero que me contem desta vez, hein... Particularmente gostei desse capítulo, rs. Tem um pouquinho de tudo... E... Nos próximos capítulos teremos mais Draco/Serena... E é claro que será mais rápido se tiver bastante comentários! hahaha

Obrigada as meninas que comentaram no capítulo anterior ;)


Isso aí pessoal. Lembrem-se das reviews!


Beijo, L.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (2)

  • Helena S. Dumbledore

    adorei o cap esta muito bom, essa é uma das minhas fics favoritas... estou ansiosa para o proximo cap bjss

    2012-07-27
  • JuhSnape

    Eu amei!!!!!!!!Esta ficando muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito boa!!!!!!!!!!eu amo sua fic!!!!mil beijos para vc Lilian.S 

    2012-07-27
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.