Prólogo



Da quarta janela do estreito prédio de cinco andares vislumbrava-se um homem vestido em negro e de cabelos igualmente negros segurar um bebê. O bebê era pequeno e de pele clara, e tinha as bochechas coradas herdadas da mãe.


O homem colocou a criança adormecida no berço e fitou-a por alguns instantes. Suspirou. Conjurou um pequeno baú e colocou nele alguns livros que trouxera consigo. A porta se abriu em uma fresta.


        -Senhor...? Queria saber se o senhor já terminou por aqui... - perguntou a mulher, alerta.


        -Snape. – respondeu seco – Ainda não. Não está vendo que ainda estou arrumando as coisas da criança?


        Com o olhar gélido que recebeu, a moça arregalou os olhos e calou-se.


        -E a propósito, preciso deixar algumas coisas muito claras. – Severo deixou o baú sobre uma cômoda e aproximou-se da mulher – Ali, naquele baú – apontou o objeto -, há livros de leitura indispensável. Apesar de estar deixando-a num orfanato trouxa, quero me certificar que ela saberá quem é, e sua função é não deixá-la se esquecer disso. – Snape fez uma pausa – Não compreendo realmente senhorita, o que uma bruxa mestiça faz aqui, neste lugar trouxa. Mas como essa desgraça não é minha, só quero garantir que ela saberá que é bruxa e saiba o que é Hogwarts, e já basta. – o homem virou-se e pegou novamente no baú – Agora você já pode nos deixar, senhorita. Aviso-te quando acabar por aqui.


        Ela apenas acenou, temerosa, e deu meia volta em direção à porta.


      Snape trancou o baú e empurrou-o para baixo do berço pequenino, exatamente igual a outros sete naquele quarto.


        Olhou para a criança mais uma vez, mas não despediu-se dela. Ela nem ao menos se lembraria.


     Virou-se e sua capa voou no ar, e saiu exatamente com a mesma expressão que entrara: indiferença. Severo Snape nunca tinha sido bom em despedidas.


 ...


         Ela era ruiva. Tinha bochechas coradas. Olhos azuis. E sua energia contagiava a todos. E ela era dele.


        Passado certo tempo, Severo apercebera-se que era encantado por Lily Evans por que ela era ruiva. Assim como a sua ruiva. E Lily também era fogosa, assim como ela. Mas Lily era de Potter. E Alexandra era dele.


         Alexia teve o coração de Severo no último ano de Hogwarts. E mesmo no tempo em que ficaram sem se ver, ele continuara sendo dela. Inteiramente dela. Apaixonadamente dela. Foi quando sua ruiva voltou para a escola, desta vez para lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas, é que ficaram juntos. Alexia era viva, encantadora, genial. Severo era rude, calado e frio. Ela cativara alunos e professores em pouquíssimo tempo, ele ainda era odiado e temido por muitos. Mas Severo era de Alexia e Alexia de Severo. E isso bastava.


      Por muito tempo, Alexandra Spring foi considerada a melhor professora de DCAT que já passara pelo cargo, mas, assim como tantos outros, foi sendo esquecida com o tempo. Seus alunos não mais estudavam em Hogwarts, e os filhos destes ainda não haviam ingressado na escola.


Alexandra seria lembrada novamente somente quando parte dela voltasse, em forma de uma sonserina calada e de sorriso maroto, cabelos negros, bochechas rosadas e, sim, olhos azuis.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.