Capítulo 9



Capítulo 9


 


- Quer dizer que o Scorpio perdeu a memória? – perguntou Alvo à prima no dia seguinte, quando ela foi até o salão comunal da Sonserina para contar sobre Scorpio – Caraca meu... Você está me dizendo que meu melhor amigo não se lembra de nada?


- Al, ele foi obliviado pela Tallie Fiaz, você a conhece né? – perguntou Rose ao primo e como via que ele assentia, prosseguiu – Ele não se lembra de praticamente nada... nem de mim. – falou ela deixando as lágrimas escorrerem.


- Sei que você está muito mal prima, mas como assim praticamente?


- Ele me disse que se lembra que é um bruxo. – falou ela enxugando as lágrimas.


- Mas como isso é possível Rosie? O obliviate é completo. Apaga tudo da memória. – falou Alvo perplexo.


- Eu sei Al, mas a Tallie não deve ter feito o feitiço com força suficiente. Mas quem se importa? Grandes coisas ele lembrar que é bruxo! Eu ficaria com ele mesmo que ele fosse o trouxa mais pobre do mundo. – falou Rose tornando a chorar.


- Você ama mesmo ele. Nunca imaginei que isso um dia fosse acontecer. Mas já que aconteceu, quero que você saiba que ele também te amava muito. Ele tinha se decidido por falar com a Tallie no dia que voltamos, mas eu disse pra ele esperar, pra ninguém desconfiar de nada. Sinto muito. – falou Alvo por fim, chorando também.


- A culpa não é sua. É minha. Eu falei que ele tinha que terminar com a Tallie, aí quando ele foi fazer isso, ela resolveu se vingar. A culpa é somente e inteiramente minha.


- Rosie, no dia em que voltamos de casa, ele me disse que antes de você pedir pra ele terminar com a Tallie, ele já havia decido fazer isso. – falou Alvo abraçando a prima – A culpa não foi de ninguém. Fica tranqüila. – e dizendo aquilo, se despediram e Rose foi para o quarto, em seu salão comunal.


Ao chegar lá, deparou com uma menina do sétimo ano, da Lufa-Lufa.


- Olá, sou Julia Kant; a nova monitora-chefe. – falou a menina loira, do tamanho de Rose.


- Prazer Julia. Você já se instalou?


- Oh sim! Minerva cuidou de mudar tudo no quarto do antigo monitor. Obrigada.


- Por nada, qualquer coisa você pode me chamar no meu quarto. E, escuta – falou ela virando-se para a menina novamente – será que você poderia me fazer um favor?


- O quê?


- Hoje a ronda é feita apenas aqui nesse andar. O antigo monitor era alguém muito especial para mim e, bom, ele foi obliviado por uma aluna da Sonserina e agora está internado. Seria pedir muito, você fazer a ronda sozinha? Qualquer dia desses, quando você precisar, eu faço a ronda sozinha também. – falou Rose, novamente às lágrimas.


- Claro. Não se preocupe com a ronda, que eu faço sozinha hoje. Tchau. – falou Julia e assim, cada uma seguiu para seu respectivo quarto.


 


No dia seguinte fazia um sol muito forte e todos estavam fora do castelo apreciando as paisagens, fazendo passeios, etc. Até mesmo Rose fora convidada por Wanda para passear um pouco, mas ela recusou e resolveu ir passear sozinha.


Ela andava sozinha, pensativa, por entre as primeiras fileiras de árvores da Floresta Proibida, quando de repente viu um vulto. Um vulto conhecido – ela tinha certeza de que já havia visto aquele vulto em algum lugar.


Mesmo assustada, resolveu seguir aquele vulto. Correndo atrás de seu alvo, viu que o vulto desapareceu numa enorme clareira dentro da Floresta.


Nesta clareira havia um pequeno lago, muito convidativo e que parecia raso. Ela então resolveu entrar naquele lago e qual foi sua surpresa, bem no meio do lago, tinha algo meio retangular que se seguia sempre para baixo. Parecia uma escada.


Ela então foi descendo cada vê mais, até ter certeza de que realmente era uma escada, quando então voltou à superfície a conjurou uma bolha de ar em seu rosto. Nadou novamente, sempre para baixo, por uns quinze minutos, quando viu que, para sua surpresa, aquele lago não ia parar em uma caverna, mas num lugar que parecia uma enorme sala.


Andou por toda aquela sala e nada encontrou, a não ser alguns móveis, todos mofados devido à umidade do local. Mas quando olhou com mais atenção, encontrou um espelho que parecia intacto. Andou até o espelho e quando pôs a mão nele, ele absorveu sua mão. Certa de que aquele espelho poderia ser uma passagem secreta, entrou nele.


Ela rodopiou por alguns segundos que pareciam eternos, até que saiu numa sala que ela sabia que conhecia.


A sala era idêntica à sala de poções, nas masmorras, porém estava diferente. A sala parecia ser de séculos atrás, talvez até milênios. Tudo era muito antigo, sua decoração; sua pintura; seus móveis... Tudo era diferente, mas a sala era a mesma.


Ela andou por entre a sala, quando viu novamente o mesmo vulto que havia visto vezes antes. Foi então correndo até o vulto, quando percebeu que ele não estava mais lá.


Com certeza de que havia voltado no tempo, mas sem saber como isso era possível sem a ajuda de um vira-tempo, resolveu sair da sala. Novamente ela viu o vulto que dessa vez olhou nos olhos dela.


Era uma menina; aparentemente da sua idade. Ela fez sinal para que Rose a seguisse e assim Rose fez.


Elas não estavam mais na sala de poções. A menina levara Rose até um local, que Rose reconheceu ser uma das celas das masmorras, em seu período ativo (ela já tinha visto umas duas fotos das masmorras no livro Hogwarts: Uma História).


Naquela cela havia um círculo no centro que devia ter uns dois metros de diâmetro, ao que Rose concluiu, que o círculo era um pequeno poço, onde provavelmente era colocada água para os prisioneiros.


- Não é o que você está pensando. – falou uma voz espectral, ecoada, parecida vir do além; mas Rose não conseguiu identificar quem era o autor ou a autora de tal voz.


Ela insistiu em procurar e até ficou olhando para a figura feminina que ainda estava parada ao seu lado, quando de repente ela viu uma forma sair do meio da escuridão. Era uma figura encapuzada, curvada e ao mesmo tempo em que estava de frente para Rose, estava também, muito distante. Rose imaginou que fosse algo, pois não sabia se podia dar o nome de ‘alguém’ a tal forma, da mesma forma que era a menina ao seu lado.


- Como assim não é o que estou pensando? – perguntou Rose, imaginando que a única maneira de aquela estranha figura saber o que ela estava pensando era pelo método de Legilimência – Isso não é um poço?


- Sim e não. – respondeu a forma encapuzada – É como se fosse um poço, mas não para servir por sua função de poço.


- Explique-me melhor, por favor.


- Não servia para dar de beber aos presos, muito menos a quem tomava conta da cela. – explicou, ao pedido de Rose, a figura encapuzada.


- E para que servia? Ou, para que serve?


- Interessante.


- O quê?


- A senhorita não me perguntou onde estamos. Mas perguntou implicitamente em sua pergunta anterior a esta, ‘quando estamos?’. – disse com uma voz sombria.


- Imagino que sei onde estou. Mas há alguns muitos anos antes de estar. – falou Rose.


- Correta. E, respondendo à sua outra pergunta, servia e ainda serve, de certa forma, para algumas coisas que necessito fazer. Tem poderes além do explicável, coisas que imagino que você nem sonhe que exista.


- E que coisas são essas que você imagina que eu não sei? – perguntou Rose de forma indagadora.


Antes de responder à pergunta de Rose, a forma estranha e encapuzada, se despiu de seu capuz, revelando ser uma mulher, acabada – por assim dizer – devido ao passar dos anos, provavelmente. Tinha cabelos, apesar da idade, muito negros e longos e também uma tatuagem, carimbada em sua face, bem ao centro da testa. Era uma estrela, envolta em um círculo, que de acordo com histórias trouxas, era um pentagrama.


- Sou uma feiticeira. – falou a mulher com aquela voz sombria.


- Como uma bruxa? – perguntou Rose, mas sem se assustar.


- Talvez. – respondeu a mulher de forma enigmática, dando margem para Rose continuar com as perguntas.


- Isso não me assusta, muito menos me intriga.


- Você não fica assustada sabendo que existe gente no mundo, muito poucas, claro, que são dotadas de capacidade para realizar magia? – perguntou a mulher incrédula.


- Não. O que me faz perguntar-te novamente, quando estamos?


- Estamos no século 14. Época de grandes reis, cavaleiros... A história descende de nossa época. – disse a mulher, como se aquilo fosse algo tão importante a ponto que devesse ser admirado.


- Quer dizer que estamos há muitos anos do meu tempo? Uau... Jamais pensei que fosse possível voltar tantos anos na história.


- O que você quer dizer? – perguntou a velha.


- Sou do século 21. Setecentos anos a frente de vocês.


- Mas se a senhorita é de tempo tão avançado, como pode acreditar que se é possível voltar no tempo, uma vez que a magia não é dada a leigos e uma vez que eu vi que a magia seria esquecida para sempre?


- Não sei se sou capaz de te fazer entender, mas tentarei. Em sua mente, a magia só é dada a quem merece aprender a magia, ou seja, a quem nasce com um dom voltado para as Artes Mágicas. Bem, imagino que no tempo em que estamos, apenas pessoas permitidas possam se dedicar à estas arte, estou certa?


- Sim, está.


- Então, o que eu acabei de dizer está de acordo com a história, porém isso com o tempo foi acabando e algumas pessoas começaram a nascer já sabendo magia, precisando apenas aprimorá-la. Com isso foram criadas escolas onde quem nascesse com capacidade mágica, pudesse aprender a controlar sua mágica e aprender, provavelmente, tudo o que se sabe sobre magia.


- Quer me dizer que existem feiticeiros já nascidos feiticeiros? – perguntou a mulher estupefata.


- Sim. – falou Rose rindo – Não bem feiticeiros, mas bruxos. Existem bruxos entre os humanos, mas que de acordo com nossas leis, devem se manter na clandestinidade. Isso não quer dizer que não podemos viver entre os trouxas, como nós chamamos os não bruxos, mas que não podemos revelar que somos bruxos.


- Você está me dizendo que é capaz de realizar magia? Você é uma bruxa?


- Sim, eu sou uma bruxa. Mas creio que não sou capaz de realizar os feitos que você é capaz de realizar. – falou Rose citando diversas coisas que uma feiticeira seria capaz de fazer e ela não.


- Você não consegue ver o futuro? – perguntou a feiticeira.


- Bom, poderia, eu acho. Mas não freqüento as aulas de adivinhação na escola. – respondeu Rose corando.


- Entendo.


- Mas agora me deixe fazer uma outra pergunta.


- Fale. – ordenou a feiticeira.

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