Prólogo



O homem dos cabelos grisalhos e testa soada acendeu a luz do abajur e amarrou o roupão, abafando o pijama marrom de seda. Alisou o bigode e puxou a gasta cadeira de madeira. Não era certo. E ele sabia disso. Havia um jeito. Ele era um Lestrange, e, dos tipos raros dos Lestranges, daqueles que amou. Os olhos estavam secos, sequer uma lágrima caira dos olhos inchados. Ele era Rodolfo.

Segurou no puxador da gaveta, com a mão direita em baixo da mesma, deixando a própria sem rangidos. Tirou de lá uma caixa empoeirada, e assoprou-a, ao mesmo tempo em que tirava sua varinha da mesma. Abriu o livro cheio de gravuras e acompanhava sua leitura com narrativa. Revirou a pasta sobre a mesa, tirando de lá um papel velho e amassado. Com a voz grossa, pôs se a falar.

“...Você sabe que sobe apenas a 2 pés de distância do chão, mas ele quase matou o gato e quebrou um vaso horrível que Petúnia me mandou no Natal (sem aborrecimentos). É claro que Tiago achou engraçado, e diz que ele será um grande jogador de Quadribol, mas nós tivemos que retirar todos os enfeites e ter certeza de que não podemos tirar os olhos dele quanto ele 'voa'.”

O homem até continuaria a rolar os olhos pela carta, mas algo o interessou. Os olhos arregalaram-se. Ele levantou a cabeça e disse para si mesmo:

- Um gato?

Saiu da cadeira rapidamente, murmurando “não pode ser, mas não pode ser”, enquanto chegou á uma bacia de pedra. Tirou do lado da mesma um frasco de vidro, derramando-o por inteiro lá e mergulhando sua nuca nela. As palavras do grisalho agora ecoavam por sua mente. “Ele só o tornou uma horcrux pois você era a única coisa viva naquela casa, Harry”

Apreciou a lembrança, estava certo, havia um jeito. 

Ele checou o segundo livro empoeirado na instante com um sorriso no rosto. “Como Criar Feitiços”.

Ele passou madrugadas agitando á varinha apontada ao besouro que matara com uma forte batida de botas.

- Vestamium! – Agitou a varinha. Que dê certo, por favor, por favor.

As pequenas perninhas do besouro agitaram-se vagarosamente, e ele esperneava. Rodolfo queria gritar, contar ao mundo vingaria a vida de sua amada, aquela que morrera tão justamente injusta. Mas não, não poderia gritar, agüentaria a felicidade tomá-lo por inteiro calado, como a tristeza e o rancor que guardara. 

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