Da onde tude vem!



O pedido de Rebecca em não mencionar a Patrick sua visita e nem as intenções dele e Hermione a Sra. Kessler agradou, e muito, a Harry. Deixá-lo de fora era uma resposta as indiretas sobre Heckett, o comportamento arrogante que assumiu nos últimos tempos e mais alguma coisa que Harry não sabia explicar, mas que o aborrecia demais.


–       Agora é com vocês. – disse Harry finalmente se recuperando de tanto rir do que Hermione lhe contou sobre o desfile.


A Sra. Kessler as recebeu entusiasmada; Hermione achou Rebecca um pouco nervosa. Ela conhecia a Sra. Kessler, mas com certeza a Sra. Kessler a estava vendo pela primeira vez. Em outra situação Hermione tentaria saber mais sobre a relação entre as duas no passado, mas sua prioridade era outra naquele momento. Se a Sra. Kessler simpatizasse com Rebecca com certeza confiaria ainda mais nela e talvez contasse o real motivo de deixá-la estudar sua coleção de livros raros e quem sabe o que mais poderiam descobrir sobre o os Bruxos Zeelen? Hermione pensavam muito no casal Weasley e indiretamente em Rony; será que ele sabia noticias dos pais? Jorge havia rompido a sociedade com ele, então, como Rony estaria se preparando para ser pai?


–       Por que me torturo com isso? – perguntou a si mesma quando sentaram a mesa para o chá. Heckett já as esperava.


–       A primeira pergunta é óbvia – começou a Sra. Kessler – como conseguiu os ingredientes para a poção Siempre Viva?


Rebecca tirou da bolsa um livro de capa verde musgo.


–       Sempre fui fã de seus livros. Tentei por muito tempo conseguir qualquer um que fosse e por sorte foi esse...


–       Edição rara! – disse a Sra. Kessler entusiasmada; apanhou o livro e o examinou com cuidado.


–       Esse livro me inspirou a me tornar uma mestra de poções. – acrescentou Rebecca. Hermione lembrou as palavras da própria Sra. Kessler sobre ter cuidado com pessoas que admirassem sua obra; um trabalho basicamente todo dedicado as Artes das Trevas.


Heckett não foi tão amistosa. Olhava Rebecca e Hermione com uma expressão de maldosa curiosidade.


–       Não conseguiu preparar a poção mesmo com a ajuda de Hermione.


–       É uma questão de tempo. – respondeu Rebecca.


O medo de Hermione era que Rebecca começasse a agir como no dia que se conheceram, mas apesar do aparente nervosismo Rebecca estava sendo simpática e Hermione imaginou que os assuntos pendentes que tinha com a Sra. Kessler deveriam ser muito sérios.


–       Suas poções fazem sucesso numa loja de logros eu soube. – disse Heckett.


–       Autêntico! Os mesmos erros de impressão! Foram impressos menos de trinta desses! – exclamou a Sra. Kessler devolvendo o livro a Rebecca.


–       Paguei muito caro por ele, mas valeu à pena.


–       Vocês são amigas? – perguntou Heckett apontando Hermione.


–       Ficamos mais próximas quando trabalhamos com Elvira e depois fomos para Ilha Queequeg. –Hermione respondeu rápido.


–       Tomamos banho juntas; se lembra disso Hermione?


–       Sim... e fomos atacadas por lobisomens. Foi um dia emocionante...


–       Você foi namorada do Conselheiro Rent não? – continuou Heckett. – Hermione está com ele agora. Ele veio buscá-la aqui; fingiu estar passando... foi tão meigo.


–       Não estou... com ele! – afirmou Hermione.


–       Tudo bem. – respondeu Rebecca sorrindo. – Eu terminei com Patrick e infelizmente Hermione foi rejeitada.


–       Heckett sabe a historia Rebecca. Todo mundo sabe...


–       É bom saber que Hermione está se recuperando dessa situação humilhante. – comentou Rebecca levando a xícara de chá à boca; Hermione notou que ela não bebeu nada e tornou a colocar a xícara no pires.


–       Desculpe – disse Heckett – mas tenho que dizer que é tão estranho vocês duas continuarem amigas...


–       Homens não devem interferir em nossas vidas – disse a Sra. Kessler – isso prova que a Srta. Slater é bem resolvida com essas questões fúteis.


–       Ela é... Muito resolvida. – concordou Hermione.


–       Sim, eu sou. Sorte minha... – disse Rebecca sorrindo. – Quem se meteria com a bruxa mais inteligente de sua geração?


–       Sem fome Srta. Slater?


–       Heckett, uma mestra em poções nunca come ou bebe nada na casa de estranhos. – comentou a Sra. Kessler passando mel em uma torrada.


–       É uma grosseria! Não envenenamos a comida.


–       Só não gosto de bolo de frutas. – disse Rebecca encolhendo os ombros.


Pouco mais de meia hora depois Hermione e Rebecca saíram do sobrado e atravessaram a rua; antes de chegarem ao outro lado Rebecca segurou a manga do casaco de Hermione e as duas foram parar no topo de uma montanha.


–       Onde estamos? – exclamou Hermione cruzando os braços e se encolhendo.


–       Algum lugar perto do Himalaia eu acho... Precisava de ar... – respondeu Rebecca.


–       Não podia ter escolhido outro lugar? Vamos congelar aqui!


Por duas vezes Rebecca abriu a boca e gesticulou, mas não disse nada. Andou ao redor de Hermione resmungando.


–       Não esqueça nosso trato! – disse por fim e aparatou.



Nos dias seguintes Hermione percebeu que a saúde da Sra. Kessler melhorara consideravelmente. Não demorou muito para alguns livros interessantes simplesmente aparecerem na biblioteca. Em um dos menores sem titulo e sem o nome do autor encontrou o poema e o nome do bruxo que o Líder mencionara: Hayyan Zeelen.


–       A única referência que vai achar sobre essas pessoas Srta. Granger. – disse a Sra. Kessler.


Hermione examinou o exemplar; parecia um manuscrito escrito há muito tempo.


–       A senhora o conheceu Hayyan Zeelen assim como conheceu Tom Riddle. – afirmou Hermione encarando a Sra. Kessler.


–       Bruxos ligados às Artes das Trevas sempre me procuram. Assim como Tom esse rapaz era brilhante, mas os tempos eram difíceis para nascidos trouxas; muito piores do que pode imaginar. Não eram bem vindos em lugar nenhum. Ouviu falar no Selo de Magia com certeza.


–       Sim! Nascidos trouxas chegaram a usar uma espécie de marca em suas varinhas.


–       John Fargas era um intolerante. Há muitas histórias sobre ele torturando inimigos do Ministério. Todo problema era culpa dos nascidos trouxas ou dos mestiços! As más relações do Ministério com outros países, economia e tudo mais que acontecia de errado. Para ele a magia era respostas a para tudo a falta dela ou adquirida de um modo que ele não podia explicar...


–       Era uma espécie de roubo... já ouvi isso antes...


–       Claro, que ouviu! Uma das maiores amigas de Fargas chegou a ser sua diretora, sua protegida.


–       Umbridge. Às vezes penso nela. Uma conversa sobre Artes das Trevas serem apenas um detalhe.


–       Verdade.


–       Umbridge nunca se declarou uma bruxa das Trevas; ela só é incrivelmente má.


–       Curioso de fato...


–       Mas voltando a historia... Na época de Fargas vários mestiços foram forçados a viver na Travessa do Tranco. – comentou Hermione relembrando trechos de livros que já lera a respeito.


–       Que era constantemente invadida para “averiguações”. – disse a Sra. Kessler.


–       Aqui diz que o estopim para a formação do grupo foi o Hayyan ter a autorização para ser animago negada e se manifestar pubicamente.


–       Ele começou a se tornar conhecido e admirado depois disso.


–       O Líder disse que ninguém no Ministério acreditou que um garoto sem descendência mágica pudesse ser um animago. Mesmo hoje em dia ser um animago é muito raro. Ele teria de ser um aluno no mínimo brilhante...


–       Depois modo como tudo acabou – continuou a Sra. Kessler – o pânico tomou conta de todos. Fargas se afastou gradualmente do poder até ninguém mais se lembrar dele.


–       O Ministério parou de duvidar da capacidade de nascidos trouxas e mestiços, mas nem por isso passou a gostar de pessoas como eu!


–       Pegou os anos mais leves Srta. Granger.


–       Eu tive muita sorte...


–       É fato que o modo como lidaram com o garoto influenciou diretamente o modo com se relacionariam com Tom Riddle no futuro.


–       Com medo e mais ódio contra não sangue puros. A senhora sabe do arquivo azarado não tem idéia...


–       Tenha uma boa leitura Srta. Granger é realmente tudo que poderá saber sobre essas pessoas.


Hermione examinou o livro; teve sensações muito ruins ao segurá-lo. De forma figurada e nas entrelinhas o ataque de John Fargas ao grupo era descrito. Dezenas de pessoas incluindo mulheres e crianças haviam morrido. Uma imagem horrível de sofrimento e dor se formou na mente de Hermione; ela soltou o livro algumas vezes antes de chegar ao final. No mesmo dia contou a Harry tudo o que lera.


–       Tenho certeza que Remigio e a Sra. Robinson estavam no grupo. Ele nascido trouxa e ela mestiça; todos muito jovens. Escaparam de alguma forma, mas mantiveram contato! Levaram anos para se firmarem como cidadãos respeitáveis da sociedade bruxa e mais tempo recrutando pessoas... – disse Hermione com raiva. – Foi um massacre! E não foi o primeiro com Fargas a frente do Conselho. Era grande amigo de Umbridge! Indiretamente ele é culpado por você ter mais essa cicatriz!


Harry não respondeu; cobriu a mão se lembrando do que passou na sala de Umbridge. Com certeza um dos piores momentos de sua vida. Esperou Hermione se acalmar para continuar a conversa.


–       E Madeleine Hayes? Ela não tinha nada a ver com esse grupo. Por que a mataram?


–       Não sei... – respondeu Hermione sentando no sofá. – Não há nomes, mas algumas descrições bem precisas. E o poema que Fargas recitou aquela noite eu li inteiro; é deprimente...


–       McGonagall, o Sr. Weasley são inocentes! O próprio Fargas admitiu! Quase perderam a vida por isso. A Sra. Twitch perdeu o marido.


–       E as pessoas que morreram Harry? Como puderam ignorar? Muita gente sabe o que aconteceu! Como se vive com isso na memória?


–       Tudo referente a esse caso foi azarado por Fargas. – disse Harry também zangado – McGonagall mesma lhe disse que é até arriscado falar sobre isso!


–       Foi daí que surgiu o medo de falar o nome de Voldemort, sabia? Você não tem idéia do que não precisávamos ter passado se... o que você não precisa ter passado se o modo como esse assunto fosse tratado fosse diferente.


–       Voldemort não existiria? Bobagem Hermione! Ele estava apenas começando, mas já tinha idéias bem definidas.


–       Eu sei, mas Hayyan foi ridicularizado por querer se tornar animago; zombaram até suas roupas e quando ele demonstrou seu talento como bruxo simplesmente o ignoraram!


Uma duvida surgiu em Harry baseada na estranha expressão de Hermione.


–       Você teria entrado? Para esse grupo?


–       A Sra. Kessler diz que não há exclusão em seguir as Artes das Trevas. Você ouviu o discurso do Líder! Ele viveu com essa lembrança por anos... Precisava de alguma forma se confortar...


–       Há muitas maneiras de se buscar conforto Hermione... – disse Harry com propriedade.


–       Você pensou em se vingar muitas vezes Harry. Tenho certeza que estaria com essas pessoas!


–       Não usando como meio Artes das Trevas!


Hermione se retirou sem dizer mais nada. Ela teve vários pesadelos naquela noite. A Sra. Black gritando sem para que a sangue ruim saísse de sua casa. Comensais da Morte invadindo a casa e a levando arrastada até a Travessa do Tranco para trabalhar para Solomon Bluter. Depois de ficar muito tempo acordada repassando as imagens do sonho Hermione levantou e parou em frente ao espelho. Deixou amostra a cicatriz que Belatriz lhe fizera no pescoço. Agüentara os olhares das amigas de Pansy e suas palavras. Nada tinha mudado pelo menos não para elas.


–       Eu sou uma sangue-ruim! Não escolhi nascer assim! – disse para si mesma.


A demora de Hermione em descer para o café deixou Harry preocupado.


–       Hermione... – disse cautelosamente batendo na porta do quarto da amiga.


–       Um minuto Harry!


Quando a amiga abriu a porta Harry viu de relance a caixa que Hermione guardava fotos no chão; e os livros que mais gostava espalhados em cima da cama.


–       Noite difícil... – murmurou Hermione enrolada em um cobertor.


Os dois tiveram uma longa conversa. As poucas informações nos livros da Sra. Kessler não os fez desanimar. Harry sabia que em algum lugar no Ministério estava o arquivo que Waxflatter registrara os acontecimentos daquela fatídica noite. O arquivo que Fargas azarou e que incriminava a ele e a Umbridge; também continha o nome das vitimas talvez tão inocentes quanto Sr. Weasley, a Sra. Twitch e McGonagall. Harry sentia que estava prestes a desvendar uma das passagens mais obscuras da história do Ministério. Hermione acabou voltando ao normal e se lembrou um detalhe importantíssimo que ouvira de Moody e Tonks na noite que ela e Rony se preparavam para buscar Harry na casa dos Dursley anos atrás. Os dois elaboram um plano e se convenceram que a verdadeira historia dos Bruxos Zeelen estava muito perto de ser totalmente revelada. Não restaria mais duvidas, não haveria mais vingança. Só a verdade e finalmente justiça.


–       Tem certeza que não quer dizer nada a Patrick?


–       Se der alguma coisa errada ele vai estar no meio e já o meti em muitas encrencas.


–       É, mas ele é Conselheiro...


–       Já me decidi Hermione... Escute... acho que está passando muito tempo naquela casa com aquelas mulheres. Já conseguiu as informações que precisávamos. Sabemos que existe mesmo um arquivo, sabemos mais sobre o perfil desse pré-voldemort; já tenho uma idéia do que procurar no Ministério então acho que você dever tirar uns dias de folga.


–       Ainda tem coisas que quero saber! Sobre o garoto que mora ali; tenho certeza que ele é filho Heckett! Além disso, ainda não abri um portal como se deve!


–       Concordo com Rebecca aquele lugar com aquelas duas não é pra você.


–       Você também me acha tão boba assim?


–       Não foi isso que eu disse!


–       Sei me virar! Sempre digo isso a você e sempre disse a Rony! Talvez eu tenha sido uma idiota com ele, mas não sou...


Harry a abraçou depressa.


–       Você é incrível. Só acho que está estressada com essa historia!


–       Quer desistir?


–       Não! Sinto falta de Gina... E do sorvete de morango da Sra. Weasley. Da loja...


–       Da Toca... dos suéteres.


–       Devo isso a Sra. Weasley. Não acredito que o Sr. Weasley tenha apontado a varinha para ameaçar alguém quanto mais matar. Waxflatter registrou toda a verdade e aposto minha vida como o que vou encontrar é muito diferente do que você leu naquele livro!


–       Manuscrito... era um manuscrito. Ainda não foi acabado. Procure o arquivo! Eu vou pesquisar algumas anti azarações.


–       Eu sou cara que sobreviveu! – disse Harry abrindo os braços.


–       Você é o cara mais atrasado para trabalhar hoje!


–       Droga! É mesmo!


Antes de sair Harry parou em frente a Hermione e disse:


–       Nada de abrir portais hoje!


–       Ok. – respondeu ela com as mãos para trás.


–       Ótimo.


–       Ótimo...


Harry entrou na lareira com a certeza que a amiga mentira.


Antes de começar sua rotina diária Harry passou pela Sala da Penseira; continuou a andar por quase meia hora virando de um lado para outro. As portas de madeira sem identificação ficavam cada vez mais longe um das outras o que deu a Harry a sensação de que estava no caminho certo. Por dedução a sala que procurava devia ser mais isolada; o problema era que o corredor ficava cada vez mais silencioso e estreito demais. Num certo momento o caminho pareceu sair de foco; Harry tocou o rosto para conferir se estava mesmo com os óculos. Parou nervoso sentindo o coração acelerado. Ainda se esgueirou mais um pouco com a mão no peito como se esperasse um ataque fulminante.


–       Expecto Patronum!


O patrono de Harry seguiu em frente; momentos depois uma mulher apareceu.


–       Por que lançou um patrono? Algum bruxo das Trevas está próximo? Devo dar o alarme?


–       Não. Só não estou me sentindo muito bem... que feitiço há nesse corredor?


–       Não há feitiços nesse corredor.


–       Quem é a senhora?


–       Tenha um bom dia. – respondeu a mulher dando às costas a Harry.


–       Espere! O que seu departamento faz? Preciso de algumas informações!


–       Sobre mim?


–       Não...


–       Então não posso ajudá-lo.


–       Tem água na sua sala? Pode me dar um pouco?


A bruxa se aproximou. Uma mulher de meia idade; magra, de cabelos castanhos bem curtos e olhos verdes escuros.


–       Pode se levantar sozinho?


–       Sim! Eu sou Harry...


–       Eu sei quem o senhor é. Conheci pelo patrono. Um belo patrono.


–       Obrigado...


–       Sou a Srta. Dale.


–       Senhorita...


–       É senhorita! Algum problema?


–       Não, não senhora.


–       Senhorita! Siga-me.


A sala que ela e Harry entraram era muito escura e Harry pode ver apenas um balcão. Ouvia um som parecido com um zumbido e sentia rajadas de ar. A Srta. Dale lhe entregou um copo de água.


–       O que tem atrás do balcão?


–       Não vou a sua sala fazer perguntas de quem deixou o que para quem! Pensei que ser educado era uma de suas qualidades Sr. Potter.


–       Desculpe... Vou começar de novo – disse Harry tomando um pouco de água – procuro registros sobre bruxos. Quando e onde nasceram e a senhora cuida disso, certo?


–       Sim, é isso que guardo aqui. Por esse corredor vai encontrar as salas que guardam tudo que todos os bruxos precisam. Somos o ponto de partida para tudo no Ministério. Recebemos, separamos e enviamos informações para todos os departamentos. De penas a pergaminhos e tudo mais...


A Srta. Dale apontou para o teto; Harry viu o trafego de memorandos como um enxame de abelhas. Chegavam dezenas ao mesmo tempo e Srta. Dale começou a atender pedidos de bruxos dos mais variados departamentos do Ministério. Papéis saiam das sombras e ao sinal da varinha dela se juntavam e formavam pastas que entravam por uma espécie de túnel no teto. Uma delas seguia para a sala de Percy.


–       Se eu lhe der um nome... – continuou Harry.


–       Esse tipo de informação só com autorização do Ministro. E quando falo em autorização não é um simples memorando! Falo do selo oficial do Ministro da Magia.


–       A senhora... a senhorita trabalha muito tempo aqui?


–       Por que acha que tenho que responder suas perguntas Sr. Potter?


–       Bem... são perguntas simples.


–       Devolva meu copo e tenha um bom dia.


–       Importa-se se eu ficar mais um pouco?


–       Sr. Potter. Não posso dar nenhuma informação sem autorização, por favor, não insista!


–       Podemos conversar sobre outras coisas. – disse Harry apesar de não conseguir pensar em mais nada além de uma serie de perguntas.


–       Tem uma cadeira atrás do senhor. Sente-se e respire até se acalmar totalmente. Alguém mais sabe que tem fobia de lugares fechados?


–       Não. Isso começou faz pouco tempo. – Harry respondeu sincero e direto.


–       Tenho uma amiga que tem fobia de borboletas... – comentou Srta. Dale dando uma risada parecida com um soluço.


–       Tenho um amigo com medo de aranhas.


–       Rony Weasley.


–       Como sabe?


–       Todo mundo sabe.


–       Claro, às vezes me esqueço que todo mundo sabe alguma coisa sobre nós.


–       O senhor é tão jovem...


–       Então, por favor, não me chame de senhor.


–       Tenho um filho um pouco mais velho que você; todos os chamam de Shack. Ele é um Revistador classe B!


–       Revistadores especialistas em voos.


–       Ele queria ser Auror, mas a guerra foi vencida e os Aurores acabaram.


Harry e a Srta. Dale começaram a conversar; ela tirou da gaveta óculos para ler o titulo de algumas pastas. Ela os empurrava reclamando que insistiam em cair na ponta do nariz. Harry comentou do feitiço para manter os dele preso ao rosto; contou também da Sra. Twitch e de como ela convenceu a tia a levá-lo a um oftalmologista.


–       Conheço Ferdinanda.


–       A senhora nem sempre trabalhou aqui não é?


–       Não. Fui secretaria dos Aurores por muito tempo.


–       É amiga de Kingsley?


–       Sim, somos amigos. Ele me pediu que substituísse o bruxo que trabalhou aqui e se aposentou... E aqui estou eu. Excitante!


–       Podia ser pior! A senhora podia ser uma papa galeão como eu!


–       Ah, isso seria mesmo ruim! Gosta do seu trabalho?


–       Sim! Eu queria fazer alguma coisa diferente! Longe das Artes das Trevas.


–       Pelo que andei lendo não tem conseguido muito não é? É sobre aquele grupo das Trevas que procura informações?


–       Sim. Conversei com John Fargas; ele me falou sobre a azaração que lançou sobre o arquivo.


–       Uma bem feia ouvi dizer.


–       Preciso achar esse arquivo... Trabalhou com os Aurores sabe como é importante! É o tipo de coisa que tentariam evitar, não?


Harry contou sobre a idéia dele e de Hermione de esclarecer os fatos, dar paz de espírito aos amigos, fazer justiça aos que morreram e principalmente evitar que mais pessoas fossem enganadas para uma nova vingança no futuro.


–       Muito nobre... – concordou Srta. Dale. – Se contar a Kingsley o que procura...


–       Ele vai me dizer a mesma coisa que já me disse. Fargas fez o possível para encobrir seus crimes e o fez muito bem. Ninguém se manifestou sobre a morte dele; acho que pensavam que ele já estava morto há muito mais tempo.


–       O que tem em mente Sr. Potter? Registros sobre os envolvidos foram alterados para pular essa parte da historia da vida de cada um.


–       A Sra. Kessler mencionou a Hermione que o Hayyan Zeelen tentou ser animago. Pedidos para oficializar animagos são muitos raros. É necessária uma carta de recomendação de Hogwarts com as notas do N.I.E.M’s. Pode ser mais fácil de achar!


–       Não. Esse rapaz não existe além do próprio nome.


–       Esse é seu filho? – perguntou Harry virando um pequeno retrato sobre o balcão.


–       Meu filho acompanhado de Rick Nelson. – respondeu Srta. Dale com orgulho.


–       O Sr. Nelson salvou minha vida alguns meses atrás...


–       Rick amava o Ministério. Meu filho é bonito não é?


Harry olhou para o rapaz sorrindo. Alto, negro posando com orgulho segurando a vassoura. Tinha os olhos da mãe, mas a postura era totalmente do pai; Harry imaginou que teriam até a mesma voz.


–       Eu realmente gostaria de ajudá-lo Sr. Potter.


–       Ótimo. Volto amanha com Hermione! Temos um plano!


–       Ok, vou esperar pelo seu patrono... – respondeu a Srta. Dale ajustando os óculos.


Harry se despediu e voltou para o corredor; respirou fundo e manteve o pensamento em suas possíveis novas descobertas. Logo o movimento de bruxos o deixou mais calmo. Percy o aguardava para uma reunião com o Ministro; carregava com os documentos referentes aos bens de Madeleine Hayes, da Sra. Robinson e do ex-Conselheiro Remigio.


–       Acabei de recebê-los. – disse Percy.


–       Eu sei. Sabe quem os mandou para você?


–       Não... eu só...


–       Pediu e eles apareceram. – disse Harry sorrindo. – Kingsley vai nos dar as chaves dos cofres? Acho que vamos encontrar coisas interessantes lá.


Na sala de espera do Ministro encontraram Wulbur, o filho de Duke Duralumínio. O rapaz cutucava um quadro do Ministro reunido com os Conselheiros; parecia que queria pegar as frutas pintadas no centro da mesa. Harry ficou na duvida se Wulbur estava matando o tempo ou se realmente achava que era comida de verdade.


A porta se abriu e Kingsley chamou o garoto.


–       Rapazes, falo com os dois num minuto! Por favor, Wulbur entre!


–       Dá acreditar que esse garoto é responsável por uma das maiores fortunas do mundo da magia? – comentou Percy.


–       Ele acabou de sair da sombra de um pai tirano; Kingsley deve estar tentando orientá-lo para não fazer nenhuma burrada.


–       Acha que ele não vai fazer mesmo assim?


–       Patrick diz que é difícil manter as calças nessas situações.


–       Ele deve saber...


–       Você não gosta de Patrick não é Percy?


–       Não. – respondeu Percy e Harry sentiu além de sinceridade em suas palavras uma ponta de raiva. Patrick o vencera para se tornar Conselheiro; não que Percy tivesse chances reais, mas com certeza seu ego ainda devia estar ferido enquanto o de Patrick estava mais inflado do que nunca. Isso também irritava Harry.


Kingsley os recebeu logo em seguida e conjurou as chaves para abrirem os cofres e a chave única para o cofre do Ministério em Gringotes.


–       Só o casal Hayes tem herdeiros. O que estiver nos cofres dos outros pertence ao Ministério. Com certeza acharão os documentos referentes à mansão que o grupo usou. Ela pertencia a algum deles. Os filhos do casal Hayes me disseram que não tem pressa pela leitura do testamento.


Reparando que Harry o encarava Kingsley perguntou se ele queira lhe perguntar alguma coisa.


–       Não! Estava pensando em uma pessoa que se parece com uma pessoa...


–       Vão!


No elevador encontraram com Wulbur novamente. Harry pensou em puxar conversa com o garoto, mas um grupo de Conselheiros liderados por Patrick entrou. Wulbur se espremeu tanto contra a parede do elevador que quase desapareceu. Percy também percebeu. Não era só o comportamento do garoto que chamou a atenção de Harry; a Conselheira Deanna Troy estava junto do grupo. Muitas pessoas diziam que ela não tinha o estomago e nem a competência da mãe, ex-Conselheira de quem herdara o cargo. Particularmente Harry achava Deanna Troy totalmente capaz, mas talvez a missão com Patrick que culminou justamente na morte do pai de Wulbur a tivesse abalado mais do que as outras pessoas pudessem imaginar.


–       O Ministério precisa recuperar a credibilidade! – dizia Patrick ao grupo.


Na saída do elevador Harry viu Patrick levar a mão às costas da Conselheira a conduzindo para sair; ela se encolheu tanto quanto Wulbur Duralumínio. Antes de sair Patrick notou a presença de Harry e Percy no fundo do elevador.


–       Muito trabalho?


–       Um pouco. – respondeu Harry.


–       Quadribol mais tarde?


–       Claro.


–       Eu o vejo na quadra então. Até mais Percy!


O elevador deu um tranco para trás e para baixo; Wulbur desceu em seguida.


–       Não acho que ele queria realmente descer aqui. – comentou Percy.


–       É. Acho que ele só queria espaço...


Em Gringotes Harry e Percy visitaram os cofres de todos os envolvidos na conspiração. No cofre da Sra. Robinson acharam a escritura da casa.


–       Pelo visto não sai barato conspirar contra o Ministério – disse Harry passando a Percy a quantidade de ouro de cada cofre. – Todos estão quase vazios.


Enquanto Percy separava papéis Harry sentou no chão do cofre.


–       Por que seqüestraram e mataram Madeleine Hayes? Umbridge não poderia ter contado nada a ela; as duas se afastaram quando Madeleine percebeu que ela era doida...


–       Agora ela está no lugar certo então. – comentou Percy.


–       Em algum momento Madeleine Hayes descobriu sobre o grupo e que planejavam se vingar, mas quando... como? Você se lembra quando ela entregou o pedido de afastamento?


–       Deixe-me pensar... – disse Percy – se não me falha a memória foi nos dias seguintes a aquela noite do teatro. Ela saiu mais cedo; lembro de ter comentado com Audrey que achei uma grosseria.


Harry levantou lentamente e foi até Percy.


–       Você é um gênio! Sabe disso, não? – disse o sacudindo.


–       O que?


–       O dementador! Lembra? Ele apontou Remigio! A resposta dele foi o nascimento do filho!


Harry procurou os documentos de Jerome Remigio.


–       Ele não tem filhos! Madeleine Hayes conhecia Remigio muito bem; os dois trabalharam no Ministério juntos por anos antes dele ser escolhido Conselheiro! Ela deve ter ido falar com ele depois de também achar estranha a resposta! Ninguém percebeu por causa do impacto do dementador, mas Madeleine sim! Remigio dever ter desabafado sobre o filho, talvez a insultado pela amizade dela com Umbridge quando começou no Ministério! O filho e, provavelmente a mãe, foram assassinados por Fargas! Era dessas lembranças que ele falava!


–       Madeleine Hayes sem querer acabou sabendo dos planos de vingança do grupo? – perguntou Percy.


–       Na mesma noite devem ter seqüestrado o marido dela...


Percy ficou em silêncio por algum tempo. Em respeito ao sofrimento da Conselheira e do marido. Terminaram o trabalho o mais rápido que puderam; Harry pediu a Percy não comentar nada sobre o que haviam conversado. Na frente do banco os dois se separam.


–       Tenha um bom jogo Harry. – disse Percy virando as costas e aparatando.


–       Obrigado... – respondeu Harry saudoso de Gina e Rony.


Na quadra de quadribol indoor Harry viu Córmaco McLaggen treinando com o time. Estava muito magro o que fazia parecer muito mais alto. Toda hora o técnico gritava com ele para que se focasse no jogo. Harry prestou muita atenção no rapaz; a expressão de Córmaco era muito semelhante a de Hermione, a dele próprio e até de Heckett no teatro; emanava tristeza e dor, uma dor muito além da física. Harry e Patrick voaram por algum tempo; ambos querendo mostrar o total desempenho de suas vassouras. Harry era mais leve, mas Patrick voava sempre mantendo uma mínima distância e no final sempre o passava.


–       Já lhe disse Harry você tem que controlar suas emoções! Não pense em simplesmente chegar na minha frente! Pense em vencer!


–       Vamos mais uma vez! – disse Harry.


–       Você voou e perdeu. Quem sabe da próxima vez.


Os dois desceram e começaram a andar pela quadra; foram abordados por um grupo de garotas pedindo autógrafos. Enquanto Harry tentava ser educado para continuar andando Patrick atendeu a todas muito entusiasmado. Harry guardou a vassoura e esperou por ele. Não tinha a menor intenção de contar suas idéias e descobertas; o assunto que queria tratar não podia ser mais diferente, mas igualmente importante. Esperava há dias o momento certo.


–       Hermione o esteve ajudando não é?


–       Sim! – respondeu Patrick ainda acenando para algumas garotas.


–       Quando pretende conhecer os Granger?


–       Quem?


–       Os pais de Hermione.


–       Ah, sim os cientistas. É muito cedo para essas formalidades.


–       Cedo pra conhecer os pais dela, mas não pra convidá-la para passar a noite no seu apartamento?


–       Nossa! Tem alguma coisa que vocês não contam um pro outro? Ah! Tem sim: Heckett!


–       Não aconteceu nada.


–       Eu vi, esqueceu? Foi uma conversa bem íntima a de vocês dois. Olha Harry sei que você é um amigo protetor, mas Hermione é uma mulher adulta e vai acontecer mais cedo ou mais tarde. – disse Patrick rindo. – Serei um cavalheiro não se preocupe.


–       Escute bem Patrick...


–       E se Hermione não quiser vou saber que você está metido nisso e cá entre nós não é uma coisa legal de se fazer, não acha?


Não fosse o convite de alguns jogadores para uma partida Harry teria feito Patrick engolir o bastão ali mesmo. Aparatou direto na entrada da casa.


–       Achei que ia demorar mais. – disse Hermione sentada no sofá. – Sente-se comigo está frio.


Harry contou sobre a Srta. Dale e a provável ajuda para encontrar o arquivo. Conversaram bastante a cerca de como chegar a essas informações; Harry confiava na Srta. Dale apesar de ter acabado de conhecê-la. Contou também sobre Madeleine Hayes e seu sentimento de culpa por fazer pouco caso da experiência dela. Hermione o ouviu como sempre desde Hogwarts. Era tarde da noite quando disse que ia se deitar.


–       Tenho que te contar mais uma coisa... – disse Harry.


Não foi fácil. Foi embaraçoso pricimpalmente o sonho erótico, mas Harry conseguiu finalmente contartudo  sobre Heckett. Sentiu-se aliviado; de alguma forma mesmo que a amiga se zangasse não precisaria ouvir mais as indiretas ou aturar o olhar malicioso de Patrick.


Hermione ficou de braços cruzados olhando para a lareira. A expressão muito séria; mordeu o lábio e bateu forte no braço do sofá.


–       Você devia ter me contado isso antes Harry!

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