Dinheiro e problemas extras



A mansão da família Troy não estava mais de luto pela morte de Greg Raiker, mas tinha um ar funesto que agradou a Patrick. Ele estava na mesma sala que matara o colega de Ministério. A lembrança da expressão de agonia de Raiker era uma das coisas que Patrick usava na tentativa de evocar seu patrono. Um feitiço que ele pretendia dominar para impressionar Hermione. Infelizmente a visita a casa de Deanna Troy não estava sendo agradável; a Conselheira não parava de reclamar que se sentia ameaçada pela presença de Wulbur Duralumínio no Ministério. Patrick não estava alheio aos problemas que o garoto podia trazer aos dois, mas beijar Hermione ainda era um pensamento mais agradável e interessante. Patrick reparou no modo como Deanna gesticulava ao falar e como isso era irritante. Arrependeu-se de ter revelado a ela seus planos; achou que ela fosse como a mãe a ex-Conselheira Lwaxana Troy. Uma bruxa corrupta de personalidade forte que não levava desaforo para casa e sim troféus que tirava de seus desafetos. Seria uma parceira mais interessante ainda mais se soubesse que ele lhe fizera o favor de se livrar de Greg Raiker, mas era tarde; agora tinha que agüentar Deanna e suas intermináveis crises de consciência. Ainda precisava dela para criar um novo Mapa da Magia; um mapa para localizar Rony. O amigo de Harry Potter havia sumido; não havia sinal dele na França. Patrick havia lido nos jornais que jornalistas, no estilo de Rita Skeeter, especulavam que o nascimento do bebê seria para breve. Como Rony estaria se escondendo da imprensa? Patrick desprezava a capacidade de Rony; segundo ele um bruxo de baixíssima qualidade e de pouca inteligência, mas depois dele ter escapado a primeira vez não era demais se manter atento e para isso precisava de uma nova versão do mapa que rastreava feitiços complexos, a Rede de Flu e aparatações. Pela região Patrick localizou as lareiras da Toca e vigiava constantemente seu uso. Com as varinhas registradas qualquer bruxo que fizesse um feitiço proibido seria identificado em minutos! Rony não era burro de fazer isso e nem tinha coragem para roubar outra varinha; também não podia aparatar com a parceira grávida. Patrick começou a estudar a possibilidade de Rony deixar Emily em algum lugar e o mais provável era mesmo a Toca. Vigiar a Toca, segundo Patrick, era estar bem perto de Rony um tolo sentimental.  No fundo Patrick não se conformava o que podia estar impedindo Hermione de se livrar da patética lembrança desse inferior ex-namorado e se relacionar oficialmente com ele? Rony Weasley a humilhará publicamente e assim que o bebê nascesse a historia voltaria à tona.


–       Patrick! Estou falando com você!


–       Eu sei que está tensa com essa situação Deanna. – disse Patrick finalmente olhando para a Conselheira.


–       Tensa? Você matou o pai daquele garoto.


–       Ele concordou! Fizemos o acordo que beneficiasse a todos nós! Duke duralumínio era...


–       Não importa! O garoto vai acabar contando a Kingsley o que aconteceu. Perderemos nossos cargos!


–       Não, isso não vai acontecer. – respondeu Patrick ainda pensando em Hermione.


–       Vai fazer alguma coisa contra ele? Como fez com Duralumínio?


–       Eu já disse Deanna: fizemos um acordo que beneficiasse a todos nós. O garoto sabe o que pode acontecer com ele se abrir a boca; ele viu o pai morrer... E você aceitou bem rápido minhas idéias depois do tempo que passamos juntos.


–       Eu não sabia do que você era capaz como Hermione Granger também não sabe.


–       Você queria ser tão respeitada quanto sua mãe foi quando ela foi Conselheira! Conseguiu! Nos saímos muito bem!


–       Minha mãe nunca fica satisfeita... O Mapa da Magia já está funcionando muito bem! Por favor, me deixe em paz...


–       Já disse que preciso que faça outro só pra mim. Preciso ficar atento com algumas pessoas; saber que tipo de magia suas varinhas estão fazendo ou se estão aparatando! – disse Patrick segurando o rosto da Conselheira. – E nem pense em contar a alguém sobre mim Deanna ou posso mudar de idéia e me livrar de mais gente além do garoto! Isso me ajudaria mais do que imagina...


–       Está bem eu farei!


–       Quem diria que para criar o mapa você recorresse à magia negra?


–       Não foi magia negra!


–       Ah, desculpe! A intenção era boa então não conta!


–       Modifiquei o feitiço...


–       Não interessa! – disse Patrick rispidamente e Deanna se calou. – Só me diga uma coisa: o que acha de Rony Weasley?


–       O que?


–       O acha um homem como? Interessante?


–       Não o conheço muito bem! – respondeu a Conselheira achando a pergunta mais do que estranha.


–       Pense Deanna!


–       Ele é simpático, engraçado pelo que ouvi dizer...


–       Bonito?


–       Bem... Hermione disse que ele tem qualidades... Rony parece ser o tipo de homem que pode não ser exatamente bonito, mas...


–       Chega!


–       Você perguntou!


–       Eu tenho qualidades! Você viu minhas qualidades!


Deanna ficou em silencio um tipo de silencio que homem nenhum agüenta por muito tempo e Patrick finalmente foi embora a deixando em paz.


O filho de Duralumínio passou a morar em um prédio muito bem protegido pelo Ministério. Lareiras bloqueadas, feitiços de proteção, anti-aparatação e entrada só mediante senha concedida pelo próprio Ministro mantiveram Patrick longe de garoto. Não houve jeito senão mandar Twain chamar seus novos amigos para ajudar na vigília.


–       Montei um eficaz esquema senhor! A Toca, esse garoto e a Conselheira Troy estão todos cercados.


–       Ótimo Twain. – disse Patrick satisfeito. – Diga a eles para interceptar toda coruja que sair desses lugares e seguir quem entra e quem sai! Especialmente no prédio do garoto. Diga para começarem essa noite.


–       Mantenha-se atento no Ministério também quero saber para quem Kingsley entrega as senhas para acesso ao prédio.


–       Achei que ele diria ao senhor.


–       Pois é eu também achei... Agora vá!


Rony fez o primeiro turno na frente da casa de Deanna Troy; iria ganhar dez galeões por noite. É claro que não pretendia machucar ninguém, mas era engraçado explorar Patrick. No meio da noite Rony foi para os arredores da Toca render Draco.


–       Acorde! – disse o chutando.


–       Ah, o que? – despertou Draco encostado numa pedra.


–       Bom saber que está em alerta.


–       Minhas costas...


–       Alguma novidade?


–       Tem uma criança na casa; ficou até anoitecer com um cara ruivo no quintal e um garoto de cabelo sei lá que cor.


–       Minha sobrinha e Teddy Lupin. Meu irmão Gui deve ter vindo para o natal! Que dia é hoje?


–       Mais um dia que esperamos o plano dar certo... O tempo está passando e Patrick ficando mais poderoso dentro do Ministério.


–       Ele anda preocupado. É bom saber que a vida dele não está um mar de rosas... pelo que Twain comenta ele e Harry não andam tão amigos como antes. Harry deve estar percebendo alguma coisa errada.


–       Antes tarde do que nunca. – respondeu Draco estalando as costas.


–       Pouco podemos fazer a respeito a não ser esperar! Eu mais do que ninguém quero Patrick longe de... todos.


–       Especialmente da Granger; você não devia tê-la deixado sozinha mesmo com Potter por perto.


Nunca Rony imaginou ouvir Draco manifestar preocupação com a segurança de Hermione. Foi tão surpreendente que nem conseguiu dizer nada de imediato.


–       Harry a protegerá. – respondeu finalmente.


–       Confia tanto assim nele? – perguntou Draco puxando a gola do casaco. – Patrick o tem enganado todo esse tempo.


–       Algumas coisas estavam acontecendo entre nós. Posso ter dito coisas pesadas quando parti; coisas que no fundo ele sabia que eram verdades e o que incomodaram mais do que a primeira vez...


–       Primeira vez? Então aquele boato é verdadeiro? Você os largou sozinhos naquela barraca!


–       Estava preocupado com minha família e tinha um porcaria de Horcrux no meu pescoço!


–       Isso que dá ter uma família grande...


–       Confio em Harry. Meus pais estiveram em perigo por algum motivo e ele estava lá para ajudá-los!


Twain aparatou perto deles.


–       Veio nos vigiar vigiando? – perguntou Rony.


–       Não. Confio cegamente em vocês dois. Alguma novidade dos cabeça de fogo?


–       Nenhuma. A vida deles não podia ser mais monótona. Preciso dormir. – disse Draco indo embora.


–       Pode ir se quiser – disse Rony encolhido de frio – não tem sentido todos nós pegarmos uma pneumonia.


–       Irei quando eu quiser. – respondeu Twain acendendo um cigarro. Tirou do bolso do casaco uma garrafa de uísque de fogo. – Sempre ouvi falar dessa família no Ministério; amigos de trouxas.


–       Seu chefe gosta de trouxas também; ele não está interessado naquela garota?


–       Como eu estou interessado nas Veelas! Os Lancey me disseram que uma garota acompanha vocês. Como ela é?


–       Bonita. – respondeu Rony.


–       Grávida, não?


–       Sim.


–       Qual de vocês dois é o pai?


–       O que?


–       Foi por isso que procuram os Lancey não foi? Para uma poção que mostrasse quem é o pai.


–       Ah, sim. – respondeu Rony; tinha esquecido a absurda idéia que Draco teve quando conheceram os Lancey.


–       Então? Quem é?


–       Não terminamos a poção ainda.


–       E faz pouca diferença pra falar a verdade. Uma bruxa sangue puro que se deita com dois caras como vocês... o próximo filho pode até ser meu. Estamos nos preparando para reabrir o Bocadio! Ela valeria um bom dinheiro!


–       Claro... – respondeu Rony pensando como não imaginou que os Lancey contassem a Twain sobre eles.


–       A garota que mora aqui joga muito; apostei no time dela uma vez. Era namorada do Potter.


–       É ouvi falar.


–       O cara não é tudo que falam; meu chefe sempre o vence seja voando ou jogando quadribol. Tome! – disse Twain jogando a garrafa para Rony – Vai precisar! Essa vai ser a noite mais fria do ano.


A imagem da Toca no escuro deixou Rony mais calmo. Lembrava os dias de mesa farta, conversa e muitas risadas com todos reunidos. A mãe sabia que ele estava por perto e que não os abandonara por completo. Para matar o tempo e se aquecer Rony acabou bebendo toda a garrafa de uísque de fogo. Quando o dia amanheceu ele havia feito desenhos aleatórios na terra com a varinha. Viu a mãe sair para a garagem.


–       Dia mamãe! Aposto que deve ter feito salsichas para o café. – pensou


Rony abaixou a cabeça e começou a urinar numa moita e, de repente, um clarão caiu muito próximo dos pés.


–       Ei você! – gritou o pai a uma pequena distancia.


Devido ao susto e consumo exagerado de uísque; Rony acabou caindo sentado.


–       Saia da minha propriedade seu pervertido! – gritou o Sr. Weasley. Jorge saiu da casa também apontando a varinha.


–       É um daqueles fãs de Gina?


O Sr. Weasley quase o acertou de novo. Rony subiu o zíper e quase derrubou a varinha. Acabou aparatando todo desajeitado e caindo bem no meio do Beco Diagonal. Algumas mulheres o evitaram na calçada.


–       Isso não me acontece desde os cinco anos! – reclamou tentando enxugar a calça.


–       Mendigos... – xingou uma delas.


Rony começou a rir. Estava todo amarrotado cheirando uísque de fogo; com as calças molhadas sujas de terra e lama. Pegou a varinha pra começar a se limpar quando Noah Marchasson passou por ele; o repórter que tinha o estranho hobby saber tudo sobre Artes das Trevas e que cortara a língua do Sr. Escamoso andava apressado. Rony o observou de longe imaginando se ele já teria recuperado seu mórbido gosto por bruxas e bruxos das Trevas e ficou muito surpreso ao vê-lo se encontrar com Hermione. Era a segunda vez que a via; ela conversava com Noah com uma expressão interessada; pareciam trocar informações. Rony não se conteve e os seguiu até entrarem no Caldeirão Furado. Entrou logo atrás, mas sentou no balcão do bar poucos metros dos dois; não podia ouvi-los, mas podia ver Hermione pelo espelho do pub. Ainda sob efeito da bebida Rony se desligou do possível motivo desse encontro e passou olhar só para Hermione. Ela usava um casaco preto sobre um suéter azul de listras brancas. Rony conhecia a peça; era bem quente e ele sabia que Hermione costumava usá-lo sem mais nada por baixo. Tom acompanhou Hermione e Noah escada acima; Rony chegou até o pé da escada, mas foi barrado por um bruxo bem conhecido: Mundugo Fletcher.


–       Vai ter que esperar amigo; poderá subir se pagar os cinco galeões.


–       Pagar pra que? – perguntou Rony confuso.


Mundugo apontou a placa anunciando o quarto que Elvira tinha ocupado antes de se mudar para a Mansão Malfoy.


–       Foi idéia sua? – perguntou Rony.


–       Modéstia a parte. Quer beber alguma coisa?


–       Uma caneca de chá. – disse Rony tateando o bolso do casaco e pegando alguns galeões. – O quarto de Elvira está aberto pra visitação então?


–       A Srta. Magoo é a primeira bruxa das Trevas pós Você-Sabe-Quem. Eu o conheço?


–       Não. – respondeu Rony tomando um gole da xícara caneca que Mundugo lhe serviu.


Noah desceu na frente ouvindo com atenção as palavras de Hermione. Rony se encolheu no balcão; ouvia a voz de Hermione e tentava se controlar para não se virar.


–       A Srta. Magoo não deixou alguma coisa na Mansão Malfoy? Objetos, roupas, cartas... – perguntou Noah.


–       Não, não deixou nada. – respondeu Hermione.


–       Depois da apresentação para o Ministro foi autorizada uma reportagem sobre ela e a partir daí soube que ela recebia dezenas de cartas todos os dias.


–       Foi tudo destruído na Mansão Malfoy.


–       A senhorita passou muito tempo com a ela?


–       Conversava com Elvira durante os intervalos das aulas. Achamos que ela devia ter privacidade.


–       Quem podia imaginar que ela estava estudando um modo de evocar fantasmas em suas horas de folga?


–       Não eram fantasmas comuns; eram almas não lamentadas e gritavam muito. E ela já sabia como fazer só precisava praticar com a varinha que Harry comprou para ela.


–       Acha que ela trouxe o bastão com ela ou já existia outro na Mansão Malfoy?


–       Já existia outro a espera dela – Rony respondeu mentalmente – trazido por esse canalha chamado Patrick Rent! Ele quase matou Harry naquele galpão para chegar nesse bastão!


–       Draco Malfoy ofereceu a mansão – respondeu Hermione – embora desconfiássemos da participação dele, não tivemos como provar que teve alguma coisa a ver com o caso.


–       Por que Patrick encobriu! – Rony continuou respondendo mentalmente.


–       Como acha que ela ficou sabendo que era parente de Zenobhia? – perguntou Noah.


–       Ela sempre soube; manteve contato com um primo ligado as Artes das Trevas.


–       Não foi Roman Young! Ele foi morto por Patrick também. Um dia lhe contarei Hermione...


–       Se soubessem mais a respeito sobre essa bruxa não precisariam ter ido até Hogwarts para saber o que fazer. – comentou Noah.


–       Pois é... Se eu soubesse o que sei hoje...


–       A biblioteca da Sra. Kessler tem sido muito útil então?


–       Muito.


–       Tem idéia do motivo dela deixá-la...


–       Isso é particular...


–       Não me refiro a senhorita e sim a Heckett. Ela não é conhecida como uma bruxa talentosa ao contrário da senhorita.


–       Ela tinha uma loja de livros na França...


–       Livros raros eu estive com ela muitas vezes. São livros muito caros se me permite dizer.


–       Ela veio para cá com o Sr. Corso para a convenção como assistente dele. Formaram um casal...


–       Não, não formavam. – respondeu Noah sorrindo. – Conheceu obviamente o bruxo especialista em feitiços Ederleth?


–       O que nos ajudou, a saber, mais sobre o feitiço que Patrick lançou em Harry e depois o que acertou a mim e a Córmaco. Sim, eu me lembro dele também. – sussurrou Rony.


–       Sim, eu vi na convenção. – disse Hermione.


–       Ele é Corso eram muito chegados... muito chegados e Ederleth também não é visto por algum tempo. Dizem que estão escrevendo um livro juntos, mas em minha opinião...


–       Bruxos talentosos, mas que não atendem a um dos requisitos da Sra. Kessler... – comentou Hermione se lembrando de Corso e Heckett procurando privacidade durante o jantar de abertura da convenção...


–       Noah continuou a falar sobre a Sra. Kessler; era mesmo um grande conhecedor da obra da bruxa. Rony sabia que Hermione estava colhendo informações sobre a bruxa por algum motivo.


Após se despedirem não foi difícil Hermione convencer Tom a deixá-la dar uma olhada nos registros dos dias que Elvira ficou hospedada. Antes de sair Hermione perguntou sobre Samuel Corso. Pelo que Tom se lembrava; antes da Heckett a namorada encerrar a conta, e não deixar gorjeta, já fazia dias que ele não o via e até chegou a pensar que tinha levado “cano” do bruxo. Sobre o outro bruxo Tom fez uma cara de nojo quando Hermione mencionou seu nome, mas disse que Ederleth pagou a conta e saiu logo depois de Corso.


–       Notou se ele estava assustado por acaso?


–       Agora que a senhorita mencionou... Parecia que tinha chorado a noite toda! – disse Tom soluçando de rir.


Hermione agradeceu pelas informações e saiu. Rony a viu encontrar com Harry mais adiante; os dois trocaram informações durante algum tempo, caminharam juntos e Rony teve de novo que se controlar pra não corre ao encontro deles e pular nos dois; dizer o quanto sentia falta de ambos. Pôde entender Harry dizer que deveriam resolver uma coisa de cada vez e Hermione concordou; aparataram juntos. A boa noticia era que Patrick não estava com eles!


–       Vai querer ver o quarto? – perguntou Mundugo.


–       Fica pra outro dia... – respondeu Rony olhando a rua. Os irmãos Lancey o estavam conversando com Mundugo e atravessaram.


–       Tem muita procura o quarto sabe...


–       Ei! Esse pedacinho de bosta de dragão está te incomodando? – gritou um dos irmãos apontando Mundugo.


–       É amigo dos Lancey? – perguntou Mundugo se afastando.


–       Deixe nosso amigo em paz?


–       Tudo bem. – disse Rony se afastando de Mundugo. – Só estávamos conversando.


–       Olá Dunga como vai a vida de empregado? – caçoou Don Lancey passando a mão pela cabeça dele. – Quem sabe pode nos arrumar algumas coisas dos hospedes daqui?


–       Tom me ofereceu esse emprego!


–       Uma vez ladrão sempre ladrão! – riu Jack segurando Mundugo pelas vestes.


–       Sim. Vamos beber alguma coisa eu pago. – disse Rony empurrando Mundugo no chão.


–       Quero dar uma surra nele primeiro. Vai lá e dê um soco igual ao que deu em mim! Quebre o nariz dele ao meio!


–       Pra que? – perguntou Rony encolhendo os ombros. – Deixe-o aí. Vão recusar minha oferta?


–       De jeito nenhum!


Os irmãos saíram na frente. Mundugo ficou sentado no chão xingando a todos.


Rony voltou ao Solar Bellow sentindo-se muito mal; Emily estava dormindo e nem o viu entrar no quarto. Após um longo banho Rony se olhou no espelho e acabou rindo. Não se conhecia mais; estava magro, mas sem as sardas no rosto e nas costas; olhos castanhos estranhos. Só notara que seus braços estavam mais fortes. Uma lembrança de Hermione o abraçando por trás numa manha de sol o fez sorrir; ela o ajudou a se barbear manualmente; os dois começavam a ficar mais íntimos e Rony começava a se apaixonar pelo corpo e os carinhos da namorada. Voltou a olhar Emily dormir; ao lado da cama um prato com algumas torradas. Ele já notara que ela quase não comia. Deitou ao lado dela e a sentiu se virar e colocar a cabeça em seu ombro; instintivamente Rony a beijou na testa. Algumas horas se passaram e Draco entrou no quarto afobado. Os três passaram a dividir um quarto mais modesto; com um beliche e uma cama. Normalmente Draco entrava reclamando e se deitava logo em seguida ou nem se importava em fazer barulho, mas dessa vez puxou Rony para um canto perto do banheiro. Os dois não gostavam um do outro, mas tinham em comum uma vida que deixaram para trás por causa de Patrick Rent, isso de um jeito estranho os unia. As noticias que Draco trazia não eram nada boas.


–       Estava com bebendo com os Lancey.


–       Quanto esses caras agüentam beber?


–       Não importa! Lembra que disse minha casa estava sendo vigiada na Suíça? E você contou que escapou de dois caras vigiando você e Emily a primeira vez que se hospedaram aqui?


–       Sim.


–       Havia pessoas vigiando vocês na França também!


–       Passamos a maior parte do tempo no meio de trouxas para dificultar sermos seguidos. Eram idiotas. Fulton nos ajudou bastante.


–       Aqueles podiam e ser e Fulton era... é cego! Acontece que Patrick está cheio de galeões agora depois de dar fim naquele Duralumínio e contratou mais pessoas para procurar por vocês dois e vigiar minha casa na Suíça e mansão aqui!


–       São só ruínas...


–       Cale a boca e escute: Patrick notou que ninguém mais viu você e sua namorada! Nem mais uma foto de vocês foi publicada nos jornais e... – Draco abaixou a voz – Patrick sabe que esse bebê vai nascer em algum momento em algum canto! Jornalistas estão esperando!


–       Certo... Quem ele contratou?


–       Dois ex-seqüestradores! Patrick quer fazer uma reunião no Bocadio em alguns dias! Os Lancey me contaram tudo! – disse Draco nervoso. – Um deles se chama Sonny é um cretino muito perigoso! O outro é Pieback.


–       Nunca ouvi falar.


–       Sorte sua! Preste atenção Weasley: os Lancey e Twain podem ser burros, mas se passarem alguma coisa sobre nós a esses dois e eles a Patrick estamos ferrados.


–       Entendi... – disse Rony de repente sentido ânsia de vomito – mas eles não têm idéia que estamos todos juntos. Estamos diferentes na aparência...


–       Somos dois homens com uma mulher grávida. Coincidência demais... ainda mais com o interesse dos Lancey em Emily. – disse Draco a olhando dormir. – Eles acham que ela pode ser uma...


–       Nem diga!


–       De qualquer forma ela mentiu! Esse bebê está mais próximo de nascer do que imaginamos.


–       Minha família pode ajudar.


–       Sua mãe quase colocou tudo a perder indo a sua procura! Se souberem que Emily teve o bebê podem querer chegar até nós! A mãe nojenta dos Lancey já disse que pagaria uma boa quantia por um bebê sangue puro ainda mais se for menina!


–       Quanto tempo até Patrick reunir essa corja para dar instruções?


Amanha... – disse Draco. – Não temos tempo para fazer nada! Temos as vigias para fazer Weasley!


–       Precisamos de ajuda dessa vez! Talvez Rebecca...


–       Ela não vai se arriscar de novo! Astoria está na cidade... Ela pode andar por aí sem problemas, mas o que podemos fazer? – disse Draco respirando fundo.


Rony sentiu pena de Draco. Com certeza ele sentia falta da namorada como Emily do marido e ele de Hermione.


–       Vamos... ver no que dá – disse Rony – talvez passemos despercebidos. Tiramos Emily daqui... Astoria pode levá-la para algum lugar!


–       Estamos perdidos... esses caras são rastreadores profissionais... – disse Draco tirando o casaco.


No dia do encontro com Patrick tanto Rony e Draco estavam mais do que nervosos; haviam deixado Emily na estação King Cross e elaborado um plano para caso Patrick os reconhecesse. Tinham combinado de não se entregarem fácil. Os dois novos capangas chegaram primeiro; um muito baixo e forte e o outro muito magro e alto. Twain entrou jogando jornais no peito dos dois. Os Lancey já estavam bêbados.


–       Estou no comando agora – Twain sorrindo. – Sonny vá atrás do Weasley! Ele deve estar voando numa vassoura velha; quando o encontrar não precisa trazê-lo! Mate-o!


–       E a mulher?


–       Avise algum jornal sensacionalista! Um filho do Weasley deve dar grande manchete hein! – disse Twain rindo. – Pieback fica aqui. Vamos começar a recolher novamente a taxa de proteção. Meu chefe me deu total liberdade para fazer o que bem entender para arrancar dinheiro dos comerciantes do Beco Diagonal e Travessa do Tranco.


–       Onde ele está falando nisso? – perguntou Rony.


–       Estou no comando agora e é isso que interessa a você. Vocês dois continuam com as vigílias.


Rony continuou preocupado mesmo não encontrando Patrick naquele dia. Emily e ele se abraçaram quando voltaram são e salvos ao Solar Bellow.


–       Por que Patrick deixaria Twain no comando? – comentou Draco.


–       Alguma coisa mais importante a fazer talvez... – disse Emily receosa – isso não é bom, é?


–       Em se tratando desse desgraçado... – resmungou Rony. – Em algum momento ele vai nos ver... Em algum momento você terá de ir embora...


–       Astoria disse que vai ajudar...


–       Você dirá não é? Ao Ministério que eu os ajudei! – perguntou Draco. –Se eu não conseguir chegar até o final disso tudo vivo... diga que um Malfoy foi até o fim dessa vez.


Emily segurou a mão dele; Draco não a puxou ou fez outra grosseria. Rony imaginava que mesmo sem admitir Draco gostava dela. Emily mostrou um caderno aos dois.


–       Nossa historia. Tudo o que passamos desde Rita Skeeter mandar que eu seguisse Patrick. O Conselheiro Bertel, Roman Young, Elvira. Até a mulher antipática sem pescoço! O trouxa que Patrick matou para dar a nova identidade de Rebecca.


–       Eu contei a ela sobre isso. – disse Draco.


–       Eu sei... – resmungou Rony.


–       Está registrado aqui o Sr. Escamoso e a historia da família Louer! Todos saberão...


–       Mesmo que não por nós diretamente... – disse Rony – mas saberão... Talvez daqui alguns anos alguém curioso e sem muito juízo possa querer investigar esse caso.


–       Quem faria isso? – perguntou Draco.


Por um segundo Rony pensou em Harry, mas o amigo ainda fazia parte do que estava acontecendo; embora Rony tivesse esperança e confiança na esperteza do amigo. No fim Rony entendia o que Harry vira em Patrick; a primeira que se viram Patrick se mostrou muito legal e tentou ajudá-lo. O contrário de outros funcionários do Ministério que só queriam ver a cicatriz de Harry. Patrick o tratava como um cara comum bem no momento em que Harry esperava ser um cara comum. Rony refletia sobre o próprio comportamento com o amigo e Hermione; em todos os seus erros. No ciúme exagerado que sempre sentira da namorada. Talvez se tivesse aceitado o emprego no Ministério quando Kingsley ofereceu tudo aquilo não acontecesse, mas precisava naquele momento ajudar o irmão... Era verdade também que queria ter estado naquele ringue enfrentando um ciclope ao lado de Harry só com os punhos. Pensava nas afinidades, verdadeiras ou não, entre Patrick e Hermione.


–       Você leu Hogwarts, um historia?


–       Li, o senhor não?


Não foi só Patrick que ganhou em suas artimanhas; Rony também perdera em sua acomodação, mas havia uma diferença entre eles: Rony sabia onde errara e sonhava um dia em se desculpar com os amigos e Patrick continuava achar todos inferiores a ele.


–       Esse relato precisa ser guardado para se um dia pegarem Patrick. – disse Rony.


–       Não, se ficarmos com ele – disse Draco – agora, como se nunca estivéssemos antes, estamos realmente ameaçados. Aqueles caras vão nos farejar por aqui e se Patrick nos vir...


–       Você não pode ficar com ele também Emily. – disse Rony muito sério. – Quando for embora tem que garantir a segurança do seu filho bem longe daqui.


Os três ficaram em silencio. Chegaram até ali e o futuro estava mais incerto do que nunca para ambos. Rony apanhou o caderno e olhou firme para Emily e Draco.


–       Tive uma idéia...



Gina passou pelo quarto que era dos gêmeos; Jorge estava sentado em uma das camas olhando a própria sombra sob a luz fraca do abajur. Gina viu o irmão tocar a sombra como se lhe faltasse um pedaço, outra parte ou outra imagem de si mesmo. Jorge abaixou a cabeça e só então notou a presença da irmã.


–       Desculpe – disse ela – mas precisamos conversar.


Antes que Jorge dissesse alguma coisa Gina mostrou Píchi; a pequena coruja estava meia tonta em seu braço.


–       O que há com essas corujas? O que será que mamãe tem posto na água delas? Todas chegam como Errol chegava antigamente... lembra dele?


–       Jorge... Ela está bem! Trouxe vários cartões de natal!


–       Ótimo.


–       E um em especial... – disse Gina entregando o cartão ao irmão – um cartão com uma aranha...


–       Quem mandaria...


–       Uma aranha Jorge! Para você e Fred!


Gina colocou o cartão sobre a escrivaninha e o pequeno papel começou a ganhar volume de muitas paginas formando um pequeno caderno de brochura. Só a primeira pagina abria com uma mensagem de feliz natal.


–       É de Rony. – disse Gina!


–       O que acha que está escrito aqui? – pergunto Jorge tentando vários feitiços para abri as paginas coladas.


–       Eu não entendi Rony naquele momento, mas agora eu sei...


–       Você o viu com a garota! Eu também e Harry os pegou juntos na casa dela!


–       Mesmo assim você o ajudou! Ele se afastou com essa garota igual Harry se afastou de mim! Ele está nos protegendo!


–       De que? Dos caras que tentaram pegar papai?


–       Não, se fosse deles ele teria ficado quando salvou papai e mamãe! Mamãe disse que ele pediu segredo! Ela não contou nem a papai sobre isso!Só a nós dois!


–       Conte a Harry então!


–       Não, não posso. Alguma coisa me diz que isso realmente deve ficar só entre nós! E não é seguro mais alguém saber.


–       Você tem razão! – disse Jorge.


O pequeno caderno voltou a ser um cartão, um simples cartão. Gina o colocou na arvore de natal com os outros. Victorie brincava com o avô; o casal Weasley ainda se mantinha distante. A família ainda passava por momentos difíceis. A Sra. Weasley olhava pela janela da sala o dia que começava a virar noite.


–       Precisamos mandar um cartão de natal aos Granger. – comentou.


Gina concordou e foi até a janela com a sobrinha no colo. Sentia que a mãe não precisava do tradicional relógio da família para saber que Rony estava perto e com problemas.


Há menos de um quilometro dali Rony olhava na mesma direção. Draco estava com ele.


–       Você se arrependeu Draco? De ter aberto a porta a Patrick.


–       Amargamente, mas fui eu que soltei o Guardião e dei a vassoura personalizada do Sr. Rent para o cara fugir. Tentei fazer alguma coisa...


–       Você soltou aquela coisa no Beco Diagonal?


–       Nunca gostei de animais em casa.


Rony suspirou olhando a Toca logo se encontraria de novo com rastreadores; eles já faziam perguntas sobre eles no Solar Bellow e em algum momento com o próprio Patrick; não queria repetir as palavras de Draco, mas a verdade era que estavam mesmo ferrados. Tudo era uma questão de tempo se o plano da poção que Patrick tomava não começasse a perder o efeito.


–       Uma coisa que nunca entendi foi como Kingsley deu tanto espaço a Patrick no Ministério... – Rony comentou para afastar alguns pensamentos ruins. O principal era se afastar de Emily.


–       Você é um tolo Weasley! Patrick foi fabricado até o ultimo fio! – disse Draco. – Fabricado para não cometer erros...


Rony conhecia Kingsley um pouco melhor do que Draco. Durante a vigília congelante e depressiva voltou a pensar no assunto. Kingsley sabia que ele não deixaria a loja só com o irmão e sabia que Hermione queria escrever um livro e continuar com o FALE.  Será que em algum momento o Ministro da Magia e experiente Auror nunca desconfiou mesmo de Patrick?


–       Acho que a única coisa que Patrick não planejou foi Potter ir trabalhar com ele! – disse Draco batendo os dentes.


Fazia menos dois graus.

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