Rompimento



O Sr. Weasley chegou cedo ao St. Mungus arrastado pelo o amigo Waxflatter; esperavam poder ver Dolores Umbridge e se possível conversar com ela. Ficou surpreso ao encontrar Hermione conversando com um Curandeiro. Os dois ficaram parados esperando que o outro começasse a falar.


–    Kingsley pediu que eu viesse. – disse Hermione finalmente.


–    Ela realmente tentou azarar a si mesma? – perguntou o Sr. Weasley.


–    Isso depois de atacar as pessoas no restaurante. Estava completamente fora de si quando a imobilizaram.


–    Você a viu?


–    Ainda não, mas tenho permissão de Kingsley para isso. O senhor quer entrar comigo?


–    Eu ficaria muito grato Hermione. – disse gentilmente o Sr. Weasley.


–    Poderemos ver Dolores? – perguntou Waxflatter surgindo atrás do Sr. Weasley.


–    Wax, esta é a namorada de meu filho Rony.


–    Tenha filhos senhorita. Poderemos entrar Arthur?


Hermione olhou surpresa para o Sr. Weasley que a conduziu para o corredor longe de Waxflatter.


–    Meu amigo é um tanto excêntrico não repare. Será que ele pode entrar conosco? Ele conhece Dolores há muito tempo.


–    Arthur! Rápido! – insistiu Waxflatter.


Hermione ficou curiosa em saber qual a relação do amigo do Sr. Weasley com Umbridge então disse ao Curandeiro responsável que os dois estavam com ela. Mal se aproximaram e Waxflatter sentou ao lado de Umbridge e começou a fazer perguntas.


–    Wax! – gritou o Sr. Weasley.


O estado de Umbridge era delicado; presa a cama olhando para o teto mostrando a língua e murmurando coisas sem sentido. Não era possível entender nada do que dizia.


–    Ninguém sabe a quem ela se refere; ninguém conhece alguém da família dela. – disse Hermione.


–    O que você viu Dolores? – perguntou Waxflatter, mas Umbridge continuava seus murmúrios sem sentido.


–    Esse seu amigo Sr. Weasley...


–    É um amigo que eu e Dolores temos em comum. Ele ficou preocupado com ela quando soube o que aconteceu.


–    É o amigo que estava no enterro do Sr. Twitch e no salão de festas.


–    Sim...


Hermione observava Waxflatter agitado ao redor da cama de Umbridge.


–    Não adianta Wax! Ela não o reconhece! – disse o Sr. Weasley impaciente.


–    Há como reverter o quadro dela? – perguntou Waxflatter a Hermione.


–    Honestamente acho que não.


–    Nem há como saber o que a levou a surtar num restaurante lotado?


–    Bem...


–    Não dão a mínima não é? É porque querem se livrar dela!


–    Senhor, o Ministro pediu que eu viesse aqui...


–    Para uma investigação formal senhorita! Para desencargo de consciência.


–    Melhor irmos andando. – disse o Sr. Weasley para o amigo.


–    Onde está a varinha de Umbridge?


–    Com os Curandeiros. Como não somos parentes não podemos ter acesso a ela...


Waxflatter saiu pelo corredor; o Sr. Weasley olhou para Hermione sabendo que ela devia ter uma dezena de perguntas a fazer, mas um barulho no corredor a fez sair do quarto na frente dele. Um dos Curandeiros estava no chão.


–    Que cara maluco! – reclamou o rapaz. – Pediu para falar comigo e de repente saiu correndo empurrando todo mundo.


De varinha em punho Waxflatter saiu do hospital e passou por uma multidão de trouxas na rua.


–    Quem diria que Wax pudesse ser tão rápido na idade dele! – disse o Sr. Weasley surpreso. – É melhor eu ir atrás dele antes que...


Um carro voou sobre uma banca de jornal; por sorte o carro estava vazio e ninguém estava perto da banca o naquele momento. Hermione e o Sr. Weasley tinham dificuldades em seguir Waxflatter. As pessoas na rua começaram a se agitar.


–    Senhor! – gritou Hermione e tentou segurá-lo pelo braço.


Waxflatter lançou um feitiço sem olhar para trás e acertou Hermione a fazendo bater com toda força na grade de um estacionamento; o Sr. Weasley a alcançou.


–    Meu Deus Hermione! Você está bem?


Mesmo caída Hermione sacou a varinha e conseguiu para no ar uma motocicleta que estava prestes a cair sobre um carrinho de doces. Lentamente Hermione colocou a motocicleta no chão sob olhares curiosos e assustados das pessoas ao redor dela e do Sr. Weasley.


Waxflatter parou em frente a um prédio cuja fachada estava em reforma; um andaime e toda a estrutura começaram a desmoronar; as pessoas que passavam pela calçada foram empurradas para o meio da rua por meio de um feitiço lançado pelo Sr. Weasley.


Um policial se aproximou de Waxflatter e o mandou ficar parado.


–    As forças das Trevas nunca prevalecerão! – gritou Waxflatter para o rapaz.


–    Wax! Não faça nenhum movimento brusco! – gritou o Sr. Weasley.


O reforço policial chegou e abriram fogo.


 


Rony acordou tarde; Hermione já havia saído. Acabou se vestindo com pressa. Encontrou com Gina na cozinha.


–    Rony...


–    Tenho que ir. Uma coisa importante... falo com você mais tarde. – disse carregando algumas torradas para a lareira. Encontrou Emily assustada na porta da frente casa da Conselheira Troy.


–    Greg está muito doente. – ela disse muito nervosa.


–    O que?


–    O elfo o encontrou! Parece que pegou alguma coisa! Um vírus ou sei lá! Deanna e a mãe acabaram de levá-lo para o St. Mungus. E Bertel sumiu! Rony... isso não é bom sinal! Ele deve saber alguma coisa!


–    Como?


–    Não sei!


–    Talvez Ederleth tenha dito algo a ele!


Emily e Rony foram até o Caldeirão Furado, mas Ederleth tinha saído. Samuel Corso e sua assistente Heckett também. Conversaram sobre a possibilidade deles mesmos procurarem Bertel e contarem o que aconteceu a Conselheira Troy.


–    Ela está no St. Mungus com Greg. – disse Emily.


–    Eu vou até lá, é melhor você ir pra sua casa...


–    Não! Córmaco e os pais estão indo para o campo hoje à tarde e eu disse que ia ver minha irmã. A mãe dele achou melhor eu ir depois que contarem sobre nosso casamento aos outros parentes.


–    Você concordou com isso?


–    Sei que soa covarde, mas não estou em condições de encarar a família dele...


–    Córmaco concordou?


–    Ele também achou uma boa idéia eu ficar.


–    Isso não é justo Emily! Você vai ter um filho dele.


–    Vocês homens são tão indecisos! Que custa dizer “eu te amo” uma vez na vida?


–    Bem...


–    Não me diga que nunca disse a Hermione que a ama Ronald Weasley!


Rony sorriu constrangido. Não, nunca dissera a Hermione o quanto a amava. Tivera as palavras na ponta da língua tantas vezes. A noite tinha sido incrível e mesmo assim não dissera nada.


–    Eu disse quando estava enfeitiçado, mas queria dizer em outra ocasião.


–    Apenas diga Rony...


–    Direi... Enfim será que Bertel foi atrás de Patrick e disse alguma coisa sobre nós?


–    Não sei...


 


Em sua sala no Ministério Patrick cochilava na cadeira quando Harry abriu a porta com violência.


–    Hermione e o Sr. Weasley foram presos!


–    O que? – respondeu Patrick ainda confuso.


–    Você tem que fazer alguma coisa!


–    O que aconteceu?


–    Eles foram detidos por usar magia na frente de trouxas.


Na sala de Kingsley o desagradável representante do Ministério trouxa estava aos berros quando Harry e Patrick entraram.


–    Um ultraje Kingsley!


–    Calma Strickland vamos apurar os fatos...


–    Não! Toda vez que um de vocês comete um crime contra nós é julgado por outros bruxos! Dessa vez dois de vocês atacaram uma das ruas mais movimentadas da cidade!


–    Já mandei alterarem a memória das pessoas!


–    Pra você basta isso? Considero isso um desrespeito!


–    Você tem minha palavra que o caso será apurado! – disse a Sra. Twitch.


–    Um bruxo não pode ser julgado por um trouxa. – disse Duke Duralumínio. – Isso sim é um ultraje!


–    O que esse homem faz aqui? Nossa reunião era para ser privada!


–    Estamos no meio de um evento... – Kingsley tentou explicar.


–    Um bruxo não pode ser julgado por um trouxa. – repetiu Duralumínio


–    Sr. Duralumínio não piore as coisas. – pediu a Sra. Twitch.


–    Ah, ele já piorou!


Uma voz surgiu de algum lugar; Harry a reconheceu imediatamente, mas com exceção dele e Patrick todos na sala pareciam surpresos. Bunko o líder dos duendes e responsável por Gringotes surgiu sobre a mesa e atirou um punhado de moedas no rosto de Kingsley.


–    Esse lixo entrou no meu banco! Esse bruxo tem espalhado esse lixo pelo Beco Diagonal!


Bunko apontou Duralumínio que sorriu com desdém.


–    Ouro é ouro duende!


–    Não! O ouro de Gringotes e puro o seu e manchado pelo toque de uma varinha!


–    CHEGA! Bunko temos outras coisas para resolver agora! – gritou Kingsley.


–    Coisas mais importantes que dinheiro? Seu dinheiro?


–    Tomaremos providências sobre isso! Recolham esse ouro!


–    Se fizer isso Kingsley eu me retirarei da convenção. – berrou Duralumínio numa voz tão grave que soou como um trovão.


–    Nosso dinheiro é o produzido por Gringotes!


–    Muito bem! – disse Duke Duralumínio batendo a varinha na mesa. – Veremos se seu ouro é forte o bastante quando eu tiver espalhado o meu! Quando os bruxos souberem que você se dobra a um duende e ouve insultos de um trouxa!


–    Harry! Você e Percy recolham esse dinheiro de Gringotes e façam uma busca com os comerciantes... – mandou Patrick.


–    Percy pode fazer isso! Eu quero saber sobre Hermione e o Sr. Weasley!


–    Você tem que ir para Gringotes Harry! É o seu trabalho aqui! – disse Kingsley. 


–    Vou ver Hermione! – disse Harry saindo logo atrás de Duralumínio.


O Sr. Weasley conversava animado com o enfermeiro que o atendeu. Hermione estava deitada e tinha acabado de tomar um analgésico. Já estava sonolenta quando Gina chegou.


–    Como você está Hermione?


–    Vou ficar bem não se preocupe. Onde está Rony?


Harry entrou no quarto e se aproximou da cama devagar.


–    Soube que andou salvando algumas vidas pra variar.


–    Não tinha nada para fazer hoje...


–    Ela salvou Waxflatter. Ele teve tempo de aparatar sabe-se lá pra onde... – disse o Sr. Weasley.


–    O que deu nele para atacar trouxas na rua? – perguntou Harry.


–    Ele tem mania de perseguição não é papai?


–    Ele é meio maluco...


–    Todo mundo anda meio maluco; Umbridge, as pessoas atacando as outras no Beco Diagonal... alarmes sobre dragões, basílicos...


–    Dragão... Norberta – disse Hermione bocejando. – Harry, você pode trazer Rony aqui...


–    Os remédios trouxas fazem efeito rápido. – disse o Sr. Weasley também sonolento.


–    Eu o trarei. Agora descanse está bem? Onde ele está? – perguntou Harry a Gina quando Hermione adormeceu.


–    Achei que estava na loja, mas não...


–    Tenho que voltar ao Ministério; Hermione e o Sr. Weasley já vão ser liberados; leve Hermione pra casa. Se Rony aparecer não o deixe sair eu quero falar com ele.


De volta ao Ministério Harry foi até a sala de Patrick; achava que devia ao amigo uma explicação. Sentaram frente a frente como no dia que se conheceram.


–    Achei que sua participação no Ministério era importante para você. – disse Patrick.


–    É importante.


–    Se acha que seu cargo não corresponde a suas expectativas pode prestar um exame interno...


–    Gosto do meu cargo!


–    Então você tem que...


–    Obedecer. Desculpe! Se tratando de Hermione eu não penso muito...


–    Como ela está?


–    Melhor!


–    Kingsley está possesso que isso tenha acontecido durante a convenção! Tudo está indo água a baixo.


–    Duralumínio levou muitos com ele?


–    O bastante para abalar a confiança em Kingsley. Os que ficaram não tem assuntos relevantes para tratar. Os outros Ministros já pensam em partir também.


–    Você acha que ameaça de Duralumínio é real?


–    Ouro é ouro; e mesmo que não tenha sido trabalhado por duendes tem valor. Duralumínio está sentado sobre uma mina em suas terras.


–    Alguma coisa sobre Hermione e o Sr. Weasley...


–    Conversei com o representante trouxa; ele quer ter certeza que Hermione e o Sr. Weasley sejam julgados. É importante que ele ouça a versão dos dois o mais rápido possível. E o bruxo que estava com eles?


–    Não sei muito a respeito dele ainda, mas tenho certeza que o uso da magia foi justificado.


–    A repercussão disso será enorme.


–    Cuidarei do caso... nas minhas horas de folga é claro.


–    Vá. Percy dará conta do recolhimento do ouro. Dê lembranças minhas a Hermione.


No corredor Harry teve uma idéia: Samuel Corso. Ele havia feito uma defesa brilhante do jovem Crackit poderia defender Hermione e o Sr. Weasley sem maiores problemas. Encontrou Heckett no Caldeirão furado se preparando para partir.


–    Onde está o Sr. Corso?


–    Não tenho a mínima idéia, não trabalho mais para ele.


–    Ele deixou a convenção?


–    Não há mais o que fazer aqui pelo que eu soube. Aliás, soube o que aconteceu a Srta. Granger.


–    Esperava que Corso pudesse nos ajudar.


–    Infelizmente acho isso difícil no momento. Não sei para onde ele pode ter ido. Terminamos nossa parceria.


–    Sinto muito. Heckett... você pode defender Hermione! Com certeza tem conhecimento para isso!


–    Tenho, mas a Srta. Granger pode fazer sua própria defesa.


–    Ela teve uma concussão e vai precisar de repouso nos próximos dias!


–    Hermione Granger não irá para Azkaban fique tranqüilo.


–    Tenho certeza que não, mas quero ter certeza que não aconteça nada de mais grave.


–    O máximo que pode acontecer é ela ter a varinha suspensa isso se provarem que ela colocou em risco a vida de um trouxa.


–    Sr. Weasley e ela salvaram os trouxas na rua.


–    Você está com medo que Kingsley queira compensar o fracasso da convenção punindo uma das pessoas mais importante do mundo da magia? Que coisa feia pensar isso de um amigo.


–    Por favor!


–    Bem... quero conversar com o Sr. Weasley e Hermione antes de tomar minha decisão.


–    Muito bem. – concordou Harry


 


A Sra. Weasley achou que gnomos a tivessem invadido a garagem novamente; durante a manha toda ouviu barulho de coisas caindo ou sendo empurradas. Acabou desistindo de olhar quando recebeu o recado de Percy sobre o que tinha acontecido com o marido e Hermione. Encontrou o marido muito animado na casa de Harry.


–    Molly! Tomei uma injeção!


Harry achou que a Sra. Weasley se zangaria; ela não era adepta da medicina trouxa, mas ela apenas sorriu aliviada em saber que todos estavam bem.


–    Onde está Rony? – A Sra. Weasley perguntou a Gina e depois a Jorge. Nenhum dos dois conseguiu responder.


–    Ele está com ela! – Harry concluiu muito zangado.


Com a pancada na cabeça e com os efeitos dos analgésicos Hermione ainda estava sonolenta. Patrick entrou no quarto e ficou em pé ao lado da cama.


–    Ele não devia estar aqui. – Hermione disse a Harry. – É proibido aos Conselheiros conversar com... envolvidos em processos...


–    Ele sabe... – disse Heckett e Hermione a notou perto da cama também.


–    Estou de saída. – respondeu Patrick sorrindo.


Hermione não conseguia terminar as frases, mas aos poucos contou a Heckett desde o encontro com o Sr. Weasley e seu amigo estranho até visita a Umbridge.


–    Graças a esse cara meu pai e Hermione quase levaram... tiros! – reclamava Percy com a recusa do pai em dar mais detalhes sobre o amigo.


–    Conversei com ele! O Sr. Waxflatter adora papai. – disse Gina.


–    Podemos tentar localizá-lo pelo Mapa da Magia? – perguntou Harry a Patrick.


–    O mapa parece estar com problemas.


–    Será porque Raiker está doente?


–    Pode ser.


Animado e falando sem parar o Sr. Weasley contou a Harry que tinha dado permissão a Gina para que morassem juntos.


–    Por que não me contou? Achei que era o que ela mais queria!


–    Eu quero! – respondeu Gina começando a se zangar.


–    Alguma coisa a impediu de me contar?


–    Sim, mas vamos esperar Hermione melhorar está bem?


Heckett se despedia de Hermione.


–    Logo conversarmos mais. Você realmente não devia ter vindo. – acrescentou a Patrick.


–    Eu disse a ele! – exclamou Hermione. – É um Conselheiro pode ter problemas...


Hermione ia dizer mais alguma coisa, mas viu Rony conversando com Harry e abriu um sorriso.


–    Pode nos dar licença? – Rony disse zangado a Patrick.


–    Claro. – respondeu Patrick; antes de sair ele e Rony trocaram olhares significativos.


–    O que ele fazia aqui? – Rony perguntou a Hermione.


–    Onde você estava?


–    Ocupado. O que ele fazia aqui Hermione?


–    Veio saber se seu pai e eu estávamos bem.


–    Ele tocou você em algum momento?


–    Não! Claro não. Rony o que você está pensando?


Harry e os Weasley ouviam a discussão. Jorge foi caminhando devagar por trás de Percy.


–    Aonde você vai?


–    Tenho coisas a resolver.


–    Rony... é uma obrigação pesada demais você ficar aqui? Ficar comigo...


–    Desculpe-me, mas não posso ficar com você toda hora do dia! Além disso, pelo que sei você tem tido muita companhia esses dias...


–    Do que está falando?


–    Ora, se você não sabe não sou eu que vou lhe dizer!


–    Vá para onde tem que ir então!


Rony passou por todos sem dizer nada; seus pensamentos estavam em Emily sozinha; ela havia insistido para ele ver Hermione. Quando chegou à casa dos McLaggen encontrou um bilhete com instruções para que a encontrá-la na sala de Patrick Rent no Ministério. Antes de chegar à sala Rony foi parado pelo Revistador Twain.


–    Identificação senhor...


–    Saia do meu caminho! – disse Rony empurrando o rapaz. – Ando por esses corredores desde criança.


Sentada no confortável sofá na sala Emily estava pálida e nervosa com Patrick a encarando. Rony invadiu a sala e apontou a varinha para ele.


–    Hermione passou por maus bocados hoje; você devia estar com ela. – disse Patrick calmamente.


–    Não se aproxime dele Rony! É uma armadinha! – disse Emily forçada a permanecer sentada pelo Revistador.


–    Vou entregá-lo!


–    Me entregar? O que eu fiz?


–    Tem mais pessoas que sabe sobre você! Contamos pra varias pessoas! – disse Rony.


–    Raiker está doente e Bertel... – Patrick riu debochado – ninguém deu falta ainda daquele inútil! Tenho certeza que não contaram a Harry ou Hermione; os dois gostam de mim. Confiam em mim! Arrisquei meu cargo visitando Hermione hoje e ela sabe disso!


O Revistador lançou em Rony o feitiço Enervus.


Rony sentiu o corpo esquentar e foi tomado por uma raiva corrosiva. A imagem de Patrick perto de Hermione o fazia cerrar os punhos com raiva. Emily o colocara naquela situação; a odiava mais do que odiava Córmaco e Harry.


–    Você quer me matar não quer Rony?


–    Quero! Mais do que tudo no mundo!


–    Muito bem. Sei que você é forte; vamos me acerte.


–    Rony não faça isso! – gritou Emily.


–    Vamos Rony! – provocou Patrick. – Eu estava com Harry e lutamos contra o ciclope enquanto você vendia brinquedos. Eu abri o baú libertei aquela coisa. Eu os levei até Elvira! Enfeiticei Córmaco! Fiz você estragar a noite de Hermione!


–    Rony, por favor, resista!


–    Vamos Rony me ataque. Estou preparado. – disse Patrick erguendo as mãos e fechando os olhos. – Todos sabem o babaca ciumento que você é.


Rony tentava largar a varinha, mas não conseguia. Lançou um feitiço em Patrick que o fez cair sobre sua bela mesa. Acertou o Revistador o arremessando de cara contra a parede. Emily se levantou e o abraçou; os dois aparataram e surgiram no quarto apartamento dela.


–    Você não podia aparatar! – disse Rony a pegando no colo e a colocando na cama.


–    Não tive escolha! Você ia matá-lo se não saíssemos de lá!


–    Ia... – admitiu Rony engolindo em seco. – Como você está?


O rosto de Emily estava contraído e pálido.


–    Odeio quando minha sogra tem razão.


Rony a abraçou.


–    Agüente firme Emily, por favor!


–    Eu... anotei o contra feitiço... você precisa...


Dentro da bolsa dela Rony encontrou o pequeno papel que ela anotara as informações que Ederleth havia dado aos dois.


–    Rápido me passe sua varinha.


–    Você está fraca!


–    E você está contraído de raiva se ela o dominar ou tentar resistir mais pode acabar morrendo! Não discuta comigo agora Ronald.


Emily fez o conta feitiço e Rony deitou ao lado dela. Os dois continuaram abraçados por algum tempo.


–    Patrick virá... não temos provas... – murmurou Emily.


–    Pensaremos em alguma coisa!


–    Ele também. Rony ele vai armar outra coisa...


–    Com certeza vai. – disse Rony a beijando na testa.


–    Estou tão cansada...


Rony só abriu os olhos quando ouviu barulho na sala. Levantou devagar e passou a mão pelos cabelos. Olhou Emily despertando ao seu lado; ela parecia bem melhor. Os Revistadores bateram na porta do quarto com violência.


–    Sr. Weasley saia! Está detido por atacar um funcionário do...


–    O que estão fazendo? Abaixem essas varinhas!


Era a voz de exaltada de Harry. Emily fechou os olhos e suspirou enquanto Rony caminhava em direção a porta devagar.


–    Você pode agüentar o que vou fazer? – ele perguntou.


–    Sim. Abra... – Emily respondeu com firmeza.


–    O que você fez? – Harry perguntou indo para cima de Rony. – Você atacou Patrick!


–    Eu...


O olhar de Patrick ao lado de Harry era de surpresa; Rony correu os olhos pela sala. Entre os Revistadores o que ele havia acertado não estava presente.


–    Fale alguma coisa Rony...


–    O outro... que eu ataquei...


–    Ele foi dispensado depois de cuidados médicos; foi ver a família... – respondeu Patrick.


Emily saiu do quarto e entregou a camisa de Rony.


–    Senhor... – disse um dos Revistadores. – Temos que voltar e levar o Sr. Weasley conosco.


–    Podem ir... – respondeu Patrick.


–    Temos que responder imediatamente se um Conselheiro é atacado...


–    Estou bem. Vão embora!


Os Revistadores saíram em fila cochichando entre si.


–    Você atacou Patrick!


–    Rony conte por que fez isso... por favor. – disse Patrick.


Pela primeira vez depois de muito tempo Rony sentiu medo. Sentiu por Emily e por todos a sua volta. Patrick não iria matá-lo; nunca quis matá-lo. A armadilha que armara era ainda mais sórdida. O Revistador provavelmente estava vigiando alguém da família de Emily ou dele esperando o sinal de Patrick. A única forma de evitar isso era fazer o que Patrick queria e o que ele e Emily haviam decidido horas antes: sair da vida de todos como um traidores sem caráter.


–    Tem que me dar uma explicação! – exigiu Harry.


–    Não tenho que me explicar a você! Querem me prender então me prendam!


–    Vamos para minha casa! Resolveremos isso lá está bem Patrick?


–    Ok...


–    Eu não vou! – exclamou Emily.


–    Esse é assunto nosso! – disse Harry com rispidez.


–    Não fale com ela desse jeito!


Pela lareira Gina e Hermione apareceram.


–    Como nos seguiram? – perguntou Patrick com falso ar surpreso.


–    Os Revistadores! – respondeu Gina. – O que está acontecendo? Rony?


–    O que faz aqui? – perguntou Hermione olhando para Emily o segurando pelo braço. – Quem é ela?


–    Você sabe quem eu sou! – disse Emily dando um passo à frente. – Saia da minha casa! Se não vai prender Rony Conselheiro saiam todos da minha casa!


–    Rony por que atacou Patrick? Ele é nosso amigo!


Aquelas palavras tiveram um efeito devastador em Rony. Ao invés de ser acusado de assassino e corrupto Patrick estava ali parado com cara de injustiçado. Emily o segurou pelo braço de novo, mas não com força. Não havia saída... era o momento.


–    Isso tudo é sua culpa! – Rony gritou para Hermione.


Diante da confusão na expressão de Hermione; Rony respirou fundo e começou a explicar e a cada palavra sentia que morria alguma coisa dentro dele.


–    Estou farto de ser humilhado! Como se não bastasse todo mundo pensar que não sou bom o bastante para você!


–    Isso não é verdade!


–    É! E você sabe! Pensam que você não aceitou o cargo do Ministério por minha causa! Cansei de ser o culpado por você não fazer o que quer!


–    E essa foi a solução que você encontrou?– perguntou Harry apontando para Emily.


–    Já disse que lhe não devo explicações! Estou farto de vocês dois! Farto de ser o que ninguém lembra o nome! Eu estava lá também! Eu abri aquela porcaria de Câmera Secreta! Destruí Horcruxes! Eu perdi meu irmão!


–    Você não passa de um invejoso traidor! – disse Harry com desprezo na voz. – Nunca passou disso!


–    É serio? Você me traiu com ela? Quando? Desde quando?


–    Ahhh não importa! Você... vocês podem ficar todos juntos agora! Emily é tão diferente... entre nós as coisas são tão fáceis. Não há cobranças não há pressão. – disse Rony abraçando Emily pela cintura. – Eu realmente sinto muito que você saiba desse jeito; eu ia contar naquela noite.


–    Aquela noite...


–    Foi legal...


–    Passou a noite com ela? – perguntou Emily com voz indignada. – Você disse que ia terminar de uma vez?


Por mais doloroso e injusto que fosse Rony tocou o rosto de Emily.


–    Aconteceu. Desculpe... foi força do habito.


–    Por favor, saiam da minha casa... e nos deixem em paz!


–    Eu ia contar... eu juro! Antes que Harry ou Gina contassem...


–    O que?


Harry avançou em Rony e o segurou pelas vestes; fechou o punho, mas não conseguiu dizer nada. O encarou com raiva e tristeza. Patrick os separou.


Hermione correu até ele.


–    Rony... 


–    Emily já disse para saírem.


–    Olhe nos meus olhos e diga que não faço parte da sua vida!


–    No fundo você sabia que não daria certo. Alguma vez eu disse que a amava? Disse? Você sabe que não...


–    Estou grávida. – disse Emily apontando a lareira para Hermione. – Isso acaba com essa conversa.


–    O que fez com ele? – gritou Hermione. – Sua vaca! Você o enfeitiçou!


–    Bem que você ia querer não é? Você o empurrou para mim querida! Deus... você deve ser mesmo difícil de agüentar...


–    Não pense que poderá voltar dessa vez! – disse Harry com a voz tremula antes de sair.


Ele e Gina tiveram uma discussão feia; a primeira desde que reataram o namoro. Hermione desabou no sofá sem esboçar mais nenhuma reação; Gina sentou ao lado dela e tentou abraçá-la


–    Você sabia? Vocês todos sabiam! – disse Hermione se esquivando.


–    Não... eu achei que não podia ser verdade. Que haveria uma explicação!


–    Você sabia! – gritou Harry.


–    Você escondeu isso de mim Gina!


–    Sinto muito Hermione! Vou tentar falar com ele! Vou dizer a papai...


–    Não! Não! Se afaste de mim! Vou para minha casa!


–    Hermione sua casa é aqui!


–    Vou atrás dele! – exclamou Gina. – Harry...


–    Gina, se você sair atrás desse canalha também não precisa voltar!


–    Ele é meu irmão Harry!


–    Você me ouviu!


–    Rony é meu irmão e é seu melhor amigo! Ele já salvou a sua vida!


–    A partir de agora ele não é mais nada!


Com o calor da situação Harry nem percebeu a presença de Patrick. Depois que Gina foi embora Patrick se aproximou devagar de Hermione chorando no ombro de Harry e murmurou:


–    Eu sinto muito...


 


Rony apressava Emily a arrumar as malas.


–    Rápido! Iremos para um hotel!


–    Não! Não posso abandonar Córmaco!


–    Acabei de dizer a mulher da minha vida a maior mentira de todas e ela acreditou! Precisamos deixá-los! Patrick vai matar todos a nossa volta. Você tem contatos no jornal, mande uma coruja anônima dizendo o que aconteceu! Mencione os Revistadores que estiveram aqui! Ele os levou pra isso mesmo: nos ver juntos na sua casa, no seu quarto... Quanto mais pessoas souberem melhor!


–    Como Hermione pode acreditar que você não a ama?


–    Acho que não foi muito difícil afinal. Eu sou um péssimo namorado...


Harry passou a noite em claro na sala; perdido em pensamentos sem muito sentido. O tempo parecia ter parado a sua volta. O dia já amanhecia quando percebeu que estava sentado na mesma posição há horas. Os elfos chegaram e preparavam o café; os quatro lugares que normalmente ficavam arrumados a mesa pareciam ofendê-lo. Harry sacou a varinha e, para surpresa dos elfos, destruiu dois dos pratos.


–    De agora em diante vocês só servirão a mim e a Srta. Granger.


Bateu no quarto de Hermione; a aparência da amiga não podia estar pior. Harry entrou e viu a escrivaninha normalmente organizada toda revirada; livros, cartas, papéis esparramados pelo quarto todo.


–    Não há nada pior do que ouvir o primeiro passarinho cantar quando se passou a noite chorando. – disse ela.


–    Você não precisa ficar nesse quarto.


–    Não acho que vá me sentir melhor em qualquer outro lugar no momento.


–    Sinto muito mesmo. – disse Harry e Hermione olhou para ele como se tivesse acabado de saber sobre ele e Gina. Correu para ele e o abraçou com força.


–    Vencemos Voldemort; podemos passar por isso. – disse Harry sem se mover.


Não conseguiram segurar as lágrimas; estavam sozinhos. A família que amavam havia acabado com as palavras de Rony e a partida de Gina.


 


O plano de Rony em divulgar que ele e Hermione não estavam mais juntos deu certo. Emily enviou uma coruja ao Profeta Diário aos cuidados de Rita Skeeter e na edição da tarde a noticia, mesmo que ainda um boato, começou a circular. À noite os dois se hospedaram numa hospedaria bem simples no Beco Diagonal chamada Solar Benbow. Emily ficou na cama e Rony dormiu no sofá. Teve pesadelos com Hermione sendo assassinada por Patrick depois dele se aproveitar dela.


Quando desceram para o café dois homens na mesa ao lado não tiravam os olhos deles. Na porta de entrada havia um grupo de repórteres e fotógrafos.


–    Não os deixei entrar; conheço esses tipos de longe. – disse o gerente da manha. Um rapaz bem jovem de aparência simples. – E aqui está o Profeta Diário como pediu Sr. Weasley.


–    Obrigado.


–    Seria legal ele não ter deixado os capangas de Solomon entrar também.


–    Não tinha como ele evitar. Temos alguns dias até Greg Raiker morrer e descobrirem o que aconteceu com Bertel. – disse Rony.


–    Ele me ajudou desde o começo. Vou colocar isso na conta de Patrick Rent!


–    Logo Patrick vai dar um jeito do Mapa da Magia funcionar; vão ficar de olho nas corujas que mandarmos e é melhor não arriscarmos Gringotes.


Um dos homens da mesa ao lado sorriu para o casal.


–    Eles nem disfarçam. Estamos cercados! – murmurou Emily retribuindo o sorriso.


–    Emily, você precisa se preparar para Córmaco e a família odiá-la.


–    Ninguém sabe sobre nosso casamento acho que isso de certa forma é verdade...


–    Não diga isso! Vamos subir preciso conversar com meu irmão e pedir algumas coisas a ele.


–    Como?


–    Você verá.


No meio do Profeta Diário havia um encarte de produtos Weasley. De um microfone desenhado saia a voz de Jorge cantarolando um espécie de jingle.


–    Genial. – exclamou Emily.


–    Meu irmão Fred inventou isso!


–    Bem vindo a Gemialidades Weasley! Atendemos pedidos para todo... – respondeu uma voz anasalada.


–    Jorge?


–    Rony?


–    É sou eu!


–    Você pirou cara? Mamãe quase teve um troço quando Gina contou o que você fez!


–    Escute. Preciso de alguns favores.


–    De jeito nenhum cara! Estão todos com raiva de mim também! Acham que eu já sabia e te dei cobertura! Papai quis me acertar! Angelina quis me acertar! Estão todos fulos da vida!


–    Jorge, preciso muito...


–    Saiu uma matéria sobre vocês no Profeta Diário! Caramba Rony coitada da Hermione!


–    Jorge! Sou eu Emily.


–    Ah, olhe sinto muito, mas...


–    Sei que também deve estar chateado, mas nós realmente precisamos de algumas coisas. Por favor, Jorge! Estamos sem nada... e eu estou grávida.


Houve uma pausa. Emily cruzou os dedos e Rony apoiou a cabeça nos punhos.


–    Tá bom. Diz o que você precisa...


–    Mande entregar como uma encomenda furtiva.


–    Furtiva?


–    Sem os pais saberem! Idéia de Fred...


Rony e Emily resolveram dar um passeio no Beco Diagonal e foram seguidos por dezenas de fotógrafos; os capangas de Solomon Bluter os acompanhavam de longe. O alvoroço em cima dos dois serviu pra que um elfo entrasse no Caldeirão Furado sem ser percebido e deixasse um envelope embaixo da mesa com um vaso trincado.


Quando voltaram Rony pediu o almoço e discretamente colocou o envelope no bolso. Comeram rapidamente e subiram para o quarto. Em cima da cama o envelope se desdobrou em uma caixa com várias repartições. Rony tirou da caixa sua velha Cleansweep.


–    Tive uma dessa também.


–    Ganhei quanto fui nomeado monitor; está meio devagar, mas deve servir. Ela não tem rastreador.


–    Um kit Weasley?


–    Não saia de casa sem ele! Está tudo aqui. Dinheiro para roupas e hospedagem e meu desiluminador. – disse Rony.


A semana passou com o casal saindo quase todas as tardes. Uma bruxa chegou a insultar Emily numa loja dizendo que ela não chegava aos pés de Hermione. Nenhum elfo aceitou servi-los ou arrumar o quarto que estavam hospedados.


–    Imaginem quando souberem que sou casada. Serei a bruxa mais odiada na Grã-Bretanha!


–    Não ficarei atrás.


–    Ela só acreditou porque me viu com você e cometemos o erro de sermos amigos sem contar aos nossos amigos.


–    Nunca tive uma amiga que não conhecesse Harry ou Hermione; eu gostava de só eu saber sobre você. Sentia-me superior. Eu disse coisas que no fundo ela suspeitava que eu sentisse e, talvez, sentisse mesmo. Eu fiquei de fora, longe do que ela e Harry estavam vivendo. Reclamando e sendo ciumento... era a maneira que eles me notavam.


–    Não acredito nisso.


–    Eles continuaram sem mim. Continuarão outra vez.


–    Você fala como se fossemos entregar os pontos! Só protegemos nossas famílias e a nós mesmos. Foi só um passo Rony! Tudo vai se resolver.


Os homens de Solomon Bluter o seguiam para todos os lados e batiam na porta do quarto de hora em hora. Não tinham a menor cerimônia e sorriam para Rony e Emily como se fossem velhos amigos.


Quando foi pagar pelos quartos o gerente comentou com Rony sobre as corujas que o casal recebeu.


–    A maioria trazia berradores e alguns hóspedes as dispensaram – ele abaixou a voz – mas algumas cartas eu coloquei na roupa de cama que será trocada agora à tarde.


–    Obrigado. Sinto muito pelo incômodo.


–    Leia a carta com o lacre da pousada primeiro Sr. Weasley.


As cartas que o gerente se referiu não traziam nome do remetente; uma dizia para Rony estar num certo número do Beco Diagonal e a outra só continha uma palavra: Lézarrance.


–    Não está pensando seriamente em ir? – perguntou Emily.


–    O gerente tem alguma coisa para me dizer.


–    Esse número é muito perto da Travessa do Tranco. É muito arriscado!


–    Tente descobrir o que significa essa palavra. Não se preocupe comigo.


–    De hora em hora um daqueles homens vem conferir se estamos aqui.


–    Então tenho uma hora para saber do que se trata e voltar.


Sob protestos de Emily; Rony desceu para tomar um café e entrou na lareira junto com um casal; depois de ser expulso da casa da sogra do rapaz correu para a rua e caminhou até o endereço. Era um pequeno sobrado encoberto por uma arvore na calçada; assim que tocou a campainha a porta se abriu para uma escada.


Rony subiu cauteloso de varinha em punho. No final cercada de plantas uma mulher o esperava. Rony a reconheceu. Era a mulher antipática e sem pescoço que o levara junto com Harry e Hermione à sala de Patrick Rent; a mulher que Patrick despedira por deixar Roman Young fugir e que estava na cerimônia de quebra de varinha.


Dois homens surgiram ao lado da mulher e Rony apontou a varinha.


–    Não! Eles são amigos!


–    Se parecem...


–    Com os capangas de Solomon, eu sei. Por favor, entre Sr. Weasley! Temos que conversar e sei que não tem muito tempo.


Sentaram num banco de madeira entre as muitas plantas.


–    Desde que Patrick me mandou embora do Ministério estou presa nessa casa vigiada. A sorte que esses cavalheiros assim como tantas outras pessoas odeiam Patrick Rent e Solomon Bluter.


–    Tivemos que aceitar servir Solomon para proteger nossas famílias. Assim como está fazendo agora Sr. Weasley.


–    O que sabe sobre Patrick que possa me ajudar?


–    Roman e eu sempre desconfiamos dele, mas Roman não podia dizer nada devido suas próprias condições. Quando o galpão foi descoberto todos que tinham coisas mantidas lá receberam uma espécie de aviso, uma sensação ou sonho. Inclusive eu; um dos baús encontrados lá pertencia a minha família.


–    Solomon sabia da existência do galpão?


–    Sim, foi construído anos atrás para esconder certas indiscrições...


–    Eu vi umas dessas indiscrições voando pelo Beco Diagonal.


–    O fato é que eu sabia que Roman era inocente e o deixei ir.


–    A senhora tem alguma prova contra Patrick?


–    Eu ajudei Rick Nelson e Greg Raiker numa investigação sobre ele, mas quando Rick morreu e Greg tomou a frente e as coisas tomaram outro rumo.


–    Greg também é perigoso. – disse um dos homens que assistia a conversa. – Não no mesmo nível de Patrick, mas perigoso.


–    Ele queria Patrick fora para assumir o lugar dele junto a Solomon. – continuou a mulher. – Formamos um grupo contra Patrick e Solomon. Urda, o homem que morreu era um de nossos lideres. Ele ia contar ao Ministro que estava jurado de morte por Solomon Bluter e seu executor seria Patrick.


–    O gerente do Solar nos avisou de sua presença e por isso o chamamos aqui.


–    Alguma coisa sobre o Conselheiro Bertel?


–    Ele está morto.


–    Gostaríamos de saber Sr. Weasley se está disposto a nos ajudar.


–    Claro! Qual é o plano?


–    Esteja hoje à noite, a meia noite na frente do Bocadio; vamos atrair Patrick para fora. Vamos matá-lo.


–    Matá-lo?


–    Não há outro jeito Sr. Weasley. Não em se tratando dessas pessoas.


–    E Solomon?


–    A morte de Patrick será um aviso para ele.


–    Os denunciem!


–    Tomamos nossa decisão! Sr. Weasley, o senhor quer nos acompanhar ou não?


Rony olhou o relógio.


–    Tenho que voltar.


–    Meia noite Sr. Weasley. Pense quanto tempo pouparia.


Rony chegou exatos dois minutos antes de baterem na porta do quarto. Abriu a porta abraçado a Emily


–    Desculpe. Achei que era meu quarto. – disse o homem com hálito de uísque de fogo.


–    Tudo bem. – disse Rony.


–    Não queria atrapalhar a lua de mel de vocês.


–    Ah, sem problemas.


Emily fechou a porta.


–    Até daqui uma hora! Então como foi?


Depois de ouvir tudo Emily ficou mais nervosa do que durante a ausência de Rony.


–    Isso é loucura! Essas pessoas estão revoltadas, mas não são assassinos! Você não é um assassino Rony!


–    Preciso pensar...


–    Lézarrance.


–    O que?


–    Era uma vila bruxa na França; já não existe mais. Pergunte como eu sei.


–    Como você sabe?


–    Lembra que contei sobre o último Observador? Pois ele viveu nessa cidade.


–    Como isso nos ajuda em alguma coisa? Aconteceu há séculos!


–    Ora, deve ter alguma coisa lá! Senão quem se daria ao trabalho de nos dizer isso! É melhor do que encontrar um bando de doidos querendo assassinar alguém.


Emily pegou os livros e os guardou como Hermione faria pensou Rony; ele deitou no sofá e tirou do bolso uma carteira de couro que o Sr. Granger havia lhe dado de presente; guardava uma foto de Hermione nela. A adrenalina dos acontecimentos afastava seus pensamentos do que havia dito a ela. A lembrança da namorada ainda criança com cabelos armados e dentes enormes o fez rir. Como podia imaginar que ela se tornaria uma mulher tão bonita e que se apaixonaria por ele? Imagens da vida dos dois começaram a voltar. A dança no casamento de Gui e Fleur. A primeira vez dos dois na Toca e até a voz aguda esganiçada repetindo “Levioooosa”. Será que ela o perdoaria quando soubesse de tudo? Quando soubesse que foi Emily com seus conhecimentos trouxas que lhe fez o favor de comprar as passagens para Florença?


Rony prometeu a si mesmo que se tivessem mais uma chance; se algum dia tivesse Hermione novamente em seus braços a amaria mais e melhor do que antes e se tivesse que matar Patrick isso não seria problema. Deu um novo jeito de sair e chegou na hora marcada pelo grupo; ouviu o plano e recebeu uma máscara. Tiraram a sorte para ver quem de fato mataria Patrick. Desejaram boa sorte uns aos outros e seguiram para cumprir a missão.


 


No Bocadio, o pub de Solomon Bluter; Patrick conversava com os homens que mandou que vigiassem a Toca e a Gemialidades Weasley.


–    Weasley não vai voltar pra nenhum desses lugares Patrick; você está perdendo tempo. – disse Solomon folheando o Profeta Diário. – Como ficaram sabendo da historia da traição tão rápido?


–    Não seja burro! Foram eles próprios que mandaram publicar essa porcaria. Estão cercados por repórteres! Talvez dêem até uma entrevista! Os Revistadores que os viram juntos já deram mesmo que anonimamente.


–    O que ele pode fazer agora? Em último caso matamos toda a família dele.


–    Não da pra ficar empilhando corpos Solomon! Você acha que ninguém nota?


–    Ninguém notou o Conselheiro; ele já está começando a feder lá embaixo.


–    É aquela maldita roupa. O julgamento de Hermione e do Sr. Weasley será em breve; espero que alguém sinta falta dele até lá! Preciso fazer o Mapa da Magia funcionar para rastrear aparatação e vassouras. Rony não vai ficar parado muito tempo...


–    Esqueça-os Patrick! Ele é a parte fraca. Sempre um dos outros dois esteve a frente; ou a menina dos elfos ou o quatro olhos. Esse ruivo é o que ninguém da a mínima.


Um dos vigias entrou.


–    Trouxemos o gerente do Solar Benbow; ele disse que não vai pagar a taxa de proteção.


–    Isso é com você Patrick.


–    Tenho coisas a resolver!


–    Isso faz parte do seu trabalho. Esse garoto me deve um bom dinheiro! Vá!


Patrick acompanhou o homem para fora do pub; o rapaz estava acompanhado de outro vigia e o encarou sem medo.


–    Não vou pagar nada e não me importa o que você faça.


–    Muito idiota de sua parte; você é jovem tem tanta coisa pela frente! Se barbear, conhecer garotas...


–    Você me ouviu!


–    É, ouvi. – disse Patrick olhando ao redor. – Está seguro demais para quem vai morrer. Onde está a varinha dele?


Ao mesmo tempo em que o rapaz e os dois homens sacaram as varinhas; dois homens encapuzado; um deles Rony, saíram das sombras.


–    Avada...


Patrick puxou o rapaz e o fez de escudo.


–     Kedavra!


Todos tentaram acertá-lo; ele se jogou atrás de algumas latas de lixo e revidou. A série de feitiços clareou a frente do pub; Rony não viu Patrick ser atingido nenhuma vez, mas um de seus companheiros já estava morto. Patrick saiu de trás de sua barricada e avançou; Rony enfeitiçou as grades de um portão velho e as arremessou como arpões. Um acertou Patrick na altura das costelas; ele caiu lentamente de joelhos. Correram para vê-lo; o sangue do ferimento começou a queimar as roupas de Patrick; ele se curvou e ficou imóvel. Rony se lembrou das queimaduras que Hermione ajudou a tratar.


–    Não toque nele! – gritou.


–    Ele está morto!


Patrick abriu os olhos e começou a puxar a grade de ferro. Rony se afastou custando acreditar que era isso mesmo que estavam vendo. Patrick atravessou a barra coberta de sangue em um dos bruxos; e lançou um feitiço que paralisou o vigia; Rony tentou afastá-lo, mas não conseguiu evitar que Patrick chegasse perto o bastante para quebrar o pescoço do pobre homem. Rony não pensou em fugir, pelo contrário, também avançou como se todo o ódio que sentia por Patrick o move-se. Outros capangas de Solomon vieram em auxilio a Patrick; Twain o Revistador estava com eles. Patrick abaixou a varinha e fez sinal para os outros não atacarem.


–    Conte aos outro o que viu! Diga a eles o que vai acontecer se cruzarem meu caminho.


Rony não respondeu; temeu que fosse reconhecido. Olhou em volta; todos estavam mortos. Aparatou.


Solomon chutou o vigia que atraíra Patrick para a armadilha.


–    Esse não é um dos vigias da velha? – perguntou Twain puxando a máscara de um dos mortos.


–    Da ex-funcionária do Ministério? É sim... – confirmou Patrick.


O corpo estava numa poça de sangue; Patrick pegou a varinha de Twain mergulhou a ponta no sangue; depois passou no rosto do rapaz como uma sinistra iniciação.


–    Vá até a velha. Faça parecer um acidente. – disse Patrick.


–    Sim senhor!


Twain aparatou na rua e arrombou a porta do sobrado. Rony ainda encapuzado o pegou no fim da escada.


–    Expelliarmus!


O rapaz perdeu a varinha e se desequilibrou escada abaixo. Rony o chutou para fora da casa. Não pode evitar que os companheiros e o jovem gerente fossem mortos, mas não permitiria que a mulher antipática e sem pescoço também fosse. Aparatou com Twain nos ombros e o largou na Travessa do Tranco. Havia lhe dado uma surra pior do que deu em Córmaco, mas dessa vez estava consciente e até orgulhos do que fez.


–    Você só sobreviveu porque ele quis! – gritou Twain.


–    Seu doente! Diga ao seu adorado mestre que ainda não acabamos!

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Comentários (1)

  • Mimi Potter

    Muito tenso!Harry realmente enlouqueceu nesse cap!Vamos ver no q isso vai dar...

    2012-01-17
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