Draco Malfoy



Capítulo Dois: Draco Malfoy






O dia seguinte amanhecera lindo. Ele podia sentir os raios de sol batendo em seu rosto.



Não sabia onde estava, mas sentia uma areia fina tocar o seu corpo... um vento agradável a lhe despentear o cabelo... um cheiro forte de maresia. Era uma praia. E devia estar deserta àquela hora da manhã. Tentou abrir os olhos. Não conseguiu. “Deve ser a claridade me ferindo os olhos” – pensou.



Lembrou da primeira e última vez que fora a uma praia. Era bem pequeno, uma criança de seus oito anos. Ficou uma semana com o corpo completamente vermelho e dolorido. Jurou para si mesmo nunca mais pôr os pés naquela areia nojenta. Agora, estava deitado nela. Um grande sorriso se abriu em seu rosto.



Sorriu por se sentir vivo. Era irônico que alguém que desejava tanto a morte, sobrevivesse a um ataque tão duro de comensais. Da mesma forma que era irônico um filho lutar contra seu próprio pai. Mas Narcisa pedira isso a ele, e como ela nunca lhe pedira nada na vida, ele resolveu cumprir o desejo da mãe. No fundo, também era seu desejo.



O sorriso logo se transformou numa careta de dor. Cada centímetro de seu corpo doía, talvez até os ossos. Começou a achar que fora uma má idéia lutar naquela guerra.



Draco Malfoy tivera a noite mais terrível de sua vida. Batalhara contra um ataque de comensais à costa de Perthcorr, uma pequena comunidade bruxa que convivia em harmonia com os trouxas da cidade próxima. Lá residia Olho-tonto Moody, um grande inimigo de Você-sabe-quem e o objetivo dos comensais era eliminá-lo. Houveram vários ataques naquela mesma noite em muitos pontos estratégicos da Grã-Bretanha e do mundo. Felizmente, o grupo de bruxos da Ordem da Fênix já previa grande parte desses ataques e puderam combatê-los à altura. Depois daquela noite, Draco se pegou ansiando sinceramente para que tudo aquilo tivesse acabado. Para que toda aquela guerra e as mortes tivessem um fim. Pela primeira vez em sua vida, se pegou torcendo pelo Potter. Mas ele preferia não pensar assim. Preferia pensar que estava torcendo contra seu pai.



Ele o odiava. Nem gostava de lembrar que era filho daquele homem tão terrível. Antes achava que ser um Malfoy era motivo de orgulho. Mas isso fora há muito tempo.



Era bem verdade que com Lúcio ele aprendeu a ser cruel. Aprendeu a desprezar todos que fossem menores do que ele. Aprendeu a trapacear para conseguir tudo o que queria. Aprendeu a ser frio e debochado. Aprendeu a odiar... Odiar trouxas e sangue ruins. Aprendeu a amar... Amar o dinheiro e a si mesmo.



Porém, havia uma pessoa a quem ele realmente amava tanto quanto ele mesmo. O nome dela era Narcisa Malfoy.



Sua mãe era tão linda que parecia uma escultura e não uma mulher normal. Alta, olhos azuis muito claros e os longos cabelos loiros a emoldurar o rosto. Inteligente, educada e fina. Aparentava ser bem mais nova do que realmente era. Ele, que era seu próprio filho, jamais a vira despenteada ou mal vestida. Era a esposa perfeita para a família perfeita.



Perfeita?



Sim, aos olhos de todos eram perfeitos. Ricos, bonitos e refinados. Uma das famílias mais respeitadas do mundo bruxo. Porém só ele sabia o que era viver dentro daquela casa enorme quando as portas se fechavam, deixando o mundo inteiro do lado de fora. A mansão na qual sua família vivia era um mundo à parte.



Um mundo de falsidade e frieza. Porque todos naquela casa eram completos estranhos.



Desde pequeno, se acostumou a ser independente. Seu pai não o dava muita atenção e nem deixava que sua mãe desse. Queria que ele aprendesse a se virar sozinho. Muita gente poderia pensar que ele era um menino mimado, mas estavam errados. Seus únicos mimos eram a quantidade enorme de presentes que ganhava no aniversário e no natal. Sua única diversão era maltratar os empregados e o elfo doméstico. Não tinha amigos. Conhecia os filhos dos “amigos” de seus pais, mas não chegava a ter amizade com aquelas crianças idiotas. Ele só os usava. Aliás, isso era uma coisa que ele gostava nas pessoas. A capacidade de servi-lo.



Não se entristecia por não saber o que era amizade. Ele não precisava disso para sobreviver. Um dos poucos sentimentos bons e sinceros que ele nutria, era a gratidão que tinha pela mãe, que o defendia sempre dos rompantes de fúria do pai. Muito tempo depois ele descobriu que essa gratidão era amor. Mas aí, já era tarde demais.



No começo, ele fingia não perceber. Mentia para si mesmo. Porém, com o passar dos anos, ficou impossível se esconder da realidade. Seus pais se odiavam. Mas era um ódio estranho. Um ódio que os unia cada vez mais. Parecia que eles se mantinham juntos só para infernizar a vida um do outro. Um ódio misturado com amor.



E também tinha ele. Lúcio Malfoy. Sempre pensara nele como uma pessoa na qual devia se espelhar. Se ele pudesse ser metade do que o pai era, então seria grande.



O poder. A fortuna. O olhar que sabia seduzir e congelar. A voz firme. A influência. Mas principalmente a aura de mistério que o envolvia. Ser assim era ser um Malfoy. Fazer as coisas erradas e se livrar das conseqüências. Usar os talentos da mente, do corpo e da magia para o mal e conseguir ser muito bom nisso.



Ele decidiu que seria assim. Igual a Lúcio. Na verdade, ele já tinha muito do pai. E achava que com esse jeito de ser, seria feliz. Uma felicidade falsa, pois no fundo ele sabia o quanto era ruim ser sozinho. O problema era que não assumia isso para si mesmo.



Ninguém lhe contou. A relação de seu pai com o Lord das Trevas foi uma coisa que ele percebeu aos poucos e um dia, soube. Teve certeza. Sentiu-se mais importante e orgulhoso ainda. Aquelas coisas que todos falavam de Você-sabe-quem, não o alarmavam. Quer dizer, o assustava um pouco, mas sabia que os puros de sangue não deviam temer e que ele destruiria somente os sangue ruins. E depois que todos se curvassem ao mal, os Malfoy seriam mais poderosos do que já eram.



A essa altura da vida, ele já freqüentava Hogwarts.



E conheceu o famoso Harry Potter. E não pôde evitar odiá-lo desde o momento em que pôs os olhos nele. Não achou nada de mais naquele garoto esquisito e subnutrido que pudesse ter destruído Você-sabe-quem. Também não entendia como o Potter, tão inferior, tinha tudo o que ele mais desejava em silêncio. Fama, aventuras, um ótimo quabribol e... amigos. Porque, por mais que o Weasley fosse um pateta e a Granger uma nojenta, eles pareciam ser realmente amigos. E se divertiam. De um jeito que ele, Draco, sempre quis saber como era, mas nunca admitiu.



Ele sempre achou que era bom demais para aquela escola. Mas mesmo com aquele diretor esclerosado e os professores muito esquisitos, no fim das contas ele era ótimo aluno... Era popular na Sonserina... Jogava no time de quadribol... E era o único que tinha capacidade para aprontar poucas e boas com o Potter, sempre que podia. Sempre que tinha vontade.



Era bom nisso. Muita gente da escola passou a detestar Harry Potter depois de algumas “armações” dele. Com isso se alegrava.



Essa era a sua história. Fazendo maldades com Crabbe e Goyle, zombando das pessoas esquisitas, pegando umas garotinhas idiotas que o achavam o máximo. Até que chegou aquele natal. E ele abriu os olhos.





Um sonolento Draco cochilava em sua cama. A neve caía impiedosamente lá fora, mas o interior de seu quarto estava bem quentinho e aconchegante. Era natal. Dentro de alguns minutos alguém iria bater em sua porta apressando-o a se arrumar para a ceia. Ele achava aquilo uma chatice, mas pensando nisso, levantou da cama. Olhou-se no grande espelho que cobria uma parte da parede e ajeitou os cabelos, pensando em que presente iria ganhar. Esperava sinceramente que fosse uma vassoura, de preferência importada e de último tipo só para fazer inveja ao Potter e principalmente ao Weasley. Sorriu ao pensar nas caras de tapado dos dois.



Pôs uma roupa preta, adorava aquela cor. Colocou sapatos e arrumou o cabelo mais uma vez. Mirou-se no espelho, sorrindo, satisfeito com o resultado. Era realmente uma pena que não houvesse nenhuma garota bonita ali. Se houvesse na certa cairia de amores por ele.



Falsa modéstia não era o seu forte.



Com quase dezoito anos, ombros largos, alto, porte elegante e aqueles olhos acinzentados, ele já fazia muita mulher babar e tinha consciência disso. Ainda sorrindo, saiu do quarto.



Ao chegar na sala de jantar teve uma surpresa, pois não havia ninguém. Nem sinal de comida alguma. Também não estava decorada como sempre. Aquilo o deixou profundamente intrigado.



Subiu rapidamente as escadas para o quarto de seus pais. Já estava quase lá quando ouviu um soluço. Parecia ser de sua mãe. De repente, sentiu medo. Fechou os punhos com força, sem perceber.



- Mãe? – perguntou ao abrir a porta. Parecia não haver ninguém no quarto, que estava estranhamente bagunçado.



Foi aí que ouviu o soluço de novo. Sua mãe estava caída no chão ao lado da cama. Chegou perto e viu o seu rosto mais pálido que o normal. Sentiu vontade de chorar.



- Mãe... O que aconteceu? – perguntou assustado. Ela não respondeu imediatamente e ele pôde ver as lágrimas se formando em seus olhos.



...




- Filho, não seja como nós... Lute. – ela disse tentando resistir ao choro.



- Como assim, mãe?? O que você tem???



- Não deixe que ninguém diga a você como deve ser. Lute contra ele... Lute contra Você-sabe-quem... – ele disse num sussurro – Fuja dele... Fuja do seu pai...



- Eu não estou entendendo nada! O que diabos aconteceu??! – perguntou desesperado, mas não obteve resposta.



...



- Mamãe? – insistiu.



- Adeus, meu filho. Eu te amo, Draco. Nunca se esqueça disso. Mamãe te amou demais. – ela disse com voz fraca e logo depois sua cabeça tombou para o lado. Morrera na sua frente. E ele não pôde fazer nada.



Draco fechou os olhos deixando as lágrimas rolarem pelo seu rosto. Depois disso, tudo ficou meio embaçado.





Ele não quis se juntar à Ordem. Também, duvidava que eles o aceitassem. De qualquer modo, era um bando de bruxos amalucados e bonzinhos demais. Não era a cara dele.



Mas também não quis dispensar a luta. Estudara para ser auror, esperara por aquele momento. Perguntou a Snape no que poderia ajudar. E naquele dia inesperado, foi chamado às pressas para lutar em Perthcorr, juntamente com Vítor Krum e mais outros dois homens que ele não conhecia. Ao bater os olhos em Krum, um de seus ídolos no quadribol, achou que o homem não iria durar muito. Possuía força e vontade, ele tinha que admitir, mas era desajeitado demais lutando.



O namorado de Hermione Granger... Só de pensar, ele tinha ânsias de vômito.



Não que ela fosse feia. Na verdade, era uma das garotas mais bonitas que ele já tinha visto. Se não fosse aquele cabelo horrível, seria maravilhosa. Depois do quinto ano, ela desabrochara e começou a atrair olhares em Hogwarts. Porém, Krum fora mais rápido.



O problema todo é que ela era sangue ruim! Que nojeira!!! Ele nunca, NUNCA na vida teria coragem de beijar uma sangue ruim. Sorte a dela que tivessem caras dispostos a isso.



Começou a pensar no que teria sido do pobre do Krum. Eles, milagrosamente, já tinham eliminado a maioria dos comensais (que estavam em grande vantagem), quando foram atingidos pelos feitiços lançados por aqueles dois desgraçados. Ele conseguira sobreviver... E Krum?



Tentou se levantar e abrir os olhos novamente. Em vão. Decidiu então esperar que alguém o encontrasse. De preferência trazendo notícias sobre como andava aquela guerra.





N/A: nos próxms capts a história começa de verdade. Enquanto isso gent, por favor, se alguém ler essa fic, deixa um comentáriozinho pra mim... naum custa nda e me deixa mt feliz! O q vcs estão achando do começo da fic? Bjuz, Ju.

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