Pequena Brincadeira



            Na noite em que Olívia saiu da ala hospitalar, ela, Bárbara e Lílian decidiram que tinham muito o que conversar e, depois de todos terem dormido, as três pegaram chocolates e balas de seus estoques pessoais e desceram para o salão comunal para uma pequena “festa do pijama”.


 - E quem vai começar com as confissões? – Olívia perguntou, se acomodando no chão de costas para a lareira


 - Eu acho que a ruiva podia começar contando o que aconteceu em suas férias... – Bárbara falou olhando profundamente para a menina acomodada no sofá a sua frente – Ou você acha que eu engoli aquela história de que nada aconteceu e minhas férias foram uma droga?!


 - Como você me conhece tanto?  A ruiva indagou provocando gargalhadas nas outras – Bom, minhas férias estavam realmente um saco, mas os pais da Claire viajaram e nós tivemos que ficar na casa dos Potters... Eles resolveram viajar e nós todos acabamos indo pra praia juntos. Eu provoquei um pouco o Potter...


 - Eu imagino o “pouco”... – Olívia murmurou rindo juntamente com Bárbara


 - Continuando a minha narração... – A ruiva falou olhando irritada para as amigas – Eu provoquei um pouco o Potter, ele me provocou um pouco; tudo estava indo as mil maravilhas. Até que um dia eu fui para o farol e resolvi ficar sentimental... O Potter me viu chorando e me consolou e a gente acabou se beijando.


            O silêncio reinava na sala. Olívia estava paralisada, com um pedaço de sapo de chocolate a centímetros de sua boca. Bárbara estava com a mão parada sobre algumas balas; ela observava Lilian com a boca entreaberta.


 - Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa, mas isso foi mais do que imaginava... – Bárbara falou quebrando o silêncio


            Olivia murmurou concordando com a amiga.


 - Mas o que aconteceu depois entre vocês? – Bárbara questionou


 - Nós não nos encaramos muito... Logo nós fomos embora e Clarie e eu fomos para a minha casa, bem longe daqueles meninos... – Lilian falou comendo um sapo de chocolate – E Olívia, eu usei aquela fantasia de gata...


 - Pra que? –ela arregalou os olhos enquanto Lilian começava a narrar o fato. Olívia e Bárbara rolavam de rir quando ela terminou a história


 - Tadinho Evans; você quase matou o maroto do coração – Bárbara disse, enxugando as lágrimas de seus olhos.


 - Voltando ao assunto importante... – Olívia disse já recuperada – E aqui em Hogwarts; aconteceu alguma coisa entre vocês?


            A ruiva ficou quieta por um momento.


 - Não foi nada muito importante, mas... – Ela começou, recebendo olhares expressivos das amigas – Quando vocês estavam na ala hospitalar, eu não estava dormindo no dormitório... No primeiro dia, eu não agüentei e comecei a chorar sentada no chão e acabei dormindo. Quando eu acordei, alguém tinha me levado para o quarto... No dia seguinte, eu dormi no sofá e essa mesma pessoa me cobriu à noite. De manhã, o Potter me acordou e, depois de algumas grosseiras minhas, ele falou que queria me pedir desculpas, por causa da brincadeira com vocês... No terceiro dia, quando eu desci, ele estava lendo o livro que eu havia dado a ele quando a gente namorou. Na época, era o meu livro preferido. A gente conversou com algumas indiretas e quando eu falei que ia subir, ele me segurou e insinuou que sabia que eu estava dormindo lá essas noites. Depois de raciocinar um pouco, cheguei a conclusão de que ele que tinha me levado pro quarto e botado a manta em mim...


 - Uau... – Murmurou Olívia – Você acreditou nas desculpas dele?


 - Acho que não... – Falou a menina – Eu fiquei meio abalada, mas ainda é o Potter... Eu não confio nele!


 - Uhum... – As duas murmuraram em confirmação


 - Mais algum fato recente que a gente não saiba? – Perguntou Bárbara


 - Nós conversamos na madrugada do teste de quadribol... – A ruiva murmurou


 - Meu Merlim! – Olívia exclamou – Esse Salão comunal tá ficando muito badalado de madrugada... Eu tenho que vir aqui mais vezes! – Ela falou arrancando gargalhadas das amigas.


 - Eu estava com insônia poxa... – Disse Lilian, começando sua narrativa – Eu estava nervosa por causa do teste e acabei descendo pra cá já que não conseguia dormir e morria de dor de cabeça. Ele desceu também e começou a falar comigo, mas como eu não respondi, ele ficou preocupado e se aproximou de mim... Ele começou a me dar um sermão sobre eu não comer direito e falou que sabia que eu estava treinando...


 - Como ele sabia? – Bárbara questionou, mas Olivia aparentou saber o que a ruiva escondia.


 - Eu não sei, mas ele deve ter nos seguido um dia... Enfim! A gente discutiu um pouco e quando ele estava subindo, ele parou e falou que queria que eu soubesse que não foi ele que tinha estuprado a Alex... Eu não sei por que ele queria que eu soubesse isso, mas eu disse que já sabia... Ele subiu e, quando achou que eu já estava dormindo, ele desceu com a mesma colcha que tinha aparecido sobre mim no dia que eu dormi no salão... Ele a pôs sobre mim e beijou a minha testa.


 - Meu Merlim... – Falou Bárbara – Esse Salão definitivamente ta BOMBANDO!


 - E o que você tá sentindo com isso tudo ruiva? – Olívia perguntou, encarando a ruiva intensamente


 - Eu fiquei meio abalado com tudo, mas o ódio que eu sinto é mais forte que qualquer coisa “bonitinha” que ele faça...


            As meninas concordaram e ficaram em silêncio por mais um tempo, até Bárbara falar:


 - Acho que você não tem nenhuma novidade já que estava desacordada, né Olívia... – Falou a menina comendo um chocolate


 - Na verdade... – Começou Olívia, fazendo Bárbara se engasgar com o chocolate que comia


 - Não é possível que até desacordada as coisas acontecem com você –Ela falou arregalando os olhos e fazendo as duas amigas rirem


 - A culpa não é minha se as coisas simplesmente acontecem... – Olívia falou dando de ombros


 - E o que aconteceu Vi? – Perguntou Lilian se aconchegando mais no sofá


 - O Sirius foi me visitar um dia à noite... – Ela falou e as meninas começaram a ouvir atentamente sua narração – Vocês sabem de toda minha história com ele e de como eu realmente gostei daquele maroto, mas, por incrível que parece, eu não guardo ódio dele... Ele apenas me magoou, mas eu perdoei há muito tempo. Ele chegou alguns minutos antes do meu remédio parar de fazer efeito e eu acabei acordando. Ele parecia assustado em me ver acordada e ele provavelmente não queria que eu soubesse que ele tinha ido lá me ver. A gente conversou e ele me pediu desculpas por causa da brincadeira... Quando eu reclamei de dor, ele foi acordar madame Ponfrey pra ela me sedar de novo. Antes de ele ir, eu meio que disse que gostava da companhia dele...


 - Parece que a Ala hospitalar anda tão movimentada quanto o salão comunal... – Lilian murmurou ironicamente, rindo com as amigas.


 - É estranho sabe... Mesmo ele tendo me magoado e tals, eu sinto tanta falta da companhia dele. De conversar e essas coisas de amigos mesmo...


 - Vocês eram muito próximos e, na minha opinião, acabaram apressando demais as coisas... – Disse Bárbara, encarando as amigas


 - Às vezes, eu também acho isso... – Falou Olívia – Eu me pego pensando em como a gente estaria hoje se nada daquilo tivesse acontecido...


            As meninas conversaram mais um tempo e, depois de acabada a comida, elas subiram para domir.


 


x-x-x


 


 - ACORDEM SENHORITAS! – A voz de Lívia ecoou alta em todo o dormitório.


            Com o susto, Lilian sentou-se assustada em sua cama, com a varinha em punho. Larissa caiu da cama. Bárbara abriu os olhos vagarosamente, observando todo o ambiente e voltando a fechá-los reclamando do barulho. Olívia nem se mexeu na cama.


 - ANDEM LOGO! – Ela falou novamente.


            Bárbara levantou-se resmungando e se trancou no banheiro. Olívia novamente não se mexeu.


 - Pelo amor de Deus Olívia! – Disse Lilian irritada jogando um travesseiro na cabeça da menina – Se a Lívia gritar de novo, eu vou ficar com dor de cabeça pro resto do dia.


            Dois travesseiros foram lançados em direção a menina, que finalmente acordou.


 - Precisava disso tudo? – Ela resmungou de mau humor enquanto as outras duas riam.


            Bárbara saiu do banheiro mais acordada e as cinco meninas sentaram-se em círculo no chão do quarto.


 - E qual é o grande motivo de ter acordado a gente cedo e desse jeito delicado? – Bárbara perguntou irônica


 - A gente já deixou os marotos em paz por muito tempo... – Lívia falou com um sorriso diabólico no rosto – Está na hora de umas brincadeirinhas...


            As outras quatro riram em concordância, esperando a menina contar seu plano. Elas ficaram durante uma hora planejando e aperfeiçoando o plano, que seria posto em prática logo na hora do café da manhã.


 - E aí Lilian – Lívia falou em pé, ao lado da ruiva que mexia em uma malinha de madeira ao lado de sua cama – Você tem ou não a poção?


 - Não me apressa Lívia! – Ela murmurou observando os pequenos frascos – Se eu não tomar cuidado posso acabar dando um Felix pra eles e a gente não quer isso!


 - Definitivamente não! – Bárbara falou já pronta para o dia


 - Achei! – Lilian exclamou se levantando com um frasco na mão e passando-o para Lívia


 - Ótimo! – Ela falou observando a poção – É a parte do plano de vocês... – Ela disse se virando para Olívia e Larissa – Deem um jeito de eles beberem isso!


            As meninas acenaram positivamente com a cabeça e saíram do quarto pensando em como iriam garantir isso.


            Olívia e Larissa caminharam sorrateiramente até a cozinha. Quando Olívia e Lívia entraram para Hogwarts, o elfo doméstico de sua avó foi trabalhar na cozinha para ficar de olho nas meninas, a pedido da mesma. Assim, o elfo fazia tudo que as meninas pediam.


 - Gertris! – Olívia exclamou assim que entraram na cozinha.


            A pequena e velha elfa veio ao encontro das duas meninas alegremente. A felicidade de ver a caçula da família, e também sua preferida entre as irmãs, estava estampada no rosto do pequeno ser.


 - Querida senhorita Olívia – Disse ela fazendo uma pequena reverência – O que Gertris pode fazer para a senhorita?


 - Eu preciso de um pequeno favor... – Ela disse sorrindo e já contando para a elfa o que ela precisaria fazer.


            A pequena não gostou muito da ideia, mas faria tudo que sua senhorita caçula pediria. As meninas sorriram e despediram-se, já subindo para o salão principal e encontrando suas amigas.


            Os marotos estavam distantes das meninas, rindo e comendo. Tão distraídos que não notaram uma pequena figura se esgueirando e pondo uma substância na caneca de cada um dos quatro. As meninas sorriram maleficamente quando viram à pequena elfa terminar o trabalho e sumir sem que mais ninguém do salão a tivesse visto.


         As meninas aguardaram ansiosamente o momento em que, com um brinde enquanto riam de alguma coisa, os quatro marotos ingeriram o conteúdo de suas canecas de uma vez só. As meninas começaram a rir.


         O efeito da poção foi imediato. Os olhos dos meninos ficaram desfocados e eles levantaram-se e seguiram, como zumbis, para a mesa da sonserina. Com a movimentação dos meninos, todos no salão pararam o que estavam fazendo para observá-los. As meninas mantinham sorrisos vitoriosos no rosto.


         Pedro foi rumo Narcisa Black, Remo rumo Bellatriz Black, Tiago rumo Severo Snape e Sirius rumo Lucius Malfoy. Todos seguravam o fôlego, esperando uma azaração ou algo desse gênero. Todos se surpreenderam quando Sirius abriu a boca e falou:


 - Lucius, meu amor! – Ele começou chegando perto do menino – Eu nunca havia percebido quão bonito você é...


         Todos no salão começaram a rir. A balbúrdia no local era inevitável. Os meninos, “apaixonados”, continuavam proferindo juras de amor para os quatro sonserinos que, com expressões de nojo e terror, se afastavam dos meninos. Isso não os impedia, fazendo com que se aproximassem mais e mais.


         Risadas eram ouvidas por todas as mesas quando a professora McGonagall chegou ao salão, chamada pelo filch, para por ordem no local.


 - O que está acontecendo aqui? – Ela perguntou analisando o lugar, mas os alunos não conseguiam parar de rir para explicá-la.


 - Professora! – Disse Olívia indo até a professora – eu acho que o motivo é que os marotos resolveram declarar seu amor platônico por alguns sonserinos na hora do café...


         A professora, então, olhou em volta e finalmente achou os quatro sonserinos encurralados na parede, com os marotos a sua volta. Ela encaminhou-se até os meninos e, após identificar os sintomas da poção de amor, levou-os até a ala hospitalar para dar-lhes o antídoto.


         Durante o resto da semana, os meninos foram motivo de piada de toda a escola. Todos haviam visto suas declarações e, em qualquer corredor que passassem, algum aluno fazia uma imitação deles.


         Eles faltaram às aulas de sexta-feira e, cansados de toda a zuação, esconderam-se em seu dormitório durante todo o dia, saindo apenas para uma pequena visita a cozinha. Era final do dia, quando uma coruja bateu na janela, chamando a atenção dos meninos. Sirius aproximou-se da janela e pegou o pequeno pergaminho da pata do animal. Ele o abriu e leu em voz alta para os amigos.


“Isso foi apenas o início das brincadeiras. Preparem-se


          Senhoritas”                              


 - É...- Disse Sirius, interrompendo o silêncio – Parece que o jogo começou...


         Os outros meninos apenas murmuraram em concordância, cada um imerso em seus próprios pensamentos.

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