Quadribol



Na hora do almoço, Scorpius conversava sem parar com Alvo e Rose sobre a aula de herbologia.


- Estou dizendo, aquela professora tem alguma coisa comigo. Vocês viram como ela me olhava. – disse ele incomodado.


- Tenho certeza de que não é nada.  – disse Rose.


- Concordo com ela. Se a Prof. Annabeth tivesse alguma coisa com você, ela falaria, não é? – disse Alvo. Scorpius pensou um pouco, mas não demorou muito, porque Rose chamou a atenção dos dois.


- Ei, o que está acontecendo ali? – perguntou ela, olhando para a entrada do salão. Tinham três meninos barrando a passagem de Lucy para o Salão Principal. Rose levantou correndo e os dois foram atrás dela.


- O que está acontecendo aqui? – perguntou Alvo já tentando amenizar as coisas.


- Essa Longbottom é igualzinha á mãe louca, mais do que louca, é totalmente sem noção. – disse o sonserino Berílio Harvey e Lucy abaixou a cabeça.


- Como se atreve a falar assim dela?! Você ao menos a conhece direito! – exclamou Alvo indignado, postando-se ao lado de Lucy.


- Ora, nem preciso! O que falei é verdade! Ela é maluca igual á mãe e sem noção igual ao pai! – provocou ele.


- Isso é uma covardia! Fazem isso só para mexer com ela! – disse Rose. Berílio a avaliou por um segundo.


- Fique quieta, sua Weasleyzinha medíocre! Ninguém pediu a sua opinião! – insultou ele, fazendo Rose ficar vermelha e sem palavras, mas Scorpius ficou com muita raiva.


- É melhor você ficar calado! – exclamou ele.


- Neville Longbottom e Luna Lovegood salvaram o mundo bruxo! – exclamou Alvo.


- E Ronald Weasley e Hermione Granger, junto com Harry Potter! – disse Scorpius.


- É, mas continuaram sendo idiotas! – exclamou Berílio.


- Idiota é você que fala assim dos maiores bruxos que a história da magia já conheceu! – exclamou Scorpius nervoso.


- Ah, olha só quem fala! Scorpius Malfoy! Filho de Draco Malfoy... espere um pouco. Não foi o seu pai que decidiu sair de fininho sem ser notado na Batalha de Hogwarts quando várias pessoas estavam lutando? Grande coragem a dele, hein? – disse ele, começando a rir com os outros dois sonserinos.


- VOCÊ VAI PAGAR POR TUDO QUE DISSE! – berrou Scorpius, se preparando para dar um murro bem no meio da cara de Berílio, mas Alvo o segurou de repente e uma voz meio suave e rígida surgiu, dizendo:


- Está havendo algum problema aqui? – perguntou a Prof. Annabeth.


- Foram eles que começaram. – disse Rose apontando para Berílio e os outros dois, que continuaram com sorrisos desdenhosos, mas agora parecendo com um pouco de medo.


- É! Estavam insultando os nossos pais! – disse Alvo. A professora olhava para eles com um olhar doce, mas quando se dirigiu para Berílio e os outros dois, seu olhar era de decepção e sua boca estava em uma linha rígida de desaprovação.


- Estou realmente desapontada com vocês. Acho que o certo a fazer seria mandá-los para a diretoria. – disse ela, fazendo Berílio olhar para os amigos com medo. – Mas sei que o Prof. Binns, que dará a aula de História da Magia para vocês, ficará mais do que satisfeito em explicar-lhes que na Batalha de Hogwarts todos se uniram, não importa quem eram. Mas acho que não terei de chamá-lo não é?


- Mas o pai dele... – começou Berílio, apontando para Scorpius.


- Eu disse que ao importava quem eram. – interrompeu ela, parecendo um pouco aborrecida, mais ainda sim firme no que dizia. – Alguns foram embora e outros ficaram. E se vocês se atrasarem mais um minuto sequer serei obrigada á levá-los para a diretoria, e eu creio que a diretora Minerva mão será tão piedosa.


Quando ela terminou, Berílio fixou um olhar em Alvo e Scorpius por uns segundos e depois foi embora.


- Juro que um dia eu ainda acabo com ele! – disse Scorpius, suspirando para tentar se acalmar. – Mas mesmo assim obrigado por me segurar, Alvo.


- Tudo bem. – disse Alvo.


- Vocês estão bem? – perguntou a Prof. Annabeth, parecendo realmente preocupada.


- Acho que sim. – respondeu Alvo, olhando para Lucy, que ainda estava com a cabeça baixa, fitando o chão, a expressão do rosto ainda serena, mas os olhos tristes. Alvo  foi até ela e colocou uma mão em seu ombro.


- Ei, Lucy. – disse ele numa voz calma e preocupada. – Não fique assim. Não ligue para o que eles dizem. Seus pais são os melhores que alguém poderia ter.


E pareceu que esta simples frase fez Lucy melhorar um pouco, porque ela levantou a cabeça e deu para Alvo o seu sorriso sereno de sempre.


- Alvo tem razão, você não pode ligar para eles. – disse Annabeth. – E eu acho melhor vocês irem andando, vocês tem aula de vôo com a Madame Hooch agora.


- É melhor mesmo. Tenho aula de Poções. – disse Lucy, pegando seus pergaminhos, penas e livros que tinham caído no chão e se despedindo dos outros, que foram para a parte de fora do castelo para terem suas primeiras aulas de vôo.


Os garotos da Sonserina já estavam lá, bem como as vinte vassouras arrumadas em fileiras no chão. Berílio Harvey estava lá e, de novo, ele olhou para Alvo e Scorpius com o mesmo sorriso desdenhoso.


- O que ele tem com agente? – perguntou Alvo para Scorpius, observando Berílio.


- Quem? Ah, Berílio Harvey? Ele é só mais um idiota. Meus pais conhecem os pais dele e agora que ele sabe que eu vim para Grifinória e sou seu amigo, ele fica olhando para nós e meio que se mostrando para mim, sabe, como se ele fosse a melhor coisa que já aconteceu. – disse ele. Alvo iria perguntar o porquê, mas uma voz ríspida o interrompeu.


- O que é que estão esperando? – perguntou a Madame Hooch. – Cada um do lado de uma vassoura! Vamos!


Alvo olhou para uma velha vassoura na grama verde e sentiu um frio na barriga. Será que ele tinha um talento natural como seu pai tinha?


- Estiquem a mão direita sobre a vassoura. – mandou a Madame Hooch diante deles. – e digam “Em pé!”


- EM PÉ! – gritaram todos.


A vassoura de Alvo pulou imediatamente para a sua mão, e isso respondeu ao seu pensamento anterior.


- Em pé! – disse Scorpius, mas a vassoura subiu e bateu direto no seu nariz, fazendo-o gemer de dor e fazendo Alvo e Rose rirem. – Ah, calem a boca. – disse ele com as mãos massageando o nariz, mas também tentando não rir.


- Agora, quando eu pitar, dêem, um impulso forte com os pés. – disse a professora. – Mantenham as vassouras firmes, saiam alguns centímetros do chão e voltem a descer curvando o corpo um pouco para frente. Quando eu apitar...três...dois...um!


O apito da Madame Hooch soou e todos, como o mandado, saíram alguns centímetros do chão e desceram.


- Muito bom. Agora, gostaria que vocês tentassem voar um pouco mas, todos se dividam, por favor, em grupos de três pessoas. Lembrando que um irá ajudar o outro, por isso, sem graçinhas! – ela disse a última frase ríspida.


Scorpius, Rose e Alvo começaram a tentar voar juntos, e os outros alunos também. Depois  de um tempo, só se viam vultos pretos em cima de algumas vassouras que estavam em uma alta velocidade e a Madame Hooch berrando “NÃO VOEM MUITO RÁPIDO!” , mas a maioria dos alunos não estavam muito otimistas em relação á voar em uma vassoura, principalmente Rose.


- Rose, tente! É muito legal, você vai ver! – disse Scorpius, que dava alguns rodopios e loopings com Alvo na vassoura.


- É demais! – disse Alvo, que sentia o coração bater forte de alegria e adrenalina toda vez que ele mudava de direção com Scorpius na vassoura.


- Não tenho a mesma facilidade de vocês! Eu tenho medo. – disse Rose com receio e a expressão de medo no rosto, ainda no chão com uma vassoura na mão direita. – Tenho medo de cair, não me sinto muito segura em uma vassoura.


Scorpius e Alvo se olharam, parecendo sem saber muito o que fazer, mas então Scorpius foi até Rose, saiu da sua vassoura e ficou de pé ao lado dela.


- Olhe, não precisa ter medo. Eu vou junto com você, ok? Monte na vassoura e segure minha mão. – disse Scorpius estendendo sua mão para Rose. Ela montou na vassoura e segurou a mão dele, como pedido, e os dois levantaram vôo juntos, indo até Alvo e planando as vassouras ao lado dele.


- Viu? Não é fácil? – perguntou ele para Rose, que se agarrava á vassoura como se fosse sua vida.


- É, um pouco. – disse ela e depois de um tempo os três estavam rindo.


- Que tolice a minha. – disse Rose.


- Não se culpe, é normal isso acontecer. – disse Alvo dando de ombros.


Rose deu um sorriso e procurou pelo colar que estava usando, mas não o achou.


- Meu colar! – exclamou Rose, de olhos arregalados para Alvo e Scorpius.


- O que aconteceu? – perguntou Scorpius.


- Ele sumiu! – exclamou ela, desesperada.


- Estão procurando por isso, perdedores? – perguntou uma voz em tom esnobe.


Alvo, Rose e Scorpius encontraram uma minúscula ampulheta reluzindo á luz do sol nas mãos de Berílio Harvey.


- Devolva o colar, Harvey! – disse Alvo.


- É melhor fazer o que ele disse, ou iremos te derrubar desta vassoura! – completou Scorpius.


- Uuu! Que medo! Malfoy e Potter estão me ameaçando! – disse Berílio, fingindo cara de medo. – Que patético.


- Devolva. – repetiu Alvo, agora com um pouco mais de raiva.


- Vocês querem? Então vão pegar! – gritou, atirou o colar no ar e voltou para o chão. Os dois viram, como se fosse em câmara lenta, o colar subir no ar e começar a cair.


Ambos se entreolharam, se curvaram para a frente e apontaram o cabo da vassoura para baixo – no instante seguinte estavam ganhando velocidade num mergulho quase vertical, apostando corrida com o colar – o vento assobiava em suas orelhas, misturando aos gritos das pessoas que olhavam.


- SCORPIUS! VÁ PARA LÁ ANTES DE MIM E REBATA! NÃO VAMOS CONSEGUIR PEGÁ-LO JUNTOS! – berrou Alvo.


- REBATER? – berrou Scorpius de volta.


-SE CAIR NO CHÃO VAI QUEBRAR E VOU TER MAIS TEMPO PARA PEGAR ELE! VAI LOGO! – berrou Alvo, diminuindo um pouco a velocidade da vassoura e deixando Scorpius o ultrapassar.


Scorpius voou em direção ao colar e, como pediu Alvo, ele parou e por um breve segundo conseguiu dar um forte tapa no colar e jogá-lo para o alto de novo. Alvo viu o objeto começando a cair mais uma vez, mas, antes mesmo que chegasse perto demais do solo ele agarrou-a, bem em tempo de levar a vassoura á posição vertical, e caiu suavemente na grama junto com Scorpius e o colar seguro na mão.


Todos foram á loucura. Começaram a pular e gritar de felicidade e Scorpius e Alvo ficaram animados, mas perderam a animação mais depressa do que quando tinham mergulhado.


- ALVO POTTER! SCORPIUS MALFOY!


A Diretora Minerva vinha correndo em direção á turma, acompanhada de Mame Hooch.


- SR.POTTER E SR.MALFOY! COMO SE ATREVEM? – começou a Madame Hooch.


- Madame Hooch, tenha calma. Deixe que eu cuido deles. – disse Minerva. – Vocês dois. Venham comigo.


Alvo e Scorpius viram as caras vitoriosas de Berílio e seus outros dois amigos ao saírem acompanhados, espantados, a diretora Minerva, que seguiu para o castelo. Eles iam ser expulsos, não tinham dúvida. Estavam completamente mudos e suando frio, imaginando como seus pais iriam ficar decepcionados. A diretora Minerva caminhava decidida, sem nem olhar para trás; eles tinham de correr para acompanharem seu passo. Subiram os degraus da entrada e a escadaria de mármore. Minerva escancarava portas e marchava pelos corredores, até que parou á porta de uma sala de aula e pediu para falar com um dos alunos. E um menino alto do quinto ano saiu da sala parecendo confuso.


- Vocês três me sigam. – disse ela, e continuaram todos pelo corredor, o menino examinando Alvo e Scorpius com certa curiosidade.


- Entrem.


A diretora Minerva indicou uma sala de aula que estava vazia. Ela bateu a porta atrás deles e se virou-se para encarar os três garotos.


- Alvo Potter, Scorpius Malfoy, este é Quint Waldo. Quint... encontrei um apanhador e um goleiro para você.


A expressão de Quint mudou de confusão para surpresa.


- Está falando sério professora?


- É claro que sim! – resumiu Minerva. – Eles têm um talento natural. Já vi algo parecido mas, em todo caso, foi a primeira vez que montaram em uma vassoura?


Scorpius e Alvo confirmaram com as cabeças. Não faziam idéia do quê estavam falando, mas parecia que não seriam expulsos tão cedo.


- Malfoy rebateu aquela coisa em um ângulo perfeito, imagino eu, e Potter apanhou-a depois de um mergulho de mais de 15 metros. – ela contou a Quint. – Não sofreram um único arranhão.


Quint parecia agora como alguém cujo os sonhos tinham se tornado realidade.


- Vocês já assistiram á um jogo de quadribol? – perguntou excitado.


- Quint é o capitão do time da Grifinória. – explicou a diretora Minerva.


- Eles têm os físicos perfeitos para um apanhador e um goleiro. – acrescentou Quint, agora examinado Scorpius e Alvo mais atentamente. – E eles precisarão de vassouras decentes, diretora.


- Vou rever os regulamentos, mas acho que poderei abrir uma exceção. Precisamos de um time melhor que o ano passado!


A Diretora espiou os dois com severidade por cima dos óculos.


- Quero ouvir falar que vocês estão treinando com vontade, ou poderei mudar de idéia sobre o castigo que merecem.


 Então, inesperadamente, ela sorriu.


Os dois saíram da sala e pararam por um tempo do lado de fora. Então eles se olharam, sorriram e deram risada, mal acreditando na sorte que tiveram.

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