Algo Mágico



CAPÍTULO 2 - Algo Mágico






Aniversário da filha... Não, não era... Da esposa? Impossível, ela tinha feito aniversário há dois meses atrás... O aniversário de casamento? Provavelmente, não... Então o que poderia ser? Desde que entrara no carro para chegar em casa, Rony tentava se lembrar de algo, ele sabia que era uma data importante, mas não sabia o que era. Ele pensara em todas as possibilidades, em todas as datas comemorativas que poderiam envolver a família, mas não se lembrava qual era essa tal data. Somente a possibilidade de ouvir os gritos e a voz irritante de Parvati o fez tremer dos pés a cabeça. Aquela mulher dava medo e principalmente, insônia, pois às vezes, em vez de dormir, ele tinha que escutar as alfinetadas da esposa.



Uma lembrança cortou o seu pensamento. A lembrança de um sonho. Desde de que Rony se entendia por gente, ele tinha o mesmo sonho. Um sonho com uma mulher de cabelos e olhos castanhos, ela cantava e tinha um olhar triste. Mas apesar de sonhar com a moça há anos Rony nunca conseguia lembrar claramente do rosto da "mulher de seus sonhos". Quando adolescente ele chegara a pensar que esse sonho era um tipo de predestinação, que um dia iria conhecer essa mulher e ela seria a sua alma gêmea, a sua luz. A realidade mostrou simplesmente que aquela ilusão romântica dele era, simplesmente, uma ilusão romântica e nada mais.



"Tudo bem, Rony. Pior que isso não pode ficar. Você lembrando de sonhos idiotas e esquecendo algo da realid...". Ele nem ao menos teve tempo para completar seu pensamento. Sentiu perder o controle da direção e por pouco não atropelou um cachorro vira-lata que passava na rua. Conseguiu estacionar o carro perto de um bar. Ele já ouvira falar do tal Klark's Bar, Harry o freqüentava, era um lugar muito agradável e com um ótimo serviço, um pouco refinado, mas nada que ultrapassasse o limite da criatividade dada pelo nome do bar.



Ele tentou uma, duas, três vezes. E ninguém atendia ao telefone. Rony estava há tempos tentando ligar para o reboque pelo o seu celular e nada. Começara a se irritar. Já ultrapassava às 21h, ele costumava chegar às 20:30h, sua esposa poderia estar preocupada... Tentou ligar para casa, mas não conseguiu, a bateria do celular tinha acabado. Girando os olhos verdes nas órbitas e guardando o celular no bolso, ele decidiu entrar no bar para procurar um telefone público.





Come take my hand

Venha segurar a minha mão



You should know me

Você deveria me conhecer



I've always been in your mind

Eu tenho estado sempre em sua mente



You know that I'll be kind

Você sabe que eu serei gentil



I'll be guiding you

Eu estarei guiando você



Building your dream

Construindo seu sonho



Has to start now

Tem que começar agora



There's no other road to take

Não existe outra estrada para pegar



You won't make a mistake

Você não errará



I'll be guiding you

Eu estarei guiando você






Ao entrar no bar, ele teve a nítida impressão de que já tinha visto aquele lugar em... Algum lugar. "Eu estou precisando de um descanso, isso sim, meu cérebro a cada dia que passa fica mais confuso... Aff! Descanso do que Ronald? Você não faz nada mesmo". Finalmente, ele achou o telefone. Começou a discar os três primeiros números de sua casa e as luzes do bar se apagaram, ficando apenas uma luz branca no centro de um belo palco montado em frente a algumas mesas. Rony virou o rosto para o palco. "Engraçado, já vi essa cena antes, mas aonde?". Voltou a sua atenção para o orelhão, tendo que recomeçar a discar tudo de novo, mas ao ouvir uma linda e poderosa voz seus dedos automaticamente pararam. Ele virou o seu rosto assustado e surpreso, ele lembrara de onde conhecia aquele lugar, dos seus sonhos, que ele já tivera tantas e tantas vezes. Ele não queria virar o pescoço para poder olhar, seria possível tal... Milagre?



Os seus olhos verdes viram tudo bem nitidamente, a moça de cabelos e olhos castanhos, que cantava. Só que agora ela tinha um rosto definido e não era apenas um borrão na memória, e sim um rosto bonito e delicado. O cabelo estava preso em um coque, deixando apenas algumas mechas caindo em sua face. Ela usava um vestido preto (que revelava o corpo perfeito) tomara que caia até os joelhos com algumas lantejoulas pretas na parte do busto. O telefone caiu das mãos de Rony, o mundo real caiu na sua frente, ele caiu ao esbarrar em algumas pessoas que estavam em seu caminho e com muita dificuldade ele achou um lugar em uma mesa. Naquele momento Rony pode ver um mundo fora da realidade abrir as portas para ele entrar sem pedir licença.



Rony a admirou a noite toda, durante todas as canções que ela cantou. Mesmo quando muitos levantavam para dançar ou quando ninguém prestava mais atenção na moça do palco ou quando iam embora. Ele continuava com o seu olhar nela, na mulher de seus sonhos. Ele a examinava como um admirador de grandes obras de arte que sabiam o valor de algo valioso quando o encontravam. Assim ele se apaixonou por alguém que já estava destinado a ele, muito antes dele nascer e ter aprendido a viver sem o amor sincero de uma mulher.





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Hermione ao chegar no trabalho viu um carro muito mal estacionado em frente ao bar. "Depois dizem que as mulheres dirigem mal". Ela percebeu que havia um homem ruivo, de olhos verdes, com um porte atlético em frente ao carro. Ele parecia bastante nervoso pelo jeito que batia com o pé no chão enquanto esperava que alguém atendesse a sua ligação. Ela não entendeu ao certo porque ficara parada olhando para esse homem, mas assim que ele virou para onde ela estava o observado, ela tratou de entrar rapidamente no bar pela porta dos fundos, fazendo com que o ruivo não a visse, afinal ela deveria estar com uma cara de pateta enquanto olhava para o rapaz.



- Atrasada de novo, Hermy! - falou o dono do bar, um senhor de meia idade, gordo e com uma barba branca que pedia para ser cortada, seus pequeninos olhos cor de mel lhe davam um ar simpático.



- Me desculpe, Senhor Klark. - disse Hermione, enquanto tirava a capa e a bolsa, e depois de dar um beijo na bochecha de Klark entrou correndo no camarim para se arrumar.



As suas mãos tremiam, as suas pernas estavam bambas e ela suava frio. Hermione tinha o costume de ficar nervosa antes de uma apresentação, mas dessa vez ela sentia que era algo mais grave. Nunca tinha se sentido assim antes. Subiu com dificuldade até o palco, era impressionante como aquele vestido idiota a incomodava. Sentindo a luz branca sobre todo o seu corpo e com todas as atenções sobre si, ela começou a cantar. Era uma música que falava de amor como a maioria das músicas, de um amor que estava destinado a acontecer. E que não importava se os amantes tentassem se manter longe, porque o destino iria arranjar um jeito de juntá-los de novo.



Uma coisa que Hermione gostava de fazer enquanto cantava no palco era observar as pessoas da platéia, seus rostos e suas reações. Sua atenção logo foi atraída para um rapaz ruivo que tropeçava em algumas pessoas, ele se sentou e começou a assisti-la. Era o mesmo homem do carro, ele com certeza era bem estabanado, ela pensou dando um sorriso. Ela percebeu que ele também sorrira. Ela ficou nervosa, não ligava que todas as outras pessoas a assistissem e a observassem, mas aquele homem parecia fazer um exame minucioso de cada milímetro do corpo dela. Ela sentiu o rosto esquentar, ficara embaraçada com a situação. Mas não tinha nada demais, ela tentou se acalmar, o rapaz era parte do público, tinha que olhar para ela, afinal ela era a cantora, não é verdade? E como tal, tinha que atrair as atenções para si. Mesmo assim, ela achou esquisito a ansiedade que sentia apenas por um olhar.



Quando o show terminou, por volta das 22:50h, o bar estava mais lotado e iria começar a tocar música tecno para dar um ar mais jovem ao local. Hermione saiu do palco aliviada por não ter que cantar mais, isso a irritava principalmente quando havia um desconhecido que não desgrudava os olhos dela nenhuma vez. Ela se sobressaltou ao perceber que o tal ruivo levantara da mesa e ia atrás dela no camarim. Ela se apressou e fechou a porta na cara do sujeito.



Rony só sentiu uma forte pancada no nariz.



- Ai! - ela pôde escutar do lado de fora, isso a fez rir.



- Humm... - disse Rony pensativo e cínico - Eu escutei a sua risada, mocinha! Rindo da desgraça alheia, hein? Tsc, tsc.



Ela abriu um pouco a porta. Rony só conseguiu ver seus olhinhos o fitando, atentos. E pela expressão dos mesmos, a garota deveria estar com um sorriso nos lábios.



- Como faço para entrar aí? - ele perguntou sorrindo.



- Me diga a senha. - ela disse travessa.



- Senha? Que senha? - ele perguntou deslocado.



- É essa mesma, pode entrar. - ela não conseguiu conter o sorriso e ele adorou a simples piada, riu como quando era jovem.





You have to believe we are magic

Você tem que acreditar que nós somos mágicos



Nothin' can stand in our way

Nada pode permanecer no nosso caminho



You have to believe we are magic

Você tem que acreditar que nós somos mágicos



Don't let your aim ever stray

Não deixe o seu objetivo um dia se perder



And if all your hopes survive

E se todas as suas esperanças sobreviverem



Your destiny will arrive

Seu destino irá chegar



I'll bring all your dreams alive

Eu farei todos os seus sonhos terem vida



For you

Para você






- Então, o que você deseja? - perguntou Hermione mostrando uma cadeira para o rapaz sentar-se.



Aquela pergunta foi esquisita, como foi! Ele desejava tantas coisas, tê-la somente para ele, acabar com o seu casamento, ter sua filhinha sempre perto. Mas achou que essa não era a resposta que ela gostaria de ouvir, mas ele sentia a necessidade de conversar com ela, sentia que podia confiar naquela garota.



- Eu não sei exatamente. - Rony respondeu sincero, hipnotizado pela simples presença e voz da mulher dos seus sonhos.



- Talvez um reboque? - ela arriscou com um pequeno sorriso. E percebendo que ele ergueu as sobrancelhas sem entender exatamente do que ela estava falando, Hermione explicou - Eu vi seu carro...



- Ah, sim. - ele disse se lembrando da razão que o fizera entrar no bar. - Mas eu queria mesmo era falar com você - ele falou se levantando da cadeira fazendo com que ela se levantasse também. - Eu sei que você vai achar estranho ou que eu sou até mesmo louco - E Rony pensava que realmente era, ninguém em sã consciência acreditaria nas coisas que ele diria a seguir, nem mesmo ele acreditava que poderia ser tão tolo - Sabe - ele encheu os pulmões de ar - Você é a minha luz!



- Hã?! - perguntou Hermione erguendo as sobrancelhas.



- A minha alma gêmea! - ele não sabia de onde tirou coragem para dizer coisas desse tipo para uma mulher do nada. - Eu sonho com você desde criança - ele gaguejava ansioso, aos poucos ele foi firmando mais as próprias palavras para que elas saíssem com convicção - Você é a mulher dos meus sonhos! Algo mágico aconteceu esta noite, eu descobri você! Você é minha e eu sou seu, estamos destinados a viver juntos! A nos amarmos!



Definitivamente, ou o homem estava lhe dando uma cantada das piores ou era completamente doido, até o último fio de cabelo. Muito bonito e atraente, mas doido.



- Olha, eu acho que deve haver algum engano - ela disse com medo do que um louco pudesse fazer, apesar que loucos não costumavam andar em Mercedes. E se ele fosse um ladrão?! Um assassino?! Um psicopata tarado que tinha uma obsessão por cantoras?! Ela lia sobre todos os tipos de obsessões e psicoses em seus livros de Psicologia e sobre assassinatos em livros de mistério e em romances. O pânico e desespero começaram a invadi-la. - Eu acho que a mulher dos seus sonhos deve ser a dona da aliança gêmea desta aí - ela falou apontando com o dedo indicador para a mão dele enquanto se dirigia para a porta e gritava - DAVID! DAN! AJUDA!



- O que você está fazendo? - ele tentou se aproximar, mas ela o ameaçou com um secador de cabelo.



- Fique longe de mim, seu maníaco! Que história mais absurda! Você deveria se tratar! - ela falava embolando as frases enquanto ameaçava jogar o secador de cabelo nele.



Com uma forte batida na porta entraram os seguranças que Hermione tinha chamado. Eram irmãos gêmeos, negros e com caras de poucos amigos. Rony se perguntou se era possível uma pessoa ter mais de três metros de altura e dois de largura, muito menos duas. Ele só sentiu ser suspenso do chão e ser arremessado pela porta dos fundos. Fora jogado de cara na neve, que grudou e molhou toda a sua roupa. Ele se levantou com uma certa dificuldade, cuspiu toda a neve que tinha engolido e tentou (uma tentativa muito mal sucedida, diga-se de passagem) limpar a sua roupa e ajeitar o seu cabelo, igualmente coberto de neve. Os protesto que fizera, "Ei, espere! Você tem que acreditar em mim! Me soltem! Me larga, seu tobogã de salto alto! Encanamento de um quilômetro!" Não tinham adiantado para que os gêmeos o soltassem.



Olhando a parede do bar ele viu um cartaz do Klark's Bar anunciando Hermione Granger em mais uma apresentação, vendo a foto ele a reconheceu.



- HERMIONE GRANGER! - ele gritou sorrindo em direção a janela do camarim - EU AMO VOCÊ! E EU VOU ME CASAR COM VOCÊ!



Hermione o observou escondida entre as cortinas brancas. Ele parecia louco, mas louco de amor. Mas era impossível alguém se apaixonar em tão pouco tempo. Ela sorriu. Sempre sonhara com uma declaração de amor assim.



Rony se dirigiu sorridente até o carro. "Que noite! Que noite maravilhosa! Não é para menos, conheci o amor da minha vida!" E ele começou a rir sozinho, dando um soco no ar de alegria. O seu coração estava cheio de alegria. Uma alegria inexplicável e louca.



Ele decidiu tentar ligar mais uma vez para o reboque e dessa vez atenderam. Em vinte minutos o reboque chegou o levando para casa. Era meia noite quando ele pagou o rapaz do reboque. As luzes da casa estavam todas apagadas. Ele entrou tentando não fazer barulho, mas as luzes acenderam sozinhas. Então, ele pôde ver a sala toda enfeitada com bolas vermelhas e brancas e uma grande mesa com um bolo intacto e com vários doces que já haviam sido comidos. Na parede com grandes letras brancas estava escrito: FELIZ ANIVERSÁRIO. E ao olhar o bolo, viu escrito o seu nome. Ele tinha esquecido o próprio aniversário!



Se virou e viu a esposa sentada em uma poltrona vermelha com a cara amarrada, os braços cruzados em frente ao peito. O seu olhar pareci ter o poder de matá-lo. Ele se sentou no sofá, também vermelho e deitou a cabeça nele, soltando um longo suspiro e colocando as mãos no rosto.



- Explique-se... - a voz de Parvati soou arrastada como se ela fizesse um grande esforço para controlar toda a vontade que tinha de gritar.





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Nota da Autora: As partes da música que eu coloquei é da Olívia Newton John, o nome da música é Magic. Eu adoro a letra dessa música e tudo bem se vocês não sabem quem é essa mulher, ela é uma cantora dos tempos da adolescência do meu pai (faz tempo, né?). A letra música é tão antiga que eu não achei nenhuma tradução na net, por isso eu mesma traduzi. Às vezes o curso de inglês serve para alguma coisa... Eu recomendaria essa música, é ótima. Mas para acompanhar esse capítulo uma música que se encaixa perfeitamente é a Bohemian Rhapsody do Queen e depois escutar Magic. Ah, a partir de agora imaginem a Mione com a voz da Nicole Kidman, ok?



Os 'elogios' que o Rony fez aos gêmeos, eu tirei do Chaves, hehehe. E aquela cena em que o Rony grita para a Mione foi retirada do filme Big Fish com o Ewan McGregor.



Olha, ninguém vai ficar com vírus no pc se comentar, ok? Vocês só vão gastar os seus dedinhos! Por favor, comentem! A fic não pode estar tão ruim assim, não é mesmo?!

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