Vingança



Capitulo 6. Vingança.


   Gui caminhou para fora da lareira, escovando a fuligem de suas roupas. Ele entrou na sala com facilidade, sentando-se no sofá ao lado de Jorge.


   -Mamãe está fora - disse ele - Eu estou no comando - Seus olhos foram parar em Jorge, como se o desafiasse a o contradizer. Gui começou a desfiar as regras, já gravadas em sua cabeça, determinado a se certificar de que seus irmãos não estragariam tudo para ele. A última vez que Gui ficou no comando, bem, há muito tempo, devido a um incidente envolvendo os gêmeos, uma brincadeira "inofensiva", que resultara em um quase incêndio na Toca. Gui terminou rapidamente, olhando para a sala com cuidado, certificando-se que todos os presentes estavam o escutando. Com uma série de acenos de todos, satisfeito, ele ergueu os pés para descansar sobre a mesa de café.


   -Tudo o que você disser, Gui - Jorge sorriu, levantando-se do sofá - Alguém quer uma cerveja amanteigada?


    Um murmúrio de “sim” soou de todos na sala. Jorge sorriu para si mesmo, antes de sair da sala e entrar na cozinha. Ele tinha sido insistente para fizer esta parte da brincadeira. Fred tinha outros assuntos a tratar.


   Jorge terminou de colocar a cerveja em copos rapidamente, e olhou sobre o ombro para verificar se alguém estava vindo. Vendo que tudo estava bem, ele sacudiu a mão no bolso, tirando um pequeno frasco. Ele torceu o saca-rolha, levantando o frasco para a luz. Ele esperou um momento, maravilhado com o seu bom trabalho. O líquido era claro como cristal, e completamente inodoro. Fred e ele haviam passado horas aperfeiçoando-o. Quase parecia uma vergonha que o primeiro uso da poção fosse desperdiçado em algo tão estúpido. Jorge se concentrou, pensando que aquele seria apenas um teste para a poção. Jorge suspirou, finalmente, derrubando o conteúdo em um dos copos.


   -Aqui vamos nós - exclamou em voz alta entrando na sala, enquanto carregava vários copos juntos. Ele entregou um copo a cada um dos ocupantes da sala, com exclusão de Gui – Desculpe - disse ele, fingindo estar envergonhado - Devo ter deixado um copo na cozinha.


   Ele saiu da sala rapidamente, recuperando o copo e entregando-o ao seu irmão mais velho. Gui sorriu para ele, tomando a bebida de um só gole. Jorge esperou por um momento, um sorriso travesso em seu rosto. Ele fugiu da sala, indo na direção do corredor.


   -Pronto - Jorge sorriu, batendo a porta atrás de si quando entrou na sala. Edwiges tinha acabado voar sobre a janela, fazendo Jorge ficar desconfiado – Edwiges?


   Fred deu de ombros, colocando uma pena de volta a mesa.


   -Errol não teria sobrevivido - disse ele sorrindo. Ele soltou o pergaminho da perna de Edwiges, rapidamente o abrindo - Ela está vindo.


 


   Os olhos de Gina tinham se estreitado quando Jorge saiu da sala. Embora ele não tivesse dado a ela poucas informações, ele havia prometido sinceramente que iria tentar dar-lhe algumas dicas de quando a brincadeira seria. Ele realmente não tinha mencionado nada, mas a piscadela sutil que ele lhe dera momentos antes foi suficiente para colocá-la em estado de alerta. Ela olhou com curiosidade ao redor da sala por um momento, perguntando-se se ele havia deixado qualquer outra dica. Ela franziu a testa, não avistando qualquer coisa fora do comum.


   Ela olhou para seu irmão Gui. Ele estava conversando com Harry, e parecia perfeitamente normal. Não havia brotado outra cabeça de seu pescoço, e sua pele não havia nem ficado verde. Ela estava começando a se perguntar se havia imaginado a piscadela. Começou a conversar com Hermione e não notou que os gêmeos haviam reaparecido, até que Jorge se sentou no braço do sofá.


   -Pronta para o show?- ele perguntou, balançando a cabeça na direção de Gui.


   -Estou totalmente pronta – Gina respondeu, erguendo as sobrancelhas ligeiramente - Mas nada aconteceu. Eu acho que vocês erraram.


   Um falso ultraje passou pelo rosto de Jorge.


   -Acha que eu não consigo nem ao menos pregar uma simples peça?- ele riu quando ela fez uma careta - Não se preocupe Gina. Tenho certeza que o plano esta em pleno vapor, você só não vai ver até que o nosso hóspede chegue.


   Ela ficou perplexa. O que os gêmeos estariam aprontando?


   -O hóspede?- ela perguntou, mas Jorge a ignorou. Ele estava mais interessado na figura que havia aparecido na lareira, no meio do fogo. Uma bruxa, belíssima, com cabelo loiro sedoso surgiu.


   -Olá?- Fleur Delacour, disse, entrando na sala dos Weasley. A sala toda ficou em silêncio por um momento. Até que Gui quebrou o silêncio.


   -O quê?- ele disse surpreso. Gina gemeu. Às vezes, seus irmãos não tinham absolutamente nenhum tato.


   -Fleur, o que você está fazendo aqui?- perguntou ela.


   Fleur virou para olhar para Gina.


   -Eu recebi uma coruja do Gui me pedindo para vir.


   Gina escancarou a boca. Mas Fleur já tinha se virado para Gui. Ele parecia tão chocado quanto Gina. Ele sentou-se, abrindo e fechando a boca como um peixe.


   -Mas, por que eu iria convidá-la para vir aqui?


   Gina suspirou aquela resposta fora dura, mesmo para Gui. Fleur parecia magoada, e Gina podia ver as lágrimas brotarem dos seus olhos.


   -Tenho que ir - Ela disse ainda educada, se afastando. Mas Gui, obviamente, percebendo o seu erro, levantou-se para pará-la. Infelizmente, ele tropeçou na borda da mesa de café. Ele caiu para frente, mexendo as mãos em uma tentativa desesperada de pegar em algo. Ele conseguiu, se agarrar no final de vestido de Fleur. Gina se encolheu como o som de rasgo, que encheu a sala, seguido de um grito agudo. Gui gaguejou um pedido de desculpas, mas ela não estava escutando. Com um movimento de sua varinha, ela consertou seu vestido, antes de se virar para olhar Gui.


   -O que você tem?- ela gritou.


   Gina observou enquanto Gui se encolhia diante de Fleur. Foi uma visão estranha, considerando que Gui era quase um metro mais alto do que ela. Gina franziu a testa, não era comum ele agir assim. Gui não era desajeitado, na verdade, ele sempre fora bastante coordenado. Uma luz se acendeu em sua cabeça. O que quer que os dois tivessem feito de alguma forma fizera com que Gui parecesse um idiota na frente de Fleur. Ela olhou para cima, e com certeza os gêmeos tinha sorrisos de contentamento em seus rostos. Jorge chamou sua atenção, e fez um gesto na direção de Hermione. Esta estava sentada assistindo a luta prosseguir, com um olhar um tanto divertido. Gina deu um breve aceno de cabeça, e começou a caminhar até ela.


   -Nós devemos ir - Gina sussurrou, puxando para a mão dela desesperadamente.


   Hermione balançou a cabeça.


   -Não, vamos ficar.


   Gina mordeu o lábio ansiosamente. Não, não, não! Isto foi exatamente o que ela estava tentando evitar quando havia implorado a Jorge de se recusar a fazer a brincadeira. Se Hermione ficasse, descobriria que tudo se passava de mais um plano de Fred e Jorge, e ficaria com mais raiva ainda de Fred. Tinha que tira-la de lá. Não importava o preço. Gina fez uma careta, pensando sobre o sofrimento que ela ia dar a Jorge ao longo dos próximos dias pelo que faria naquele momento.


   -Eu beijei o Harry - Gina mentiu, em voz baixa.


   -O quê?- Hermione deixou escapar uma exclamação de surpresa, ficou pé de repente e agarrou os ombros de Gina animadamente. Gina, enquanto isso estava tentando sorrir como uma adolescente apaixonada, algo muito difícil. Ela se sentia mal por mentir, e sabia que ia ser um inferno quando ela disse a Harry sobre a reportagem de capa, mas ainda assim, Hermione estar fora da sala tinha que ser uma coisa boa, certo? Hermione apertou a mão de Gina, puxando-a para a cozinha. Gina acumulou seu cérebro rapidamente, tentando desesperadamente inventar alguns detalhes, que ela sabia que Hermione estaria interessada para saber. Na cozinha, ela falou com um tom de falsa animação em sua voz, erguendo a voz uma oitava acima para dar uma boa aparência.


   -Está tudo bem - uma voz suave entrou na sala, seguido por uns poucos soluços altos, sem dúvida de Fleur. Hermione se encolheu quando Fred entrou na sala, com o braço pendurado em torno de uma Fleur chorosa. Ela estreitou os olhos, e Gina parou de falar imediatamente. Poderia ter gemido. O objetivo era fazer com que Hermione ficasse fora da sala. Longe de Gui. Longe de Fred. Longe de quase todos. Mas não, Fred só tinha de estragar as coisas, não era? Gina ergueu a cabeça, olhando para Fred com reprovação.


   -Vai ficar tudo bem - murmurou Fred mais uma vez, esfregando a mão nas costas de Fleur, formando círculos. Ele olhou por cima do ombro de Fleur, avistando Hermione e Gina, ainda encostada no balcão da cozinha - Gina, você pode, por favor...


   -Estamos saindo – Hermione o interrompeu, puxando Gina para fora da cozinha com tanta força que ela não teve tempo para reagir. Gina abriu a boca para falar com Hermione, mas fechou a boca quando Hermione a puxou para a sala - Jorge!


   -Hermione?- Jorge ergueu os olhos de Harry, com quem ainda conversava um tom quase hesitante aparente em sua voz.


   -O que você fez?


   -Eu estive pensando que eu - Gui murmurou com raiva, olhando para seu irmão mais novo. Ele deu um passo em direção a Jorge, mas foi interrompido quando seu dedo do pé bateu contra a perna da mesa - Oh Merlin! - ele gritou sua mão indo imediatamente para o dedão do pé, que sangrava - Jorge!


   -Calma Gui - Jorge disse, sufocando a risada, braços indo para cima em sinal de rendição - Poderíamos ter envenenado a sua cerveja amanteigada.


   -Nós?- Hermione o olhou com desaprovação, e não se preocupou em esconder o tom de desgosto em sua voz - Vocês dois são desprezíveis.


   -De certa forma isso é um elogio, não?- Jorge a olhou esperançoso, mas não parecia que ela podia vê-lo. Hermione parecia verdadeiramente chocada. Ela balançou a cabeça, com descrença, antes de se virar bruscamente nos calcanhares e subir a escada. Jorge ainda podia ouvir os lamentos de Fleur na cozinha e, ocasionalmente, a voz de seu irmão gêmeo tentando acalmá-la. Ele olhou para o lugar de onde Hermione tinha acabado de sair. Então se virou para Gui, que estava sentado no sofá, o rosto nas mãos. Harry e Rony sentaram-se silenciosamente, observando a cena. Jorge se virou para sua irmã. O lábio inferior de Gina estava tremendo, os olhos úmidos. Ela soltou um grito estrangulado antes de correr para fora da sala, subindo a escada, como a amiga. O que ele havia feito?


 


   Gina não voltou para seu quarto naquela noite. Ela sabia que Hermione estaria furiosa com a palhaçada dos gêmeos. Em vez disso, Gina foi para antigo quarto de Percy, um lugar onde tinha certeza de que ninguém iria procurá-la. Ela desabou na cama, exausta. Tentou imaginar como o dia seguinte seria estremecendo com o pensamento. Pobre Fleur. Mesmo sob os efeitos da poção, Gina não podia acreditar que Gui iria tratar alguém assim. “Mas, por que eu iria convidá-la para vir aqui?” Pela primeira vez em sua vida, Gina sentiu uma onda de simpatia com a veela.


   Oh Merlin. O que ela iria dizer a Harry? Gina suspirou, se engasgando entre lágrimas. Deitou-se, curvando-se como uma bola. Talvez o dia seguinte não fosse tão ruim.


 


   -O que vocês fizeram?- Harry perguntou, quebrando o silêncio no quarto. Fred tinha se trancado em seu quarto, e Jorge fora se refugiar no quarto de seu irmão mais novo.


   -Nós colocamos uma poção na cerveja amanteigada - Jorge murmurou. A brincadeira não tinha seguido como o planejado, e ele não sentia a vontade de falar sobre isso.


   -Que tipo de poção?- Harry estava ficando impaciente. Ele estava do lado de Hermione, concordando que a brincadeira havia sido bastante cruel em número ou níveis. Ainda assim, a brincadeira o intrigou, e ele queria respostas.


   -Você coloca DNA de alguém na poção - ele respondeu hesitante.  Não gostava de contar os segredos de suas brincadeiras – Da a alguém para beber e eles vão dar o pior de si na frente da pessoa.


   Harry contemplou a ideia em silêncio. Fora um bom plano. Se as circunstâncias tivessem sido diferentes, ele teria dito que a ideia era genial. A circunstância, porém, resultou que Harry não gostou da ideia. Ele ainda podia ouvir gritos de Fleur em sua mente, e o rosto ferido Hermione, quando vira Fred reconfortando Fleur. E Gina. Havia alguma coisa em Gina que o fez pensar que algo estava errado. Muito errado.


 


   -Garotos?- Hermione bateu na porta, a pesar de esta estar aberta, parecia hesitante - Vocês já viram Gina?


   Os três rapazes olharam para ela, apressadamente puxando as cobertas sobre os ombros.


   -Hum, não, desculpe - Harry gaguejou.


   -Como é que você não sabe?- ela perguntou incrédula.


   -Por que eu iria saber?


   -Vocês dois estão namorando agora - afirmou Hermione, franzindo as sobrancelhas em confusão. Parecia que Harry parecia não saber de nada - Certo?


   Harry balbuciou, engasgado com sua saliva no momento.


   -Desculpe?


   -Você... - Hermione parou. Ela olhou para Rony e Jorge, que tinham ficado as orelhas vermelhas. Rony parecia que queria dar um soco em alguma coisa. Sua irmã mais nova. Seu melhor amigo. Fora duro o suficiente se acostumar com a ideia de sua melhor amiga e seu irmão mais velho.


   -Sim - Gina sussurrou, aparecendo na porta - Eu disse a Hermione esta noite, Harry. Quando eu a levei para fora da sala - Ela implorou silenciosamente com os olhos. Por favor, por favor, é só entrar no jogo, ela pensou.


   -Sim - Harry consentiu, embora não tivesse certeza do que realmente estava acontecendo. O que Gina tinha feito? - Estamos.


   Hermione sorriu, deixando o quarto. Pelo menos alguém estava recebendo seu “feliz para sempre”.


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  Em algum lugar ao longo do caminho, tudo havia se embaralhado. Fred tinha certeza. Gina e Harry estavam em condições lamentáveis desde a noite anterior. Eles pareciam tentar agir de modo alegre, quase como um casal sempre que alguém estava ao redor, mas ainda havia um pouco de estranheza entre os dois. Gui não estava falando com os gêmeos, e nem Fleur. Na verdade, Fleur não tinha sequer se preocupado em mandar uma coruja depois de sair, mesmo ela lhe prometendo que iria tentar fazer as pazes com Gui. Hermione. Fred suspirou involuntariamente. Hermione não tinha olhado muito para ele. Ela achava que ele era um monstro. Primeiro o incidente com a vassoura, e agora aquela brincadeira estúpida. Bem, pelo menos desta vez ele fora realmente o responsável pela brincadeira. Ela nunca aprovaria suas brincadeiras. Talvez eles simplesmente não tivessem sido feitos um para o outro.

PS:Oi gente, desculpem pela demora, mas voltei! Fiquei muito feliz com os comentários, obrigada a todos. Sabe aqueles ditados antigos? “o mundo da voltas, e todas as pistas tem mão-dupla", "Tudo que você planta, você colhe", "Tudo que vai, volta". Pelo visto Fred e Jorge sentiram isso na pele. Proximo capitulo, "Biscoitos".

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Comentários (2)

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