De Metáforas



N/A: Nossa, já faz uns dois meses que eu não escrevia nada! Gente, desculpa pela demora! ^_^0 Eu tinha me prometido que escreveria ao menos um capítulo por semana nas férias de Julho, mas algo veio mudar meus planos, me dar novas idéias e me tirar da costumeira rotina. Eu acho, inclusive que este capítulo não está lá muito bom, parece que eu perdi um pouco a linha que estava seguindo, mas prometo que os próximos serão melhores! ^_^v
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- Adeus, querida.
Ela abraçara a neta mais velha enquanto a mais nova já corria para a Harley Davidson 1990. A moça suspirou profundamente.
- Se você precisar de conselhos, procure as árvores e econtrará ajuda.
- Obrigada, vó. Logo estaremos de volta...
E ela só pode observar a garota se afastando. A tristeza doía tanto que nem pode lembrar de se preocupar com a moto andando na neve.
Lacrima usava as botas afiveladas sobre a perna da calça, uma grossa jaqueta de couro e óculos escuros sob o capacete preto, escondendo os olhos vermelhos do choro.
- Segure-se bem, a estrada está perigosa. - Disse lembrando que se a irmã não estivesse junto, adoraria aproveitar novamente toda a potência de sua motocicleta, ver a neve voando e desafiar a morte.
As duas permaneceram caladas durante toda a viagem no Expresso, Aurea, mesmo sem saber o motivo, podia sentir toda pressão a que estava submetida sua irmã.

Ela chegaria naquele dia e ele estava ansioso por revê-la. Ela parecera triste na hora da despedida, mas não quisera revelar o motivo, dando algumas desculpas esfarrapadíssimas. Estivera treinando suas habilidades durante o feriado e se sentia mais confiante que nunca, receava apenas distrair-se novamente com a presença dela, mas estava otimista. Sem Quirrel por perto ele se sentia mais aliviado, a Marca não dera nenhum sinal durante aquele período e, embora ele não pudesse esquecer o Lorde das Trevas, a idéia dele havia se distanciado, de alguma forma.
Quando o sol já voltava ao horizonte, pai e filho partiram para esperar as Lunare na plataforma. Snape esperava ver aquele belo semblante desanuviado e mais leve, porém, qual não foi sua surpresa ao encontrá-lo marcado de preocupação e tristeza. Mesmo a pequena parecia mais quieta.

- Você não parece bem. O que está havendo, Lacrima?
Sentada na beirada da cama dele, sorvendo o aroma do chá quente entre as mãos, ela hesitava.
- Você bem sabe que eu vim à Hogwarts fugindo dos Comensais. Aconteceram muitas coisas lá onde eu morava e nós tivemos certeza que eles estavam em nosso encalço. - pausa - O que me dói, Severus, é que não sou só eu. Que me importa morrer hoje ou amanhã? Mas acontece que pessoas dependem de mim e eu temo por elas...
Ele a olhava com dor.
- Mas porque? Porque eles as perseguem?
- Não sei... - ela suspirou - Eu não sei. Vingança, eu acho. Pela minha irmã. - ela dizia olhando fixamente para a caneca nas mãos.
Ele temeu perguntar mais, sabia que ela se culpava pela morte da irmã. Ficaram muito tempo calados, o silêncio e o tempo servindo de consolo. Conseguindo por as idéias em ordem, ela decidiu que seguiria o conselho da avó. Procuraria as árvores.
- Obrigada por tudo, Severus... Por me esperar, por estar comigo nessa hora... Obrigada. - ela se levantava para sair.
- Já vai?
- Sim... Quero tomar um banho e cuidar de algumas coisas para as aulas amanhã.
- Boa noite, então. - ele recriminou-se por não ter palavras melhores.
- Boa noite. - ela deu um quase imperceptível sorriso de agradecimento, enquanto já saía para o corredor.
Tomou um longo banho, repassando o que faria, o que perguntaria. Conseguiria ela alguma resposta? Conseguiria escutar? Já fazia tanto tempo...
E então a jovem professora esperou até que todo o castelo estivesse adormecido. Silenciosamente, valendo-se das sombras e contando com a sorte de não ser vista pelos espectros, ela atravessou todo o caminho até a porta de saída. Não que estivesse fazendo algo proibido, mas queria manter isso para si mesma. Tensa, ela ganhou a àrea externa do castelo. Agora corria ansiosa em direção à floresta e parou respeitosa e contemplativa aonde começavam as árvores, respirou fundo, procurou relaxar. Era imprescindível estar com a mente aberta às intuições e atenta aos mínimos sons. Foi chegado o momento.
- Eu, L. A. Lunare, venho respeitosamente pedir permissão aos seres que aqui habitam para adentrar vosso lar... - ela recitou a frase com sinceridade. Sua voz, por um momento pareceu ecoar por toda a extensão, levada pelo vento, que logo trouxe a resposta: um crocito profundo e muito claro no silêncio.
Diante da resposta, finalmente penetrou o dédalo de galhos. Com os olhos semicerrados na escuridão, seguia os sons e os pressentimentos. Na densa treva, ao longe, ouvia vozes, muitas vozes que se confundiam com os sons dos insetos e pássaros noctívagos. Seguia em frente, devagar porém convicta. Finalmente sentiu a luz argêntea da Lua tocar com dedos frios suas pupilas. Estava em uma clareira. Uma pequena cascata que ali mesmo brotava formava um pequeno lago circundado de delicado junco. Contemplou a paisagem por um instante e logo sentiu um olhar sobre si. Ele aparecera repentina e silenciosamente, sem que ela pudesse ter notado de onde viera. Era uma imagem bela e grotesca, calmante e ainda assim agressiva. Um centauro robusto, de patas largas e brilhante pêlo castanho marcado à fogo por inúmeros símbolos sagrados. O torso másculo, de pele alva trazia sinais de batalhas antigas e mais símbolos, estes, tatuados com pigmento azulado. O longo cabelo castanho esvoaçava à menor brisa. Trazia algumas penas, que ela julgou ser de falcão, presas à uma trança fina como as que tinha na barba. O rosto, viril, trazia as marcas de antigos tormentos que conviviam agora com plena serenidade. Mantinha os olhos fechados e nunca parecia abri-los, como logo poderia constatar Lunare.
Trazia às costas uma harpa de madeira que parecia não ter sido nem ao menos desbastada, tinha até mesmo uma rama aqui e acolá que ostentava pequenas folhas esmeraldinas, como se ele simplesmente houvesse posto cordas em um galho curvo. Em cada punho uma serpente feita do mesmo pigmento azul se enroscava como querendo subir. À vista delas, Lunare soube que obteria uma ajuda mais concreta do que esperara.
- Ora, uma iniciada... Tão perdida nas dúvidas... Há muito tempo tenta resolvê-las sozinha, não? Tenta ser independente... Acredite, parte de ser livre é conhecer as próprias limitações. A própria natureza. - A voz dele soava como os trovões, mas tinha um tom suave.
- Eu... venho em busca de conselhos... Estou perdida, não sei em quem confiar, que rumo tomar. Nem mesmo sei ao certo o que está acontecendo... - Disse ela depois de um momento de hesitante silêncio.
- Pois bem... Sabe também que não é tudo que me é possível revelar, pode ser que o que eu lhe diga não seja o que você veio para saber. Eu lhe direi o que os deuses me permitirem.
- Eu agradeço.
Ele respirou fundo. Não abrira os olhos, provavelmente era cego. Um cego que via mais que qualquer pessoa com a visão perfeita.
- A alma é imortal e entra nos mundos através da Porta da Vida. Mas o que acontece com uma alma que desafia as leis e volta ao mundo por outros meios? A história traz alguns raros registros de tais aberrações. Marte têm espalhado seu brilho sangüíneo no céu há vários anos. Um brilho incomum, que têm oscilado. Aumentou gradativamente e depois quase desapareceu. Desde algum tempo, vem aumentando lentamente. - ele deu uma longa pausa. Lunare acreditou ter visto um leve sorriso em seu semblante - Sua morte não é necessária. Seu medo não é necessário. Você pode escolher: juntar-se à ele ou não. Se quiser manter os propósitos que tem hoje, evite a serpente. Você a encontrará no próximo equinócio de outono. Mas pense bem. Aquele que você vê... Você irá encontrá-lo de uma forma ou de outra. O outro, o que está nesta vida, ele também tem dúvidas, ele também tem medo... Não quer, mas não pode conter o impulso de lhe falar. Ele resiste menos que você. Lembre-se que você pode tentar, mas nunca poderá evitar o destino.

Quando deu por si, estava na cama. O fogo da lareira, baixo, iluminava fracamente o aposento, conferindo tonalidades rubras às superfícies. Não se lembrava de como chegara... Tudo fora tão surreal que ela juraria que havia apenas sonhado se a capa negra, esticada sobre a poltrona, não estivesse com pequenos rasgos e alguns pequenos ramos enroscados.

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