::capítulo seis::



Capítulo Seis
Ou
Stranger In Strange Land


Era indubitável que, mais dia ou menos dia, eu iria ser forçada a parar de mentir. Mas até que aquele dia chegasse, eu podia muito bem continuar a ser a Lily Mentirosa. E eu não me sentia culpada, muitas vezes. Para mim, era a única maneira que eu tinha de sobreviver.


Vinte dias depois do aniversário de Emmy – que muitos descreveram como “imperdível” e “o melhor do todos” -, eu ainda estava mentindo.


Mas o pior não era aquilo. Eu já estava acostumada a mentir, mas a mentir sem ter James por perto era diferente.


Desde que nos conhecíamos, brigávamos. Acho que existe briga em qualquer relação, seja entre amigos, seja entre namorados. Acho que brigar faz parte de toda a humanidade e serve para encontrarmos nosso equilíbrio e continuarmos a amar as pessoas do mesmo jeito, independentemente de qualquer motivo que tente colocar a relação para baixo. Comigo e com James as coisas funcionavam exatamente do mesmo modo. Brigávamos, mas sempre reatávamos, porque sabíamos que aquilo iria passar, como tudo. Porém, daquela vez, as coisas não estavam saindo como sempre. Algo tinha modificado nossa relação, deixando-a estagnada, impossibilitando curas.


Havia dias que brigávamos e não nos falávamos, mas nossos olhos deixavam claros que nossa amizade não estava ruindo. O máximo que tínhamos ficado sem nos falar era uma semana. Na ocasião, tínhamos oito anos e James tinha “arranjado” uma nova melhor amiga, a Tuty, que acabou saindo do King Williams College dois anos depois. Eu fiquei com raiva dele, porque pensara que ele me trocaria por Tuty, o que não aconteceu, já que ele disse que eu nunca deixaria de ser a melhor amiga dele. Ainda assim, a amizade entre ele e Tuty não vingou, porque eles não eram vizinhos e Tuty sequer tinha o cabelo colorido, tal como o meu. Então, James não se encantou tanto com Tuty. Eu me lembro de ter chorado quando voltei da escola, depois de tê-lo visto conversando com Tuty. Eu tinha a idéia de que ninguém poderia me separar dele, especialmente uma menina de cabelos negros e aparelhos cor de rosa nos dentes.


Mas no todo, eu tinha me recuperado daquilo. Eu sabia que James jamais me substituiria, até que aquilo aconteceu. A partir daquele dia, eu não mais sabia até que ponto ele suportaria e tinha certeza de que, fosse como fosse, nossa amizade não era mais a mesma de anos atrás.


Não fora apenas eu que mudara. James também. Ele parara de ser aquele cara completamente legal comigo. Agora ele me cobrava, não tinha mais paciência e não me via mais com os mesmos olhos de amigo, que um dia já fora.


A parte que eu nunca tinha percebido era justamente aquela: amadurecer. Eu não sabia o quanto estava, de fato, amadurecendo. Eu sabia que crescer não era fácil, que vinha com muitos pontos negativos e que tínhamos que nos testar a todo instante. Eu não sabia se mentir era uma necessidade do crescimento, ainda que eu tivesse de fazer aquilo apenas para me proteger.


Acho que James queria que eu tivesse dez anos para sempre. Ao menos aquela Lily não gostava de vestidos, escalava árvores e não saía por aí beijando o melhor amigo do seu melhor amigo – confuso, não? A verdade é que James nunca apreciou mudanças. Quando sua mãe morreu, foi difícil de ele se adaptar a morar com os avós. Quando seu pai foi preso, não conseguiu entender por que não poderia mais sair da escola e visitá-lo. James não gostava de imprevistos. Ele sempre fora muito metódico e se dava bem com as coisas sempre iguais.


Mas todo mundo cresce, todo mundo amadurece e, mesmo não querendo, todo mundo muda. Faz parte da vida. Ninguém espera que você seja uma criança para sempre, assim como ninguém quer que você seja uma adolescente para sempre. Por isso existem etapas; e elas foram feitas para nós passarmos por elas, não para pararmos nelas.


Eu sempre desejei crescer. Quando criança, eu nunca me aceitava do modo que era. Eu queria ser adolescente, para poder sair e dirigir. Mas agora que eu já era adolescente – quase uma adulta, na verdade -, eu desejava voltar para aquela época em que todos os meus sofrimentos estavam relacionados à boneca errada que tinha ganhado de Natal.


Depois de muitos Natais, ali estava eu, uma mentirosa quase arrependida.


Sem James, eu ia para o King Williams sozinha, mas aproveitava aqueles minutos à sós para conversar comigo mesma.


Eu sempre gostara de conversar comigo mesma. Era uma mania que adquirira de meu pai. Mas, ao contrário dele, eu não falava alto sozinha, apenas pensava sozinha. Naquele terça-feira nublada e fria, eu me aconselhava a deixar o orgulho de lado e pedir desculpas por ter sido tão infantil com James, porque talvez ele tivesse razão: talvez as pessoas fossem entender se eu explicasse. Mas, aí, meu subconsciente dizia: Ninguém entende uma amiga traidora.


A batalha era intensa. Travava-a sozinha há mais de duas semanas e não estava chegando a lugar algum. Quando achava que tinha uma resposta, um caminho a seguir, pensava no oposto daquilo e via que não iria funcionar. Então, acabei desistindo.


Quando cheguei à escola, minha mente estava vagando entre o branco e a névoa, completamente vazia.


As meninas estavam sentadas na escadaria de pedras, estudando para as provas finais. Assim que me aproximei delas, todos os olhares se voltaram para mim.


- Lily, pense rápido: o que é um sistema adiabático? – Marlene me perguntou, de supetão.


- Isso é... Biologia? – quis saber, confusa.


- Não, Física! – Emmeline riu, mas parecia chocada.


- Dê licença, mas não vou morrer de frio aqui fora estudando com vocês – falei.


- Por quê? Você já estudou tudo o que podia? – Dorcas se interessou.


Não respondi. A verdade era que eu mal tocara nos livros. Eu e James estudávamos juntos para todas as provas finais, e ali sem ele, eu não me motivava a estudar sozinha. Física e Química já eram entediantes mesmo com a ajuda dele, imagine sem seu auxílio.


- O James veio? – procurei não transmitir a minha ansiedade.


Marlene sorriu como se soubesse que eu estava me esforçando para parecer displicente.  


- Claro. Está na biblioteca com os caras – Emmeline respondeu, aparentemente sem notar minha ansiedade.


Então, mesmo não querendo, larguei-as ali e fui ao encontro dos meninos. Pareceu-me inevitável.


Corri distraída até a biblioteca. Em meio aos livros e às estantes, caminhei mais devagar, tentando detectar alguém. Foi fácil demais encontrá-los, estavam em uma das mesas redondas, estudando uns livros de Química. Naquela manhã teríamos Física, Química I e Geopolítica, e pela tarde, Biologia e Inglês. Graças a Deus era o último dia de provas, porque eu já não agüentava mais ter de fingir que tinha estudado para todo mundo. Meus pais estavam ainda me perguntando sobre as provas de Durham, que tinham ocorrido há mais de quinze dias, e não estavam engolindo as minhas mentiras sobre eu “ter ido razoavelmente bem”.


Mas tudo bem, eu era, como sempre venho falando, uma ótima mentirosa; logo tudo iria se acertar.


- Oi – falei, olhando para Peter, James e Sirius debruçados nos livros, discutindo sobre ligações covalentes.


James me ignorou legal, mas Sirius e Peter sorriram.


- Quer estudar conosco? – Sirius convidou – Duvido que vamos realmente aprender alguma coisa, mas pode nos ajudar.


- Hm – murmurei, olhando para James, que continuava a fingir que eu não estava ali – Eu... preciso falar com o James.


James ergueu o rosto com expressão de desafio e disse:


- Desculpe, mas não me lembro se devo partilhar meus minutos com alguém como você.


Franzi a testa.


- Uau – Sirius falou – O que está rolando?


- Nada – eu e James falamos concomitantemente.


James virou o rosto para mim, mas eu permaneci a mirá-lo, incrédula.


Não acreditava que ele, James Potter, meu melhor amigo, estava me tratando como se eu fosse um bicho mal-comportado! Como se eu merecesse seu desprezo! E ele nem estava a fim de entender o meu lado!


- James, quem deveria estar bravo aqui sou eu – disse, irritada – Mas estou tentando conversar com você, está vendo?


- E não está vendo que não vou conversar com você? – ele me devolveu, com os olhos frios.


- Por que vocês não resolvem isso lá fora? – Peter sugeriu.


Ignoramos Peter, como sempre.


- James – falei, suplicante.


- Não, tá legal? - a voz de James estava cansada - Eu já estou suportando muita coisa no momento, okay? Não estou a fim de ser a sua muleta pessoal. Se não quer fazer o certo, acho que não deveria mais me chamar de melhor amigo.


- Ah, beleza – trovejei – Se é assim que quer, por mim tudo bem – crispei os lábios.


- Sério, Lily, vai conversar sobre, sei lá, vestidos com as meninas – Sirius falou, mostrando-se perplexo comigo.


Olhei para Sirius.


- Dê-me licença, mas da minha vida cuido eu – eu disse, olhando com raiva para James, começando a deixar a biblioteca no mesmo segundo.


- Sério, o que deu nessas meninas? – Sirius perguntou para Peter e James, assim que saí de perto deles.


Furiosa e magoada, saí de volta para o ar frio da manhã.


Sentia-me sozinha e desprotegida, mas decididamente com raiva.


Não acreditava que James estivesse fazendo aquilo comigo. Onde estava sua pose de adulto naquilo tudo?


Balancei os cabelos ruivos quando o vento gelado lambeu meu rosto, assim que cheguei novamente nas escadarias em frente ao portão principal.


As meninas me olharam com expectativas.


- Como foi? – Emmeline quis saber.


Como todo grupo de amigos, tudo o que alguém falava ou fazia era imediatamente reportado para os outros membros, de modo que a minha briga com James chegou aos ouvidos de todos, atingindo também as meninas.


Sentei-me, desapontada, ao lado de Marlene, cujo sobre tudo amarelo conferia-lhe um estado de omelete-pronto.


- Não muito bem – sorri, idiota.


- Ele sempre a desculpa. Não vai ser diferente dessa vez, Lil – Emmeline colocou uma mão sobre meu ombro, procurando confortar-me.


“Dessa vez vai ser diferente”, minha mente reagiu, “James quer que eu seja alguém que não sou mais”.


Suspirei ao mesmo tempo em que falava:


- Vamos tomar um chocolate quente?


Dorcas sorriu aliviada.


- Ainda bem que alguém mencionou isso. Estou com frio e cansada.


Levantamo-nos e seguimos até o final do quarteirão, onde há poucas semanas haviam instalado uma filial da Starbucks. Sempre que alguém tinha fome, matava uns minutinhos de aula para atravessar a rua e comer uma torrada lá. Às vezes, nos finais de tarde, eu e James íamos até lá para lanchar depois de horas e horas na Casa da Árvore estudando.


Mas claro que isso era antes.


E esse antes era muito melhor, porque não havia mentiras.


Não que mentiras fossem ruins; mentiras são necessárias. Mas claro que apenas até certo ponto.


O chocolate quente aliviou um pouco da minha tensão e me senti um pouco mais disposta para realizar as provas. Emmeline não parou de falar sobre as provas de Física e de Química I, o que me fez seriamente me irritar com ela. Já era um saco ter de lembrar a mim mesma que era péssima nessas matérias, imagine com uma tagarela ao seu lado, discutindo as alternativas das questões.


Lily, que também estava bastante cansada, finalmente cortou Emmy – ofendendo-a um pouco, mas isso já era de se esperar – e voltamos a Starbucks, para recarregar a energia. Pela tarde, como supracitado, teríamos Biologia e Inglês – o que para mim não eram as matérias mais difíceis do mundo, embora eu sempre superestimasse minha capacidade de estudo.


Quando voltamos ao King Williams College, Peter estava sentado sozinho na escadaria em frente ao portão. Fiquei meio surpresa. Talvez, por um segundo, tinha me esquecido de que Remus não estava mais ali. Ele e Peter sempre estavam juntos, e se Peter estava sozinho, era um problema. Exatamente como eu e James separados. Por isso, eu fui até Peter e perguntei:


- Por que está sozinho?


Peter levantou os olhos, igualmente surpreso.


- Estou cansado – ele me disse.


Sentei-me ao seu lado, provavelmente como teria feito com James.


- Eu também – admiti, suspirando.


- Os meninos voltaram para a biblioteca, mas eu não agüento mais ler nenhuma linha de nada.


- Oh – falei, pensando que eu também não mais estava agüentando – Entendo – fiquei em silêncio e ele não me interpelou. Meu coração doeu no silêncio – Está tudo bem com você? – inquiri.


Peter me olhou de novo, mas agora com o semblante limpo, sem cansaço ou surpresa.


- Creio que sim – ele me respondeu. Acho que não sabia que outra resposta me dizer.


- McCoy voltou a tentar lhe interrogar?


Peter se mexeu desconfortável, ao meu lado.


- Sim, algumas vezes. Mas eu apenas disse que não sabia sobre nada e que Remus era meu melhor amigo.


- Então ele se cansou?


- McCoy? – ele riu; eu assenti – Não. Acha que estou escondendo respostas.


Engoli em seco. Aquilo estava indo longe demais.


- Bem, talvez o trabalho de um policial seja desconfiar de tudo e de todos – dei de ombros, achando que aquela resposta soaria melhor do que qualquer outra coisa.


Peter riu, agora parecendo mais à vontade. Então, quando parou, não disse mais nada, e eu também não. Mordi o lábio, sem saber o que fazer ou pensar. Estar ali com ele estava me fazendo ficar nervosa.


Mordisquei minha cutícula, ansiosa, desesperada para quebrar aquele silêncio.


- Vai ao Baile de Inverno? – perguntei.


Uma coisa que eu detestava no King Williams College é que havia Bailes diversos quase todos os meses, festejando qualquer tema idiota. Baile do Rock, Baile de Primavera, Baile de Máscaras, Baile das Culturas. Tudo era motivo para o comitê realizar um Baile.


E naquela noite, aconteceria o Baile de Inverno.


Quando contei à Petúnia que não estava a fim de ir, ela quase jogou o sofá em mim. Disse que eu iria perder o melhor Baile de todos. Ela, como já estudou no King Williams, também já tinha passado por essas coisas de Bailes, mas ela, ao contrário de mim, sempre adorou tudo isso. Às vezes eu achava que eu e ela nem fazíamos parte da mesma família, de tão diferentes que éramos.


Peter fez uma careta.


- Não sei. É muito idiota ir sem par – ele me contou.


Eu ri.


- Eu também não tenho par, mas e daí? Podíamos ir em grupo, como sempre.


- Parece boa ideia, mas não estou muito a fim de ir, sabe? Bailes são uma chatice.


- Também não estou a fim de ir. Não me animo com essas coisas – eu sorri.


- Acho que, na verdade, você está é sentindo falta do James – ele me sorriu.


Meu rosto ficou quente, eu pude sentir, ainda que aquilo não fizesse sentido.


Neguei veemente com a cabeça.


- Não é verdade – eu falei.


- Qual é, vocês sempre foram melhores amigos – Peter me disse.


- É, e às vezes é bom ficar longe do seu melhor amigo – contei e então quis correr atrás. Caramba, eu era uma péssima amiga.


Peter ficou quieto.


- Desculpa – eu pedi – Eu sei que você sente a falta de Remus.


- Tudo bem, não se preocupe – Peter sorriu triste – Isso vai passar um dia, certo?


- Claro, acho que sim – confirmei, sem ter coragem de sorrir.


- Acho que você deveria conversar com James – ele me aconselhou - Ele parece perdido sem você.


- Você não viu o modo como ele reagiu mais cedo? Como você acha que posso conversar com ele?


- Melhores amigos, melhores amigos de verdade, sempre estão ao nosso lado independentemente de qualquer coisa – Peter me disse.


- Talvez ele tenha se cansado de mim – sugeri.


Peter riu e segurou minha mão.


Meu estômago afundou, parecia que eu tinha acabado de devorar um boi.


- As pessoas podem amar umas às outras sem motivos, e se amam sem motivos, não há por que odiá-las ou se cansar delas sem motivos também – Peter falou.


- Mas James tem motivos para me amar. Conhecemo-nos desde quase sempre, praticamente – falei.


- Não acho que você deva se deixar abalar por isso. Você pode estar sozinha agora, mas ele sempre pensa em você. Ele sempre esteve ao seu lado. Você sabe que sim.


Mordi meu lábio mais uma vez, constrangida. Era estranho receber um conselho de Peter. Nós nunca tivéramos momentos assim.


- É – balbuciei – Hm, talvez eu deva conversar com ele.


Peter sorriu, mostrando-se prestativo.


- Você é uma boa garota, Lily – ele me disse.


Automaticamente, eu quis rir, mas não o fiz. E se ele desconfiasse de algo?


- Obrigada – agradeci em vão.


Depois de alguns minutos, o sinal bateu e entramos no grande prédio. Nunca me senti tão solitária naquele lugar.


As provas correram quase com tranqüilidade e eu fiquei satisfeita. Talvez eu pudesse recuperar o meu D em Inglês.


Às três em ponto, reunimo-nos em frente ao colégio.


Olhei para James e tive certeza de que ele ainda não tinha dissolvido a raiva dele para comigo.


- Você vai para casa agora? – perguntei, na cara dura. Se ele não conversava comigo, não queria dizer que eu não pudesse conversar com ele, certo?


James me olhou com indiferença e falou:


- Vou para a casa de Sirius.


- Vai ao Baile de Inverno? – perguntei sem jeito.


- Não sei – ele disse, todo seco.


- Eu estou pensando em ir – comentei, timidamente.


- E eu com isso? – ele quis saber com selvageria.


Comprimi os lábios e reprimi o extinto de querer chorar.


- Nada – desconversei – Só... talvez pudéssemos conversar lá.


Ele franziu a testa com cara de poucos amigos.


- Não sei se vou, já disse – ele repetiu.


- Bem, se for me procure – sorri pequeno, tentando não demonstrar sentimento.


- É – ele rolou os olhos, zombeteiro.


Não esperei minha língua entrar em ação e proferir qualquer frase besta, por isso, saí dali em um segundo e quando vi, já estava caminhando, sem ânimo, para casa.


Chegando em casa, Petúnia estava lá. Eu ainda não entendia porque ela aparecia de vez em quando lá em casa, quando claramente preferia ficar na faculdade. Mas, bem, ela sempre tinha sido muito mimada.


- Achei que você fosse tomar um chá na casa do James – ela comentou, na cozinha.


- Não. Nós... não viemos juntos, ele foi para a casa do Sirius.


- Ah – ela disse – E como vai com ele? – ela riu.


- Com James? – fiz uma careta.


- Não, com Sirius – ela explicou.


Senti meu estômago se revirar. Droga. Minha irmã era um pé no saco.


- Terminei com ele há uns dias – contei. Não sabia por que estava fazendo aquilo, já que quase nunca dividia nada com ela, principalmente meus segredos.


- Você tem que ser de um cara só e que a ama de verdade, Lily – Petúnia me disse – É por isso que eu amo o Doug.


Revirei os olhos.


- Ok, minha psicóloga, obrigada pelo conselho – zombei.


Ela olhou para mim com cara de quem estava com vontade de rir.


- Você ainda não sabe nada sobre a vida – ela disse.


- Olhe, tanto faz, certo? Eu nem amo o Sirius – dei de ombros.


- E quem você ama, Lily?


Fiquei curiosa com sua pergunta.


- Não sei. Ninguém, eu acho.


- James parece ser legal demais com você – ela soltou um risinho.


Não sei por que, mas eu corei.


- Ele é o meu melhor amigo – expliquei.


- Bem, sinceramente, não parece que ele queira apenas isso.


- Mas eu quero isso – enfatizei, zangada.


Petúnia riu de novo.


- Você é quem sabe – ela disse.


Irritada, subi para meu quarto.


Eu não sabia qual era a graça das pessoas ficarem se intrometendo nas vidas umas das outras. Aquilo era idiota. Afinal, o problema era meu se queria permanecer com Sirius. Claro que eu não podia fazer aquilo, mas se eu quisesse, o problema era meu. Petúnia tinha é que se mudar definitivamente para a faculdade, porque assim eu me poupava mais.


O Baile de Inverno começava às oito horas. Já eram quarto e meia, quando olhei para o relógio de meu celular, depois de ter me deitado na cama, pensando sobre qualquer coisa besta enquanto ouvia One Night Only.


Petúnia bateu na porta, com aquela cara toda animadinha.


- E aí? Vai ao Baile? – ela quis saber.


Tirei um dos fones do ouvido e me sentei na cama. Revirei os olhos.


- Não sei. Você acha que devo ir mesmo sem par?


- Não é esquisitice nenhuma – ela deu de ombros – Você pode ir com o James, apenas como amigos.


- Petúnia – comecei, elevando minha voz – Eu não quero ir com James, certo?


- Bem, quem mais vai?


- Bem, as meninas vão.


- Então você poderia ir em grupo. Às vezes eu fazia isso também. Era bastante legal.


Fiz uma careta. Não acreditava que estava ouvindo Petúnia falar sobre seu tempo de colegial.


- Não tenho nada legal para vestir – menti.


Ela me lançou um olhar de censura.


- Até parece – ela rolou os olhos.


- Ok, se você sair daqui, talvez eu reconsidere a ideia – falei.


- Você deveria, realmente, aproveitar a vida, Lily.


- É – eu dei de ombros e ela logo saiu de lá, finalmente.


Fiquei na cama até às seis e m levantei, pensando se Petúnia estava no banho.


Ela não estava, e eu agradeci por isso.


Escolhi um vestido azul turquesa todo drapeado, curto, e com as alças finas e deixei-o sobre o colchão. Demorei-me no banho, porque estava cansada demais e a água morna me ajudou a aliviar a tensão.


- Vai mesmo ao Baile? – Petúnia sorriu quando me viu enrolada na toalha, quando eu voltava para o quarto para me vestir e me produzir.


- É o que parece, não? – eu disse.


Ela desceu as escadas em direção ao primeiro piso e eu segui para meu quarto.


Já eram quase sete e meia quando me olhei por inteira no espelho para constatar a produção. A maquiagem tinha ficado leve demais, mas eu preferia daquele modo. Certamente, Petúnia discordaria de mim, mas até parece que eu ligava para a opinião dela.


Peguei o carro e dirigi até o King Williams College, porque andar de vestido e de salto alto não é brincadeira.


Quando me situei melhor dentro do grande ginásio de esportes – local onde estava ocorrendo o Baile -, comecei a procurar alguém familiar. Estava mais inclinada a achar James, mas não esperava encontrá-lo tão fácil. Eu nem sabia se ele iria mesmo aparecer.


Quando fui pegar o segundo copo de ponche, avistei Marlene conversando com Emmeline e Dorcas, perto da mesa das bebidas.


Agradeci mentalmente.


Fui até elas, fingindo um sorriso alegre.


- Oi, meninas – cumprimentei-as.


Elas sorriram e elogiaram meu vestido.


- Alguém viu o James? – perguntei.


- Acho que ele não veio, Lil – Marlene disse.


- É, o Sirius disse que eles passaram a tarde jogando basquete na quadra do prédio dele e que James estava cansado demais para aparecer em um maldito Baile – Emmeline me disse.


- Oh – senti-me decepcionada – E Sirius e Peter? Vieram?


- Peter ainda não, mas Sirius está por aí – Dorcas disse.


- Ok – falei – Vou andar por aí.


- Certo – elas falaram.


Andei por alguns minutos, até conseguir esbarrar em alguém.


- Cuidado com o pé, Lily – Sirius brincou.


Sorri, falsificando uma alegria inexistente.


- Oi, Sirius – disse.


- Divertindo-se?


- Nem tanto – admiti – E você?


- Senti sua falta. Até agora – ele sorriu malicioso.


- Ah. E o James não quis vir mesmo?


Sirius não largou o sorriso malicioso.


- Não quis. É uma pena, não? – ele zombou.


- É mesmo – respondi séria – Precisava conversar com ele.


- Você tem a mim, não precisa dele.


- Sirius – dei um passo para trás – Pare, ok? Nós terminamos o nosso negócio.


- Você não sente nenhum pouco de falta dos nossos fins de semana? – ele ergueu uma sobrancelha, sugestivo.


- Não sinto – balancei os cabelos – Agora, me dê licença, ok? – pedi.


- Por quê? Marlene não está vendo nada.


- Não é por ela.


- James também não está aqui.


- Eu não quero ficar junto com você, é isso – salientei.


- Ai, Lily, desse jeito vai me fazer chorar – ele brincou.


Fiz uma careta para ele.


- Sirius, achei que você tivesse entendido.


- Entender, eu entendi. Agora, aceitar? Isso é meio difícil.


- Bem, está na hora de você aceitar que não vence sempre.


Ele riu.


- Eu sempre venço. Como agora.


- Não estou vend... – comecei a retrucar. Mas aí ele fez aquilo.


Sirius me agarrou e me beijou. Mas me agarrou com certa brutalidade, sabe? Não gostei. Tentei me desvencilhar dele, mas isso só fez com que ele apertasse ainda mais seus dedos em mim.


- Sirius! – exclamei, furiosa, assim que ele me soltou.


Olhei para os lados, para ter certeza de que Marlene não estava por perto. Não vi ninguém conhecido.


- Bem, agora eu posso encerrar a noite com esplendor! – ele comentou - Boa noite, Lily – ele me disse, com um aceno, e se misturou com o resto dos convidados.


Fiquei olhando-o, até desaparecer, e então comecei a rir. Sirius tinha cada uma! Ele era um idiota.


Suspirei, assim que percebi que tinha gente me olhando com estranheza no olhar.


Caminhei até a porta e decidi que de nada adiantava eu permanecer ali, se não podia conversar com James.


Então, escrevi uma mensagem para as meninas:


 


HEY, ESTOU INDO EMBORA. CUIDEM-SE.


 


E me mandei do Baile.


Era tudo o que precisava fazer naquela noite. 




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N/a: oi oi *-* estou aqui de volta, meio atrasada, desculpem. Eu não tive tempo de postar na sexta, mas acho que tudo bem, né? Ninguém comenta mesmo, então obrigada por não se importarem com essa fic. Sério, eu tenho saudade do ano passado em que todo mundo era legal e comentava nas fics. Porque né. Agora as fics ficaram às moscas. Beleza. Tudo bem, eu supero essa. Muito obrigada a b.coelho por comentar, já que você foi a única que fez isso. 

Nina H.


07/08/2011

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