Vida de Adulto




“Dizem que a culpa e o arrependimento destroem o coração de um homem. Todos temos arrependimentos, todos temos culpas. Alguns de nós têm tempo suficiente para apagá-los. Outros não.”


 


Eles estavam reunidos em uma enorme mesa redonda em um restaurante trouxa. Estavam todos ali, os nove, como nos velhos tempos, como quando eram jovens. Estavam rindo e falando bobagens, relembrando o passado, as coisas boas, discutindo o presente, calculando como chegaram até ali. O jantar todo tinha decorrido bem, como há anos não faziam. Draco ascendeu um charuto, fazendo alguns resmungarem e outros rirem.


 


- Ah Draco, eu odeio esse charuto. – resmungou Gina


 


Ele riu e não deu importância as reclamações dela. Rony chamou o garçom para servir-lhe mais uma dose de whisky.


 


- Ei, vai com calma Weasley. – brincou Olívio e Rony deu de ombros


 


- São raras noites como essas, estou aproveitando. – se justificou o ruivo – Por falar nisso, você veio pra ficar quanto tempo dessa vez?


 


Olívio deu um gole na sua taça de vinho antes de responder.


 


- Ainda não sei Ron... – disse simples – Depende muito da minha priminha aqui. Temos que resolver uns assuntos importantes, mas só quero resolvê-los depois da festa de sábado.


 


Mônica olhou para ele contrariada, voltando sua atenção rapidamente pro celular nas mãos.


 


- Você sabe que eu estou louca pra conversarmos não sabe? – ela disse ansiosa, lançando outro olhar rápido à ele – Hoje ainda é quinta Olívio, podemos muito bem resolver isso amanhã!


 


Ele balançou a cabeça. Harry e Cedrico riram da ansiedade da mulher, que voltou sua atenção para o celular.


 


- Não Nina, quero o dia pros meus sobrinhos amanhã. – disse determinado


 


Ela concordou a contra gosto e se calou.


 


- Você não vai querer privar os meninos de um dia com ele. – disse Thereza em tom divertido – Eles estão tão animados com você aqui conosco Oli, há muito tempo não os vejo assim.


 


Olívio sorriu alegremente, amava aqueles garotos como se fossem seus filhos.


 


- Verdade. – reforçou Cedrico e se virou para Mônica sussurrando apenas pra que ela ouvisse – Amor, quer largar esse celular por um minuto, por favor?


 


Mônica suspirou. Os outros amigos continuavam a manter uma conversa, enquanto ela e Cedrico sussurravam um para o outro.


 


- Amor, isso é importante. – ela disse o encarando, mas ele não cedeu – Tudo bem, tudo bem.


 


Ela fechou o celular e o desligou. Olhou pra ele vencida e ele lhe sorriu carinhosamente. Ela deu um rápido beijo nele antes de voltar sua atenção para a conversa da mesa.


 


- Não é como se a editora precisasse disso desesperadamente... – Harry falava naquele tom frio – É uma revista que atinge o público adolescente Olívio, é sempre bom alcançar todos os tipos de público.


 


Olívio viu Hermione balançar a cabeça discordando, mas sem dizer nada.


 


- Parece que Hermione não concorda muito.- disse naturalmente


 


Harry a olhou fingindo interesse, mas nitidamente entediado. Hermione deu de ombros.


 


- Eu não me meto mais nos assuntos da editora Oli. – ela disse sem emoção – Eles sabem o que fazem, a editora tem ido muito bem e o jornal também.


 


Olívio riu com ironia, tentando disfarçar a revolta. Não queria brigar com Harry novamente, sabia que quando fez as pazes com ele e aceitou passar o verão ao lado deles estava condenado a guardar suas opiniões para si, mesmo quando visse algo que não lhe agradasse. Mas às vezes, ele simplesmente não conseguia ignorar algumas coisas.


 


- O jornal deve sentir sua falta Hermione. – Olívio fez questão de comentar – Você comandava aquele lugar com uma competência e com uma paixão como nunca vi ninguém fazer antes. E é óbvio que a cara do jornal mudou desde que você saiu.


 


Harry estava com cara de poucos amigos e deu um grande gole em seu whisky, tentando não perder a calma. E Hermione arqueou as sobrancelhas.


 


- É claro que sente Olívio. – disse Mônica tentando amenizar o clima – Hermione foi durante muito tempo editora-chefe do jornal, quando a substituí foi difícil, tudo naquele lugar tinha o toque dela, mas com o tempo aprendemos a fazer o trabalho do nosso jeito.


 


Hermione deu um pequeno sorriso à cunhada.


 


- Ninguém é insubstituível afinal. – disse Harry provocativo


 


Hermione riu nervosamente, mas não respondeu. O ambiente ficou tenso.


 


- Qual é pessoal, estávamos indo bem. – disse Draco em tom de brincadeira – Não vamos falar sobre trabalho e negócios, falamos e pensamos nisso o dia inteiro.


 


- Draco está certo. – o apoiou Gina – Vamos mudar de assunto.


 


Eles fizeram silêncio por alguns segundos, mas logo Rony voltou a conversar.


 


- Ah Olí, você já sabe da novidade? – perguntou ele a Olívio


 


- Não Ron, qual? – perguntou Olívio tentando esquecer o assunto anterior


 


- O Cannons fez uma proposta a John. – contou orgulhoso


 


- Não acredito! – disse Olívio sorrindo – Ele já sabe?


 


- Oh não! – disse Rony óbvio – Queremos fazer uma surpresa à ele, no dia da festa!


 


Olívio concordou com a cabeça.


 


- Você deve estar feliz. – supôs Olívio


 


- Feliz? – começou Cedrico divertido – Ele não fala em outra coisa. Merlin, parece uma criança!


 


Os amigos riram. Harry e Hermione ainda estavam visivelmente tensos e Olívio se arrependeu por ter iniciado aquela conversa, havia deixado Hermione triste e isso cortava-lhe o coração. O garçom se aproximou.


 


- Me desculpem incomodar. – disse o garçom - Os senhores desejam mais alguma coisa?


 


Harry olhou para os amigos esperando a resposta deles, como ninguém parecia desejar mais nada ele pediu a conta e o garçom se afastou.


 


- Vou ao banheiro. – disse Rony virando o resto da bebida do copo


 


Ele se levantou, enquanto Harry e Draco trocaram olhares cúmplices e Draco também se levantou.


 


- Eu também vou. – comunicou o loiro, indo logo atrás do amigo


 


Thereza fechou os olhos e suspirou. Ela sabia exatamente o que Rony havia ido fazer no banheiro, mas ignorou, como ignorava tudo o que ele fazia. Na verdade todos sabiam exatamente o que Rony havia ido fazer no banheiro.


 


- Ele bebeu demais. – o defendeu Cedrico


 


Olívio tentou mudar de assunto.


 


- Os garotos costumam ir muito à boate de vocês? – Olívio perguntou interessado


 


- Não diria muito, mas é um dos poucos lugares que eles freqüentam quando estão em casa. – respondeu Hermione


 


- Eles amam aquele lugar. – disse Gina – Ben quer ir lá toda semana se deixarmos, mas não acho um lugar muito adequado pra que eles freqüentarem sempre.


 


- Porque? – Olívio questionou


 


Cedrico riu.


 


- Digamos que eles ficam muito a vontade lá. – disse balançando a cabeça – Fazem o que querem.


 


Olívio também riu.


 


- Mas pelo menos lá os rapazes estão sempre de olho neles. – disse Harry, voltando a participar da conversa – Rony dá ordens expressas para nos chamarem caso ocorra qualquer coisa fora do normal.


 


- É muito tranqüilizador saber que eles estão em um lugar seguro, sob vigilância. – disse Mônica


 


- Sem dúvida. – concordou Olívio – Não se pode dar muita liberdade pra essa garotada de hoje em dia.


 


Rony e Draco voltaram à mesa. Rony estava com o rosto vermelho, principalmente o nariz. Parecia relaxado e sorriu ao se sentar. Draco parecia um pouco irritado e o silêncio reinou por mais algum tempo. O garçom voltou com a conta e a entregou a Harry.


 


- Obrigado. – agradeceu ele ao homem e se voltou para Hermione - Você trouxe dinheiro trouxa?


 


- Coloquei no bolso do seu paletó. – disse a ele – O esquerdo.


 


Ele concordou e procurou o dinheiro no local onde ela tinha indicado. Olhou o valor da conta e depositou o dinheiro em cima da mesa, se levantando em seguida.


 


- Vamos? – chamou


 


Todos começaram a se levantar e Harry deu a mão a Hermione. Ela segurou a mão dele a contra-gosto e todos caminharam para fora do restaurante conversando e esperaram o manobrista trazer os dois carros. Eles se dividiram em dois grupos e seguiram para casa prosseguindo com conversas triviais. Os dois carros adentraram os portões da mansão e estacionaram em frente à casa, já passava da meia noite, mas alguns empregados ainda estavam acordados. Eles desceram dos carros.


 


- Carl vai guardá-los na garagem. – disse Harry se referindo aos carros


 


Os amigos entraram em casa e se despediram. Draco e Gina foram os primeiros, seguidos por Thereza sozinha e depois Harry e Hermione. Olívio, Rony, Mônica e Cedrico permaneceram no andar de baixo. Harry e Hermione seguiram em silêncio para o quarto, ela se mantinha séria e entrou no quarto sem olhar para trás, onde Harry a seguia mudo. Ela foi direto para o banheiro e bateu a porta com força, demonstrando sua irritação. Harry riu sarcástico e fechou a porta do quarto atrás de si. Ele não ascendeu as luzes do quarto, os refletores do lado de fora da casa iluminavam o ambiente através das janelas.


 


- Tudo bem Hermione, me desculpe! – ele gritou para que ela ouvisse, mas não obteve resposta


 


Ele se sentou na beirada da cama, de costas para a porta do banheiro, ainda sorrindo. Ele depositou sua varinha sobre o criado-mudo, tirou o terno e depois a gravata, jogando-os sobre a poltrona ao lado da cama, suspirou. Ouviu a porta se abrir e viu pelo canto dos olhos a sombra dela sair pela porta, mas sem dizer nada.


 


- Eu já pedi desculpas. – ele disse sem nenhum humor


 


- Não quero suas desculpas. – disse seca arrumando a cama para se deitar


 


- E o que você quer? – perguntou


 


- Que você cale a boca e me deixe em paz! – disse ainda em tom seco, mas visivelmente irritada


 


Harry se levantou e a encarou. Ela estava com seu robe de seda vinho e com os cabelos soltos, caindo-lhe nos ombros.


 


- Eu falei demais, fui rude e sinto muito Hermione. – ele insistiu, já perdendo a paciência


 


Ela parou o que estava fazendo para encará-lo.


 


- Não Harry, você não falou demais. Bastou uma frase, já é o suficiente pra você me irritar. E rude você sempre é! – disse com aspereza, corrigindo-o – Eu nunca disse que era insubstituível, isso nunca passou pela minha cabeça, se eu pensasse assim jamais teria saído do jornal. E já disse que não quero suas desculpas, elas não são verdadeiras.


 


Ele fechou os olhos, passando a mão na testa, incomodado com a conversa.


 


- Tudo bem. Se você não quer que eu peça desculpas, que se dane! – disse simplesmente – Mas lembre-se que nunca pedi que você deixasse o jornal, muito pelo contrário...


 


- Sério Harry? – ela perguntou nervosamente o interrompendo – Vamos voltar nesse assunto outra vez? Temos discutido isso nos últimos quatro anos e eu já estou cansada do seu cinismo e hipocrisia sempre que voltamos nele.


 


Harry riu de modo irritante, com uma das mãos na cintura e a outra erguida no ar.


 


- Você fala como se eu que tivesse voltado no assunto. – disse tranquilamente, como se a irritação dela não o atingisse – Foi seu amiguinho quem começou, como se estivesse jogando na minha cara o fato de você não ser mais a editora-chefe do jornal. Sou eu quem estou cansado de ser apontado como o culpado pela sua decisão infantil.


 


- Por Merlin Harry, cala a boca! – disse perdendo a paciência. Eles se encararam em silêncio – Quer saber...eu estou exausta e amanhã será um longo dia, não quero discutir com você hoje. Hoje não!


 


Ele abriu os braços e voltou a ficar de costas pra ela, se despindo. Tirou a camisa e os sapatos e foi em direção ao banheiro, fechando a porta ao passar. Hermione suspirou e engoliu o choro que ameaçava vir, se deitou e cobriu-se, fechando os olhos. Pouco tempo depois ela o ouviu deixar o banheiro e deitar-se ao seu lado na cama. Eles não desejaram boa noite um ao outro, não tinham costume em fazer isso. Também não se tocaram ou beijaram-se, esses gestos tinham ficado perdido no passado e já não faziam mais parte da relação deles.


 


*********


Cedrico e Rony tinham ido se deitar a pouco, mas Olívio e Mônica permaneciam acordados, sentados em uma mesa na cozinha, de frente um para o outro, tomando um chá que Mônica acabara de preparar.


 


- Achei que você não sabia mais nem preparar um chá. – ele brincou dando um gole na xícara


 


Ela riu e ele também.


 


- Também achei. – ela concordou


 


Eles tomaram o chá em silêncio, apenas apreciando a companhia um do outro.


 


- Então... – começou Olívio – Rony ainda continua...


 


- Sim. – Mônica respondeu de imediato – Achávamos que ele tinha parado de usar, mas estava usando escondido.


 


Olívio suspirou pesaroso.


 


- Isso vai acabar com ele, você sabe. – disse o homem


 


- E o que você quer que façamos? – ela perguntou com tristeza – Não mandamos nele Oli e Thereza parece ter desistido há muito tempo. Eles não estão muito bem.


 


Olívio balançou a cabeça.


 


- Harry e Hermione também não me parecem muito bem. – Olívio disse


 


- Você percebeu? – ela perguntou


 


Olívio a encarou com incredulidade.


 


- Até um idiota perceberia. – ele disse irônico e ela riu – Eu conheço vocês há dezoito anos Nina. Não são dezoito dias ou dezoito semanas, são dezoito anos... Da última vez que estive aqui eles já estavam muito mal, mas agora... – ele pausou – Parece que eles nem ao menos se suportam!


 


Ela arqueou as sobrancelhas e suspirou, mas não disse nada. Ele pôs sua mão sobre a dela, fazendo-a encará-lo.


 


- O modo como vocês vêm agindo nos últimos nove anos me preocupa. – ele disse num sussurro - O que aconteceu naquela época não foi nossa culpa, vocês precisam parar de se amargurar com essa culpa, está consumindo vocês Mônica...


 


- Olívio! – ela o cortou – Não quero falar sobre isso!


 


Ela disse com a voz rouca.


 


- Não Mônica. – ele insistiu – Como vocês podem ter passado tanto tempo se culpando?!


 


- E como você pode não ter passado?! – ela esbravejou


 


Olívio a encarou em silêncio, paralisado e depois balançou a cabeça em negativa.


 


- Não foi minha culpa, não foi nossa culpa. – ele voltou a dizer com firmeza – Fizemos uma escolha...


 


- Que tiveram conseqüências graves! – ela o cortou novamente – Pessoas morreram por conta dessa escolha!


 


- Não. Não foi nossa escolha que as matou. Foi ele! – a contradisse mais uma vez – Não tínhamos como prever!


 


- Mas devíamos! – disse por fim – Ele já era um assassino quando o deixamos escapar!


 


Ambos suspiraram. Olívio passou as mãos nos cabelos, tentando se acalmar.


 


- Eu não penso assim Nina. – ele admitiu sem pesar – E não acho justo Harry se transformar no que se transformou por causa disso. Cada ano que passa ele se torna mais frio, amargo, tentando se esconder atrás dessa máscara de ferro... tão diferente do Harry que um dia eu admirei, o Harry que amamos. E não só ele, mas todos vocês!


 


- Chega Olívio. – ela pediu em tom cansado – Você e Harry brigaram por muitos motivos no passado e essa sua insistência com esse assunto foi um deles. Então, por favor Oli, não fale mais sobre isso enquanto estiver aqui.


 


Ela se levantou, foi até ele e o beijou na face.


 


- Boa noite primo. – desejou e se retirou


 


Olívio odiava ver os amigos naquele estado, mas Mônica tinha razão, se não quisesse brigar com Harry era melhor não tocar mais naquele assunto. Ele se levantou e saiu da cozinha, subiu as escadas em direção ao quarto. Dormir era o melhor que conseguiria fazer agora, amanhã seria um novo dia.


 


********


 


Hermione ainda não tinha conseguido dormir. A discussão com Harry ainda estava fresca em sua mente e fazia seu sangue ferver, não entendia como eles haviam chegada aquele ponto. Olhou por sobre o ombro para notar que o marido já tinha dormido e soltou uma risada irônica.


 


- Nem mesmo o sono ele perde. – resmungou baixinho voltando a deitar a cabeça


 


Ela fechou os olhos e suspirou com tristeza. Nunca imaginou que sua vida pudesse ser daquele jeito, sempre que idealizava seu futuro nunca o vira dessa maneira. Casada com um homem que ela não reconhecia mais, com o qual não trocava duas palavras sem que se ressentissem um com o outro. Ela ouviu batidas fortes na porta e se assustou.


 


- Merlin, o que é isso? – perguntou se sentando


 


- Sr. Potter! – ouviu Alexander chamar com urgência do outro lado da porta


 


Ela olhou para Harry, que nem se quer se mexia e o sacudiu.


 


- Harry! – ela quase gritou e ele se sobressaltou – Alexander...


 


Ela disse e mais duas batidas urgentes. Harry se levantou apressadamente, ele estava com uma calça de moletom cinza e uma blusa branca, correu até a porta e a abriu. Alexander estava parado do lado de fora, com cara de assustado. Hermione já estava parada atrás do marido.


 


- O que foi Alexander? – perguntou Harry preocupado


 


- Ligaram da boate Sr. Potter... – ele começou receoso – Parece que as crianças se envolveram em alguma confusão.


 


Harry fechou os olhos sem acreditar e suspirou, esfregando o rosto com as mãos. Hermione se adiantou.


 


- Mas eles estão bem Alexander? – perguntou Hermione depressa


 


- Sim, estão! – ele lhe garantiu – Disseram que foi apenas uma briga.


 


Harry enfim se pronunciou.


 


- Avise Rony pra mim Alexander. – ordenou Harry ao homem – Peça Carl pra preparar o carro, vou me trocar e saímos em alguns minutos.


 


Alexander assentiu e correu para atender ao mandado. Harry fechou a porta e ascendeu a luz do quarto, indo até o guarda-roupa. Hermione ficou parada observando-o escolher uma roupa. Ele apanhou uma calça jeans e uma camiseta preta.


 


- Só vão vocês dois? – perguntou Hermione a ele


 


Ele se virou pra ela com as roupas na mão.


 


- Sim, é melhor, pra não chamar muita atenção. – ele explicou


 


Ele tirou a calça de dormir e vestiu a jeans, logo depois trocou a camisa, passou as mãos tentando arrumar o cabelo. Hermione o observava, ele continuava lindo e ainda mais charmoso, por um instante se esqueceu em quem ele havia se transformado.


 


- Vou indo. – ele disse despertando-a de seus pensamentos – Espero que eles não tenham feito nada muito grave.


 


Ele parecia nervoso e impaciente, Hermione temeu pelos garotos.


 


- Pegue leve com eles. – ela pediu e ele a encarou com irritação – São só crianças Harry!


 


Ele balançou a cabeça.


 


- É por isso que eles não têm limites, você os mima demais! – disse pegando a varinha em cima da escrivaninha


 


Hermione não respondeu, não queria brigar outra vez e não tinham tempo. Eles se despediram e Harry deixou o quarto. Encontrou Rony saindo do seu quarto também.


 


- Eu vou matar aqueles garotos! – foi a primeira coisa que Rony disse


 


Harry concordou e os dois desceram as escadas apressadamente, passando pela porta de entrada e encontrando um sonolento Carl parado ao lado do carro.


 


- Boa noite Sr. Potter, boa noite Sr. Weasley. – desejou o homem


 


- Boa noite Carl. – retribuiu Rony


 


Harry abriu a porta de trás do carro e entrou, seguido por Rony e Carl assumiu o volante.


 


- Nos leve a boate o mais rápido que você puder Carl. – ordenou Harry, visivelmente nervoso


 


O caminho foi feito em silêncio e quando o carro parou nos fundos da boate Harry foi o primeiro a descer.


 


- Parece que os garotos vão ter problemas hoje Carl. – brincou Rony se preparando pra descer


 


Ele desceu e seguiu Harry para as portas dos fundos, que só pessoal autorizado tinha acesso. Eles passaram pelo primeiro segurança desejando boa noite e entraram no escuro corredor, encontrando Spark, o chefe da segurança os esperando.


 


- Sr. Potter, Sr. Weasley... – cumprimentou-os Spark


 


- Oi Spark. – disse Harry – Onde eles estão?


 


Spark não respondeu, apenas indicou com mão para que eles o seguissem. Spark os guiou pelas escadas do fundo e depois até a sala de Rony, onde eles estavam esperando. Antes de entrarem Spark parou e os encarou.


 


- O que aconteceu? – Harry perguntou


 


- O Sr. Malfoy brigou com o filho do Ministro. – contou-lhes com pesar


 


Harry e Rony praguejaram.


 


- Mas que droga! – disse Rony


 


- Com qual dos filhos do Ministro? – quis saber Harry


 


- O mais novo, Adam! – informou Spark – Não vimos como a briga começou. Tentamos chegar a tempo de separá-los, mas as pessoas se aglomeraram ao redor e isso nos atrasou. O Sr. Malfoy bateu muito no Tudor, sorte que seu filho, o David, chegou antes e o tirou de cima do garoto.


 


Harry manteve uma expressão fria e assentiu. Spark abriu a porta pra eles e os três adentraram a sala. Harry viu os filhos e os sobrinhos sentados a um canto, viu o temor nos olhos deles quando os viram entrar, mas nada disse. Tirou os olhos deles e viu no outro canto da sala Adam e Willian sentados. O primeiro estava todo machucado no rosto e o nariz sangrava muito.


 


- Sr. Potter! – começou Willian se levantando – Eu sinto muito, a culpa foi toda do meu irmão.


 


Harry se aproximou do garoto. Ele conhecia Willian muito bem e sabia que o garoto estava falando a verdade.


 


- Tudo bem Willian. – disse Harry apertando a mão do garoto – Seu irmão não parece muito bem. Sua noiva está com vocês?


 


Willian assentiu.


 


- Pegue-a e leve Adam pra casa. – orientou-o Harry – Diga a seu pai que amanhã conversamos.


 


- Tenho certeza que ele vai desejar pedir desculpas pessoalmente ao senhor e a sua família. – disse Willian com respeito


 


Harry sorriu. Willian era um ótimo garoto, não podia dizer o mesmo de Adam.


 


- Tudo bem filho, nos vemos amanhã também! – disse e olhou Adam mais uma vez – Agora vá!


 


Willian pegou Adam pelo braço e ambos saíram pela porta acompanhados por Spark. Harry se voltou novamente para os seus garotos. Olhou para Ben e notou que ele tinha um corte no supercílio e também sangrava um pouco. Ele olhava duramente para eles.


 


- Ninguém vai dizer nada? – perguntou Harry


 


David se levantou.


 


- A culpa foi toda minha pai. – disse se dirigindo a Harry – Eu fiquei encarregado de cuidar da Lizzie e a deixei sozinha.


 


Harry o encarou.


 


- E o que isso tem a ver com a briga? – disse e passou a encarar Ben


 


Ben levantou o rosto pela primeira vez para falar.


 


- O idiota do Tudor beijou a Lizzie a força tio! – contou com raiva só de lembrar


 


Harry franziu o cenho.


 


- Isso é verdade Elizabeth? – perguntou ele a sobrinha


 


- Sim senhor tio, foi verdade. – disse com vergonha – Ele tentou me agarrar e me beijou a força. Foi quando os meninos chegaram e Ben o tirou de cima de mim e eles brigaram.


 


Harry olhou para Rony e os dois suspiraram.


 


- E vocês dois Peter e John. – começou Harry mais calmo – Spark me disse que foi David que separou a briga, onde vocês dois estavam?


 


- Nós estávamos com o Ben tio. – começou Peter em tom culpado – Nós deixamos ele quebrar a cara do idiota!


 


Harry balançou a cabeça.


 


- Entendo que vocês só queriam defender a Lizzie, mas vocês agiram muito mal! – começou Harry, mas parecia compreensivo – Nada justifica uma briga garotos, não somos animais para agir desse modo!


 


Eles assentiram concordando com ele.


 


- Vocês nunca nos viram brigar desse jeito. – acrescentou Rony, apoiando o amigo


 


- Infelizmente vocês vão receber um castigo, não podemos fechar os olhos pra isso. – informou Harry e eles começaram a protestar, mas Harry não permitiu, aumentando o tom de voz – Isso não está aberto a discussões! Vocês erraram do início ao fim, começando por você David que deixou sua prima sozinha, você assumiu um compromisso e não o cumpriu. Depois essa briga ridícula Ben, você viu como você deixou o garoto? Não foi isso que te ensinamos, não te ensinamos a ser agressivo desse modo. E depois Peter e John, que viram o que o primo de vocês faziam e deixaram ele fazer!


 


Eles não disseram mais nada, sabiam que estavam errados e que mereciam um castigo. Rony pôs a mão no ombro de Harry, tentando acalmá-lo.


 


- Vamos pra casa, terminamos de resolver isso lá. – sugeriu Rony a ele


 


Harry concordou.


 


- Andem, vamos embora! – disse a eles – Richard e London, Carl vai deixá-los em casa.


 


Os dois assentiram. Todos se levantaram e percorreram o caminho dos fundos para ir embora. Carl os esperava e o outro carro já estava ali também. Harry disse a Carl para levar os outros dois e pegou a chave do carro de John.


 


- Você bebeu não foi John? – perguntou Rony em tom reprovador


 


- Um pouco pai. – admitiu o garoto sem graça


 


Rony apenas balançou a cabeça e suspirou.


 


- Conversamos depois! – o alertou


 


John não tinha idade para dirigir, dentro das leis trouxas, mas assim como vários garotos bruxos ele tinha uma carteira falsificada. Eles entraram no carro e se apertaram atrás, Harry e Rony se sentaram à frente. O caminho de volta também foi feito em silêncio. Os garotos não sabiam qual seria o castigo deles, mas sabiam que deviam se preocupar.


 


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Pessoal desculpem a demora, empaquei nesse capítulo!


Acho que já dá pra começar a fazer algumas suposições não? O que será que aconteceu pra eles se culparem e se arrependerem?


Comentem pessoal, por favor!!


Beijos e obrigada!!!

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