Mais difícil do que parece



Capítulo II – Mais difícil do que parece


O feitiço despertador soou em seus ouvidos e Draco, no mesmo instante, abriu os olhos e o finalizou com um movimento rápido com a varinha. O quarto estava imerso no mais profundo breu e todos ainda dormiam. Mas não ele. Ficara acordado até as três horas conversando com Pansy e acordara dez para as seis. Revirou-se sem, no entanto, conseguir voltar a dormir. Desistindo, ficou analisando a si mesmo. Passou a limpo todo o seu comportamento desde o primeiro ano na escola. Precisava saber bem como agia para não cometer nenhum dos velhos erros ou Potter anularia o acordo. Ele tinha certeza. Draco ainda estava pensando em levantar para o primeiro dia do resto daquele ano infernal quando a cortina de sua cama foi bruscamente aberta e um Blaise, sorridente demais para sete da manhã, surgiu em seu campo de visão.


- Bom dia!


- O que tem de bom? – perguntou cinicamente enquanto se levantava e seguia para o banheiro.


- Nossa! Alguém acordou com o pé esquerdo.


- Se esse é o motivo de todo o meu azar, eu só posso presumir que tenho dois pés esquerdos.


- Calma, cara. Esse ano vai ser ótimo. Você vai ver.


- Odeio seu otimismo matinal. – reclamou o loiro antes de bater a porta na cara do amigo.


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- Vim apressar... – Hermione foi abrindo a porta e estava quase entrando no dormitório masculino quando várias vozes nervosas vieram contra ela, assim como vários travesseiros. Retrocedeu rapidamente e fechou a porta. – Tudo bem. Vou embora. Mas se apressem. Vamos perder o café. – avisou e desceu as escadas para esperar no salão comunal.


- O que há de errado com ela? – inquiriu Simas, tirando a calça do pijama.


- Hermione não é acostumada a bater antes de entrar. – explicou Rony distraidamente enquanto dava nó em sua gravata.


- Ela podia ter visto algo! – exasperou-se Dino, amarrando os sapatos. – Isso se não viu!


- O único que estava meramente descomposto era o Harry. – disse Neville, fazendo pouco caso da agitação dos garotos. – E aposto que ela já o viu sem camisa. – Harry, que nesse momento procurava um livro em seu malão, levantou a cabeça lentamente e deparou-se com quatro pares de olhos fixos nele.


- O que você está olhando? – perguntou a Rony.


- Bom... – começou Rony, escolhendo as palavras. – Vocês ficaram semanas sozinhos.


- Eu disse a você que não aconteceu nada. – olhou para todos que ainda o encaravam ansiosos. – Não houve nada! – repetiu com mais vigor. – Nós estávamos sendo caçados e corríamos risco de vida vinte e quatro horas por dia, pelo amor de Merlin! O que vocês queriam que acontecesse?


- Ah! Nós também estávamos passando maus bocados e, mesmo assim, Neville ficou com a Gina. – despejou, sem pensar, Simas. Rony e Harry viraram-se para Neville. O primeiro com uma expressão enraivecida e o segundo embasbacado. Simas tinha uma expressão de extremo arrependimento no rosto.


- Você ficou com a minha irmã?


- Nós estávamos conversando um dia no salão comunal, ela estava me dizendo o quanto estava cansada de tudo e começou a chorar. Eu estava só consolando ela e, de repente, a gente estava se beijando. Não é como se nós tivéssemos algo. Foi só um beijo. – explicou o garoto, corando até a raiz dos cabelos. Olhou para Harry em busca de uma reação. O moreno deu-lhe um longo olhar.


- Eu me retiro formalmente. O que eu tinha com Gina acabou. – terminou de se vestir. – E eu estou indo tomar café.


- Simas, você já ficou com a minha irmã? – o loiro olhou para Rony um pouco corado.


- Não.


- Não fique. Ou ela vai poder dizer que ficou com todos os garotos do sétimo ano da Grifinória. – e com essa saiu do dormitório, seguindo Harry.


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- Por que demoraram tanto? – inquiriu Hermione enquanto se levantava.


- Ouvindo fofocas. – respondeu Harry e beijou o rosto da amiga. Os três se dirigiram para o salão principal.


- Que fofocas?


- Gina e Neville se pegaram ano passado. – respondeu Rony, irritadiço. Harry revirou os olhos e Hermione estacou no corredor.


- Se pegaram?


- Eles não se pegaram! Rony aumenta tudo. – esclareceu Harry, puxando a amiga para voltarem a andar. – Neville disse que foi só um beijo.


- Que beijo? – perguntou Gina, se juntando ao trio. Os três a encararam.  – O quê?


- Seu beijo! – Rony apontou para a irmã mais nova, acusador.


- Meu beijo?


- É. Com Neville. – explicou Harry. A ruiva ficou tão vermelha quanto seus cabelos e seus olhos pareciam que iam saltar das órbitas.


- Como vocês...


- Essa não é a questão, Ginevra! A questão é que você arranjou tempo, em um ano como o ano passado, para se agarrar com um garoto! – bronqueou o ruivo. Gina olhou de esguelha para Harry, que não notou.


- A vida é minha! O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. – a ruiva virou-lhes as costas e saiu pisando firme para a mesa da Corvinal, onde sentou com Luna.


- Essa garota está perdida! – reclamou Rony.


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- Bem vindos. – saudou-os a Prof.ª Strauss. Grifinória e Sonserina teriam os dois primeiros tempos de DCAT. – Sei que até hoje vocês nunca tiveram o mesmo professor por dois anos seguidos nessa matéria e que, por isso, seu conhecimento é bastante fragmentado, mas eu vou tentar corrigir isso. Sei também que, no ano de seus NOMs, vocês tiveram uma péssima professora. Portanto suas notas em Defesa contra as artes das trevas são questionáveis. – houve burburinhos irritados por toda sala.


- Não, não são. – contrariou Harry, sentindo-se pessoalmente ofendido. Todos ao redor o encararam entre curiosos e admirados.


- Como disse, Sr. Potter?


- Disse que nossas notas não são questionáveis.


- O senhor quer me convencer de que aprenderam alguma coisa nesses seis anos com seis professores diferentes? – nesse ponto, a sala inteira prendia a respiração.


- A senhora está certa em parte. Nós realmente tivemos alguns professores ruins. Mas também tivemos alguns ótimos.


- Você só pode estar brincando comigo.


- Não. – pronunciou-se Draco, para a surpresa geral. – Quirrell pode ter sido uma marionete de Vo... – gaguejou. – Voldemort, mas ensinou bem a teoria e alguma prática.


- E como Lockhart era uma fraude que não fazia a mínima ideia do que fazia, nós tivemos que dar conta da matéria nós mesmos. – ajudou Parvati.


- O professor Lupin foi o melhor professor de Defesa contra as artes das trevas que nós já tivemos. – disse Hermione.


- O falso Olho-tonto Moody era assustador, mas nos preparou muito bem para o que viria. – disse Neville.


- Umbridge era uma sapa velha que não nos deixava usar magia, o que, novamente, nos forçou a estudar dobrado para os NOMs. – ajudou Pansy.


- Sem contar que eu ensinei DCAT para alguns colegas. Tínhamos um grupo clandestino. – a professora fez um som de desdém.


- No sexto ano, o Prof.º Snape nos ensinou brilhantemente. – elogiou Blaise. – Ele, definitivamente, sabia o que estava fazendo.


- Ano passado nós não tivemos aula de DCAT. – começou Dino. – Eram Artes das trevas mesmo. Mas, e acredito que falo por todos, com tudo o que aconteceu, acho que o ano passado foi um curso intensivo de Defesa contra as artes das trevas. – a professora olhou para cada um examinando-os.


- Talvez eu tenha me precipitado. – declarou ela, com um sorrisinho.


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- Até que a nova professora não foi tão ruim assim depois da nossa intervenção. – comentou Hermione. Era fim de tarde e eles se dirigiam para o jardim.


- Acho que ela só estava nervosa. Aí pisou fora da casinha. – conjecturou Rony.


- Mudou sua opinião quanto a uma mulher ensinando DCAT, Ronald? – perguntou Hermione, mordaz.


- Não disse que ela é boa. Disse que ela não foi tão mal. Ela ainda não começou a ensinar. – retrucou o ruivo, convencido. Hermione socou-o no braço, de brincadeira.


- Nós só temos Transfiguração na sexta, não é? – perguntou Harry.


- Sim. À tarde. – respondeu Hermione. Os três sentaram-se à sombra de uma árvore e botaram os pés dentro da água. – Tomara que ele comece melhor. Bom, ele parece ser mais experiente.


- Ah! Não. – exclamou Rony, batendo com a mão na própria testa. – Vai ser o Lockhart tudo outra vez! – Harry riu e a morena acertou o ruivo, novamente, no braço.


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- Draco, já sabe quando vai fazer os testes para o time? – perguntou Pansy. Os três estavam indo para o jardim.


- Pan, ninguém vai querer entrar no time comigo como capitão. Então para que me incomodar?


- Você é obrigado a... – inesperadamente, Draco foi atingido por uma azaração e tropeçou no próprio tornozelo, indo ao chão. – Draco!


- É aí o seu lugar, Malfoy. – disse Nott. – Rastejando no chão.


- Expulso! – o feitiço o atingiu tão rápido quanto uma bala. Nott foi arremessado longe pelo feitiço de Pansy. Blaise ajudou Draco a se levantar e já estava partindo para cima de Nott quando Harry chegou até ele.


-Silencio. Levicorpus. – Nott foi içado pelo tornozelo e ficou pendurado de cabeça para baixo. – Eu avisei. – foram suas únicas palavras. Com um movimento de varinha o corpo de Nott flutuou-o até o lago. Com outro aceno de varinha, Nott ficou apenas com uma fralda. Todos em volta riam muito. Harry aproximou-se do garoto pendurado. – Não se aproxime mais dele. Liberacorpus.


- Duro! – Nott foi solto do feitiço e caiu no lago, mas esse havia congelado, fazendo bater de costas no gelo. – Finite. – o feitiço cessou e Nott caiu no lago. Harry virou-se e encontrou primeiro o olhar divertido de Hermione e depois o olhar de Draco. O loiro lhe fez um aceno com a cabeça e Harry sorriu.


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- Acorda, Draco! – Blaise abriu as cortinas com um estrondo, mas não havia nem sinal de que o loiro dormira lá. – Onde ele está?


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- Como você não o ouviu saindo do quarto que vocês dividem, Blaise? – inquiriu, nervosamente, a morena.


- Pan, eu acho que ele nem dormiu lá. – retrucou Blaise.


- Pior! Como você não checa se o seu amigo está a salvo no dormitório? – o moreno revirou os olhos e decidiu não retrucar mais. Pansy ficava irracional quando se tratava de Draco.


- Lá está ele! – Blaise apontou para as portas de entrada. O loiro vinha entrando suado e com vários rasgados nas roupas. Os dois, rapidamente, chegaram até ele.


- Onde você estava? – perguntou Pansy, examinando-o de cima a baixo. – Quem fez isso com você?


- Ninguém, Pan. – respondeu o loiro, parecendo confuso. – Eu saí para correr mais cedo.


- Saiu para correr onde? No mato?


- Na floresta na verdade. – Pansy fez uma cara de incredulidade.


- Você foi correr antes das sete da manhã na floresta proibida?


- É. – a garota ficou o encarando com uma cara de puro estarrecimento. Em seguida, deu-lhes as costas e saiu pisando firme e resmungando coisas como: “irresponsável” e “maluco”.


- Você pode até enganá-la, mas não a mim. – pronunciou-se Blaise o encarando com um olhar analítico. O loiro apenas virou-se para o amigo e deu de ombros. – Você tem bolsas rochas embaixo dos olhos e tem acordado mais cedo do que todos os outros.


- Não tenho conseguido dormir muito bem. – confessou Draco, enquanto eles caminhavam de volta para as masmorras. – Tentei não deixá-los preocupados. Eu acordo, vou para a floresta e fico treinando até dar o horário do café.


- Idiota. Por que não toma uma poção para dormir sem sonhos? Você sabe fazer. Nem vai precisar da enfermeira.


- Aparentemente eu me tornei quase imune à poção. Eu tomei durante quase dois anos. Ela não faz mais efeito em mim. – explicou perante o olhar inquiridor do moreno.


- Cara, você precisa arranjar um jeito de dormir.


- Eu sei. Estou procurando.


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- Graças a Merlin é sexta-feira! – exclamou Rony erguendo as mãos aos céus.


- E teremos o fim de semana apenas para fazer a montanha de deveres que os professores passaram e ainda vão passar! – completou Harry numa fingida animação.


- Ora! Fiquem quietos! – reclamou, brincalhona, Hermione. – As aulas começaram na terça. Ainda nem tivemos uma semana de aula.


- Isso ilustra bem o meu caso. Nós nem sequer tivemos uma semana de aula e eu já sinto saudades do tempo que passamos perseguindo horcruxes. – Hermione lançou um olhar reprovador ao ruivo. Este riu e mostrou-lhe a língua.


- Harry, diga ao seu amigo o quão idiota ele está sendo, por favor. – mas o moreno não foi em seu auxílio. – Harry? – Hermione parou e não viu o moreno com eles. – Onde ele está? – os dois se entreolharam confusos.


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Sabia que era ridículo, mas quando ouviu o amigo falar sobre o tempo em que buscavam os pedaços da alma de Voldemort, Harry sentiu seu estômago afundar. Ainda não havia contado aos amigos o que acontecera na floresta. Sua morte e ressurreição. O fato de ele mesmo ser uma horcrux que Voldemort não pretendera criar e nem soubera que destruíra. O moreno entrou em uma sala vazia e sentou-se em uma mesa. Seu coração estava disparado. “O que eles pensariam se soubessem de tudo aquilo? Como reagiriam?”. A porta da sala se abriu e Harry fitou a pessoa que entrava.


- Aí está você! Por que veio para cá? – perguntou Hermione, enquanto se aproximava do rapaz.


- Eu precisava de um tempo sozinho. – Harry saiu de cima da mesa.


- Quer que eu saia? – o moreno negou com a cabeça.


- Eu já estava saindo.


- Ótimo! Estou faminta! – Hermione enlaçou-lhe o braço com o seu e o rebocou para fora da sala.


- Ah! Que bom. Você o achou. – Rony os aguardava na entrada do salão principal. – Onde você foi?


- Pensar. – Rony fez uma careta.


- Ok. – sentaram-se à mesa da Grifinória. Estavam conversando e se deliciando com o café quando ouviram sons de feitiços. Harry suspirou. – Começou cedo hoje. – comentou Rony, enquanto os três saiam do salão já de varinhas em punho. Não precisaram ir muito longe. Ao virarem o corredor viram três Lufa-Lufas ameaçando Draco. Ocasionalmente, lançavam alguma azaração. O loiro, para a total incredulidade de Harry, apenas se defendia. Nem sequer retrucava as acusações.


- Impedimenta! – o feitiço de Harry atingiu em cheio o garoto mais alto, que se chocou contra a parede.


- Expelliarmus! – Rony pegou a varinha do garoto moreno.


- Densaugeo! – os dentes do último garoto começaram a crescer assustadoramente e ele saiu em disparada para a enfermaria. Os garotos encararam Hermione. – O quê? Ele mereceu! – justificou-se, dando de ombros.


- Vocês não precisam fazer isso. – disse Draco, guardando a varinha. – Não precisam me defender toda vez que algum idiota brigar comigo.


- Eu disse que faria. – disse Harry.


- Mas não precisa! – quase gritou o loiro. Ele passou a mão pelos cabelos e retomou o controle. – Você já me ajudou o bastante.


- Onde estão os seus amigos? – perguntou Hermione para descontrair a situação.


- Se agarrando em alguma sala vazia, eu espero.


- Eles estão juntos? – perguntou Rony, genuinamente interessado.


- Mais ou menos. Pansy quer o Blaise como namorado e Blaise quer a Pansy, mas não como namorada. Estão nesse enredo desde o ano passado.


- Achei que Parkinson gostasse de você. – comentou Harry.


- Ela já gostou. Lá pelo... – de repente, Draco se deu conta da total e completa estranheza da situação. Ele estava conversando sobre o pseudo-relacionamento de Blaise e Pansy com ninguém menos que Harry Potter, Hermione Granger e Rony Weasley. – Eu acho que já vou. Já vai dar o sinal para o primeiro tempo. – os três pareceram se dar conta do mesmo que ele e apenas concordaram com a cabeça. Draco sumiu ao virar um corredor e o trio seguiu para sua própria aula.


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Grifinória teria a primeira aula com o Prof.º Damian juntamente com Lufa-Lufa. As duas turmas já estavam na sala há algum tempo depois de dar o sinal e o professor ainda não havia aparecido.


- Onde ele está? – perguntou Justino, alto o suficiente para que toda a sala ouvisse.


- Talvez ele tenha tido algum imprevisto. – comentou Hermione com os amigos.


- Talvez ele tenha se perdido. – conjecturou Lilá, brincando. O grupo de Grifinórios riu.


- Não. Eu conheço bem o castelo. – todos se calaram instantaneamente. Alguns engasgaram de susto. O professor estava sentado em uma mesa bem no meio da sala. Ele se levantou e caminhou até a frente da mesma. – A arte de camuflar-se, é o que aprenderão esse ano. – os olhos dos alunos pareciam querer saltar das órbitas. – Não é preciso ser um metamorfomago para se disfarçar. E muitas vezes é necessário se disfarçar rapidamente e como alguém totalmente único. Portanto Polissuco não vai ajudar. Posso ensiná-los a esconder imperfeições, – Harry tocou levemente a cicatriz em sua testa. Seria bom não ter de carregar a marca que definiu sua vida até aquele momento. – alterar o que quiserem ou mudar tão completamente que nem seus pais os reconhecerão.


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- Foi a experiência mais estranha da minha vida. – Draco terminara de narrar os acontecimentos da manhã. Estavam indo jantar após o exaustivo dia.


- Qual parte exatamente? Granger perguntar por nós, vocês conversarem sobre a nossa vida, vocês conversarem ou o fato de ser fácil conversar com eles? – brincou Pansy.


- Mais a parte da conversa em si eu acho. Foi bizarro. – e então percebeu a falta de comunicação do amigo. – O que houve com você hoje, Blaise?


- Nada. Eu só...


- Nós não temos mais nada um com outro. – explicou a morena. Draco ergueu as duas sobrancelhas, confuso. – Nós temos objetivos diferentes. – tornou a explicar Pansy. Draco olhou o moreno que parecia cabisbaixo e entendeu que ele não tivera opção quanto ao término do “relacionamento”. – Já ia esquecer. Aqui. – a garota passou alguns pergaminhos ao loiro. Este ergueu uma sobrancelha. – São os formulários para os testes de quadribol. – o loiro revirou os olhos.


- Pansy, para que gastar pergaminho? Eu já disse que ninguém vai aparecer.


- Isso não é, tecnicamente, verdade. – pronunciou-se Blaise pela primeira vez. – Eu espero que a minha vaga ainda seja minha.


- Uma equipe constituída de apanhador e um batedor não joga, Blaise.


- Faça os testes, Draco. Talvez você se surpreenda.


- Pansy, você sabe alguma coisa que eu não sei? – a garota sorriu enigmática e caminhou mais rápido, afastando-se deles. – Pansy Elisabeth Parkinson! – chamou, mas a garota não voltou.


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Draco voltava de uma das suas, não tão esporádicas assim, horas de evasão de raiva e frustração na floresta proibida. Ou como ele chamava: treino. Era novamente sexta-feira e o dia dos testes de quadribol e, na noite passada, ele havia recolhido os formulários. Não havia tido a mínima surpresa ao vê-los totalmente rabiscados com palavrões e desenhos grosseiros e nem ao menos uma assinatura. Mas, mesmo assim, ficaria uma hora sentado nas arquibancadas esperando que ninguém aparecesse porque Pansy não parava de lhe atormentar por isso.


- Você continua sem dormir. – o loiro sobressaltou-se e, mais rápido do que pudesse perceber, tinha lançado um feitiço às cegas que errou por milímetros a cabeça de Blaise. O moreno o olhou assustado.


- Me erra, assombração! – Draco apertou a camisa no local do coração e dobrou-se para frente, apoiando uma mão no joelho. – Não faça isso nunca mais, Blaise!


- Não se preocupe. Eu aprendo com meus erros. – disse, engolindo em seco.


- O que veio fazer aqui, de qualquer forma? – perguntou pondo-se a caminho das masmorras com o amigo em seu encalço.


- Vim lhe dizer que você não está dormindo.


- Bem notado, Blaise.


- Não agora, idiota. Você não está dormindo nunca. – o loiro abriu a boca, buscando uma desculpa, mas nada saiu e ele voltou a fechá-la. – Draco, é sério. Vai à enfermaria e pede uma poção mais forte.


- Não existe poção mais forte do que a que eu tomava. E a não ser que você tenha outra ideia de o que pedir a enfermeira, eu não vou até lá.


- Eu durmo feito uma pedra depois do sexo.


- Só que, no momento, eu não tenho ninguém com quem transar, Blaise. E duvido que alguma garota nessa escola queira me fazer esse favor.


- Você só pode estar brincando comigo. – o moreno chacoalhou o amigo. – As garotas dessa escola são loucas pelo nosso lado bad boy de Sonserinos.


- Bad boy, Blaise, não ex-comensal da morte.


- Você nunca foi, verdadeiramente, um comensal da morte.


- Não faz diferença para ninguém.


- Faz para mim. Faz para Pansy. E até para os Grifinórios.


- Mas nenhum de vocês vai dormir comigo, não é?


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Mas que inferno! Herbologia é uma matéria tão inútil!” Pansy fechou o livro com força e apoiou a testa no mesmo. Fechou os olhos e suspirou. Fazia uma semana que não estava com Blaise e já sentia uma falta quase física dele. “E para piorar, tem esse maldito teste de Herbologia!” Virou sua cabeça de lado. “Preciso de ajuda.” Foi aí que viu Hermione ajudando Longbottom a quatro mesas de distância. Juntou seu material e seguiu até lá.


- Parece que todos acordamos cedo para estudar. – ter visto a cara de assombro de Longbottom já teria valido a pena por ter ido ali.


- Oi, Parkinson. – cumprimentou Hermione, sorrindo. Pansy sentou-se na cadeira vaga do lado de Hermione.


- Oi. Preciso de ajuda.


- Claro. Em quê?


- Herbologia.


- Você deu sorte. Pegou os dois melhores alunos do sétimo ano em Herbologia juntos. – Pansy olhou para Neville, que ainda a olhava com a boca levemente aberta.


- Feche a boca, Longbottom. Ou abra-a de vez e comece a explicar a matéria. – disse já abrindo seu livro.


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- Onde está a Pansy? – os dois, devidamente fardados e com suas vassouras, se dirigiam ao campo de quadribol. – Não acredito que ela encheu meu saco essa semana toda e não vai aparecer para ver o fiasco.


- Que tal um pouco de positividade? – Draco respirou fundo.


- Lado positivo: se ninguém aparecer, nós podemos ficar jogando. – sorriu um pouco forçado.


- Não é bem isso, mas está melhorando. – Blaise pulou sobre o amigo, passando o braço sobre o ombro dele. Chegaram até o campo e começaram a ouvir certo barulho vindo das arquibancadas.


- Mas o que é isso?


- Parece que você vai ter testes para fazer no fim das contas. – disse Blaise sorrindo. Os dois montaram em suas vassouras e ficaram de frente para as arquibancadas. Draco não conseguia acreditar em seus olhos. Parecia que toda a Sonserina estava ali.


- Todos vocês vieram fazer testes? – Nott levantou sorrindo sinistramente.


- Você bem que queria, Malfoy. Mas não. Todos aqui votaram a favor de um novo capitão. – Blaise voou mais rápido do que Draco pode se recuperar do golpe. No mesmo momento que Nott acabou de falar, Blaise se jogou contra as arquibancadas. A vassoura se chocou contra o garoto, fazendo-o cair sentado e Blaise segurou-o pelo colarinho com uma mão, enquanto o socava com a outra. Os Sonserinos em volta conseguiram segurar Blaise. Isso fez Draco acordar. Voou até lá e puxou o amigo. Os dois garotos voltaram ao ar.


- É isso que vocês querem? – perguntou, arrancando o distintivo de capitão do peito. Seu rosto ardia de humilhação e raiva contida. – Pois podem ficar. – jogou-o fora. Em seguida voltou ao chão seguido por Blaise.


- Você não deveria ter cedido.


- Eu só queria um pouco de paz, Blaise. Não me importo se eu nunca mais jogar quadribol. – olhou uma última vez para o campo antes de virar-se e caminhar para dentro do castelo.


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- Quer jogar xadrez? – perguntou Blaise jogado em sua cama no dormitório. Haviam tirado os uniformes e vestido roupas comuns.


- Não. – respondeu o loiro, virando uma página do livro que tentava, inutilmente, ler.


- Quer dar uma volta para tentar achar a Pansy? – Draco fitou o amigo.


- Verdade. Onde ela está? Eu não a vi hoje. – Blaise ergueu-se nos cotovelos.


- Eu também não.


- Acho que a gente devia procurá-la. – Draco marcou o livro e fechou-o. A porta do dormitório foi escancarada e uma Pansy trajando um uniforme de quadribol entrou no quarto.


- Eu sumo por algumas horas e o mundo vira de ponta cabeça? O que deu em você? – perguntou apontando, ameaçadoramente, para Draco.


- Nada. – respondeu pausadamente. – Mas eu adoraria saber o que você faz com um uniforme de quadribol.


- Eu ia fazer o teste.


- Pan, você não joga quadribol. – comentou Blaise.


- Oh! Eu sei. – puxou a cordinha que prendia os cabelos ondulados, deixando-os cair por seus ombros, e dirigiu-se a cama de Blaise, batendo em suas pernas para ele recolhê-las, para que ela sentasse. – Era mais para dar apoio moral ao Draco. Mas, deixando isso de lado, quando eu cheguei ao campo, Nott contava a quem quisesse ouvir que ele faria os testes amanhã na qualidade de capitão. – olhou para o loiro, inquiridora. – Então...


- O quê?


- Como assim ‘o quê’? Que história é essa de aquele total desperdício de oxigênio ser capitão?


- A casa fez uma intervenção e eu resolvi largar o cargo. – Draco reabriu o livro que estava lendo. Num momento de raiva, Pansy arrancou o livro das mãos do loiro e o arremessou através do quarto.


- Veremos. – levantou-se e saiu do quarto, batendo a porta.


- Me assusta o modo como ela sempre age como se pudesse conseguir tudo. – comentou Blaise. Draco levantou e resgatou seu livro.


- Nesse caso, em particular, ela vai.


- Como pode ter certeza?


- O cargo de capitão de quadribol não é passível de votação. É um direito único e exclusivo do diretor da escola o de agraciar um aluno com ele. É claro que o aluno pode recusar, apesar de eu nunca ter ouvido falar em alguém que o tenha feito, mas não pode ser passado de um aluno a outro. A não ser em caso de o capitão não jogar uma partida e passar temporariamente o cargo a outro jogador da equipe que a jogará.


- Mas então, você ter largado o cargo, foi só um gesto simbólico.


- Não. Quando McGonagall me chamar para me devolver o cargo, eu vou recusá-lo.


- Draco...


- Não adianta, Blaise. Eu não devia ter aceitado em primeiro lugar. Eu sabia que a minha vida não seria fácil esse ano mesmo sem ser capitão, por isso aceitei. Mas a capitania fez tudo ficar muito pior.


- Draco, esse é o seu sonho desde os doze anos.


- Eu prefiro que Sonserina tenha uma equipe.


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Os garotos estavam conversando sobre a primeira visita a Hogsmeade quando ouviram batidas hesitantes na porta.


- Sr. Malfoy? – Draco e Blaise se entreolharam e Draco foi até a porta, abrindo-a e dando de cara com uma menina do primeiro ou segundo ano.


- Sim?


- A diretora McGonagall pediu que o senhor descesse ao salão comunal.


- McGonagall está aqui na Sonserina? – a menina acenou com a cabeça. Draco olhou para Blaise. O moreno deu de ombros e levantou-se. Os três desceram as escadas, a menina logo se misturando a todos os outros Sonserinos no local. – Queria me ver, professora?


- Sim, Sr. Malfoy. – Draco viu Nott ao lado da mulher e Pansy logo atrás com um sorrisinho irritantemente convencido no rosto. – Gostaria de saber se entregou seu distintivo ao Sr. Nott.


- Não a ele em particular. Foi mais um gesto englobando toda a casa.


- Você sabe a quem é aderido o direito de dar um cargo de capitania a um aluno, Sr. Malfoy?


- Ao diretor. Ou, no caso, diretora.


- E a quem eu dei o cargo, Sr. Malfoy?


- A mim, professora.


- Então quem deveria estar usando este distintivo? – ela estendeu o brilhante distintivo de capitão.


- Eu. – Draco caminhou até Minerva. – Mas eu não o quero mais. Me desculpe, professora.


- Você vai ficar com o distintivo e vai ficar com o cargo. – Minerva botou o distintivo na mão de Draco. – Se eu o escolhi, Sr. Malfoy, é porque acho que o senhor merece. E essa é minha última palavra. – acrescentou alto o suficiente para todos no recinto ouvirem. Virou-se para sair e, à porta, parou. – Se faltar a uma detenção, Sr. Nott, eu, pessoalmente, garantirei que o senhor não se forme. – e dito isso, saiu do salão.


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N/A: Bem, eu não ia postar hoje, mas, como eu fui à pré-estreia ontem, resolvi que eu tinha que escrever algo sobre o fim da série que todos nós, na FeB, amamos tanto e a tanto tempo.


Ontem, eu fui à pré-estreia com um amigo que também foi comigo na pré-estreia da parte um. Enquanto a gente conversava, antes do filme, tentávamos lembrar de quando vimos cada um dos filmes e chegamos ao primeiro. Nenhum de nós lembrou por que nossas mães nos levaram, aos sete ou oito anos, para ver o filme que seria nossa paixão nos dez anos que se seguiriam. Com esse pensamento em mente, quando cheguei em casa, às três e quinze da manhã, agradeci minha mãe, chorando, por ela ser tão especial e ter me introduzido ao mundo de J. K. Rowling. Agradeço, agora, também a ela, a autora, por ter nos dado esse presente maravilhoso. Posso não ter aprovado uma ou duas escolhas que ela fez, mas, sem dúvida nenhuma, ela é alguém muito especial para mim por ter criado HP e sempre será.


Agora, dez anos mais velha, com quase dezoito, não me envergonho de dizer que chorei quase todo o filme e depois dele falando com amigos. E ainda choro, agora, escrevendo esse singelo memorial. Não que eu ache que a série Harry Potter está morta, não acho. Enquanto nós continuarmos amando a história, os filmes e, por que não, as fanfics, tão maravilhosas, diferentes e únicas, a série permanecerá viva. Mas choro porque é difícil pensar que não haverá a espera angustiante por um novo livro ou um novo filme. As horas pensando se o filme mostrará tudo que queríamos ver. E muitas vezes não mostrou. Mas não importava porque sempre foi maravilhoso, mágico.


Hoje, me despedi da parte mais doce e incrível da minha vida. Toda minha infância e adolescência que foram tocadas pelos personagens, pelas lições, por desespero, alegria, pânico, amor, amizade, tristeza.


Eu amo Harry Potter, eu li todos os livros, eu vi todos os filmes, eu cresci com eles e, sim, me tornei alguém melhor por ele. Se, hoje, eu sou uma compulsiva por livros, a culpa é total e exclusiva de Harry. Meu primeiro livro ‘adulto’ foi Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e sempre vou ter um carinho especial por ele.


Por fim, termino esse tributo dizendo o que disse ontem ao meu amigo: “Meus filhos vão amar Harry Potter tanto quanto eu. Serão os livros que lerei a eles antes de dormir.” E, assim, continuarei fazendo o que mais gosto: ler as aventuras de um bruxinho que podia passar despercebido, mas conquistou os corações de uma geração.


Rosana: Muito obrigada, Rosana! Mais uma fanfic e tu aqui me prestigiando com teus comentários. Sim, ele vai. Mas não por muuuito tempo porque eu o amo! :D Bem, H² é complicado. Eles estão frágeis e machucados, precisam ir com calma. Espero que goste desse cap. Não tem muito H², mas prometo que terá mais para frente. Bjo.


PamyPotter: Muito obrigada, Pamy! Posso chamar assim? “O shipper HH é ótimo e vc consegue trabalhar super bem com ele” Tu leu minha outra fic ou falou isso por essa só? Vo faze o loiro sofre um pouquinho pra ele aprende, mas logo melhora. Harry, o herói. Sempre! *-* Isso é algo para alguns capítulos a frente. aushauhsuahsa Espero que goste do cap. Bjo.


Melissa: Muito obrigada, Melissa! Amei que tu veio ler minha nova fic! :D Vai te muuuuitos momentos H²! *-* Mas não por agora. ): Pelo menos, não super românticos. Também estou. E, agora que acabou, me sinto mais inspirada para continuar escrevendo e deixar sempre vivo na memória tudo que eu amo na história. Espero que tu goste do cap. Bjo.

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Comentários (3)

  • PamyPotter

    Nossa o Neville se superou! Claro que pode me chamar de Pamy! Vou ver HP amanhã, to louca e eu chorei um monte... #Fazparte. Amei o cap! Coitadinnho do Draco, a Pansy é meio que a Hermione da Sonserina, só que mais encarnada, achei muito show a Mione entrando no quarto dos garotos! O trio tá defendendo eles! Muito legal, vou entrar no seu perfil e ler suas outras fics! Beijos e não demora a postar!

    2011-07-16
  • Miillaa

    Você está certa HP vai ser sempre lembrando e eu super apoio ler os livros para os nossos livros, pra eles conhecerem os 10 melhores anos das nossas vidas. E amor, eu chorei o filme inteiro tbm, tenho 20 anos e não tenho vergonha de sair do cinema toda borrada e com cara de choro. Enfim, vamos comentar do cap *-* Eue stou amando o draco e a pansy, e nem tenho que falar que amo harry e mione juntos né? Quero ver eles criando o Ted, como a mione falou no cap anterior, vai ser a coisa mais cuti do mundo. Continue, beeijos

    2011-07-16
  • rosana franco

    Achei super o jeito que os 3 estão defendendo o Draco(to morrendo de pena dele),acho que eles vão acabar muito amigos,cara a Gina não pede tempo né?Nossa o Harry ainda não contou oq viu na penseira?Ele tem que contar logo pois acho q foi um dos momentos mais dificeis pra ele.Vc tem razão HP sempre sera lembrado.

    2011-07-16
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