Recomeçando



Capítulo I – Recomeçando


- Vai atravessar? – arrancado de seus pensamentos, o loiro olhou aturdido para a garota ao seu lado. Deu-lhe passagem e viu-a desaparecer na parede da plataforma. Voltou a encarar a passagem. Inspirou profundamente e expirou com força pelas narinas antes de atravessar também. Por um momento ficou parado, encarando a grande agitação que era o embarque no expresso. Mães gritando com seus filhos, crianças correndo, gente conversando muito alto por causa do barulho que eles mesmos faziam. Viu de relance a garota que falou com ele. Controlando a vontade insana de voltar, caminhou em direção ao trem.


x


- Vamos de uma vez! – gritou a Sra. Weasley. Os quatro adolescentes e o Sr. Weasley corriam esbaforidos atrás dela.


- Com todo respeito, Rony, Gina, mas é incrível que alguém com pernas tão curtas e acima do peso, consiga correr com tanta disposição e agilidade! – comentou Harry, entre arfadas.


- Mamãe se exercitou muito correndo com os filhos nesses anos todos de Hogwarts. – explicou Rony.


- Verdade. Os Weasleys sempre se atrasaram. Desde Gui. – comentou Gina.


- Vocês nunca pensaram em acordar mais cedo ou fazer as malas na noite anterior? – perguntou Hermione quase sem ar, dentre os quatro era a menos fisicamente preparada, já que não jogava quadribol. Rony e Gina riram, mas teriam gargalhado se tivessem ar para tanto.


- Vamos, vamos! – chamou a Sra. Weasley. – Gina, você primeiro. – Gina nem parou de correr e atravessou a passagem. – Agora você, Hermione. Harry. Rony. – depois de todos estarem na plataforma, se despediram rapidamente do Sr. e Sra. Weasley e embarcaram no trem.


- Se não tiver nenhuma cabine vazia, a culpa é totalmente de vocês! – disse Hermione. Acharam uma cabine apenas no último vagão.


- Oh! Que maravilha! – comentou Rony se jogando no banco macio. Hermione ocupou o banco à frente, perto da janela, e Harry deitou com a cabeça em seu colo. Hermione sorriu para ele e distraidamente ficou passando a mão por seus cabelos, ao que o moreno fechou os olhos, agradado. Gina estranhou as ações dos dois, mas não comentou nada e sentou ao lado do irmão que agora estava praticamente desmaiado no banco.


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Draco estava lendo um livro, sozinho em sua cabine, quando a porta se abriu e uma morena com a expressão nada satisfeita entrou. Draco ergueu os olhos do livro e encarou-a.


- Oi, Pan.


- “Oi, Pan”? É só isso que você vai dizer? Depois de tudo que aconteceu? Você não me mandou uma única carta, Draco. Nem um mísero recado para que eu soubesse que você estava vivo. Eu nem sabia se você voltaria para Hogwarts! Sabe como eu fiquei, seu filho da mãe, egoísta?


- Com saudade? – perguntou com cuidado.


- Preocupada! – Draco marcou a página que estava lendo e fechou o livro. Levantou e abraçou a amiga.


- Estou bem, Pan. – Pansy o abraçou bem apertado e chorou com o rosto escondido em seu peito.


- Primeiro pensei que nunca mais fosse vê-lo, mas que estaria bem, depois pensei que nunca mais fosse vê-lo porque estaria morto e depois pensei que nunca mais fosse vê-lo porque seria preso! – desabafou em meio ao choro. – Sabe o que isso fez comigo?!


- Me desculpe, Pan! O Ministério proibiu que saíssem corujas lá de casa. – ela levantou a cabeça e fitou-o com os olhos marejados.


- E a lareira?


- Bloqueada. – afastou-se dele.


- Mas que droga, Draco! Usasse sinal de fumaça! – Draco voltou a trazê-la para si.


- Desculpe. – implorou ele aflito. – O que mais quer que eu diga? – ela o olhou fundo nos olhos.


- Por que não confiou em mim? – nesse momento a porta abriu de novo e Blaise Zabini apareceu encostado a ela, os braços cruzados em frente ao peito fazendo-o parecer maior.


- É, Draco, por que não confiou nos seus amigos? – a cara do amigo também não era das melhores. E ele não esperava que fosse.


- Não queria envolver vocês nisso.


- Porque nossos pais não seguiam aquele mestiço maníaco? Nós teríamos lhe ajudado de qualquer jeito, seu imbecil! – Draco ficou sem palavras e Pansy voltou a chorar. Blaise foi até eles e os abraçou.


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Os quatro amigos desembarcaram do trem e lutavam para passar pela multidão de alunos que se aglomeravam na plataforma e chegar até as carruagens.


- Meu Merlin! Talvez não tenha sido uma ideia tão boa assim cancelar o ano passado. – comentou Harry enquanto se espremia para passar entre um grupo de garotas risonhas e uma pilha de malões.


- Parece que entramos em uma dimensão paralela! – complementou Rony.


- Ei! Olhem! – o trio olhou para onde Gina apontava. – É o Malfoy! – um grupo de alunos estava reunido e não pareciam estar se entendendo muito bem. Nesse exato momento Draco foi jogado ao chão com um soco. Harry saiu irado em direção a eles, derrubando pessoas pelo caminho. Chegou bem a tempo de agarrar Pansy Parkinson que se jogara com uma fúria assassina contra o garoto que havia socado Malfoy.


- Calma, Parkinson! – a garota se debatia tentando alcançar o outro garoto. – Zabini, segure-a! – Blaise, que ficara chocado em ver o moreno ali, finalmente saiu de seu transe e segurou a garota. Harry estendeu a mão para ajudar Draco a levantar. O loiro fitou a mão desconfiadamente antes de aceita-la. – Penso que você vai achar extremamente sensato nunca mais chegar perto de Draco Malfoy, Boot. – sua voz assumira um tom intimidador.


- Você, Potter, está defendo esse... esse verme?!


- Sim, eu estou.


- Depois de tudo o que ele fez. Ele traiu a escola! Matou Dumbledore!


- Você, seu rato de biblioteca, asqueroso, não ouse falar mal dele! – ameaçou Pansy, que ainda se debatia contra Blaise. – Me solte, Blás!


- Não fale do que você não sabe. Você não tem ideia de por que ele fez o que fez. E esse recado vai para todos: quem encostar um dedo em Draco Malfoy, terá que prestar contas a mim. – Boot contraiu-se. – Agora, suma daqui antes que eu resolva botar esse aviso em prática agora mesmo. – o garoto virou-se para ir com os amigos quando Hermione se fez ouvir acima do tumulto.


- Boot? Menos trinta pontos para a Corvinal.


- Obrigado. – Harry virou-se e encarou Draco. O loiro falara muito baixo e estava corado.


- Você não merece ser perseguido o ano todo por coisas que não teve culpa. – Harry suspirou cansado. – Escute, Draco, você me pediu que ajudasse sua família e lhe desse uma chance para fazer as coisas diferentes. Estou cumprindo minha parte.


- Não se preocupe. Eu vou cumprir a minha. – Harry deu um pequeno sorriso.


- Esse vai ser um ótimo ano. – comentou Hermione. Suas palavras tinham um quê de anseio. Como se quisesse convencer principalmente a si mesma de que aquilo era verdade. – Um ano para sermos só o que somos: adolescentes. Sem pressões, sem medos.


- É isso aí! – complementou Gina numa animação forçada. – Vamos nos divertir!


- Vemos vocês na escola. – despediu-se Harry. Mas antes que se virasse, Pansy jogou-se em seus braços o apertando. Harry ficou confuso e um pouco assustado a princípio, mas, passada a primeira impressão, correspondeu hesitante ao abraço.


- Obrigada. – Harry sorriu para a morena e os quatro seguiram o caminho até as carruagens. Os três Sonserinos permaneceram em silêncio.


- Nós somos amigos deles agora? – perguntou Blaise extremamente confuso.


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- Vão vocês. Eu prefiro ir direto para as masmorras. – os três estavam em frente às portas do salão principal. Pansy agarrou o braço de Draco e o puxou consigo.


- Você não vai fugir. Vai entrar lá de cabeça erguida e mostrar a todos que não é culpado de nada, como Harry disse.


- Harry? – soltou Blaise chocado. – Então nós realmente somos amigos deles agora? – Pansy revirou os olhos.


- Ora! Cresça, Blaise! – eles entraram no salão e, imediatamente, todas as cabeças viraram para fita-los. Draco podia sentir a agressividade dirigida a ele. Sabia o que eles pensavam. Perguntou-se pela enésima vez o que fazia de volta àquele lugar. Nada do que fizesse mudaria a opinião daquelas pessoas, ou de qualquer bruxo. Não importaria para elas se ele mudasse todo o seu jeito de agir, falar ou mesmo pensar. Elas sempre o veriam como um reflexo de suas atitudes posteriores. Então por que se dar ao trabalho de tentar? Mas, nesse instante, Draco pensou em sua mãe. Ela merecia que ele tentasse. Faria por ela. Aguentaria aquele ano por ela. Os três sentaram à mesa e imediatamente quem estava perto se afastou.


- Mas quanta maturidade! – ironizou Pansy, alto o suficiente para que toda a mesa escutasse.


- Apenas não queremos ficar perto do traidor, Pansy. Você é bem-vinda a juntar-se a nós. – ofereceu Nott.


- Como anda seu pai, Teodore? – perguntou Blaise casualmente. – Ouvi dizer que faz muito frio em Azkaban. Mandou cobertores o suficiente para ele? Ah! Que gafe a minha. O Ministério confiscou todos os seus bens, não é mesmo? – o rosto do garoto ficou púrpura e ele estava se levantando quando Pansy foi mais rápida.


- Senta. – mandou com a voz baixa e perigosa. A varinha apontada para ele por baixo da mesa. – Não vou falar duas vezes. – o garoto sentou contrariado. Draco suspirou cansado.


- Não façam isso. – implorou. – É só o primeiro dia. Vocês vão se cansar antes da primeira semana terminar.


- Eu sei uma porção de feitiços. E posso aprender muitos mais. – disse Pansy distraidamente.


- E eu nunca fico sem uma tirada ácida. Aliás, é um prazer fazê-lo. – comentou Blaise sorrindo malignamente. Draco balançou a cabeça sorrindo.


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Após a seleção dos alunos novos e de todos terem se deliciado com o banquete, a Prof.ª McGonagall, agora diretora de Hogwarts, levantou-se de seu lugar habitual, ao lado esquerdo da grande cadeira dourada, outrora usufruída por Dumbledore.


- Peço a todos um momento de atenção. – o salão mergulhou no mais completo silêncio. Todos os olhos se encontravam nela. – Gostaria de dizer, com imensa satisfação, que o Prof.º Slughorn, após merecidas férias, aceitou continuar sendo Mestre de Poções. – ouviu-se uma salva de palmas. – E, agora, demos nossa calorosa salva de palmas a Prof.ª Amélia Strauss, que lecionará Defesa contra as Artes das Trevas. – a mulher loira e, aparentemente, bastante jovem levantou-se e os alunos começaram a bater palmas ao mesmo tempo em que começaram a cochichar sobre ela.


- Ela parece jovem demais para dar uma matéria tão importante. – comentou Hermione.


- Esqueça isso! Nós vamos ter uma mulher ensinando DCAT! – comentou Rony, machista. Hermione e Gina fitaram-no furiosas. Harry apenas balançou a cabeça.


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- Ela, com certeza, é bonita. – declarou Blaise. Pansy revirou os olhos.


- Oh! Claro. E, por isso, pode ser uma completa desmiolada que não há problema. – redarguiu a garota, mordaz.


- McGonagall não a contrataria se fosse incompetente. – apaziguou Draco.


- Não estão exatamente fazendo fila para o cargo. Talvez McGonagall teve que jogar com as cartas que dispunha. – comentou maldosa.


- Também saudemos o Prof.º Elias Rotheng que ensinará Estudo dos Trouxas. – uma nova salva de palmas, quando o professor baixinho levantou-se. – E o Prof.º Gregory Damian. – retomou McGonagall. Ela se interrompeu por um momento. – O novo professor de Transfiguração. – o salão mergulhou no mais completo silêncio. Todos ficaram chocados demais por uns segundos e, em seguida o salão explodiu em um burburinho ensurdecedor.


- Ela disse Transfiguração? – perguntou Pansy, com o cenho franzido.


- Acho que sim. – respondeu Blaise, tão chocado quanto.


- Vocês não acharam que ela continuaria lecionando, tendo que arcar com todas as responsabilidades da diretoria, não é? – perguntou, casualmente, Draco. – Só espero que ele seja bom. Transfiguração não é meu ponto forte.


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- Como assim, novo professor de Transfiguração? – perguntou Gina, exaltada.


- Eu já havia pensado nisso. – comentou Harry. – Afinal, Dumbledore também não deu mais aulas depois que virou diretor.


- Também já havia deduzido. – disse Hermione. – Mas ainda acho um crime que não tenhamos McGonagall no nosso ano de NIEMs.


- Bom... – começou Gina, analisando o professor. Deveria ter uns quarenta e poucos anos, moreno, olhos azuis. – Pelo menos ele é bonito. Teremos algo para fazer na aula dele se ele for um completo inútil na matéria, ao contrário do professor de Estudos dos Trouxas. – Rony fechou a cara ao comentário da irmã.


- Sei que todos foram pegos de surpresa. – recomeçou McGonagall, fazendo cessar o barulho. – Mas eu lhes garanto que não serão prejudicados em nada. Claro que eu adoraria continuar lecionando a vocês, mas vou passar a contribuir de outra forma para a escola. – ela examinou o salão. – Agora... Tem uma última coisa que gostaria de lhes dizer se puderem prestar atenção. – o salão voltou a mergulhar naquele completo silêncio. – Este ano será um ano difícil para todos. Em vista dos últimos acontecimentos, sei o quanto será penoso seguir em frente. Perdemos amigos, parentes e companheiros nessa guerra... Mas vencemos. E vamos nos reconstruir, assim como já fizemos antes. Porque todos merecemos a felicidade. Sei que, se o Prof.º Dumbledore estivesse aqui, ele lhes diria algumas palavras desconexas com significado apenas compreendido por ele, mas que representaria o desejo dele de que vocês aproveitassem esses momentos de paz. – quando terminou, não só McGonagall tinha os olhos marejados, como também boa parte do salão. Harry examinou as mesas. Muitos alunos estavam abraçados, chorando. Encontrou o olhar, também marejado, de Hermione. “Nós vamos ficar bem.” Dizia esse olhar. E ele desejou de todo coração que fosse verdade. – À Hogwarts! – brindou McGonagall erguendo sua taça.


- À HOGWARTS!


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- Acho que já vou dormir. – disse Rony, assim que chegaram ao salão comunal. Ele ainda estava vazio já que os quatro foram uns dos primeiros a sair do salão principal. – Comi demais.


- Que novidade, maninho! – Gina deu um tapa na nuca do irmão e se atirou no sofá vermelho.


- Pois bom sono para vocês. Eu tenho ronda. – disse Hermione chateada.


- Achei que você gostasse de ser monitora-chefe, Mi. – comentou Gina.


- Ah! Eu gosto. É só que, depois de passar tanto tempo sem regras, é difícil me acostumar a elas. Pior ainda: a impô-las. – Harry sentou ao lado da amiga e puxou-a para si. Hermione aconchegou o rosto entre a curva de seu pescoço e ombro.


- Eu sei que é difícil ter uma vida normal. Às vezes eu me pego olhando por sobre o ombro esperando um ataque surpresa.


- Eu ainda ouço os gritos de Hermione quando aquela vadia, sádica da Lestrange a torturou. – confidenciou Rony. Instintivamente Hermione levou a mão à garganta. Gina, que antes estava quase adormecida no sofá, ergueu-se de um pulo.


- Hermione foi o quê? – o trio virou-se para a ruiva. Rony lançou um olhar de desculpas aos morenos.


- Gina, nós combinamos não contar nada do que aconteceu esse ano a ninguém. – pronunciou-se Hermione.


- Vocês nunca me incluem em nada. Eu já não pude acompanhá-los. Agora não posso nem saber o que houve lá? – a ruiva levantou-se do sofá, o rosto tão vermelho quanto os cabelos.


- Não é questão de confiança, Gina. – explicou Harry. – Nós combinamos em não falar nada porque queremos esquecer tudo aquilo. Queremos recomeçar. – a ruiva os olhou ainda magoada pela falta de confiança em si.


- Não foram apenas vocês que sofreram nesse ano! Vocês não têm ideia do que nós enfrentamos aqui. – e dizendo isso, subiu para o seu dormitório. Hermione suspirou pesarosa.


- Ela nunca vai aceitar isso.


- Isso o quê? – perguntou Hermione ao moreno.


- Que nós somos... só nós. Na nossa amizade não existe espaço para outros. Por mais que nós tenhamos outros amigos, tudo o que nós passamos juntos fez da nossa amizade algo muito mais forte e intenso do que nossas outras amizades. Não dá para passar por tudo que nós passamos sem formar uma ligação única. – eles permaneceram em silêncio absorvendo a verdade nas palavras de Harry até Hermione olhar o relógio e bufar.


- Queria poder ficar aqui com vocês. – reclamou ela.


- Pode ir tranquila, Mi. Nós vamos dormir. – consolou-a Rony. Hermione se despediu e saiu pelo retrato.


- Ainda me assusta horrores vê-la sair sozinha. – comentou Harry.


- Como se você não fosse atrás dela. – comentou Rony debochado. Os dois subiram para o dormitório. Harry pegou sua capa e despediu-se do amigo.


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I took my love, I took it down


Peguei meu amor, trouxe para baixo


I climbed a mountain and I turned around


Escalei uma montanha e olhei pra trás


And I saw my reflection in the snow covered hills


E eu vi o meu reflexo em uma colina coberta por neve


'Til the landslide brought it down


Até o desmoronamento trazê-la abaixo


 


Hermione caminhava distraidamente pelo castelo. Pensava na última batalha. Naqueles que se foram. “Como podem querer que esqueçamos aquilo? Não há como apagar aquelas lembranças.”. Enquanto caminhava, passava a mão pelas paredes. “E, de repente, querem que sejamos o que não éramos nem aos onze anos: adolescentes comuns. Adolescentes comuns não enfrentam tudo que enfrentamos. Não vêem tudo que vimos.”. Encostou-se a parede e deixou-se escorregar até estar sentada no chão frio. As lágrimas lhe vieram aos olhos mais rápido do que pode controlar. “Como é possível superar tudo aquilo?”. Lembrou-se de Ted, tão pequeno e indefeso, sem os pais. Ela e Harry iriam criá-lo. “Infinitamente melhor do que os tios de Harry o criaram.”. Ao pensar em Harry seu coração doeu. Nunca falaram sobre seus sentimentos quanto à guerra ou ao término dela. Imaginou como ele se sentiria. Nunca seria capaz de entender.


Oh, mirror in the sky, what is love?


Espelho no céu, o que é o amor?


Can the child within my heart rise above?


Pode a criança dentro do meu coração subir aí?


Can I sail through the changing ocean tides?


Posso eu velejar pelas mutantes marés oceânicas?


Can I handle the seasons of my life?


Posso eu suportar as estações da minha vida?


 


- O que vai ser preciso para suportar tudo isso? – sussurrou para o nada de olhos fechados.


- Para alguns, um amigo. Para outros, um amor. Para outros ainda, um objetivo. Para nós, o tempo. – respondeu uma voz sem corpo. Então Hermione viu-se coberta pela capa de invisibilidade de Harry.


Well, I've been afraid of changing


Bem, eu tive medo de mudar


Cause I've built my life around you


Porque construí minha vida ao seu redor


But time makes you bolder


Mas o tempo te torna mais forte


Even children get older


Até as crianças ficam mais velhas


And I'm getting older too


E eu estou ficando mais velho também


 


- Acha mesmo? Acha que um dia nós vamos conseguir trabalhar em algum lugar comum, casar, ter filhos? – Harry aparou uma lágrima que descia pela bochecha de Hermione.


- Não pensa no futuro. Se agarra ao que nós temos agora. Quando chegar a hora de tudo isso, nós vemos se vamos conseguir ou não.


- Eu me sinto incompleta. Alguma coisa se quebrou dentro de mim, Harry, e eu não sei se vou conseguir colar os cacos.


- Você é mais forte do que pensa, Hermione. Mas, às vezes, pode pedir ajuda. Não precisa fazer tudo sozinha.


Well, I've been afraid of changing


Bem, eu tive medo de mudar


Cause I've built my life around you


Porque construí minha vida ao seu redor


But time makes you bolder


Mas o tempo te torna mais forte


Even children get older


Até as crianças ficam mais velhas


And I'm getting older too


E eu estou ficando mais velho também


I get older too


Eu fico mais velho também


 


- Não quero dar trabalho para ninguém. Todos estão tentando se consertar.


- E você acha que ninguém vai precisar de ajuda? – Hermione suspirou e encostou-se contra o moreno. Ele a abraçou e encostou o rosto no topo da cabeça dela.


- Eu sinto falta de dançar com você. Como naquela noite na barraca. – sussurrou ela e entrelaçou seus dedos. Harry tirou a capa de cima deles e levantou puxando-a com ele. Abraçou-a pela cintura com uma mão, colando seus corpos, enquanto a outra segurava uma mão de Hermione. A mão livre de Hermione pousou na nuca dele. – O que estamos esperando? – perguntou em seu ouvido. E, num passe de mágica, uma música lenta começou a soar em seus ouvidos e Harry guiou-a.


I took my love, I took it down


Peguei meu amor, trouxe para baixo


I climbed a mountain and I turned around


Escalei uma montanha e olhei pra trás


And I saw my reflection in the snow covered hills


E eu vi o meu reflexo em uma colina coberta por neve


The landslide brought it down


O desmoronamento a trouxe abaixo


The landslide brought it down


O desmoronamento a trouxe abaixo


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- Draco? – o loiro olhou para as escadas, de onde descia Pansy enrolada em um roupão verde musgo. – O que você está fazendo aqui sozinho? – ela sentou ao seu lado. – É perigoso.


- Não consegui dormir. – deu de ombros.


- Muita coisa na cabeça? – Draco suspirou e passou a mão pelos cabelos.


- Pan, lembra de uma vez, quando ainda éramos crianças, um pouco antes de entrarmos para Hogwarts, quando você foi dormir lá em casa? – Pansy revirou suas lembranças.


- Acho que sim.


- Tarde naquela noite, minha mãe foi ao meu quarto. Eu ainda estava acordado porque nós tínhamos combinado de eu ir ao seu quarto para a gente conversar a noite toda. – Pansy sorriu com a lembrança. Draco mantinha os olhos fixos no fogo que crepitava na lareira. – Ela tinha ido lá para me contar sobre seus anos em Hogwarts. Me disse que seriam os melhores anos da minha vida. – Pansy esperou que ele continuasse. – E ele me fez odiar. Me fez odiar cada ano por sua falta de interesse, sua constante cobrança e, no fim, pelo caminho que ele escolheu. Nada teria acontecido se não fosse por ele. E pensar que eu o venerava como a um Deus. Ele estragou a minha vida, Pan. – Pansy segurou-lhe o rosto com uma mão e o virou para si.


- Escute bem o que vou dizer porque só vou dizer uma vez. Você não é Lúcio Malfoy. Você é infinitamente melhor que ele. E sabe como eu sei disso? Porque, apesar de tudo isso, de tudo que ele lhe fez, você o salvou. Mesmo ele não merecendo isso.


- Muitos diriam que isso é ser babaca.


- Eu diria que é ter culhões. Você escolheu fazer algo que sabia que seria tremendamente difícil pra você para ajudar os seus pais. Um deles merecendo muito mais uma passagem só de ida para o inferno. Não seria ruim se mais alguns aqui, na Sonserina, tivessem a sua coragem.


- Blaise? – inquiriu com uma sobrancelha levantada.


- Ele tem para algumas coisas apenas. – disse, contendo a irritação.


- Ele tem medo de um compromisso sério sendo tão novo. – explicou entediado.


- Não é como se eu estivesse pedindo ele em casamento ou coisa parecida. – redarguiu a morena ferozmente.


- Pan, ele gosta de você. Dê um tempo para que ele se acostume à ideia de monogamia.


- Você não pareceu achar tão difícil.


- Eu nunca namorei. – a voz dele adquiriu um tom de estranheza para com as palavras dela.


- Ah! Bem... Nós ficamos juntos no quarto ano. – o loiro a puxou para si em um abraço e beijou o topo de sua cabeça.


- Nós dois sabemos o grande desastre que aquilo foi. Não foi nem bem um namoro. Nós ficamos juntos do momento em que eu lhe convidei para o baile até irmos dormir depois dele. – Pansy riu da lembrança.


- Você foi meu primeiro beijo. – admitiu ela. Draco sorriu.


- Eu imaginava.


- Você vai conseguir, não vai? Enfrentar esse ano, digo. – perguntou ela, após alguns segundos de silêncio. Draco começou a afastar-se, mas Pansy se apertou mais contra ele, impedindo-o. – Por favor, Draco. Por favor! Você precisa aguentar. – as lágrimas inundaram os olhos negros dela. Draco a abraçou mais forte.


- Vou aguentar esse ano, Pan. Prometo a você.


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N/A: Bom, essa fanfic vai ter bastante drama, superação, brigas, romance e quadribol. Vai ser sempre dividida entre os Sonserinos e os Grifinórios. A história vai contar como eles conseguiram se refazer. E uma última coisa: essa história vai ter a minha versão do epílogo do sétimo livro. Vai ter exatamente o mesmo nome.


Obs.: haverá algumas mudanças em relação ao último livro, mas o grosso continua igual. Toda a busca pelas horcruxes; a última batalha; Voldemort morrer; Minerva como diretora. Terão novos professores e quem morreu continua morto, mas algumas coisas não vão ter acontecido e algumas aconteceram de forma diferente.


Como ninguém teve um ano inteiro, a escola resolveu anular aquele ano depois de ter uma votação em massa com os pais e os alunos. Mas, para não ser injusto com os alunos, as matérias que alguém já tivesse estudado, não precisariam ser assistidas por essa pessoa, que poderia, se quisesse, se inscrever em outra matéria naquele horário (isso é só para explicar porque alguns personagens ficarão bastante tempo sem assistir a aula alguma).

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Comentários (4)

  • MiSyroff

    Bom, ta bem legal... Embora eu tenha lido muitas fics e ficou difícil ver os personagens diferentes, já que as coisas que eu li meio que seguiram um padrão, mas ta muito foda, você escreve muito bem, sabe disso né? Ah, perguntas... Então a Herms e o Rony não se beijaram? A Pansy é a Pansy dos filmes mesmo? E você vai considerar coisas que acontecerem neless? Beeeijos e saudades *-* Vou ler o segundo, só me da tempo ahsuahsuhaus

    2011-07-21
  • Miillaa

    Ahhh eu adorei a fic, adorei esse cap e amei o harry e a mione juntos, coisa mais cuti gente *-*

    2011-07-16
  • PamyPotter

    Eu amei esse capítulo, adoro o seu Draco, aprender com os erros é legal. O shipper HH é ótimo e vc consegue trabalhar super bem com ele, espero que poste logo o segundo capítulo. Todo mundo em cima do Draco e o Harry foi defender ele, mt legal. Quero só ver quando verem a cicatriz da Mione no braço escrito "sangue-ruim" todo mundo vai achar um mistério. POSTE LOGO!

    2011-07-10
  • rosana franco

    Muito bom o capitulo acho que o Draco realmente vai sentir na pele oq é ser discriminado,a relação entre os HH ainda esta no ar esperando alguem tomar uma atitude.

    2011-07-09
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