Lar doce Lar

Me desculpem mais uma vez. Estou com um pouco de bloqueio criativo, por isso está demorando a sair. Prometo demorar menos daqui pra frente. Estamos chegando ao final, termino no capítulo 30, que pena. Espero que gostem. Já sabem né, COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM.

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Capítulo 23: Lar doce Lar

Ela ainda acreditava estar sonhando. Acordou com os primeiros raios da manhã e tateou a cama ao seu redor. Sua mão encontrou alguma coisa e aí ela soube que era verdade. Estava realmente deitada em sua cama, na sua casa com o homem da sua vida. Se aproximou mais dele e colocou sua cabeça em seu peito. Sentiu-o arfando e levantou sua cabeça para ver o que era. Ron estava tentando esconder o choro.

- O que foi meu amor? – ela soava preocupada.

- Nada demais.

- Pode falar. O que foi?

- Ainda não consigo esquecer o que aconteceu, então fico assim. Ainda é muito difícil – ela esticou suas mãos e limpou o rosto do namorado.

- Estarei do seu lado sempre, não se preocupe. Não quero que fique assim sofrendo sozinho. Estamos juntos nessa e eu quero enfrentar isso ao seu lado – aquela havia sido a primeira noite dos dois na casa nova e ela não queria que nada estragasse aquele momento. Aos poucos Ron foi se acalmando e sorriu ao se deitar mais próximo a ela.

- Essa casa é só nossa. Já se deu conta disso? Agora podemos namorar em paz, sem corrermos o risco de sermos pegos – ele deu vários beijinhos nela. Ela terminou de secar o rosto do amado e também sorriu.

- Ainda é difícil acreditar. Nossa casa. Te amo, te amo, te amo – os dois permaneceram deitados, abraçadinhos. Demoraram a se levantar da cama, e só o fizeram porque precisavam preparar o café da manhã. Estavam vivendo um sonho. Depois da refeição, voltaram pra cama e lá ficaram um bom tempo.

A casa ainda estava uma bagunça. Haviam se mudado no dia anterior e estavam em lua de mel, não queriam arrumar nada. Como haviam prometido que almoçariam com seus pais na Toca, se levantaram contra a sua vontade. Vestiram as roupas que conseguiram encontrar e desaparataram.

- Boa tarde – Molly foi recebê-los no jardim. Deu um abraço particularmente demorado no filho. No dia anterior, logo depois da mudança, ela ficou chorando por ver seu garoto mais novo sair de casa. Agora somente Gina morava na Toca. Bill e Alice já estavam lá e receberam os dois na sala.

- Olá garotos, como está a casa nova?

- Uma bagunça total, mas está ótima – Hermione estava nas nuvens. Depois de cumprimentar todo mundo, sentou-se ao lado de Gina, para conversarem. Harry estava no jardim, cuidando de sua vassoura. Ron achou o amigo muito estranho e foi falar com ele.

- E aí cara, tudo bem?

- Tudo – Harry soava um pouco preocupado e disperso. Logo voltou sua atenção para a vassoura.

- Conta aí, o que tá pegando? – Ron sentou-se ao lado do amigo. Harry não se virou e demorou a responder.

- Estive pensando em como nossas vidas mudaram. Ontem, depois que saímos da sua casa, eu passei em frente à antiga casa dos meus pais. Fiquei imaginando como seria minha vida se eles ainda estivessem vivos – ele tinha os olhos marejados e Ron esticou seu braço e colocou ao redor dos ombros do amigo.

- Posso te dar uma sugestão meio maluca? – Harry olhou pra ele confuso.

- Porque você não compra aquela casa? Você pode reformá-la e se mudar pra lá. Quem sabe minha irmã não vai com você. Se bobear aquela casa é sua e você que não tá sabendo – Harry definitivamente não esperava aquilo. Nunca havia passado pela sua cabeça voltar a morar em Godric’s Hollow, mas agora que Ron havia falado, estava começando a gostar da ideia.

- Parece ser uma boa ideia. Eu sempre me imaginei morando no Largo Grimmauld, mas acho essa sua ideia melhor – os dois garotos ficaram em silêncio por um tempo. Ron entendia o que Harry estava passando e soube respeitá-lo.

O almoço foi servido e todos sentaram-se para almoçar. O assunto obviamente foi a casa nova de Ron e Mione. Além disso, os dois começariam seus trabalhos no Ministério dentro de uma semana. Gina havia deixado o Hárpias de Hollyhead depois que um acidente horrível quase matou duas de suas colegas. Achou que não valia a pena arriscar a sua vida por quadribol. Começaria daí a um mês, um estágio no Profeta Diário, no setor de esportes.

No geral foi um almoço animado. As marcas da guerra naquela família ainda eram muito profundas e isso ficava evidente. O túmulo de Fred no jardim era só mais um símbolo do que eles haviam passado. No fim do dia, os convidados se foram e Ron e Mione retornaram à sua casa.

- Foi um almoço legal. Gostei de ver nossos pais juntos – Mione veio abraçar o namorado. Ron, com um ar de muxoxo, falou.

- O que foi agora?

- Eu também gostei do almoço, mas você já olhou bem pra essa casa. Olha a zona que teremos que arrumar – a menina olhou para os lados e constatou que o namorado tinha razão. Caixas e mais caixas se empilhavam pelo chão. Havia algumas poucas coisas fora delas, mas nada, absolutamente nada no seu lugar. Ron deu um bocejo, mas Mione tratou logo de animá-lo.

- Então vamos começar. Daqui uns dias, quando começarmos a trabalhar, não restará muito tempo – Ron se arrependeu de ter tocado naquele assunto, mas não teve tempo de reclamar, pois ela logo o puxou pela mão até a cozinha.

Nenhum dos dois imaginava que teriam tanto trabalho. Mesmo usando mágica, havia muita coisa pra arrumar. Imaginavam que tinham pouca coisa, mas à medida que desempacotavam viram que não era bem assim.

- Nossa, não sabia que tínhamos tantas coisas – Ron reclamava enquanto desembalava mais copos e pratos.

- A maioria nós ganhamos. Nem precisamos disso tudo – Hermione, que havia começado muito empolgada, também já estava irritada. Pra piorar, ela mexeu, desavisadamente, na caixa que Jorge havia dado aos dois. Assim que puxou uma vasilha, que ela achou ser uma simples garrafa d’água ficou toda encharcada. Ron começou a rir e veio falar com ela.

- Deixa eu ver isso aqui – ela se segurou pra não falar vários palavrões. Ron deu uma olhada na garrafa.

- Deve ser do Jorge. Ele enfeitiçou a garrafa pra jogar águas nos outros. O que mais deve ter nessa caixa? – assim que ele se abaixou pra examinar seu conteúdo, um pó preto cobriu seu rosto. Agora foi a vez de sua namorada cair na gargalhada.

Depois de se limparem, os dois foram olhar melhor a caixa, mas dessa vez no jardim, pra não sujarem ainda mais a cozinha. Acharam de tudo, tudo mesmo. Várias coisas explodiram, pipocaram e brilharam. Os dois tiveram que desviar de muitos objetos que simplesmente saíam voando. No final estavam gargalhando.

- Até que nos divertimos né – Mione concordou com o ruivo, enquanto se jogavam no sofá.

- Podemos parar agora? – Mione concordou de imediato. Os dois permaneceram sentados, abraçadinhos até que Mione acabou adormecendo no ombro do namorado. Ele a levou até o quarto. Voltou à sala e teve uma ideia.

Foi uma noite muito dura. Ele decidiu surpreender Hermione e deixar a casa toda arrumada. Trabalhou bastante e deixou tudo da maneira que queria. Na última caixa que mexeu, encontrou uma série de fotos e outros itens de sua época em Hogwarts. Encontrou livros antigos, uniformes, pedaços de vassoura, bolas de quadribol, fotos de sua infância e adolescência. Com um sorriso no rosto, ele resolveu emoldurar as fotos. Teve dificuldade com o feitiço para conjurar os porta-retratos, mas acabou terminando tudo. Estava caindo de sono ao terminar, então foi dormir.

Mal dormiu e já teve que se levantar pra terminar a surpresa para a namorada. Fez o café da manhã e foi acordá-la.

- Mione, Mione, bom dia – ela abriu os olhos lentamente. Se arrumou na cama, ainda sonolenta.

- Bom dia meu amor.

- Trouxe café pra você. Deu um trabalhão, espero que goste – ele tinha um enorme sorriso no rosto. Ela sorriu e provou suas torradas.

- Está ótimo. Obrigada – ele não tinha dormido praticamente nada, mas não se preocupava com isso agora. Estava ansioso pra descobrir como ela reagiria ao ver a casa pronta.

- Agora vem comigo – ela levantou sem entender.

- Ir aonde? Nem me arrumei.

- Então eu te espero. É uma surpresa, então não posso falar – Apesar de ter ficado maravilhada com a casa, ela odiava surpresas. Muito desconfiada, trocou de roupa.

Assim que saíram do quarto, ele tapou os olhos da namorada, mais uma coisa que ela odiava. Desceram as escadas e assim que chegaram à sala, ele abaixou as mãos. Pela primeira vez em muito tempo, ela ficou sem palavras. A casa estava impecável, completamente impecável. Tudo estava arrumado, guardado e organizado. Ron até mesmo mudou alguns móveis de lugar. A garota passeou pela casa, boquiaberta.

- Como, como assim? Quando? Ron! – ela não conseguia nem raciocinar direito. Ron tinha um enorme sorriso no rosto.

- Depois que você dormiu eu resolvi arrumar tudo. Queria deixar tudo perfeito pra você – ela veio correndo e se atirou nos braços dele, enchendo-o de beijos.

- Gostou?

- Se eu gostei. Está maravilhoso. Não sabia que tinha tanta habilidade com feitiços domésticos.

- Não tenho. Muita coisa teve que ser feita sem magia – ele segurou a namorada pelas mãos e passeou com ela pela casa. Mostrou onde tudo estava e deixou as fotos por último.

- Achei essas fotos. Queria te mostrar – Mione se demorou admirando-as. Algumas eram trouxas e ninguém se mexia, mas a maioria era bruxa, então era possível ver as pessoas sorrindo e se divertindo. Algumas delas, Hermione nem lembrava de ter tirado. A que mais lhe marcou foi a que ela tirou ao lado de Ron, no dia do Baile de Formatura, quando os dois finalmente se entenderam.

- Está faltando uma – ela então tirou a foto muito gasta que tinha recuperado no dia que Ron fora sequestrado. Conjurou um lindo porta retrato e pendurou-as ao lado das outras.

- Agora sim, ficou perfeito. Nunca vou me esquecer dessa foto – os dois ficaram em silêncio até que ela se virou para ele.

- Está tudo perfeito. Obrigada.

- Não precisa agradecer. Fiz isso por nós. Queria que nossa casa tivesse nossa cara. Gostou então?

- Gostei. Muito – ela ficou na ponta dos pés e deu um beijo na namorado. O beijo foi se alongando e os dois sabiam onde aquilo ia parar. Ao invés de subirem pro quarto, jogaram-se no sofá. Agora que eram só os dois, podiam fazer isso sem se preocuparem em serem pegos. Ficaram agarradinhos por um bom tempo, até que seus estômagos começaram a roncar e precisaram fazer o almoço.

Estavam vivendo uma lua de mel antecipada. Nada, absolutamente nada faria aqueles dois se desentenderem, nem mesmo as trapalhadas de Rony na cozinha. Apesar da bagunça, finalmente almoçaram. Como não havia dormido nada, Ron não resistiu e acabou caindo no sono. Hermione aproveitou o tempo sozinha e sentou-se pra ler um livro. Não sabe quanto tempo passou, mas a campainha tocou e ela, surpresa, levantou-se pra atender.

- Oi Mione. Tudo bem? – eram Gina e Harry, que apareceram de surpresa.

- Oi gente. Que surpresa. Entrem, por favor – os garotos prontamente obedeceram. Hermione se desculpou por não ter arrumado melhor a casa. Pediu que eles se sentassem.

- Cadê o Ron? – Harry perguntou pelo amigo, que não estava presente.

- Está dormindo. Acredita que ele passou a madrugada inteira arrumando a casa.

- Ficou linda. Bem, viemos aqui porque vocês ainda não nos convidaram e eu já não estava aguentando de curiosidade.

- Me desculpe, a casa estava uma bagunça. Mas iríamos chamar, juro – as garotas estavam muito entretidas uma com a outra. Enquanto Mione mostrava a casa à ruiva, Harry se ausentou. De repente ouviram um grito vindo do andar de cima e se assustaram. No momento seguinte, viram Harry correndo pelas escadas, às gargalhadas e Ron logo atrás, somente de cueca e totalmente encharcado.

- O que aconteceu? – Hermione parecia preocupada e confusa. Ao seu lado, Harry se acabava de rir.

- Esse bosta de dragão me acordou jogando água daquela garrafa que o Jorge nos deu –  Gina começou a rir também e até Mione abriu um sorriso.

- Bela cuequinha, maninho – só então Ron se deu conta que estava praticamente pelado. Voltou pro quarto muito envergonhado. Agora os outros três davam gargalhadas. Depois de um tempo ele retornou, dessa vez vestido, mas ainda muito emburrado.

- Não dormi nada essa noite. O que vocês estão fazendo aqui?

- Que ótima maneira de receber suas visitas hein. Só viemos dar um oi – ele deu um sorriso fingido para a irmã.

- Então vocês já viram os presentes de Jorge? Eu ajudei a escolher. Quando eu vi aquela garrafa eu não resisti, tive que te acordar. Me desculpe. Você tem que confessar, é uma ótima pegadinha – Ron resistiu a princípio, mas acabou concordando e soltou uma gargalhada. Passaram a tarde jogando conversa fora. Harry e Ron começaram uma partida de xadrez, enquanto Hermione e Gina preparavam uma xícara de chá.

- Então, como tem sido seus dias? – Gian perguntou após sentarem-se à mesa.

- A casa é ótima e eu e seu irmão gastamos bem o nosso tempo juntos, se é que me entende – as duas soltaram risadinhas – mas já não aguento mais ficar a toa. Quero que semana que vem chegue logo.

- É mesmo. Você vai começar seu estágio. O Harry também só fala no cargo de auror – Parece que alguém ouviu o que as garotas estavam conversando e quase que imediatamente, três corujas estacionaram na janela da casa. Hermione deixou-as entrar e recolheu uma carta para ela, Ron e Harry. Sentaram-se no sofá. A carta dos rapazes era bem mais longa.

- Credo, não imaginava que precisava de tanta coisa. Preciso fazer uma porção de exames admissionais, perfil psicológico, seja lá o que isso for. Você sabia disso tudo Harry? – o bruxo estava concentrado na carta que tinha em mãos e não entendeu muito bem.

- O quê, não entendi.

- Você sabia que precisamos fazer esse tanto de coisa antes de começar nosso estágio?

- Não. Imaginava que teria alguma coisa assim, mas nada tão grande. E além disso, olha só as matérias que teremos. Nunca ouvi falar na maioria delas.

- Quando eu achei que estava livre da escola, me aparece isso. E você amor, o que recebeu?

- Nada de mais. Só mesmo me lembrando da data, hora e lugar em que eu tenho que estar na segunda feira. E eu te disse que teria que estudar muito pra ser auror. Deixa eu dá uma olhada nessa carta – ela achou tudo fascinante, como sempre fazia quando começava um ano novo em Hogwarts.

- Quem sabe você então não faz uns deveres de casa pra mim – ela ficou ofendida e deu um tapa no namorado. Ron começou a rir porque era exatamente aquela reação que ele esperava.

- Calma meu amor. Só estou brincando. Já imaginava que teria que estudar bastante.

- Pois é. Eu quero que o meu marido seja o melhor auror daquele lugar – quando se deu conta que tinha chamado Ron de marido, ela se envergonhou. Fez-se silêncio na sala, até que Rony deu uma risada e o clima se anuviou um pouco.

- Um dia meu amor, um dia – ela também sorriu e se beijaram.

- Mas será possível. Toda vez que viermos aqui vai ser assim? – Gina falou irritada com a cena de amor dos dois. Eles riram antes de responder.

- Calma aí maninha. É nossa casa nova, estamos em lua-de-mel – Gina fingiu concordar e voltaram a conversar. Quando escureceu, Harry e a namorada voltaram à Toca. A noite caiu e Ron e Hermione precisavam jantar, mas não tinham muita disposição para fazerem comida. Resolveram jantar na casa dos Granger. Hermione tinha certeza que não se importariam.

Assim que chegaram tiveram uma tremenda surpresa. Molly e Arthur também estavam jantando lá. Sem saber o que dizer, os dois garotos ficaram em silêncio. Alice foi a primeira a falar.

- Oi meninos, o que vieram fazer aqui?

- Na...,nada de mais. Só pensamos em vir filar o jantar. Não sabia que tinha convidados.

- Que ótimo que vieram, tem comida pra todos – agora era a bruxa que falava. Estendeu duas cadeiras e os dois garotos se sentaram.

Mais uma vez, o assunto predominante foi a casa nova. Cansada de responder tantas perguntas, Hermione resolveu convidar os quatro para um jantar, para conhecerem logo o lugar. O convite foi prontamente aceito e a data marcada. De barriga cheia, Rony e Mione foram embora. Assim que saíram, ela falou.

- Vou me arrepender desse convite, não acha?

- Com certeza. Se te conheço bem, vai implicar com tudo, achando que não está perfeito. Mais dia menos dia teríamos que convidá-los. Melhor que seja agora.

- Pois é. Você provavelmente tem razão. Agora vamos – eles deram as mãos e desaparataram.

Os dias demoravam a passar. Apesar de estarem curtindo muito a vida nova, era muito entediante ficar tanto tempo à toa. Já fazia um bom tempo que nenhum dos dois tinha nenhum compromisso sério. Hermione passava seu tempo fazendo pesquisas sobre criaturas mágicas e seus direitos, mesmo quando Ron lhe dizia que ela teria o resto da vida pra isso. Ele realizava alguns exames que eram exigidos pelo escritórios dos aurores, nada muito complicado. A parte mais difícil começaria na semana seguinte. Os dois só se viam à noite, mas ambos perceberam que se sentiam melhor assim. Finalmente sexta-feira chegou e tinham que preparar o jantar para seus pais.

Passaram o dia arrumando e rearrumando móveis, comprando ingredientes e cozinhando. Hermione queria deixar a casa absolutamente perfeita. Não adiantava o quanto Ron lhe dizia que estava tudo perfeito, ela sempre achava algum defeito. O rapaz resolveu intervir quando ela rearranjou as cadeiras na sala pela décima vez.

- Vem cá, relaxa.

- Agora não. Vou dar mais uma olhada na cozinha.

- Para Mione. Está tudo ótimo. Me dá um abraço – ele puxou a namorada que não teve outra escolha.

- Será que eles vão gostar? – ela ainda não estava totalmente convencida.

- Claro que vão. A casa está perfeita, assim como tudo que você faz – ela conseguiu sorrir. Ron sabia exatamente o que fazer para tirá-la daquele estado. Ela se acalmou um pouquinho, mas assim que ele precisou ir ao banheiro, ela resolveu rearranjar as cadeiras, de novo.

Às nove horas em ponto a campainha tocou. Ron abriu a porta e recepcionou os pais de Hermione. Era a primeira vez que eles iriam entrar na casa depois que ela estava totalmente decorada. Ron agora também se sentia nervoso.

- Boa noite sr. e sra. Granger – cumprimentou os dois e pediu que entrassem. Levou-os aos outros cômodos da casa enquanto Mione terminava o jantar. Como já era esperado, os dois adoraram tudo e foram sentar-se na sala. Mais alguns minutos e os Weasley tocaram a campainha. Ron mais uma vez foi receber os convidados.

- Oi pai. Oi mãe – Molly estava particularmente empolgada por conhecer a casa dos dois. Fizeram o mesmo tour que os Granger e se juntaram a eles na sala.

- Então Bill, como vai o mundo dos trouxas? – Molly sempre recriminava o marido por sua insistência em saber mais do mundo trouxa, mas era inevitável. O sr. Granger sempre achava graça.

- Bem Arthur, está como sempre esteve. Você acredita que existem maneiras de se entregar cartas instantaneamente, sem precisar de correios? – Arthur ficou absolutamente fascinado e enquanto os dois engatavam uma conversa, as duas mulheres começaram a conversar. Quase sempre o assunto eram seus filhos morando juntos e quanto tempo mais demorariam pra se casar. Hermione pediu ajuda a Ron, que se sentiu aliviado de sair dali.

- Então, tudo bem? – ele perguntou ao vê-la terminando de separar a comida

- Acho que sim. Será que está bom?

- Claro que está. O cheiro está maravilhoso – ela abriu um sorriso e os dois levaram a comida pra mesa.

- O jantar está servido. Vamos nos sentar – todos se juntaram à mesa para o primeiro jantar na casa de Ron e Hermione. A garota ainda não tinha tido tempo para conversar com seus convidados, mas estava nervosa demais com a comida para se preocupar com qualquer outra coisa. Serviu o jantar a cada um deles e ficou na expectativa.

- Então, gostaram? – ela não resistiu e teve que perguntar.

- Está uma delícia meu bem. De verdade – Alice se levantou e abraçou a filha, que ficou bastante aliviada. Todos os outros também elogiaram e ela se sentou sentindo-se muito melhor. Ron, ao seu lado, pegou sua mão e falou baixinho.

- Você arrasou. Te falei que estaria perfeito – ela sorriu, mas ficou bastante corada quando ele lhe deu um beijinho na bochecha. Mesmo com tanto tempo juntos, ela sempre ficava daquele jeito com demonstrações de carinho na frente dos outros. Os outros perceberam e deram risadas. Mione foi relaxando e o jantar foi ótimo.

- Então, como está a casa nova? – Alice sentou-se com a filha para conversarem.

- Ah mãe, parece um sonho. Até quando eu lembro que tenho que lavar minhas roupas, pagar as contas e tudo mais, eu fico feliz. Não trocaria isso por nada nesse mundo.

- E o Ron? Como ele está se sentindo?

- Acho que ele também está adorando. Nunca imaginei que ele ajudaria tanto. Ele não deixa eu lavar a louça e faz tudo do modo trouxa. Ele é um ótimo dono de casa – as duas gargalharam ao imaginarem Ron cuidando de uma casa sozinho. As duas foram interrompidas pelos três homens da noite.

- Marquei um jogo de quadribol com os dois. O que você acha?

- Acho ótimo, você vai adorar, com certeza.

- E nós dois iremos a um jogo de fubetol com ele – Bill deu uma gargalhada com o erro de Arthur. Ron corrigiu o pai, que acabou rindo também.

- Nunca vi como um esporte em que ninguém está voando e com somente uma bola pode ser divertido, mas veremos.

Molly, que havia feito questão absoluta de lavar toda a louça retornou para o convívio dos outros. A noite se desenrolou de maneira muito agradável e os quatro convidados foram embora já tarde da noite. Exaustos, Ron e Mione praticamente desmaiaram.

Sábado amanheceu e logo estavam os dois na cozinha, arrumando as coisas. Não imaginavam que uma simples noite pudesse gerar tanta bagunça. Hermione logo percebeu que Ron estava muito diferente. Ela sabia que aquela seria noite de lua cheia e deduziu que era esse o motivo de Ron estar daquela maneira, mas dessa vez ela estaria presente, ao lado do seu amado, não importando o que ele pudesse dizer. Depois de vê-lo, abatido, sentado no sofá da sala, ela veio falar com ele.

- O que foi dessa vez Rony? Fala comigo.

- Senta aí que a gente precisa conversar – Hermione se assustou um pouco com o tom de voz do garoto.

- Pode falar.

- Hoje é, hoje é dia de lua cheia. Eu queria te pedir... – ela se levantou irritada e não o deixou terminar.

- Já sei o que você vai pedir e a resposta é não. Não vou te deixar sozinho na noite de lua cheia, não adianta insistir – ele também se levantou.

- Mas, Mione...

- Nada de mas. Moramos juntos e eu quero passar minha vida com você. O que você espera que eu faça? Volte pra casa dos meus pais sempre que for noite de lua cheia? Eu já te disse que pode contar comigo e é isso que você vai fazer. Me contar tudo – Ron ainda parecia meio relutante, mas o olhar decidido de Hermione acabou fazendo-o mudar de ideia.

- Eu não vou falar nada – ela ia protestar quando ele completou – vou te mostrar tudo. Hoje a noite você vai descobrir.

- Mas Ron, porque você não me conta logo – ele começou a balançar a cabeça em negação.

- Não Mione. Prefiro que você veja. Por favor, não insista – ela acatou o que ele disse e permaneceu calada. Os dois almoçaram e passaram o resto do dia afastados. Quando a noite começou a cair, ele saiu do quarto e veio falar com ela.

- Oi Mione.

- Oi Ron. Tudo bem? – ela se sentia muito nervosa. Sabia que se Ron queria tanto esconder o que se passava era porque devia ser algo muito desagradável, para se dizer o mínimo. Ele preparou um jantar muito simples e depois de comerem, subiram para o quarto.

- Antes de mais nada, preciso te dizer algumas coisas. É importantíssimo que obedeça, ok? – ela estava ficando ainda mais preocupada, mas acabou concordando.

- Nunca, em hipótese alguma, você vai contar isso a alguém. Essa prerrogativa é minha e eu decido se e quando vou contar – ela simplesmente fez que sim com a cabeça e ele continuou.

- Não tente me ajudar. O que você verá é passageiro. E não chegue muito perto porque você pode se machucar – ela agora estava completamente aterrorizada, mas tentou parecer o mais relaxada possível. Seu coração estava a mil por hora e ela não conseguia falar.

- Entendeu bem o que eu te disse?

- Sim – foi necessária toda a força que ela tinha pra dizer aquela simples palavra.

- Então, vou preparar tudo – Ron fechou a porta, as janelas e as cortinas do quarto. Tirou a camisa e lançou um abaffiatto sobre a casa. Hermione assistia a tudo calada, mas muito assustada.

- Não abra a porta ou faça nada que possa atrapalhar o feitiço – ele então se aproximou e deu um forte abraço na namorada. Ela sentiu o corpo dele em brasa. Devolveu o abraço e de repente ele a empurrou e caiu pra trás.

O que Hermione então presenciou a deixou completamente aterrorizada. Ron permanecia ajoelhado e se contorcia e gritava de dor. Seus olhos estavam mudados como se estivessem lutando contra o crânio. Alguns pelos cresceram pelo seu corpo e seus dentes mudaram. Hermione logo temeu o pior, mas a transformação parou por ai. Ele gritava loucamente e ela estava congelada no lugar, sem ideia do que fazer. Ele emitia sons típicos de lobisomem e olhou ameaçadoramente para ela várias vezes. O sofrimento estava estampado no rosto do garoto. Quando conseguiu reorganizar um pouco suas ideias ela chegou mais perto dele e viu as cicatrizes vermelhas e pulsando, como se estivessem incandescentes. Ele emanava um calor espantoso, o que deixou o quarto parecendo uma estufa. Foi um evento rápido, mas completamente apavorante. Aos poucos ele foi se recuperando e seu corpo foi retornando ao normal. Ele caiu de bruços, ofegante e mal podia se mexer. Ela correu ao encontro dele.

- Meu Deus Ron, o que foi isso? – ele respirava com certa dificuldade. Agora que tudo estava terminado, ela chorava copiosamente. Ele mal conseguia mexer a cabeça. Demorou para que pudesse responder.

- Acho que é uma semi-transformação em lobisomem. Pesquisei, mas encontrei muito pouca coisa sobre isso. Só acontece no primeiro dia de lua cheia. Nos outros eu sinto apenas uma dorzinha aqui e ali – ele então conseguiu ficar de joelhos e olhar para ela. Mione havia se acalmado um pouco, mas não largava a mão dele. Ron conseguiu abrir um sorriso, apesar de sua aparência horrível.

- Entendeu agora porque não quero que ninguém saiba. Já tenho muitos problemas sem que saibam que sou meio lobisomem.

- Pode deixar, não vou contar nada. Mas quero estar presente todas as outras vezes – ele não tinha forças pra protestar. E vou pesquisar tudo que eu puder sobre isto. Vamos achar uma cura.

-Obrigado. Me ajuda a levantar – ela o ajudou e quando estavam de pé, ele perguntou.

- Ainda quer morar comigo? – a princípio ela ficou ofendida, mas quando o viu sorrindo, ela também sorriu e deu um tapa no braço dele.

- Claro seu besta. Esqueceu que sou especialista em abaffiatto – os dois começaram a rir e se abraçaram. Mione ajudou o amado a se sentar na poltrona que tinham no quarto.

- Vou buscar uma água pra você – ela ia saindo quando ele segurou-a pela mão.

- Obrigado, de verdade – ela não disse nada, simplesmente sorriu e foi até a cozinha.

Quando retornou, o ruivo já dormia profundamente. Usando toda a habilidade que tinha em feitiços domésticos, ela transformou a poltrona em uma pequena cama. Deu um beijo no namorado e foi se deitar. Antes de dormir, ficou imaginando que teria que encarar aquilo todo mês, pelo resto de sua vida. O mais estranho, ela pensou, foi que não se importava nem um pouco.

 

 

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