VI




— Lílian! — escutei uma voz conhecida me chamando, enquanto passava pelo salão comunal na manhã seguinte após o meu encontro com Tiago.


Eu não queria confessar, mas estava feliz. Muito feliz. E o meu maior motivo para tanta felicidade era que a minha flor, ou a flor do Tiago, estava ainda mais bela aquela manhã. Com as pétalas brancas iluminadas pelos raios de Sol que começavam a atravessar a janela, ela reinava em sua beleza única e ironicamente, talvez, exalava o cheiro tão conhecido que era o da fragrância de Potter.


Bom, se era a flor dele, talvez fosse normal ter o seu cheiro.


Não que eu não gostasse.


— Lílian! — outra vez Sirius gritou e suspirei, abrindo um enorme sorriso para encará-lo.


— Bom dia, Sirius! — disse, ajeitando os livros em minha mão, mas sem desviar o olhar.


— Um ótimo dia, pelo que eu vejo! — escutei sua risadinha e então ele estendeu os braços, pegando os meus livros. — Vamos, me deixe ajudá-la com todos esses livros... Não sei até hoje como você não ficou corcunda ou coisa do tipo. É muito peso para uma garota carregar...


— Eu deveria me sentir honrada ou irritada pelo seu comentário machista, Sirius? — dei de ombros, entregando três livros para ele de qualquer forma.


— Apenas agradecida... — e deu mais uma risadinha, me fazendo revirar os olhos. — Você e Tiago aproveitaram a noite ontem?


— Aposto que ele contou todos os detalhes para o seu melhor amigo, Sirius, como aposto que ele o mandou até mim para perguntar isso e arrancar informações do que eu achei, não é mesmo?


Sirius piscou os olhos várias vezes, demonstrando a sua surpresa.


Eu não era nem um pouco boba e Tiago deveria saber. Mandar o melhor amigo ficar em minha sola no dia seguinte era óbvio demais, como se tivesse escrito na testa de Sirius: Tiago mandou perguntar que... Em seguida ele jogou o cabelo negro e comprido para trás, mas não com a intenção de bagunçá-lo apenas por charme, e sim, como um tique nervoso.


— Não sei como ainda consigo me assustar com a sua inteligência, Lily. Ainda bem que as outras garotas não são tão inteligentes assim...


— Talvez elas sejam, — sorri amigável. — mas se fazem de bobas para chamarem a atenção de garotos como você, Potter, Lupin e... — bom, Pedro não é o que eu chamaria de atraente. — É, de vocês.


A gargalhada de Sirius cortou o salão inteiro, acabando de acordar as pessoas que precisavam de um empurrãozinho para criar coragem de levantar dos sofás e irem tomar café. E quem estava dormindo, simplesmente despertou.


— Mas então, Lily, vai compartilhar comigo os seus verdadeiros sentimentos por Tiago?


— Pensei que você também fosse inteligente o suficiente para saber que a resposta é: nem em sonhos, Sirius! Se Potter quer saber tanto o que achei, ele que venha me perguntar!


— Então se ele perguntar diretamente, você vai responder?


Revirei os olhos, pegando o livro mais leve que estava em minhas mãos e acertando em seu braço. Mais uma gargalhada saiu dele e comecei a andar, esperando que ele acompanhasse os meus passos. Eu ainda tinha que tomar o café da manhã e ficar conversando com Sirius no meio do salão apenas me atrasaria, por isso tomei a dianteira e ele logo veio atrás.


— Sirius? — chamei, lembrando que tinha que comentar sobre uma coisa. — Você por acaso está saindo com uma quarto-anista?


— Sim. — os olhos dele ganharam um brilho enorme. — Amanda Bigby, e ela é maravilhosa!


Respirei fundo, percebendo que estávamos próximos do salão principal e cumprimentando algumas pessoas que passavam por nós com um sorriso.


Tudo bem que Potter não tinha tomado a poção, mas era muito injusto deixar Sirius e Lupin sob o efeito da mesma! Eu teria que procurar a professora McGonagal e denunciá-las, pois nunca que Sirius falaria que uma garota era "maravilhosa". Provavelmente usaria o termo "apetitosa" (se bem que este está mais para Lupin em seus dias de transformação), mas nunca maravilhosa!


— Fico, er, feliz por vocês, mas eu sinto em dizer que...


Parei imediatamente de falar, vendo que Cecília estava muito, mas muito perto de Tiago, que tomava o seu café conversando todo alegre com os jogadores da equipe de Quadribol da Grifinória. Gelei quando notei que Tarley e Amanda distraiam Lupin e Pedro, no outro canto da mesa, e, enquanto isso, Cecília se aproximava cada vez mais com um copo em suas mãos.


Não tive duvidas do que estava dentro do copo.


— Segure esses livros, está bem? — dei todos os outros livros que carregava para Sirius, aumentando o passo em direção a Potter e pensando no que faria.


O que fazer? O que fazer? O que fazer?


Cecília por sorte não me viu. Vi que ela trocou o copo de Tiago com facilidade, pois o retardado deveria estar com a cabeça longe, como sempre estava... E foi quando ela me viu. Não dei tempo para ela fazer nada, como também não abri a boca para lhe dirigir a palavra... Tiago estava com o copo em uma de suas mãos, levando-o para boca...


E então sentei – ou me joguei – em seu colo, afastando o copo como podia e beijando de leve os seus lábios.


O salão se aquietou. Literalmente. E por muitos segundos continuou imerso no silêncio total. Não moviam talheres, copos ou bocas. Tudo quieto. E a minha boca junto com a de Potter.


Nem ele se moveu, para ser sincera. Deveria estar surpreso... O que eu também estava.


E passado algum tempo, vozes femininas começaram a protestar, como sussurros, mas eu conseguia escutá-las muito bem. Sirius soltou uma exclamação de alegria ainda da porta, que mais saiu como um rugido, como se saudasse o amigo. E Pedro ria. Demais. Pedro ria mesmo demais. E o meu coração acompanhava o "há-há-há" de suas risadas, mas o meu estava soando mais como um "tum-tum-tum-vai-explodir-em-breve-tum-tum-tum".


E Potter não se movia!


Afastei-me assim que consegui, retirando o copo de suas mãos e marchando até a mesa da sonserina, sabendo que o olhar de Cecília – e de todo mundo do salão – me acompanhava. Parei ao lado de Linoy, que era considerado o garoto mais grotesco e irritante de todo o colégio, como também, o mais guloso. Dei-lhe um sorriso e estendi o copo, sabendo que ele não se assustaria, nem ao menos se importaria, que uma grifinória estava lhe dando do que beber... Por mais que fosse veneno.


Tirou de minha mão e engoliu todo o conteúdo do copo, então virei minha cabeça apenas para encontrar o olhar de Vandergod. Quase senti pena dela, quase, porém aquela seria uma ótima lição. Não se pode brincar com os sentimentos dos outros... Não mesmo.


Linoy se levantou para então mirar o mesmo ponto que eu. Escutei a sua risada débil e o seu típico suspiro apaixonado. Não precisou de muitos passos – porque os passos dele eram enormes – para ele chegar a sua meta e, Vandergod, parada como uma estátua, pisou no pé dele com força, para depois sair correndo.


Amanda e Tarley a seguiram.


E ninguém estava entendendo nada, apenas eu... E talvez Tiago.


Ou melhor, ele não estava entendendo nada, porque encontrei o seu olhar concentrado em mim, como também o seu sorriso enorme.


Eu não deveria ter beijado Tiago Potter na frente de todos...


Não deveria mesmo.


— É, Tiago... — escutei Sirius gritando. — Acho que já temos a sua resposta!


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Comentários (1)

  • patrícia m prongs

    IAWEIWEIAIEWWEIAWIEAIW,eu ri com o Sirius liindo <3 — É, Tiago... — escutei Sirius gritando. — Acho que já temos a sua resposta!

    2011-05-07
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