VII



Eu não precisei contar a McGonagal o que acontecera, porque Cecília mesmo o fez, em um ato de desespero. Lupin e Sirius receberam o antídoto e creio eu que não escutaria tão cedo Sirius se dirigindo a uma garota com o adjetivo maravilhosa... O que é excelente, porque demonstra o seu estado de normalidade.


A Grifinória perdeu 30 pontos, 10 por cada poção preparada, mas ainda estávamos muito a frente na Copa das Casas e agradeci profundamente por três garotas inconseqüentes não terem estragado um ano letivo inteiro... Por mais que eu as entendesse. O amor transforma as pessoas, deixando-as inteiramente inconsciente de seus atos, agindo por ansiedade e impulso, realizando atos vergonhosos e desesperados... Apenas para atrair a atenção de quem gosta.


E Potter era inteiramente inconsciente de seus atos, sempre agia por ansiedade e impulso, realizando atos vergonhosos e desesperados... Apenas para atrair a minha atenção.


Ou ele era um burro, ou estava realmente... Apaixonado.


Por mim.


Apaixonado por mim, Lílian Evans.


E talvez estivesse na hora de...


— Hey, Lils! — sua voz me chamou três semanas depois do acontecido.


As provas tinham acabado e sentia a minha consciência livre e leve por ter terminado todos os exames. As respostas chegariam por correio no início das férias, mas eu não tinha com o que me preocupar. Tinha certeza de que conseguiria a nota adequada em todas as matérias e deveria estar feliz por ter completado o sétimo ano, mas apenas lembrar que abandonaria Hogwarts feria o meu coração.


Hogwarts me trazia lembranças tão doces, não só das aulas, mas de tudo o que vivenciara nos corredores, nos gramados e até mesmo na biblioteca. Hogwarts me trazia boas lembranças, e as mais doces eram as que continham Tiago.


Porque no final das contas, ele conseguira me fazer amá-lo.


Demorou sete anos, mas conseguiu.


E agora o meu último ano em Hogwarts estava chegando ao fim... Não queria dizer adeus a ela, muito menos, a Tiago.


— Posso me sentar? — ele perguntou e sem esperar resposta, sentou ao meu lado debaixo da velha árvore perto do lago, esticando os braços para se espreguiçar. — Não vejo necessidade em perguntar se você foi bem nas provas...


— E eu não via necessidade em você fazer Sirius me perguntar se eu havia gostado do encontro, mas mesmo assim, você o fez...


Ele sorriu de lado. O típico sorriso de Tiago Potter. Aquele que eu tanto amava odiar antigamente, contudo, agora, apenas o amava.


— Então... Você foi bem nas provas? — disse sorrindo ainda, me fazendo sorrir também.


— Claro que sim, Potter, não precisava perguntar! — demos risada e quando nos calamos, emudecemos por alguns segundos.


— E então, Lils, você não está incomodada de eu estar sentado ao seu lado? Você sabe que até hoje as fofocas sobre o beijo no Salão Principal estão fortes... Se as pessoas nos verem lado a lado, assim, tão próximo, podem começar a espalhar por ai que estamos namorando...


Meu coração tornou-se célere e as batidas não estavam tipo tum-tum-tum-vai-explodir-em-breve-tum-tum-tum, e sim tum-tum-tum-por-Merlin-tum-tum-tum. E eu tinha apenas duas escolhas: continuar sendo a Lílian Evans de sempre, com as minhas respostas afiadas para ele ou apenas responder o que estava na ponta de minha língua.


Eu não precisava tomar uma poção do amor para amá-lo, precisava apenas que ele continuasse sorrindo daquela forma para mim, enquanto bagunçava os cabelos negros como sempre fazia e não percebia o quanto aqueles botões abertos de sua camisa faziam o meu coração continuar naquele tum-tum-tum extasiado.


Eu não precisava de muito para amar Tiago Potter.


— Eu não gosto de fofocas falsas, Potter... — sorri, envergonhada, respirando fundo para completar o que eu necessitava dizer: — Então porque você não a transforma em verdade?


Tiago parou de fazer tudo o que fazia, ou seja: respirar, mexer no cabelo e sorrir daquela forma para mim, somente me encarava, como se não conseguisse acreditar no que eu dissera.


Será que era tão difícil assim aceitar que eu estava falando sério?


— Você... Você... O que você... — ele gaguejou, me fazendo corar ainda mais.


— Estou mandando você me pedir em namoro, Potter.


Os seus incríveis olhos se tornaram duas pedras de gelo, que aos poucos derretiam com o calor do sorriso que voltava a nascer em seus lábios.


Ele estava conseguindo me deixar frustrada, não irritada... Apenas frustrada.


Potter realmente era um burro, mas sabia como fazer as minhas bochechas ficarem rubras e as batidas do meu coração quase me deixarem surda. Era o efeito de Potter, e a sua maldita fragrância entrava por minhas narinas, enquanto o sorriso dele causava um incêndio por minha pele.


— Você... Está falando... Sério?


— Não, Potter, eu adoro fazer piadas desse tipo! Vamos rir agora? — revirei os olhos, mordendo o lábio inferior com força e bufando. — Mas se não quiser pedir também, não peça. Não estou obrigando-lhe a fazer nada contra a sua vontade, sem contar que...


Ele engoliu as minhas palavras, pressionando os seus lábios nos meus e sorrindo enquanto o fazia. Não demorou, eu nem ao menos consegui o que se passava quando ele dissipou o contato, fixando a mirada na minha e sorrindo ainda mais.


— Você fica realmente linda quando está irritada!


— Eu não estou irritada! — cruzei os braços, emitindo um ruído estranho.


— Mas está linda de todo o jeito...


Um minúsculo sorriso conseguiu escapar e se formou em minha boca de forma involuntária. Quis me levantar, porém sabia que a tentativa seria inútil. Tiago estava ali me encarnado daquela forma tão encantada que minhas pernas travaram e, pela primeira vez, minha cabeça gritava: esqueça o orgulho!


— Você vai me pedir em namoro ou não?


— Lils, — as mãos dele tomaram conta do meu rosto, fazendo com que cada uma se posicionasse em uma das minhas bochechas. — já sinto que você é tão minha há tanto tempo que não vejo necessidade de...


— Mas eu vejo! — reclamei, e a pontinha de raiva – ou seria amor? – martelou minha cabeça. — Se você é tão orgulhoso assim para não me pedir em namoro, está tudo bem! — rugi entre dentre. — Eu vou pedi-lo em namoro! — continuei cuspindo as palavras, mesmo reparando que outra vez ele estava um pouco assustando. — Potter, quer namorar comigo?


A cada gargalhada que ele soltava depois do meu pedido, me sentia mais e mais nervosa. O corpo moldado dele tombou para trás, caindo na grama tão verde de forma que os seus cabelos escuros e a sua pele branca se destacavam. E Potter ria. Ria de verdade. O que me fez atirar o meu corpo contra o dele e começar a estapeá-lo a cada risada.


— Me desculpe Lils! — ele começou a dizer, tentando se recuperar e segurando as minhas mãos que ainda batiam em seu peito. — Nunca pensei que você me pediria em namoro... Essa cena foi um tanto cômica!


— Ah, e por quê? Não foi boa? — urrei, tentando me afastar, mas meu esforço não teve serventia. Potter me girou na grama, voltando a sorrir de lado e comprimindo o meu corpo contra o seu.


— Eu posso fazer melhor, Evans... — ergui uma sobrancelha, ficando um pouco mais sorridente do que deveria.


— Então prove, Potter.


— Lílian Evans... — os lábios dele entraram em contato com a minha bochecha direita, para logo se encontrarem na ponta de meu ouvido. — Quer namorar comigo?"


— Se eu estivesse sob o efeito de uma poção do amor, a resposta seria sim... — disse devagar, levando minhas mãos aos cabelos dele, tendo a noção de que não era aquela a resposta que ele esperava.


— E como você não está sob o efeito de uma poção do amor, a resposta é...? — seu tom de voz saiu preocupado o suficiente para me fazer sorrir diante dos olhos dele, para então repetir o que ele fizera comigo a pouco, deixando os meus lábios descansarem em uma das bochechas dele para então seguirem ao ouvido e por fim sussurrarem:


— Com certeza!


Não seria uma poção do amor que me faria amar Tiago Potter, como também não precisei dar uma poção do amor para Tiago Potter para ele se apaixonar por mim.


Não sei bem ao certo quando me apaixonei e estou ciente de que demorei muito para criar o conhecimento do amor que crescia em meu peito e clamava pelo garoto da camisa desabotoada, dos cabelos negros bagunçados de propósito e do sorriso torto brincalhão.


Não seria uma poção do amor que me faria amar Tiago Potter... Porque poções são temporárias, e o efeito um dia passaria... Mas o que eu sentia por Tiago Potter era além do efeito que qualquer poção pudesse causar... O que eu sentia por Tiago Potter não era temporário, e sim, eterno.


— Hey, Lils? — ele murmurou durante o beijo, contudo não conseguiu me fazer deixar de beijá-lo.


— Hum? — murmurei, esperando que aquilo fosse o necessário para obter a continuação.


— Espero que você tenha pronunciado en-GOR-gio na prova, e não en-gor-GIO... — e dando uma risadinha, ele mordeu meu lábio inferior, enquanto recebia um tapa forte no ombro.


— Cala a boca, Potter! — resmunguei.


— Será um prazer...


E então Tiago Potter me beijou debaixo da árvore perto do lago nos gramados de Hogwarts, enquanto pequenas estrelinhas mágicas rodavam por minha cabeça e eu via pequenas letras vagando por minha mente, anunciando o fim... Mas aquele era apenas o começo, porque a minha história ao lado de Tiago Potter estava longe de acabar.


— Hey, Lils? — ele disse outra vez, diante da minha boca, enquanto olhava em meus olhos. — Eu espero realmente que o nosso filho tenha os seus olhos e...


— Hey, Tiago... — o chamei, sorrindo: — Eu amo você.


— Hey, Lils... — os olhos dele brilhavam para mim, enquanto podia sentir os nossos corações juntos em uma sinfonia de "tum-tum-tum" fora do normal. — Eu também amo você... Minha garota.


Fim

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