- capítulo dois -



Capítulo Dois
Ou
Move Along


- Lily Evans -


- James Potter? Tem certeza, Lils? – Emmeline perguntou à amiga enquanto abocanhava com delicadeza seu bolinho diet. Não era permitido consumir quaisquer alimentos (fossem líquidos ou sólidos) nos corredores nos finais de cada período, mas Emmeline sabia que a inspetora não verificava com tanto ardor o terceiro andar; andar em que Lily e Emmeline se encontravam encostadas nos armários amarelos – Não sabia que os Potter tinham um filho.


- Na verdade, ele me disse que é apenas ele e o pai na casa. A mãe fugiu quando ele era um bebê ou algo assim – Lily disse parecendo ansiosa demais para enfrentar a aula de Geopolítica.


- Potter... Potter... – Emmy repetiu com curiosidade e lentidão – Cara, é esquisito, eu sei, mas acho que tem um garoto com o mesmo sobrenome na minha aula de Francês.


- Potter? – Lily abriu um sorriso.


- Acho que ele é da 234, sabe? Sei disso por causa do Six. Parece que o Potter entrou para o time de futebol na terça passada – Emmeline piscou com exatidão e melodrama, em seguida virou-se para a amiga e colocou as mãos em frente ao corpo, em sinal de fraqueza – Mas, tipo, não sei se é mesmo um tal de Potter. Pode ser também aquele tal de Peter, da 275.


- O sobrenome é Peter? – Lily questionou.


- Não. Peter é um nome, né! – Emmeline revirou os olhos, risonha.


- Podíamos passar na secretaria no almoço e conferir isso com a Barbie de Malibu – Lily disse com estranha felicidade. Donna McLovin tinha sido apelidada por Lily de Barbie de Malibu no seu primeiro dia de estágio na secretaria da escola, por conta de seu cabelo exageradamente platinado e seus peitos perfeitamente cheios demais. Donna, no entanto, não se importava com que apelido tinha ganhado; estava feliz demais para notar os meninos pedindo fichas bestas e desnecessárias para faculdades. Meninos normais, aqueles de verdade, que apenas se importavam com o cabelo ou com os músculos, não davam à mínima para fichas para faculdade. Donna sabia daquilo, mas ignorava. Seu Blackberry recém-comprado era um ótimo aliado contra fracassados do Ensino Médio.


- Fechado – exclamou Emmeline, encompridando o olhar até o final do corredor, a fim de enxergar seu namorado; ninguém que ele gostasse muito apareceu – Vai à festa da Marlene Mckinnon? Nem me lembrava que hoje é Halloween. Você sabia?


Lily estava ocupada demais relembrando-se dos encontros que tivera com James, por isso apenas continuou a mirar o nada com uma cara esquisita.


- Lily?! – Emmeline gritou, raivosa.


A ruiva se assustou e amarrou a face, mostrando-se ofendida.


- Ai, garota, não enche! – reclamou ela.


- É sério, é uma festa – Emmy disse, frisando a última palavra.


- Em uma segunda-feira – Lily retrucou.


- E daí?


- Ora! – exclamou Lily – Eu trabalho amanhã de manhã, meu amor! – explicou.


- Diga que está com uma crise de rinite, sei lá – Emmeline deu de ombros, feliz com sua própria idéia.


- Eu preciso do dinheiro – Lily arreganhou os lábios.


- Ai, garota, você não vai morrer amanhã, se liga – Emmeline rolou os olhos.


Lily engoliu as palavras que sua mente produzia e mordeu o lábio. Fungou. O silêncio entre as duas era bom.


- Quem diabos é Marlene Mckinnon? – Lily perguntou de supetão, com um ar de sarcasmo.


- Acho que ela é veterana como nós. Ela é cheerleader, junto com a Dorcas Meadowes, aquela menina que detesta o meu Sirius.


- Talvez ela tenha motivos – Lily riu.


Emmeline rolou os olhos novamente.


- Aquela garota é uma desequilibrada – Emmy declarou; olhou para as unhas vermelhas e logo em seguida ergueu o olhar para a amiga – Eu gostava do Halloween quando criança. Vamos à festa, vai – ela desferiu-lhe um sorriso encantador e totalmente manipulador.


- Não podemos nos demorar para voltar, certo? – Lily disse quase em um tom amargurado.


- Ai, relaxa – Emmeline rolou os olhos azuis-cristalinos – Já sabe do que vai caracterizada?


Lily não estava pensando em nada a não ser James Potter, e Emmeline queria que ela se concentrasse em uma fantasia de Halloween? Sinceramente, não sabia como é que suportava a loura por muito tempo.


- Emmy, sem querer ofender, mas vai ser fútil longe de mim, certo? – Lily estava com os olhos enfezados e, então, antes mesmo que Emmy pudesse lhe dizer algo, saiu de sua frente e estava andando em direção à Marlene Mckinnon.


Marlene lhe sorriu com o brilho labial de morango e lhe entregou um panfleto. Lily olhou para o papel e em seguida direcionou os olhos para Emmy. Suspirou.


Nada podia fazer contra aquilo. Parecia, pelo o que estava percebendo, que a escola inteira estava sendo arrebanhada para aquela maldita festa. Agradeceu à garota e saiu andando novamente.


x.x.x


- Marlene Mckinnon -


O garoto da máquina de xerox não estava lá quando Marlene apareceu, antes dos períodos de aula, para tirar cópias do papel que confeccionara sobre a festa de Halloween. Ela achou melhor assim, porque não precisaria fazer nada ilegal para suborná-lo a usar a máquina. Ela ficou feliz por constatar que os folhetos tinham ficado impecáveis, tal como o original.


E ali, três períodos depois, estava ela sacudindo os papéis nas faces dos colegas que passavam por ela, oferecendo-lhes um convite.


Ela dizia:


- Vou dar uma festa, apareça. É Halloween! – seu brilho labial era um cometa flamejante em seus lábios.


Todos que se aproximavam saiam carregando um dos folhetos; alguns entediados, outros contentes. Marlene sabia que era a melhor coisa que poderia acontecer e estava feliz por aquilo.


Estava aproveitando o momento, até que Dorcas a cutucou em suas costelas.


- Hey – Dorcas falou -, o que é aquilo? – ela apontou para o vão do armário de Marlene.


Marlene não parou de sorrir para os colegas; ninguém a faria desistir tão perto da festa.


- O que é? – Marlene perguntou com um tom nada amigável. Ela não queria ser atrapalhada.


- Não sei... parece... – Dorcas se aproximou do armário amarelo de Marlene e esquadrinhou os olhos – Olha, acho que é um bilhete – ela disse, alegre, puxando o papelzinho retangular do vão do armário.


- Um bilhete? O que você escreveu nele? – Marlene quis saber.


Dorcas sempre lhe escrevia bilhetes, do tipo: Esteja pronta para a noite de sábado, ou então Quer me ajudar a acabar com o Black? Por favor, é só hoje!


Mas Dorcas se esquivou, aborrecida.


- Não fui eu quem escrevi, Lene – a dos olhos claros disse.


Marlene parou por um segundo, piscando atônita e confusa.


- Será que é do Sr. Baltimore? – perguntou.


O seu conselheiro vivia lhe mandando bilhetes também, mas geralmente era para reuniões de comportamento. Sobre o comportamento apático de Marlene na escola, mas propriamente.


- Não parece – Dorcas lhe informou – Acho que o Sr. Baltimore nunquinha escreveria essas coisas aqui, viu... – Dorcas riu com uma das mãos na boca enquanto lia o bilhete.


Marlene franziu a testa, aborrecida.


- Me dá, deixe ver – falou, arrancando o papel de caderno das mãos da colega.


Marlene duvidou. Duvidou muito. Mas Dorcas tinha razão: o bilhete não tinha sido escrito por ela ou pelo Sr. Baltimore.


Olhou ao redor, analisando todo mundo com cuidado. Tudo parecia estar distorcido agora.


Eu gosto de você; gosto de como seu cabelo ondulado balança conforme seus movimentos. Gosto do modo como seu sorriso me compele a sorrir também. Gosto do modo como você responde calmamente às perguntas dos professores. Talvez, um dia, você venha também a gostar de mim. :starstruck:


Starstruck?


Ela não conhecia nenhum Starstruck. Não conhecia muitos meninos, na realidade. Mas, também, quem dissera que quem tinha escrito aquilo era um menino? E quem dissera, ainda mais, que aquilo era para ser levado a sério? Podia muito bem ser uma brincadeira. Inocente ou maldosa. Podia, sim. Na verdade, era no que Marlene estava pensando quando terminou de ler aquilo.


Aquelas palavras pareciam ter sido retiradas de um livro qualquer, romântico e muito puído. E ela não acreditava mais em palavras. Palavras nunca lhe fizeram muito sentido.


- De quem você acha que é? – Dorcas cochichou, ansiosa.


Marlene fitou o papel por mais alguns poucos segundos e então deu de ombros, parecendo desinteressada.


- Sei lá – ela disse, girando os números do armário: 05 – a idade em que o Natal foi o mais lindo de todos e que lhe marcou divinamente -, 13 – a idade em que dera o primeiro beijo – e 20 – a idade que gostaria de ter.


- Não quer saber? – Dorcas a achou uma maluca.


- Se quiser saber, vá bancar a espiã – Marlene riu, dando de ombros mais uma vez – Quer dizer, por que isso deveria me afetar? Isso pode ser uma brincadeira.


- Marlene – Dorcas respirou fundo, paciente – Você nunca recebeu bilhetes assim.


- E desde quando você se importa? – Marlene devolveu, achando que deveria parar de conversar e continuar a distribuir os papéis de sua festa.


- Você deveria se importar, garota! – Dorcas riu, aborrecida.


- E eu pareço estar me importando? – a outra indagou.


- Bom... não – Dorcas disse, analisando o rosto da amiga.


- Então é isso aí. Eu não quero saber quem escreveu essa bobagem – Marlene disse – Pode fazer o favor de me ajudar a espalhar isso nas mãos das pessoas? – seu tom estava pesado, como se quisesse jogar tudo par o alto e fugir.


- Mas... – Dorcas ficou com cara de cachorro perdido na tempestade; Marlene jogou na direção da amiga o seu pior olhar: o de desafio. Dorcas suspirou dramaticamente e acolheu metade da pilha de convites nas mãos – Claro, Vossa Majestade.


x.x.x


- Dorcas Meadowes -


Gilbert não parava quieto. Ele tinha dito: “Não arrume confusão”, mas Dorcas raramente escutava o melhor amigo.


- Coisa, é sério. Pare com esse seu jeito – ele dizia, olhando para os lados a fim de verificar se poderiam andar sem cruzar com aquele cara.


- Mas você não acha que ele merece? Cara, ele merece! – Dorcas falava com os punhos fechados.


- Mas foi sem querer. Você sabe que ele apenas gosta de me provocar.


- Claro, você nunca faz nada – Dorcas mirou o amigo com cara de desaprovação – Gilbert, você tem que começar a se defender, a reagir, entendeu? – ela socou o ombro do ruivo, que disse um “ai, sai de perto”.


- Mas, Coisa, ele não me atinge.


- Mas a mim atinge! – Dorcas exclamou – Você quer continuar a ser um saco de pancadas verbais?


Gilbert fez uma careta.


- Ai, caramba, você quer! – Dorcas reagiu violentamente.


- Coisa, acalme-se – Gilbert disse, com as palmas das mãos para fora, como que implorando – Ah, não! – ele suplicou.


Dorcas estreitou os olhos, assim que Gilbert se encolheu e se escondeu atrás do pequeno corpo da amiga.


- Ah, sim! – um sorriso perverso de Dorcas nasceu perigosamente em seus lábios – Black! – ela gritou.


Algumas pessoas por perto olharam para Dorcas, mas a maioria já sabia o que viria a seguir: socos e detenção.


Sirius Black andava com seus amigos do time de futebol. Ele parecia perturbado. Ou talvez apenas fosse sua compostura errada. Como sempre.


Ele continuou a caminhar quase como despreocupado.


- Meadowes – Sirius riu.


Dorcas estreitou os olhos. Deus, como odiava aquele cara!


- É melhor você repetir o que disse para o Gilbert agora mesmo antes que eu decida que você volte para casa com a sua cueca em sua cabeça.


Sirius riu de novo, fazendo seu grupinho rir também.


- E por que eu deveria ter medo de você? – ele perguntou.


- É o que sempre acontece, você sabe – Dorcas deu de ombros.


- O quê? – ele tornou a gargalhar – Eu ter medo de você?


- Black, eu bato em você e acabo na detenção. É o que acontece – Dorcas explicou – Agora é melhor repetir o que disse ao meu amigo antes que eu tenha outro plano para a sua cueca.


Sirius cruzou os braços envoltos pela jaqueta de couro. Seu sorriso de escárnio brotou bem quando Dorcas deu um passo à frente.


- Bem, seu amigo tem mesmo um jeito de Lady Gaga. É feio e tão magro que poderia se passar por ela – Sirius Black explicou.


Dorcas arregalou os olhos por um momento. Quer dizer, Sirius Black achava que poderia se dar bem justo naquele dia? Justo no dia que resolveu ofender seu melhor amigo e a Lady Gaga? Dorcas não sabia se estava com raiva por Sirius ter falado de Gilbert ou de Lady Gaga. Justo a Lady Gaga! Dorcas adorava a Lady Gaga!


E aí foi quando aconteceu.


Gilbert deu um pulo para longe enquanto os amigos de Sirius se enrijeciam, tentando colocar ordem na situação, e meninas diziam “oh-oh” uma para as outras.


Dorcas sorriu graciosamente – um sorriso que Sirius sabia que era completamente falso – e socou o rosto do garoto.


Não que o tivesse ferido de verdade. Dorcas só acertara parte da testa e da sobrancelha dele. Ainda que não fosse um soco de jeito, era bem forte para uma menina pequena demais para sua idade.


- Ai, caramba! – Sirius exclamou, assim que percebeu sangue em seus dedos, que conferiam sua sobrancelha.


Dorcas tinha aberto um corte quase superficial na sobrancelha esquerda de Sirius Black. Aquilo poderia ser corriqueiro, se não houvesse sangue no meio.


Sangue era uma prova bastante penosa.


Mas o pior era que ninguém vira que a inspetora estava presente. Ninguém se importava com aquela mulher, mas tinha que aparecer justo ali, naquela hora? Dorcas estava se amaldiçoando.


- Srta. Meadowes! – a inspetora berrou, correndo até Sirius.


Dorcas rolou os olhos e olhou para Gilbert.


- Beleza, estou ferrada – ela disse para si mesma. Mas não parecia estar genuinamente sentida.


- Você – a inspetora apontou para Dorcas – fique aqui! – ela olhou para Sirius – Vou levá-lo até a enfermaria e logo venho buscá-la.


Gilbert nunca vira a inspetora tão raivosa e espantada.


Minutos depois, talvez segundos, Gilbert e Dorcas ainda permaneciam no mesmo lugar.


- Você é tão idiota – Gilbert declarou com sua voz choramingada.


- Se você se defendesse, talvez eu não precisasse bater nesse cara quase todos os dias – Dorcas retrucou.


- Meadowes! – a inspetora chamou. Sua voz estava furiosa. “Uau”, pensaram todos.


- Adeus, vou para o Inferno – Dorcas riu e acenou para seu amigo.


E então ela e a inspetora partiram para a sala do Conselheiro.


x.x.x


- James Potter -


Era difícil permanecer em silêncio mentalmente. Ele continuava a mirar o relógio de ponteiros da parede. Parecia que os minutos não passavam. O tempo parara? Como administrá-lo se James não sabia nem o que precisava fazer depois de estar ali?


- Ei, cara, ainda estou aqui – Peter Pettigrew agitou um das mãos em frente ao rosto do amigo.


- E seu amigo esquisito também – James observou, olhando Remus Lupin de soslaio. Remus carregava um livro nas mãos e parecia centrado demais para um cara que lia no corredor.


Peter virou a cabeça para Remus.


- Ah, deixe-o. Você sabe, ele é assim – ele disse, dando de ombros, impaciente – Mas você me ouviu?


James olhou seriamente para o amigo.


- Sobre o quê?


- Ainda está pensando na ruivinha? – Peter riu sugestivamente.


James fez uma careta.


- Talvez – ele respondeu de modo lacônico. Peter soltou outro riso.


- Por quanto tempo ele – James indicou Remus – vai ficar parado perto de nós?


- Você o odeia, não? – Peter cruzou os braços.


- Ele leva a vida de um jeito esquisito. Ele é esquisito.


Peter se colocou entre Remus e James, ainda mais impaciente.


- Esquece o Remus, cara! – exclamou Peter – Vamos à festa da Mckinnon?


- Festa da Mckinnon? – James repetiu.


- É, cara. Parece que ela convidou todos os veteranos.


- Seu amigo esquisito vai? – James, como sempre, não conseguia deixar de implicar com Remus Lupin.


Peter deu um soco no braço de James.


- Acorda, cara! Não interessa!


- Ah – James disse, aéreo.


Peter soltou um muxoxo de raiva.


- Entendi. Você só vai se a ruivinha for. Mas, sabe, ela não estuda aqui. Sinto muito.


- O que posso fazer se ela não sai da minha mente?


- Simples, finge que nunca a conheceu – Peter deu um cutucão na cabeça do amigo – Está vendo? Puft! Sumiu a ruivinha.


James desejou que aquele método realmente funcionasse. Esquivou-se de Peter e continuou a mirar o nada.


- Não é tão simples – James disse.


- Tá, nós vamos à festa, você fica com qualquer uma e esquece a ruiva – Peter sugeriu.


James lhe lançou um meio sorriso.


- Meu amigo, se você soubesse o que estou sentindo... – James falou, dando uns tapinhas distraídos no ombro do amigo.


- Quer saber? Você está muito meloso para o meu gosto! – exclamou Peter, amarrando a cara.


James riu.


- Tudo bem. Tudo bem – ele disse – Nós vamos à festa. Parece que é Halloween, não?


- Perguntei para a Mckinnon e temos de nos fantasiar. Tipo, usar fantasias de verdade – Peter parecia assombrado.


- Uh – James falou - Tanto faz – deu de ombros.


Silêncio. James se divertiu implicando um pouco mais com Remus Lupin, mas mentalmente. Sabia que se Peter soubesse, não ficaria feliz.


- Quando vai voltar a vê-la? – Peter perguntou, mordendo a pelezinha do dedo.


- Quem?


- A Lily. A ruiva.


- Ah – James fez uma pausa – Na sexta.


- Você agüenta – Peter disse.


- Claro – o outro retrucou – Acha que ela acharia estranho se me visse na sexta também?


- Acho melhor perguntar isso para ela – Peter disse, impaciente.


- E você acha que...


- James, pare. Vou ali vomitar e só volto quando você voltar a ser o James Potter de sempre, tá legal? – Peter disse, andando até Remus.


James apenas observou o amigo e nada disse.


x.x.x


- Remus Lupin -


Remus achava que a escola não era o seu melhor lugar. Ele não se encaixava ali. Decididamente não gostava de estar inserido naquele local. Além de Peter, seu melhor amigo, não havia mais ninguém. Ah, James Potter.


É, ele não parecia querer enfiá-lo na privada, como certa vez Sirius Black lhe fizera, no início do nono ano. Mas tampouco James parecia ter alguma apreciação por ele. Talvez, James apenas não o conhecesse muito. Muitas pessoas diziam que Remus era esquisito; com isso, ele já estava acostumado.


E lá estava ele mais uma vez na frente do quadro, esperando. Ele sempre estava esperando.


- Ei, saia daí – alguém disse. Ele estava distraído demais para sequer reconhecer a voz masculina.


Silêncio. Passos arrastados.


- Está me escutando? – o garoto bateu forte em seu ombro.


Remus suspirou. Por que sempre Peter tinha que sair do nada e o perturbar? Por que não podia ser um menino anormal sempre que queria?


- Estou – ele respondeu prontamente, mas de maneira catatônica.


- Vamos lá para fora, o sinal ainda não tocou. Não adianta ficar desesperado – Peter riu.


Remus suspirou novamente.


- Claro – disse.


O corredor já estava quase desabitado.


- Parece que aquela Meadowes aprontou de novo. Com o Black – Peter comentou.


- Uau.


- Que desanimação é essa?


- É segunda-feira – Remus se desculpou.


Nisto, a inspetora vinha acompanhando Dorcas pelo corredor.


- Não precisa ser minha babá, eu sei onde fica a sala do Sr. Baltimore! – a garota vociferou para a senhora.


- Então é melhor chegar lá calada, Srta. Meadowes! – a inspetora rebateu com o mesmo fervor na voz.


Dorcas olhou com raiva para o chão.  Aquilo era típico.


Black. Socos. Inspetora. Corredores. Sr. Baltimore. Detenção.


Tão presente quanto o Sol.


Remus diminuiu os passos. Oh, não. Tudo menos aquilo.


Aquela era... ah, era. Ele não podia... acreditar.


The Lost Girl!


Ali, bem ali. Na escola.


Meadowes!


Por que Remus nunca tivera interesse em saber quem eram seus colegas? Principalmente em saber quem era a corajosa que batia em Sirius Black, o capitão do time de Futebol?


Mas ali estava. Ali estava The Lost Girl. A doze passos de Remus Lupin.


Incrível.


- Parece que a Meadowes também não gosta de segundas-feiras – Peter riu baixo, desviando o olhar da menina que caminhava cada vez mais rápido em direção a Remus.


Remus não disse nada, porque sentia sua garganta fechar.


“Olhe para o chão. Talvez assim ela não se interesse por você. Rápido, agora!”, disse a si mesmo.


- Sinceramente Srta. Meadowes... essas suas atitudes... fico surpresa pela Srta. não pegar alguns dias de suspensão – a inspetora dizia – A Srta. feriu seriamente o Sr. Black.


Dorcas bufou.


- Ah, qual é. Ele se recupera. Pelo jeito que você fala parece que eu o coloquei em uma cama pelo resto da vida... – ela disse.


Cinco passos.


Dorcas não se interessou em olhar para Remus. Estava preocupada demais fazendo um rabo de cavalo em seu cabelo.


“Tudo bem, talvez ela passe reto. Ela não vai olhar para você”, Remus pensou.


Três passos.


“Faça qualquer coisa que não dê motivos a ela para olhar para você. Agora”, continuou.


Mas foi tarde demais.


Ele tentou, tentou mesmo. Até mesmo Peter tentou puxá-lo para longe de The Lost Girl.


Mas, mesmo pequena, não conseguiu evitar o encontro corporal.


Ploft.


- Ai, garoto! – ela berrou, assustada, mas raivosa – Não olha não por onde anda?


Remus enrubesceu. The Lost Girl estava ali. E eles tinham se encontrado corporalmente por uma fração mínima de segundo.


- Desculpe – ele pediu, baixo.


- É bom mesmo, que saco, viu! – ela disse, estreitando os olhos.


E assim The Lost Girl e o garoto Remus seguiram seus cursos. Como se ele não a conhecesse e como se ela não se interessasse por ele. Tão simples como se o encontrão não tivesse realmente acontecido.


- Ei, acho que... – Peter disse – Ela deixou cair isso.


Remus olhou para o amigo, que se abaixava para pegar algo do chão.


Era um papelzinho tão pequeno quanto o tamanho de uma borracha.


“Nunca se arrependa de nada do que você fez. Porque, no final, isso define quem você é” – 30STM


- Uau – Remus disse, olhando para o final do corredor, onde Dorcas tinha sumido.


Remus riu.


- É, ela definitivamente é uma encrenqueira – Peter declarou.


x.x.x


- Sirius Black -


“Beleza. De novo”, pensou ele. “Tomara que a Meadowes vá para o Inferno!”, xingou.


- Acho que o Sr. terá de levar pontos, Sr. Black – a Irmã Stragh disse.


- O quê? Pontos?  - exclamou.


“Maldita Meadowes!”, pensou novamente.


- É, o ferimento está bem feio. Acho que devo ligar para seus pais, não? – a senhora perguntou.


- Droga. Não, não, está tudo bem. Eu mesmo ligo – Sirius disse, dispensando-a com um gesto – Obrigado.


Com tantas coisas para pensar – Cambridge, Manchester, Oxford, sua relação com o pai, sua relação com Emmy – e tinha que acrescentar uma sobrancelha aberta nisso tudo?


Por que não ficou na cama, pelo menos?


Lá não teria de enfrentar nenhuma Meadowes ou ter de fingir um sorriso à sua namorada.


Aliás, na escola, parecia que Emmy ficava insuportável. Antes de ir se juntar rapidamente à amiga Lily Evans, ela estava tentando convencê-lo a ir à festa de Halloween de Mckinnon, a líder do grupo das cheerleaders. Sirius não entendia como uma festa à fantasia poderia ser tão excitante, mas Emmy estava dizendo que era uma oportunidade para ele sair do grupo de sempre e ampliar sua lista de relações.


Relações! Emmy às vezes o fazia rir mesmo sem querer.


Sirius Black não precisava fazer seu grupo de amigos crescer. Ele estava bem demais com os caras do time e poucos conhecidos trazidos por Emmy.


Sirius tirou do bolso da jaqueta o celular. Discou o número do Black’s.


- Mãe? – perguntou – Ah, oi, pai. Olha só, eu estou com um problema aqui na escola – Sr. Black soltou um bufo – Não, não, pai, eu não andei de novo matando aula... eu só, hm, fui acertado – seu pai começou a falar rápido demais – Não, pai, não esquenta, não precisa vir até aqui acabar com o cara, porque na verdade quem me acertou foi uma garota – Sirius esperou seu pai, todo raivoso, lhe praguejar – Mas foi um acidente. A Meadowes, você sabe, aquela do Dia das Turmas, ela me acertou sem querer. É, foi sem querer... nós estávamos, hm, brincando com os tacos de Baseball e ela me acertou – seu pai mais uma vez tomou a palavra – Acho que preciso levar pontos. Pode me buscar? Acho que não me deixarão sair daqui sozinho. A enfermeira está preocupada – Sr. Black murmurou - Certo, certo.


Desligou.


Foi acertado por uma garota e não teve coragem de dizer ao pai. É, a relação deles era mesmo muito boa.


Mas, também, como Sirius poderia lhe dizer que fora acertado por uma menina? Ainda por cima a Meadowes? Seu pai detestava a mãe de Dorcas. Achava a família Meadowes fútil e descabida.


- Srta. Vance, tenho certeza de que não está machucada para entrar nesta ela com tanta pressa – a Irmã Stragh ralhou.


- Desculpe – Emmeline murmurou rapidamente – Mas preciso ver o Sirius. Disseram-me o que aconteceu – então Emmy se deparou com o namorado sentado em uma das macas – Ah, Sirius! – ela exclamou, pesarosa.


Sirius se retraiu. Droga, Emmeline não lhe dava nenhum sossego, caramba! Nem quando deveria estar em aula.


- Oi, Emmy – ele disse, sem sorrir.


- Aquela vadia, nem acredito que... – Emmeline começou a dizer.


Sirius fez um sinal para que a loura se calasse.


- Não importa – ele deu de ombros – Vou levar uns pontos e acho que vou para casa, okay? Se quiser, depois das aulas passe lá.


- Não posso ir com você? – Emmeline fez seus lábios tremelicarem teatralmente.


- Não, não precisa. Meu pai vai vir me buscar e não há necessidade de que você se ausente das aulas, está bem? Você pode me passar os deveres, ao menos.


- Tudo bem – Emmeline se aproximou mais de Sirius – Você vai ficar bem, não? – ela passou as mãos pelo cabelo dele de forma carinhosa.


- O amor cura qualquer coisa – ele disse, selando seus lábios nos dela.


“Que belo mentiroso você é, Sirius Black”, disse a si mesmo.





:::

N/a: oi oi *-* confesso que escrevi o capítulo apenas ontem e hoje, porque estava sem tempo e sem cabeça com o simulado do cursinho e com a morte de um cachorrinho meu. Mas, é, estou na ativa. Espero que tenham gostado desse capítulo (: Gente, estou me divertindo muito com essa fic *--*  

Nina H.
 


8/05/2011

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